segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Expansão do Mercosul, crise no Equador e eleições: o agitado ano de 2024 na América Latina

Ao longo do ano, a região também chegou a registrar uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia, quando militares ameaçaram invadir a sede do governo na praça Murillo, em La Paz. Especialistas analisam os principais acontecimentos no podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.

Um ano de acontecimentos importantes na América Latina. Assim resume a cientista política, mestre em estudos latino-americanos e diretora-geral do Centro de Integração e Cooperação da Rússia e América Latina (CICRAL), Luiza Calvette, ao podcast Mundioka.

Ao todo ocorreram seis eleições presidenciais nos países e, entre as mais marcantes, a especialista cita o pleito no México, onde foi eleita a primeira mulher na história a ocupar o cargo: a presidente Claudia Sheinbaum.

"Também representou a continuidade do projeto do Morena [partido também do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador], uma coisa bem atípica na história no México. Já no Uruguai, ocorreu a volta da Frente Ampla, com Yamandú Orsi, que é uma vitória muito importante para a região. E ainda houve a reeleição do presidente Nicolás Maduro [na Venezuela], apesar de várias tentativas de desestabilização, mas que foram vencidas. E também tivemos vitórias não tão boas, como em El Salvador, onde ganharam os aliados de Donald Trump [presidente eleito dos Estados Unidos]", pontua.

G20 no Brasil e defesa do mundo multipolar

Pela primeira vez na história, o Brasil também foi palco da Cúpula do G20, em novembro, no Rio de Janeiro, momento em que ocorreram avanços importantes, como a aprovação da declaração final, com um consenso que não havia ocorrido no evento do ano anterior, na Índia.

Entre os pontos estão o apoio à criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com a participação de mais de 80 países, além da taxação de grandes fortunas e a defesa do cessar-fogo na Faixa de Gaza.

"Eu acho também que foi muito importante o papel do Brasil este ano. O presidente Luiz Inácio da Lula da Silva alçou, de fato, o nosso país de novo no mundo, então acho que o G20 foi importante para isso, assim como vai ser com a Cúpula do BRICS do ano que vem. Também foi publicado pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] que atingimos o menor índice de pobreza e miséria desde 2012, uma coisa que também é muito importante", explica.

Impactos do governo Milei na Argentina

Era dezembro de 2023 quando o então presidente eleito, Javier Milei, assumia a Casa Rosada, em meio às tensões e expectativas geradas pelas propostas apresentadas durante a campanha, como a total dolarização da economia e até o fechamento do Banco Central. Para a cientista política, o primeiro ano de mandato no país foi de "estrago" e intensas dificuldades.

"Primeiro porque metade da população na Argentina hoje vive na pobreza, com quase 20% na extrema pobreza […]. Mas o Milei também enfrenta dificuldades, inclusive para aprovar o novo pacote de política econômica, fora algumas privatizações que ficaram de fora, como a da empresa estatal de rádio e televisão, a dos correios, a das Aerolíneas Argentinas, o que também é fruto da mobilização da população nas ruas. Inclusive, o Milei ainda tenta se alçar como um símbolo da extrema-direita mundial. Ele segue com esse personagem extremista que se coloca como um outsider", pontua, ao lembrar ainda que a Argentina chegou a ser convidada para entrar no BRICS, mas por decisão de Milei houve recusa.

Conforme a especialista, a presença de Milei no país também traz muitas perdas, principalmente para a América do Sul, já que a Argentina é o segundo país mais importante da região.

"A Argentina tem um papel histórico na integração latino-americana. Mas, por outro lado, vejo que isso ainda não alcançou uma forma muito concreta, em termos de tarifas [de importação] ou até no rompimento de relações. Ainda tem ficado muito no âmbito provocativo […]. Acho que o Lula e o López Obrador conseguiram ignorar um pouco as provocações", diz.

<><>  governo Trump e tensões sob a América Latina

Apesar de ainda não ter assumido o poder, diversas falas do republicano Donald Trump já têm gerado tensões em toda a América Latina. Entre os exemplos estão as ameaças de tomar o controle do canal do Panamá e até de classificar como terroristas grupos de narcotráfico no México.

"De fato, desde antes de vencer as eleições, Trump já vinha fazendo uma série de provocações ao México. […] já ameaçou taxar em 25% os produtos do país e também do Canadá, enquanto a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que responderia à mesma altura", afirma.

A especialista lembra que os EUA vivem um contexto de desindustrialização, aumento da inflação e condições de trabalho cada vez piores. Medidas como as anunciadas por Trump podem ser vistas pela população como uma resposta à crise interna. A expectativa para o ano também é de crescimento econômico de 2,8%, considerado pequeno para os padrões norte-americanos.

"Desde o primeiro mandato de Trump, os imigrantes também foram colocados como um grande bode expiatório. Mas acredito que todas essas provocações vêm muito para tentar tirar algum proveito das relações bilaterais a favor dos Estados Unidos."

<><> Tentativas de golpe de Estado e desestabilização

Típicas ao longo dos últimos séculos na América Latina, tentativas de golpe de Estado na Colômbia e na Bolívia foram a contribuição de 2024 para esse histórico. A coordenadora da Pós-Graduação em Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Flavia Loss, acrescenta que, no caso boliviano, a situação sequer foi totalmente esclarecida, apesar de o presidente Luis Arce ter conseguido "se livrar" dos impactos.

"Soubemos depois pela imprensa que foram os militares [os responsáveis pela tentativa de golpe], mas ficou uma situação muito estranha. E na Bolívia segue essa divisão dentro do MAS [Movimento ao Socialismo], que é o partido do presidente, mas que foi na verdade fundado por Evo Morales. Os dois continuam disputando internamente dentro do partido, o que deixa uma situação bem delicada no país andino. Tivemos, inclusive, uma tentativa de assassinato do Evo Morales. Então foi um ano complicado para a Bolívia e que traz sombras do que será a próxima eleição presidencial", argumenta.

Apesar disso, o país também teve fatos a comemorar: após mais de dez anos, a Bolívia enfim conseguiu entrar oficialmente no Mercosul em 2024, o que deve trazer ganhos econômicos e maior integração do país na América do Sul.

<><> Crise de segurança no Equador

Uma emissora de TV foi tomada por uma facção armada em Guayaquil, gerando terror nas ruas e explosão nos índices de criminalidade. A crise de segurança vivida no Equador atingiu o seu pior momento da história em 2024 e chegou a obrigar o presidente Daniel Noboa a decretar estado de calamidade. Para Loss, a situação ocorre por conta da consolidação do país como rota para o narcotráfico de toda a região, inclusive do México.

"Com isso, virou um hub logístico para a exportação de drogas para a Europa e os Estados Unidos, principalmente, e ainda há dificuldades do país de acabar com essa onda de violência", finaliza.

¨      Bolívia inicia um 2025 crucial: será possível manter o atual rumo político e econômico?

O presidente boliviano Luis Arce transmitiu uma mensagem de Ano Novo, destacando os principais desafios para seu governo e as diferentes forças sociais do país. O maior deles será em agosto, quando ocorrerão as eleições gerais.

Arce dirigiu-se à população e classificou o ano de 2025, que também marca o bicentenário da fundação do país, como um período crucial – o país passa por dificuldades econômicas enfrentadas pelo governo e pela incerteza política das próximas eleições. Pela primeira vez em 20 anos, o partido oficialista Movimento ao Socialismo (MAS) não tem garantida uma vitória nas urnas.

O presidente enfatizou que 2025 ainda será o ano da consolidação do processo de industrialização iniciado durante sua gestão, que começou em 2020. Arce também reforçou compromissos com a segurança alimentar e a redução da dependência de combustíveis importados. A mensagem foi gravada na cidade de Sucre, no centro-sul do país.

"A industrialização não é apenas uma meta, mas a chave para garantir uma verdadeira independência econômica e construir um futuro digno para todos", afirmou o presidente, destacando o momento mais importante de seu discurso.

Além disso, Arce anunciou que desde o dia 1º de janeiro de 2025, a Bolívia se tornou formalmente um país parceiro do BRICS, bloco que representa quase 45% da população mundial.

<><> Desafios internos no MAS

O cenário político é agravado pela divisão interna no MAS, com um grupo fiel ao ex-presidente Evo Morales e outro alinhado ao atual presidente Arce. Seguidores de Morales planejam iniciar uma marcha no dia 10 de janeiro, de Patacamaya a La Paz, exigindo mudanças econômicas. No entanto, Morales não deve participar devido à ordem de prisão contra ele, relacionada a acusações de tráfico de pessoas.

Para o analista Martín Moreira, a crise política tem sido a principal causa dos problemas econômicos da Bolívia. Segundo ele, 80% das dificuldades econômicas derivam da instabilidade política, que inclui bloqueios na Assembleia Legislativa e nas estradas. Os protestos realizados pelos setores leais a Morales, em fevereiro e outubro de 2024, geraram perdas de US$ 4,5 bilhões (R$ 27,6 bilhões) à economia.

"A crise política gerou um impacto profundo no aparato produtivo, mas as políticas econômicas do governo conseguiram amortecer parte dos efeitos, como o pagamento da dívida externa e a manutenção dos subsídios aos combustíveis", comentou Moreira à Sputnik.

<><> Debate sobre desvalorização da moeda

A oposição, que defende a desvalorização do boliviano, tornou essa proposta um ponto central em suas campanhas. Moreira, no entanto, alerta que tal medida poderia prejudicar a economia.

"Eles falam de desvalorização como solução, mas isso reduziria drasticamente o custo dos créditos denominados em bolivianos, favorecendo apenas elites financeiras e destruindo o sistema econômico do país."

Por outro lado, ele defendeu que o Estado deve continuar desempenhando um papel central na economia, promovendo a industrialização e diversificação da matriz produtiva.

<><> Perspectivas e esperança

Apesar das dificuldades, Moreira mantém uma visão otimista sobre o futuro político e econômico da Bolívia. O especialista destacou que as políticas atuais têm protegido o poder de compra das classes mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que geram sustentabilidade a longo prazo.

"Estamos mudando a matriz produtiva para criar fontes de renda diversificadas, como turismo, tecnologia e agricultura. Isso garantirá uma estabilidade econômica maior e investimentos futuros."

Com a proximidade das eleições gerais e o bicentenário, 2025 será um ano decisivo para a Bolívia definir o curso de seu desenvolvimento econômico e social. O equilíbrio entre desafios políticos e estratégias econômicas será crucial para garantir avanços no caminho traçado pelo governo de Arce.

¨      G7 se torna em 'piada' em comparação com atual BRICS, opina ex-agente americano

O Grupo dos Sete (G7) já é "uma piada", enquanto o BRICS, presidido pela Rússia em 2024, deu um passo incrível no cenário mundial, se tornando uma instituição plena, afirma o ex-oficial de inteligência dos EUA Scott Ritter.

No canal Through The Eyes Of no YouTube, Ritter disse que o BRICS representa uma onda "que não vai parar".

"A Rússia fez uma coisa incrível ao trazer o BRICS para onde está hoje, uma instituição, não é mais um clube, é uma instituição com infraestrutura, com estabelecimento e está se expandindo", opinou Ritter.

De acordo com o analista, a influência da associação está se tornando dominante no cenário mundial.

"O G7 já é uma piada quando comparado ao BRICS".

O Ocidente, por sua vez, não compreendeu e ainda não compreende o que a ascensão do BRICS vai trazer para ele, acredita Ritter.

O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência passou para o Brasil.

O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

¨      'Multipolaridade' e 'ética comercial' do BRICS são essenciais para a reforma da OMC, diz analista

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deve adotar a ética comercial defendida pelo BRICS para alcançar uma reforma muito necessária, disse o analista financeiro Paul Goncharoff à Sputnik.

É vital reiniciar a Organização Mundial do Comércio (OMC), incluindo sua função de arbitragem, e aprimorar o papel das economias em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais, destacou o presidente russo Vladimir Putin na cúpula do G20, no dia 22 de novembro de 2023.

O espírito que está impulsionando o incrível crescimento dos países do BRICS está enraizado nos "objetivos originais" que já fizeram parte da OMC, observou o diretor-geral da empresa de consultoria Goncharoff LLC.

"Sinto que é essencial trazer a multipolaridade e a ética dos sistemas comerciais previstas pelo BRICS para a OMC como parte de sua reinicialização e reestruturação", disse Paul Goncharoff.

Embora a OMC tenha sido criada há 30 anos para servir como um árbitro objetivo de disputas comerciais, ela foi sequestrada pelos EUA para servir a seus próprios interesses financeiros e geopolíticos como um "escritório de carimbos", observou o analista.

Destacando a necessidade de reformar a OMC na Cúpula do G20 em 2023, o presidente russo Vladimir Putin "deu voz ao que era conhecido e visto há muito tempo, mas ainda insuficientemente reconhecido em qualquer fórum mundial aberto. Isso ressoou positivamente com a maioria das muitas nações do mundo não pertencentes ao G7 [grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido]", enfatizou Goncharoff.

O principal tribunal de apelações da OMC foi efetivamente paralisado por anos devido ao bloqueio de Washington de nomeações de juízes, deixando a organização "incapaz ou não disposta" a desempenhar um papel imparcial no tratamento de restrições como as sanções unipolares dos EUA.

<><> O que pode vir a seguir para a OMC?

Países alinhados com o BRICS, a Organização para Cooperação de Xangai (OCX), a ASEAN, etc., provavelmente se tornariam a força motriz por trás de um reinício da OMC, especulou Goncharoff.

No entanto, ele alertou sobre "intensa resistência dos EUA e seus satélites de interesse".

"Até que isso seja resolvido, continuaremos testemunhando a polarização do comércio e impasses geopolíticos contínuos sem um órgão julgador eficaz para resolvê-los", concluiu o analista.

 

¨      EUA já não conseguem usar guerra às drogas para intervir em outros países, afirmam estudiosos

Desde seu primeiro mandato, Donald Trump, presidente eleito dos EUA, fala sobre a fronteira sul do país e a criminalidade que a perpassa, seja via imigração ilegal, seja via tráfico de drogas. Se no passado essas desculpas serviam para intervir em outros países, agora o cenário mudou, dizem analistas à Sputnik Brasil.

A criminalidade urbana nos Estados Unidos foi um dos principais temas abordados pelo então candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, durante sua campanha. Em diversos momentos da corrida eleitoral, o bilionário criticou a gestão do Partido Democrata da fronteira com o México, no sul do país.

Há três décadas os EUA enfrentam um grande problema de imigração ilegal, após endurecerem suas leis com a Reforma da Imigração Ilegal e Responsabilidade do Imigrante, de 1996. Em variadas medidas desde então, para todos os governos norte-americanos o controle da fronteira se tornou um problema indissociável da criminalidade no país.

Na quarta-feira (1º), o tema retornou ao foco. Ao descobrir que a caminhonete utilizada por Shamsud-Din Jabbar, cidadão estadunidense e veterano do Exército, para atropelar dezenas de pessoas em Nova Orleans havia cruzado a fronteira mexicana com o Texas dois dias antes, Trump declarou que "a taxa de criminalidade em nosso país está em um nível que ninguém nunca viu antes".

"Na cabeça dele, essa equação é quase automática", diz Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), à Sputnik Brasil.

"O fato é que o governo Trump, independentemente da ideologia do governo que estiver no México, tende a fazer uma associação perversa entre traficantes e imigrantes. E portanto pensa logo em segurança."

Por conta dessa mentalidade, Trump, que assumirá a presidência em 20 de janeiro, afirmou que planeja designar os cartéis mexicanos como organizações terroristas, abrindo o leque de ações que o governo norte-americano pode tomar para combater essas grupos.

A partir dessa nova categorização, a Casa Branca poderá ter mais controle para restringir as movimentações tanto financeiras quanto de pessoas associadas aos cartéis, além de poder intervir militarmente. "Seria parecido com o que ele fez com as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]", compara Menezes.

Para combater os cartéis colombianos, na época os principais transportadores de drogas para os EUA, o presidente norte americano, Bill Clinton, e seu homólogo colombiano, Andrés Pastrana Arango, estabeleceram o Plano pela Paz da Colômbia, conhecido como Plano Colômbia, que viu o financiamento, armamento e treinamento das forças colombianas pelos militares norte-americanos.

"Declinaram os cartéis de Medellín e de Cali, e parte desses mafiosos estabeleceram novas alianças, por exemplo, com o Cartel de Sinaloa, no México, deslocando para o país a questão da droga no nosso continente."

"A política antidrogas dos Estados Unidos para a Colômbia dos anos 1970 foi uma forma de os EUA implantarem suas bases militares e exercerem uma interferência na política colombiana", diz Williams Gonçalves, professor titular de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), à Sputnik Brasil.

"E hoje se sabe que isso levou a um desastre que já há algum tempo os colombianos tentam superar."

Para o especialista, os EUA procuram "exercer alguma repressão sobre o tráfico, até porque a sociedade norte-americana é a que mais consome drogas no mundo". No entanto, a política que foi realizada na Colômbia não poderia ser repetida no México. "Em razão da firme orientação política que o México tem hoje."

A ascensão de Andrés Manuel López Obrador (AMLO) em 2018, do Movimento Regeneração Nacional (Morena), na época Partido da Revolução Democrática, representou um corte ideológico entre os países.

Sua sucessora, Claudia Sheinbaum, chegou inclusive a rebater as falas intervencionistas de Trump. "No México não aceitamos interferências. Colaboramos, mas não nos subordinamos e assim será. Colaboramos, trabalhamos com inteligência conjunta, mas os mexicanos assumem o comando."

"Não está fora do cardápio dos Estados Unidos usar, geopoliticamente, o combate às drogas para fazer intervenção militar", explica Menezes. "Mas hoje isso tem menos legitimidade do que já teve no momento anterior."

As falas de Trump em relação ao México não foram as únicas sobre intervir em outros países. O ex-apresentador de reality show também falou sobre incorporar os territórios do Canadá e da Groenlândia como novos estados norte-americanos e até mesmo retomar o controle sobre o canal do Panamá.

Embora os especialistas desconsiderem qualquer seriedade por trás dessas afirmações — "é para armar palanque", diz Gonçalves — eles destacam que isso ainda demonstra uma visão de mundo imperialista dos EUA, o que gera atritos com o resto do mundo, que já não abaixa a cabeça para a hegemonia norte-americana.

"Então os Estados Unidos, do Trump, mostram com essas declarações que vai ser um governo que gera muita turbulência na geopolítica global", diz Roberto Menezes.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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