Estrela de Belém: 5
teorias que poderiam explicar o fenômeno que guiou os Reis Magos
A história da estrela de Belém (também conhecida como Estrela de Natal e Estrela-Guia), contada no Evangelho de Mateus (o primeiro livro do Novo Testamento da Bíblia
católica), descreve como este ponto brilhante como um objeto celeste guiou três
homens sábios do Oriente (conhecidos
como os Reis Magos) a Belém, há mais de 2 mil anos, ao local onde um profeta chamado Jesus
teria nascido.
A veracidade desse evento tem sido objeto de debate ao longo do tempo, levando a uma pergunta intrigante: o que era realmente essa
estrela? Ela existiu de fato?
Pesquisadores de várias disciplinas lidaram com esse enigma, combinando
abordagens históricas, religiosas e científicas. Com o avanço da astronomia moderna, foram descobertas novas possibilidades que poderiam oferecer respostas mais
concretas, considerando a possibilidade de que a
estrela de Belém fosse um fenômeno como
uma conjunção
de planetas ou um cometa.
Para entender melhor o fato, National
Geographic usou dados do Royal Museums Greenwich (organização
composta por quatro museus em Greenwich, no leste de Londres, entre eles um
observatório astronômico) para explicar as cinco possíveis
respostas para o fenômeno celeste conhecido como Estrela de Belém – e que é revivido a cada Natal.
<><> Descubra-as abaixo:
· 1. Será que Estrela de Belém
teria sido um cometa?
Uma das hipóteses mais comuns para explicar a Estrela
de Belém vista pelos Reis Magos, segundo
o Royal Museums Greenwich, seria a de que a estrela se tratava,
na realidade, de um cometa. Segundo Orígenes, o mais antigo teólogo
cristão conhecido, essa teoria proposta em 248 d.C. sugeria que um cometa teria guiado os viajantes.
Já registros astronômicos de origem chinesa mencionam uma possível aparição de um cometa em 5 a.C., mas as evidências são insuficientes, reconhece o Royal
Museums Greenwich. Mesmo assim, os cometas têm um movimento
visível no céu, o que poderia ser consistente com a ideia de
uma “estrela” que
parecia se mover junto com os magos.
Vale a pena observar ainda que o cometa Halley, provavelmente o mais conhecido popularmente, passou perto da Terra em 12
a.C., o que o torna um candidato improvável para o evento relatado nos Evangelhos.
Além disso, observa um outro artigo da National
Geographic de 2022, os cometas eram vistos naquela época como
presságios negativos, o que dificultaria sua
interpretação como um sinal divino.
· 2. A Estrela de Belém foi uma
supernova?
A teoria de que os reis magos poderiam ter visto uma explosão estelar, seja de uma estrela nova ou supernova, foi proposta pelo astrônomo, astrólogo e
matemático alemão Johannes
Kepler entre os séculos 16 e 17.
No entanto, o Royal Museums
Greenwich deixa claro que não há registros astronômicos ocidentais de
uma supernova naquela época e que, se ela tivesse
ocorrido, haveria
um remanescente observável até a atualidade.
Nos registros chineses, há uma referência a esse
evento por volta do nascimento de Jesus, mas não
há provas conclusivas, acrescenta a entidade britânica.
· 3. Conjunções planetárias: uma
explicação para a estrela de Belém
Uma
terceira teoria também apresentada por
Kepler sugere que a Estrela de Belém pode ter
sido, na verdade, o resultado de uma conjunção planetária entre
Júpiter, Saturno e a Lua em 6 a.C., menciona um artigo publicado pela National Geographic Espanha e intitulado
“A
Estrela de Belém: uma explicação astronômica”.
Segundo o texto, Kepler argumentou que “esse evento poderia ter
brilhado intensamente no céu,
indicando o
nascimento do Messias”.
“Hoje, no entanto, cálculos muito mais
detalhados da posição dos planetas do Sistema Solar aos quais Kepler não poderia ter tido acesso, parecem indicar
que esses
gigantes não se aproximaram de fato o suficiente para brilhar excepcionalmente
acima das outras estrelas”, esclarece o
artigo espanhol.
· 4. Será que Sírius, a estrela
mais brilhante do céu noturno, foi o guia dos reis magos?
Outros estudiosos, por sua vez, apontam Sírius – conhecida como a
estrela mais brilhante do céu –
como a
possível Estrela de Belém.
Com duas vezes a massa do Sol e 20
vezes o seu brilho, Sírius é facilmente
identificável à esquerda do Cinturão de Órion. Alguns astrônomos acreditam que essa estrela pode ter sido a
verdadeira guia
daqueles que buscavam Jesus, observa o
artigo da National Geographic Espanha.
· 5. Seria a Estrela de Belém uma
conjunção entre os planetas Júpiter e Vênus, e a Regulus?
Finalmente, o Royal Museums Greenwich esclarece
que também existe a ideia de que a Estrela de Belém possa ter sido o resultado
de uma série de conjunções entre Júpiter, a estrela Regulus e o
planeta Vênus.
Essa combinação, que ocorreu perto da época
estimada do nascimento de Jesus, envolve corpos celestes com
significados simbólicos nas culturas da época, diz o museu britânico.
Na tradição hebraica, Júpiter
era conhecido como Sedeq,
geralmente traduzido
como “justiça”. Já Regulus, em latim, significa “príncipe” ou “pequeno
rei”, enquanto Vênus era
associado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Assim, “a combinação desses objetos próximos no céu poderia ter levado
à interpretação do nascimento do ‘Rei dos Reis’”.
¨ Onde fica exatamente a cidade de Belém, onde Jesus
teria nascido
O Natal, comemorado anualmente em 25
de dezembro, celebra o nascimento de Jesus, o profeta judeu falecido em torno de
30 d.C que se tornou o maior símbolo religioso do
cristianismo. De acordo com a tradição cristã, seu nascimento teria
ocorrido em Belém, uma cidade localizada a
cerca de dez
quilômetros ao sul de Jerusalém (capital de Israel), segundo explica a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco)..
Belém
é muito importante para os fiéis por
ser considerada
como o local de nascimento de Jesus, como também
reforça o site oficial da cidade, que atualmente possui uma população de
aproximadamente 30 mil habitantes.
O lugar onde
Jesus teria nascido dentro da cidade de Belém
“Desde pelo menos o século 2 d.C., acredita-se
que o
local onde hoje se encontra a Basílica da Natividade, em
Belém, foi onde Jesus nasceu”, explica o site da Unesco sobre o local. “Tradicionalmente,
acredita-se que o nascimento se deu em uma caverna, em
particular, sobre
a qual a primeira igreja foi construída, seja o
local do nascimento”, continua a fonte.
A construção ao sul de Jerusalém é
um destino
que reúne multidões de peregrinos. A primeira
igreja nesse local foi construída em 399 d.C., mas foi substituída por outra no
século 6 devido a um incêndio. Pisos de mosaico elaborados da construção
original podem ser encontrados na igreja atual.
O local também abriga conventos e igrejas
de várias tradições, incluindo a latina, a
grega, a ortodoxa, a franciscana e a armênia. Além disso, possui “torres
sineiras, jardins em terraços e uma rota de peregrinação que atrai visitantes de todo o
mundo”, diz a fonte da ONU.
A Basílica da Natividade e a Rota
de Peregrinação de Belém estão
na Lista
do Patrimônio Mundial da Unesco desde 2012.
A organização atribui um valor universal ao local “por sua associação com o
local como sendo o ponto de nascimento do fundador de uma importante religião”.
O local também é um dos mais sagrados para
os cristãos do mundo e tem sido
identificada como tal pelas pessoas há cerca de 1.700 anos, segundo a agência
da ONU.
A associação do lugar que se acredita ser o local de nascimento de
Jesus está documentada desde o século 4 d.C., acrescenta a Unesco. Desde aquela época, as construções acrescentadas
ao local foram erguidas para aumentar esse significado religioso.
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A cidade de Belém, um lugar-chave na história da humanidade
Belém tem uma longa história que remonta a mais de 3 mil
anos. A cidade foi mencionada pela primeira vez nas cartas de Amarna (um conjunto de placas
de argila descobertas em Akhnaton, no Egito Médio) por volta de 1350 a.C., observa o portal do município.
Nessas cartas, a cidade é descrita como “um importante ponto de
parada e descanso para viajantes da Síria e da Palestina a caminho do Egito”. Também é observado que ela era “uma cidade fronteiriça da Palestina
central”.
No
Antigo Testamento da bíblia cristã, Belém aparece quando Jacó e sua família viajam para Hebron. Belém
aparece quando Jacó e sua família viajam para Hebron. Lá, “sua esposa Raquel
morreu ao dar à luz a Benjamin, e ele a enterrou ao lado da estrada para
Belém”, relata a bíblia. Isso fez com que seu túmulo se tornasse um
local de veneração, de acordo com o portal da
cidade.
Naquela
época, Belém era uma pequena cidade murada, e seu nome, que significa “a frutífera”, sugere seu caráter agrícola.
O
nascimento de Jesus em Belém também cumpriu uma antiga profecia de que o “príncipe do seu povo” nasceria neste
local. O evento marcou um ponto de virada na história cristã, de acordo com o site do governo de Belém.
Ainda de acordo com essa mesma fonte, ao longo dos séculos Belém
se tornou um importante centro religioso e cultural, especialmente no século 4º, quando São Jerônimo chegou à cidade para
continuar seu trabalho na atmosfera da vida monástica. No século 12, após a conquista dos
cruzados, Belém se estabeleceu como um centro comercial
e religioso.
Apesar dos conflitos e das mudanças de poder ao longo de sua história, Belém continua sendo um lugar significativo
para milhões de pessoas no mundo,
tanto por sua importância religiosa quanto cultural.
Fonte: National
Geographic Brasil
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