quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Eleitores legitimam propostas nocivas de Trump e um futuro sombrio para os EUA

Eleito 47º presidente dos EUA, Donald Trump foi legitimado para um retorno triunfal à Casa Branca: seus eleitores referendaram as propostas nefastas que ele vendeu, numa campanha de ódio e divisão, sem se importar em alçar ao comando do país um criminoso condenado e indiciado por tentar subverter o resultado eleitoral em 2020.

O segundo mandato lhe dará mais poder, com o aval do Congresso e de uma Suprema Corte conservadora, para pôr em prática as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentos, imposição de tarifas sobre os produtos importados e corte indiscriminado de impostos.

Aos 78 anos, ele torna-se o segundo presidente americano a retornar ao poder depois de quatro anos, mas o fará sob a insígnia da vingança. Anunciou aos quatro ventos a perseguição a opositores, jornalistas e detratores. Cunhou o grupo como inimigo interno, “mais perigoso do que os externos”.

O cenário exterior prevê o isolacionismo e o unilateralismo, dentro do princípio “Os EUA primeiro”. Isso implica em novo round na queda de braço com aliados tradicionais da superpotência, embates com organismos internacionais, como ONU e Otan, e o menosprezo para o combate das mudanças climáticas.

No eixo de suas ideias, que foram validadas nesta terça-feira pelos eleitores, está um plano para concentrar em seu gabinete os poderes do governo federal, a fim de eliminar as barreiras que dificultaram a atuação no primeiro mandato. Isso levará a um exercício de força ao princípio básico da separação de poderes que rege os EUA há 250 anos.

Trump pretende governar sob o escasso controle de sua autoridade. Durante a campanha, ameaçou demitir sumariamente, no início do mandato, o procurador especial Jack Smith, que o acusa em dois processos. Sinalizou o perdão aos insurgentes que invadiram o Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021, sob o argumento de que o episódio foi uma festa de amor.

No discurso em que se proclamou vitorioso, sem esperar o reconhecimento da derrota por parte da adversária Kamala Harris, Trump tentou passar um tom comedido e de união, como protagonista do início de “uma era de ouro para os EUA”.

Respaldado pelo que chamou de um mandato poderoso e sem precedentes, o presidente eleito não viu motivos para o habitual chororô da fraude eleitoral. Enalteceu o bilionário Elon Musk, um poderoso cabo eleitoral, e o controverso ativista anti-vacinas Robert Kennedy Junior, que deverá supervisionar as agências de saúde e, segundo ele, “fará a América saudável novamente”.

A eleição de Trump sinalizou o desejo de mudança a qualquer preço, e se ancorou no voto da raiva com o custo de vida e a imigração ilegal. Boa parte de seus partidários preferiu empurrar goela abaixo as perspectivas de um futuro sombrio para o país — e o mundo — e comprou as benesses prometidas pelo candidato republicano.

 

¨       A vitória de Trump e seus impactos geopolíticos

A amplitude da vitória de Donald Trump nos EUA representa um avanço do conservadorismo político no continente americano, bem como uma sinalização clara de que haverá um redimensionamento político da diplomacia estadunidense.

Embora as eleições na França e Reino Unido sinalizaram uma sobrevida para os partidos progressistas, seja assumindo o poder, seja redefinindo um projeto de frente ampla, o crescimento do conservadorismo sinalizava que a disputa político-ideológica permaneceria ativa em outras regiões. No caso dos EUA, algo que aparentava estar muito polarizado se desfez, em termos eleitorais, com a rápida indicação de vitória de Trump.

Um possível novo capítulo da guerra comercial com a China poderá ser prejudicial para o Brasil, caso o país não consiga encontrar espaços de proveito diante dessa crescente rivalidade econômica. O protecionismo defendido por Trump poderá afetar as relações comerciais brasileiras, pois diminuiria seu poder de exportação. Por outro lado, tais políticas podem forçar o governo brasileiro a adotar uma nova agenda de reformas a fim de não perder competitividade em um comércio internacional mais restrito.

No que diz respeito aos principais conflitos na Europa Oriental e Oriente Médio, a continuidade das guerras prejudica a busca por fortalecimento de acordos comerciais que façam um contrabalanço às políticas protecionistas que devem vir contra os produtos chineses. Os Acordos de Abraão, no Oriente Médio, terão uma árdua missão de se propagar, quando os conflitos entre Israel, Hamas, Hezbollah e Irã tiverem um fim.

No que diz respeito à geopolítica europeia, a não participação da Rússia em conflitos no governo Trump pode ilustrar suas reais intenções geopolíticas nessa região. Existe um clima de tensão entre as relações Trump e Putin, pois o cenário era outro no primeiro mandato do presidente norte-americano.

¨      Política prometida por Trump levará a novos recordes da dívida pública dos EUA, opina economista

Se o candidato à presidência dos EUA Donald Trump cumprir suas promessas de campanha, isso não levará a uma redução da dívida nacional do país, mas a novos recordes, compartilhou Maksim Osadchy, chefe do departamento analítico do banco BKF, sua opinião com a Sputnik.

Durante sua campanha, o candidato republicano relatou repetidamente que, se eleito, pretende aumentar as tarifas sobre importações aos Estados Unidos.

Assim, ele planejava impor tarifas sobre produtos chineses no valor de 60% a 100% e para outros países no valor de 10% a 20%.

Em setembro, Trump anunciou planos para impor tarifas de 100% sobre os produtos dos países que se recusarem a pagar em dólares.

Hoje, ele também prometeu reduzir a dívida nacional dos EUA e cortar impostos.

"A política populista de direita de Trump o levará inevitavelmente a outro recorde de aumento da dívida nacional. O financiamento do déficit orçamentário dos EUA com a impressão [de moeda] contribui para a desdolarização da economia global", acredita Osadchy.

Ele lembrou que, em 2016, Trump já havia prometido diminuir a dívida nacional, que na época era de cerca de US$ 19 trilhões (mais de R$ 109 trilhões), "dentro de oito anos", ou seja, dois mandatos presidenciais, renegociando acordos comerciais e impulsionando o crescimento econômico.

"Ele pretendia pagar a dívida nacional aumentando as tarifas sobre as importações. No entanto, essa ideia protecionista ingênua não funcionou", observou o especialista.

Em contrapartida, a dívida nacional aumentou em US$ 7,8 trilhões (R$ 44,86 trilhões) durante a presidência de Trump.

Recentemente, a agência mais respeitável em contagem de votos eleitorais de todo o país, a Associated Press, informou que o candidato do Partido Republicano, Trump, ultrapassou a barreira dos 270 votos necessários dos 538 delegados do Colégio Eleitoral para vencer a eleição.

A posse do novo presidente dos EUA deve ocorrer em 20 de janeiro de 2025.

¨       Retomada de Donald Trump: rumo a uma nova ordem para os EUA

A vitória de Donald Trump marca um retorno polêmico à Casa Branca e revela o crescente descontentamento com o governo de Joe Biden, especialmente em questões econômicas e de segurança. Mesmo enfrentando uma forte rejeição, Trump conseguiu mobilizar eleitores desiludidos, incluindo simpatizantes de Kamala Harris, insatisfeitos com a falta de resultados da administração do democrata.

A economia americana, sob a gestão Biden, experimentou uma inflação elevada, algo incomum e perturbador para uma sociedade acostumada a longos períodos de estabilidade de preços.

Ao mesmo tempo, o país viu sua influência global ser minada pela ascensão da China e enfrentou um aumento na criminalidade urbana, o que levou ao fechamento de diversas lojas de varejo, especialmente na costa oeste.

<><> Economia em crise e insatisfação popular

Durante o governo Biden, a inflação nos Estados Unidos atingiu níveis que não eram vistos há décadas, corroendo o poder de compra dos americanos. A falta de uma resposta eficaz para conter o aumento dos preços intensificou o sentimento de insegurança econômica, afetando não apenas a classe trabalhadora, mas também a confiança da classe média. Essa crise de custo de vida fez com que muitos eleitores buscassem alternativas políticas capazes de oferecer soluções diretas e tangíveis para a economia, algo que Trump prometeu em sua campanha.

Sua retórica de “retomada econômica” e “priorização dos interesses americanos” ressoou profundamente entre aqueles que sentiram os efeitos da inflação em seu cotidiano.

<><> Declínio do protagonismo global dos EUA

No cenário internacional, a administração Biden enfrentou desafios para manter a hegemonia norte-americana. Enquanto o país estava focado em problemas internos, a China aproveitou para expandir sua influência global, firmando novos acordos bilaterais e fortalecendo laços comerciais estratégicos.

Esse avanço chinês, em contraste com a aparente inércia dos EUA, reforçou a percepção de que o país estava perdendo relevância. Para muitos americanos, essa perda de protagonismo foi um golpe no orgulho nacional e gerou a sensação de que os EUA estavam ficando para trás na disputa global.

Trump, durante a campanha, explorou esse sentimento, prometendo políticas de comércio e segurança que restaurariam a posição de liderança dos EUA no mundo. Sua visão de “America First” resgatou o apoio daqueles que acreditam que o país precisa de uma abordagem mais assertiva e competitiva para retomar sua influência global.

<><> Insegurança urbana e o colapso do varejo

Além dos problemas econômicos e internacionais, a segurança tornou-se um tema central nas cidades americanas. A costa oeste dos EUA, em especial, viu um aumento significativo nos crimes de furto e arrastão em lojas de varejo. Esse fenômeno, aliado ao fechamento de estabelecimentos comerciais, criou uma crise de confiança e alimentou o discurso de que o governo Biden estava falhando em manter a ordem nas cidades. Para Trump, esse cenário representou uma oportunidade para prometer uma resposta mais forte contra a criminalidade, abordando a insegurança urbana com políticas de segurança pública mais rigorosas e prometendo proteger comerciantes e trabalhadores.

<><> Os desafios para o novo mandato de Trump

Ao reassumir a presidência, Trump enfrenta um país dividido e com uma série de desafios críticos. Ele precisará focar na estabilização da economia, com prioridade para a redução da inflação, e buscar uma resposta mais firme à competição global com a China. No cenário interno, o presidente promete restaurar a ordem nas cidades e oferecer políticas de segurança que tranquilizem a população e incentivem o comércio. No entanto, o grande desafio será equilibrar uma postura firme, que atenda à demanda por segurança e recuperação econômica, com a necessidade de promover uma coesão nacional, algo essencial em uma sociedade profundamente polarizada.

<><> O retorno de Trump e o futuro dos EUA

A eleição de Trump representa, em muitos aspectos, uma resposta à frustração dos americanos com o presente e uma tentativa de recuperar o poder e a estabilidade do passado. Ele terá que mostrar que suas promessas de campanha podem ser traduzidas em ações concretas, enfrentando problemas econômicos internos e a competição global de maneira eficaz. Ao mesmo tempo, precisará trabalhar para unir uma nação que se encontra dividida e ansiosa por uma liderança que inspire confiança.

O retorno de Trump ao poder sinaliza que muitos americanos ainda acreditam na sua capacidade de trazer as mudanças necessárias. Contudo, em um cenário cada vez mais complexo e desafiador, será a eficácia de suas políticas, e não apenas a retórica, que determinará o sucesso de seu governo. Os próximos anos serão decisivos para o futuro dos EUA, com desafios que vão muito além das promessas de campanha e que exigirão uma liderança verdadeiramente resiliente e pragmática.

 

¨      "É o cenário perfeito para o mundo cripto"

Tivemos uma vitória monumental para o cripto em termos políticos, não só pela vitória do Trump, que é pró-cripto, mas também pela composição do Congresso Americano, que no momento elegem 235 candidatos pró cripto versus 112 anti-cripto, e no Senado, 14 candidatos pró-cripto versus 9 anti-cripto. Com a entrada do Trump, podemos esperar:

  • uma maior clareza quanto ao entendimento de criptoativos no âmbito regulatório. Isso a gente vai ver refletido em leis como a FIT-21, que traz essa clareza sobre como tratar e interpretar criptoativos no Código Penal, no Código Tributário e de diversas formas que são necessárias para que instituições entrem nesse mercado com maior peso;
  • a revogação da SAB-121, que é uma regra contábil estabelecida pela SEC, a Comissão de Valores Imobiliários americana, que impede que bancos atuem como custodiantes de cripto. No momento, só se consegue fazer custódia nos Estados Unidos por meio de corretoras. Os ETFs de Bitcoin, por exemplo, a custódia é feita com a Coinbase;
  • as promessas que o Trump realizou durante a campanha, com a demissão do Gary Gensler, que foi aí um verdadeiro carrasco de cripto durante todo esse tempo. Gensler fez várias intimações contra vários projetos e corretoras de cripto ao longo desses últimos meses;
  • a utilização do Bitcoin como reserva estratégica para o tesouro americano, além de uma aceleração do uso de blockchains como infraestrutura do mercado financeiro, com uma regulação mais clara. Isso vai permitir distribuição global, execução automática de serviços financeiros, redução de custos operacionais e com disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana;
  • aprovação da lei anti-CBDC. O Trump já declarou ser contra uma moeda digital do Banco Central.

Por fim, esperamos uma maior utilização de stablecoins, de dólar, como solução de pagamento nos Estados Unidos e também como algo que fortalece o dólar em si. As emissoras de stablecoins são um dos maiores compradores de títulos americanos, como também ajuda a dolarizar países periféricos, países da África, países que não necessariamente têm uma moeda nacional boa, ou que não seja muito inflacionária e precisam, de repente, se expor ao dólar. Isso vai muito em benefício também a blockchains de contratos inteligentes, como Ethereum e Solana. Então, penso que é um grande momento para a cripto.

Bitcoin chegou a bater a máxima histórica hoje de madrugada, por volta das três da manhã. E o cenário está muito positivo porque nos Estados Unidos estamos com o cenário importante, com a economia crescendo, com o desemprego ainda controlado, FED baixando os juros, nível de liquidez no geral nos mercados aumentando. É o cenário perfeito que poderíamos querer para esse final de ano.

 

¨      Mais cara da história: Trump e Harris gastam US$ 3,5 bi na campanha presidencial dos EUA

A vice-presidente democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump, gastaram juntos US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 20,9 bilhões) na corrida pela Casa Branca, fazendo desta campanha presidencial, a mais cara da história do país.

De acordo com o Financial Times (FT), os registros finais em meados de outubro mostram que as campanhas, grupos externos e comitês de partido arrecadaram coletivamente quase US$ 4,2 bilhões (aproximadamente R$ 25,1 bilhões).

Segundo a apuração, Harris superou seu oponente republicano, atraindo mais de US$ 2,3 bilhões (mais de R$ 13,7 bilhões) e gastando US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 11,3 bilhões).

Os grupos de Trump e o Comitê Nacional Republicano arrecadaram pouco mais de US$ 1,8 bilhão (aproximadamente R$ 10,7 bilhões) e gastaram US$ 1,6 bilhão (quase R$ 9,5 bilhões).

Aproximadamente metade de todos os gastos durante a corrida presidencial foi para publicidade e mídia, de acordo com uma análise do FT, mas um dado relevante segundo rastreamento de anúncios AdImpact é que a maior parte disso foi gasta nos sete estados indecisos.

Ao todo, foram gastos US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,9 bilhões), US$ 400 milhões (mais de R$ 2,3 bilhões) somente no estado da Pensilvânia — mais do que os US$ 358 milhões (quase R$ 2,15 bilhões) gastos em todos os 43 estados não indecisos combinados.

Ambas as campanhas também fizeram investimentos consideráveis em operações de campo, relacionadas ao aumento da participação eleitoral. Mas algumas pesquisas revelaram que, no caso republicano, houve alguma disfunção no esforço de divulgação do grupo que contou sobretudo com voluntários.

Além de números de visitas residenciais superestimadas e falsas, ativistas relataram más condições de trabalho ou confusão sobre o nome de quem eles foram contratados para fazer campanha. No caso democrata, a divulgação de eleitores foi tratada de forma mais tradicional por sua campanha.

A mídia destaca ainda que a equipe de campanha de Trump gastou 14% das doações de campanha — mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 598,7 milhões) — com custos de processos enfrentados por ele na Justiça.

 

Fonte: g1/Assessoria de Imprensa do Mackenzie/Ovocom/Sputnik Brasil 

 

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