Turismo sustentável: importância e desafios
Turismo sustentável é
um conceito que relaciona o manejo da sustentabilidade nos locais de destino
com práticas de turismo responsável. De acordo com a Organização Mundial do
Turismo (OMT), o turismo sustentável abrange três dimensões da sustentabilidade:
ambiental, sociocultural e econômico.
Por outro lado, apesar
da importância de se estabelecer práticas sustentáveis nas atividades que
envolvem o setor, assim como em outros aspectos da sociedade, sua aplicação
depende do trabalho da conscientização das pessoas envolvidas. Esse fator é
fundamental e pode gerar as mudanças de comportamento necessárias para
fortalecer o turismo sustentável.
• Sustentabilidade no turismo
Uma publicação da
Springer analisou a relação entre sustentabilidade e turismo e os fatores que
contribuem para um turismo sustentável.
O turismo sustentável
tem uma participação direta no equilíbrio entre crescimento econômico,
responsabilidade social e preservação ambiental nos destinos turísticos. Nesse
sentido, o modo como se dá o desenvolvimento dessas regiões também é
influenciado pela atuação das pessoas, entre turistas, agentes do setor e
comunidade local.
Um comportamento
consciente e responsável não apenas de turistas, mas também de todas as
empresas do setor, além dos empreendedores locais, é um fator essencial em prol
do desenvolvimento sustentável dessa atividade.
Desenvolver o setor
turístico traz benefícios locais e regionais, pois aumenta as oportunidades de
emprego local e a geração de renda na região. Além disso, influencia o
crescimento do setor de transportes e na conservação do patrimônio cultural.
Daí a importância de garantir que esse desenvolvimento seja sustentável.
• Impactos do turismo
A preocupação e a
busca pelo turismo sustentável tem origem nos impactos socioambientais causados
pelo setor. Já em 1973, o livro “Tourism, blessing or blight?”, lançado em
Londres, no Reino Unido, advertia sobre a necessidade de planejar o
desenvolvimento do setor turístico. A publicação também destacou a importância
de incluir aspectos sociais e econômicos no pacote, considerando micro e macro
escalas, já que os benefícios do turismo seriam mais aparentes a nível
nacional, mas os prejuízos teriam impacto local.
Principalmente no que
diz respeito à alta demanda por determinados destinos, a publicação da década
de 1970 mostra que o excesso de turistas sempre foi um problema, que gera
sérias consequências sociais, econômicas e ambientais.
O desenvolvimento e a
exploração desenfreada do setor turístico geram impactos negativos ao meio
ambiente, à cultura e modo de vida dos locais visitados. Além disso, o excesso
de pessoas causa perturbações que impactam diretamente na qualidade de vida dos
habitantes e na saúde ambiental. Questões como aglomerações, degradação
ambiental, poluição, congestionamentos e aumento das emissões de carbono,
diminuição da qualidade de vida e destruição cultural são alguns dos principais
problemas apontados.
• Turismo sustentável
Foi a partir de 1987,
com a publicação do relatório Our Common Future, da Organização das Nações
Unidas (ONU), que o conceito de desenvolvimento sustentável foi difundido e se
tornou um objetivo a ser atingido, em diversas esferas por todo o mundo.
No setor de turismo,
essa discussão teve início com a publicação do livro Tourism Planning: An
Integrated and Sustainable Development Approach, de Edward Inskeep. Em sua
obra, Inskeep estabeleceu os cinco principais fundamentos para o
desenvolvimento do turismo sustentável, que deve considerar a responsabilidade
socioambiental, a satisfação e as necessidades dos visitantes, justiça e
equidade no âmbito global, além do fator econômico.
Além disso, a OMT
estabeleceu, em 1999, um código de ética para nortear o desenvolvimento do
setor turístico ao redor do mundo. O código foi reconhecido pela ONU em 2001, o
que ajudou a promover os princípios nele estabelecidos, endereçados a todos os
agentes envolvidos, incluindo governos, comunidades locais, turistas e todas as
empresas que atuam em algum segmento do turismo.
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Código Global de Ética para o Turismo
O Código Global de
Ética para o Turismo inclui dez artigos que abrangem pilares econômicos,
sociais, culturais e ambientais da indústria. Conheça a seguir.
• A contribuição do turismo para a
compreensão e o respeito mútuos entre os povos e as sociedades
Prega a tolerância e o
respeito à diversidade religiosa, filosófica e moral, além das práticas sociais
e culturais de cada local. Esse fator é, inclusive, estabelecido como um
fundamento do turismo responsável. O artigo ainda reforça que a tolerância e o
respeito devem ser recíprocos. Sendo assim, as comunidades e os profissionais
locais também devem reconhecer o choque de culturas e costumes, que pode haver
em diversas regiões do mundo e praticar a tolerância.
• O turismo como veículo de realização
individual e coletiva
Reforça a importância
de manter a mente aberta para viver novas experiências e, com elas, absorver
novos aprendizados. Além disso, promove a igualdade de gêneros, os direitos
humanos e os direitos individuais de grupos mais vulneráveis.
• Turismo, fator de desenvolvimento
sustentável
Defende que preservar
o meio ambiente, seus recursos naturais e seus processos ecológicos essenciais
é uma forma de alcançar um crescimento econômico sustentável. Além disso, o
artigo também argumenta que é necessário estabelecer melhor planejamento e impor
limitações em áreas naturais, evitando sobrecarga das atividades turísticas,
especialmente em áreas sensíveis.
• Turismo, utilizador do património
cultural da humanidade e contribuidor para a sua valorização
Destaca que o
planejamento turístico deve permitir que os patrimônios culturais, o artesanato
e o folclore sejam conservados e protegidos, assim como todo o patrimônio
artístico, arqueológico, além de monumentos, santuários e museus. Apesar da
importância de ter seu acesso permitido, esses locais devem ser muito bem
administrados.
• Turismo, uma atividade benéfica para os
países e comunidades anfitriãs
Evidencia a
necessidade de equalizar a divisão de benefícios das atividades turísticas com
as populações locais, por meio da criação de empregos diretos e indiretos,
dando prioridade à mão de obra local. Além disso, as políticas voltadas ao
turismo devem fortalecer as comunidades, melhorando sua qualidade de vida. Em
relação ao meio ambiente, estudos de impacto devem ser realizados pelos
profissionais do setor, promovendo debates com a comunidade interessada.
• Obrigações das partes interessadas no
desenvolvimento do turismo
Preza pelo
profissionalismo, comprometimento e clareza de informações, em relação aos
profissionais do turismo. Os profissionais devem agir com ética, honestidade,
responsabilidade e transparência em suas atividades, prezando pelos turistas,
pela população local e pelo meio ambiente. Além disso, condições adversas devem
ser informadas com clareza para os turistas, também por parte dos governos
locais. A mídia, por sua vez, também tem responsabilidades neste setor, pois
deve fornecer informações precisas e confiáveis sobre os locais, além de
noticiar acontecimentos que sejam relevantes.
• Direito ao turismo
O turismo livre é um
direito universal, estabelecido como descanso e lazer, parte dos direitos
humanos. Além disso, políticas públicas de turismo social, facilitando o acesso
ao lazer, férias e viagens devem ser desenvolvidas. O turismo inclusivo também deve
ser promovido.
• Liberdade de movimentos turísticos
Estabelece o direito
ao acesso e a livre circulação em locais de interesse turístico ou cultural, de
acordo com a legislação, sem qualquer discriminação. Além disso, o artigo
também reforça o direito à comunicação, principalmente com o consulado de seu país,
serviços administrativos, jurídicos e de saúde.
• Direitos dos trabalhadores e empresários
da indústria do turismo
Ressalta que os
direitos fundamentais dos trabalhadores do setor turístico devem ser garantidos
e supervisionados por órgãos governamentais. Além disso, esses trabalhadores
devem ter acesso à formação adequada, direitos sociais, maior segurança no
emprego, além da criação de um estatuto específico.
• Implementação dos princípios do Código
Global de Ética para o Turismo
O Código de Ética deve
ser constantemente implementado, com a colaboração de todos os interessados no
desenvolvimento do turismo. Da mesma forma, suas diretrizes devem ser
monitoradas.
Com isso, a OMT espera
que esses princípios cooperem para o desenvolvimento do turismo sustentável a
nível mundial, aumentando os benefícios que envolvem o setor, além de reduzir
significativamente os impactos negativos gerados pela atividade.
Por consequência, o
setor de turismo também é apontado como um forte colaborador para a conquista
das metas estabelecidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
ONU.
• Turismo e Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável
Os ODS são metas que
buscam alcançar a sustentabilidade, a promoção de sociedades inclusivas e a
proteção do meio ambiente. São 17 ODS, incluídos na Agenda 2030, estabelecidos
em 2015.
A Agenda 2030 foi um
compromisso, assumido pelos 193 países membros da ONU na época, que se
comprometeram a encontrar soluções e traçar novos caminhos de governança na
busca por erradicação da pobreza e da fome, diminuição das desigualdades, amplo
acesso a serviços de saneamento, energia, educação, além da proteção dos
diferentes ecossistemas, entre outros.
O compromisso
contempla a participação de governos, organizações privadas, instituições de
pesquisa e sociedade civil. Ao todo são 169 metas que contemplam ações para um
desenvolvimento sustentável e um planeta mais igualitário, saudável e pacífico
no futuro.
Segundo a ONU, setores
envolvidos em atividades de turismo podem contribuir para todos os ODS, de
forma direta ou indireta. Isso porque a indústria representa uma potência
econômica que deve crescer cada vez mais.
• ODS para o turismo sustentável
Pontualmente, foram
atribuídos ao turismo sustentável as metas compreendidas em três dos dezessete
ODS:
• ODS 8: Trabalho decente e crescimento
econômico. Contempla um desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável,
diversificação e maior produtividade das economias, erradicação do trabalho
forçado, igualdade salarial e implementação de políticas que promovam o turismo
sustentável;
• ODS 12: Consumo e produção responsáveis.
Inclui metas desde a boa gestão dos recursos naturais, passando pela redução do
desperdício, diminuição de resíduos, apoio ao desenvolvimento científico e
desencorajamento de combustíveis fósseis e seus derivados;
• ODS 14: Vida na água. Tem como meta a
preservação da vida aquática, diminuindo a degradação e a poluição, além de
desenvolver boa gestão e uso sustentável dos ecossistemas marinhos e costeiros.
O turismo, assim como
outros setores econômicos, têm um papel fundamental na busca por sociedades
mais equilibradas, com a diminuição das desigualdades e meios de vida mais
sustentáveis.
Garantir a inclusão de
práticas de governança, que contemplem responsabilidade social e cuidado com o
meio ambiente, contribui positivamente para o desenvolvimento dos negócios e é
uma forma inteligente de contribuir para um futuro muito mais promissor.
Além disso, o
despertar da consciência individual, para essas mudanças de comportamento tão
necessárias, são a chave para a construção de sociedades mais humanas,
presentes e responsáveis.
Fonte: eCycle
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