terça-feira, 6 de agosto de 2024

Artur Scavone: ‘As esquerdas diante das eleições na Venezuela’

Os termos “esquerda” e “direita” já não dão conta – há tempos – de qualificar os campos da ação política. Hoje ser de esquerda é uma denominação ampla que pode qualificar socialistas, comunistas, anti-imperialistas, progressistas, identitaristas e tantos outros “istas”, constituindo uma mancha disforme de posições e opiniões, muitas vezes diversas e até mesmo antagônicas.

A Coréia do Norte é anti-imperialista. É socialista? É “de esquerda”? Sobram divergências sobre a China. Capitalismo de Estado? Socialismo? Partido único? Ou sobre o Vietnã. Sob o manto obscuro de “esquerda” cabem obtusas configurações e serve também para abrigar oportunistas que sob ele se abrigam cobrando solidariedade dos demais “de esquerda”, não importa sob qual configuração se qualifiquem.

O atual campo qualificado de esquerda vem de um processo histórico de desmonte da utopia comunista que foi sendo desfigurada e desconstituída pelas sucessivas derrocadas de revoluções que objetivavam uma perspectiva socialista. A utopia que se firmou com a Revolução de Outubro, a vitória sobre a Alemanha nazista e o acelerado crescimento da União Soviética, a revolução chinesa, cubana, a vitória no Vietnã, todas estimularam corações e mentes à luta contra a ascensão do capital e do império norte americano que emergiu da segunda grande guerra.

Fidel, Che Guevara, Ho Chi Min e Mao Tsé-Tung carregaram nos ombros o sonho socialista. Mas os processos de Moscou e a queda do muro de Berlim foram os marcos mais expressivos da névoa que encobriu os mesmos corações e mentes que haviam sido antes conquistados.

Hoje “ser de esquerda” implica qual determinação social, programática ou política? O grande feito de Karl Marx foi desnudar o cerne do capital. Assim como Einstein desvendou a força descomunal da matéria transformada em energia, Marx desvendou a força descomunal da mais valia e do fetiche da mercadoria como faíscas potencializadoras da mais torpe competência humana: o poder de submissão de muitos à vontade de um. Explorar e dominar para enriquecer desmedidamente sempre foi uma vil potência humana.

Mas foi a lógica do capital – assim como a fissão nuclear – que exponenciou essa força dotando-a de poder social incomensurável travestido de estrutura social moderna. Não são mais reis e teocracias que dominam populações miseráveis. São bilionários que detém o poder, o comando e as comunicações de massa. O entretenimento estúpido distrai e aliena, as narrativas falsas repetidas à exaustão conquistam corações e mentes.

A concepção sintetizada de maneira radical na expressão “sonho americano” sustenta que o mundo é composto de ao menos dois tipos de indivíduos: lobos e ovelhas. Os lobos almejam galgar a glória subindo sobre corpos, carcaças e florestas mutiladas quando necessário. As ovelhas almejam alugar sua força de trabalho por um bem remunerado trabalho. Dessa lógica emergem os Donald Trumps da vida – quando navegam pelos picos da alta sociedade – ou os Pablo Escobar – quando emergem do submundo ilícito – ilícito porque navegam por outras regras de jogo à margem dessa sociedade.

Ambos exemplos estão empoderados pela lógica do capital e seus reflexos são os luxuosos edifícios que sombreiam os sem teto drogados vagando pelas ruas roubando celulares para sobreviver. Assim é São Paulo, Nova Iorque, Paris, Berlim e tantas outras.

Assim como Hiroshima e Nagasaki estão cravadas nas memórias destas gerações do século XX, Benjamin Netanahyu é a explosão descomunal no século XXI da bestialidade predatória que exibe em fratura exposta a putrefata realidade do império norte americano, que tem em Israel sua base avançada militar para submeter o Oriente Médio e sustentar o padrão do petrodólar.

É a sustentação do “sonho americano”: se você não me apoia, você está contra mim e eu vou te destruir. A conquista da racionalidade – que tirou o ser humano da mudez e lhe deu as condições para exercer o domínio da natureza – convive com a sua estupidez que satura o planeta de bases militares, mísseis nucleares e satélites de vigilância e ataque.

Nessa trágica quadra da história, que conceitos adotar para pensar uma renovada utopia? Como conceituar aqueles que se dizem genericamente “de esquerda”? É preciso considerar que há um terceiro tipo de indivíduo nessa sociedade partida: o que enxerga através da névoa que obscura a compreensão da sociedade, mas não se propõem a ser presa nem predador. Aquele que tem na solidariedade, no respeito à vida e ao planeta, suas referências fundamentais.

Genérico demais? Não. Ter como meta a eliminação da propriedade privada e a criação de uma sociedade sem classes, onde os meios de produção são coletivamente possuídos e administrados e haja uma distribuição igualitária da riqueza e a eliminação das desigualdades sociais é com certeza uma formulação que atende a esses princípios, se acrescermos o respeito à natureza. É necessário, portanto, resgatar o nome “comunista” e limpar essa denominação dos estragos que lhe foram sendo apensados pelas sucessivas derrotas das revoluções passadas.

A Revolução Russa sucumbiu às tensões desencadeadas pelo capital. No entanto – assim como o ocidente foi o primeiro a dominar a fissão atômica e extrair dela energia controlada – a China está conseguindo dominar a fissão nuclear do capital e extrair dele a energia que é capaz de gerar na sociedade humana. O Partido Comunista da China comanda uma população de 1.4 bilhão de pessoas, tem 100 milhões de membros e milhares de capitalistas exercendo suas atividades sob o controle governamental.

Com mão de ferro – e sem concorrências eleitorais externas ao próprio partido – controla o crescimento das atividades capitalistas segundo as políticas eleitas nos seus congressos. E a democracia? Ela existe no âmbito do PCC. Tratamos da famosa ditadura do proletariado. É uma sociedade que se reivindica socialista que está em pleno progresso, avançando célere rumo aos objetivos que destacamos mais atrás.

Mesmo assim suas campanhas de combate à corrupção – o vírus mais feroz do capital – visou tanto figuras de alto escalão quanto oficiais de menor nível, levando à punição mais de um milhão de funcionários do partido. Se a União Soviética abriu mão da política para tentar salvar suas nações e sucumbiu, a China abriu mão – controladamente – da economia para garantir o poder político e, aparentemente, o projeto original da revolução está a salvo. Em Pequim não se encontra miseráveis e drogados vagando pelas ruas.

Podemos ter na China uma referência de sociedade socialista – aquela que é controlada por um projeto comunista e convive na sua transição com o modo de produção capitalista totalmente controlado. E tomar como critérios fundamentais para qualificar algo de “esquerda” o que mais se aproximar de uma posição comunista: solidariedade, respeito à vida e ao planeta.

Postas estas questões, agora podemos discutir a Venezuela e seu líder Nicolás Maduro. Antes de qualquer consideração, Nicolás Maduro se propôs a disputar uma eleição e deu à oposição o direito a participar. Por óbvio, agora com a eleição transcorrida, Nicolás Maduro precisa apresentar os resultados desse escrutínio. As acusações de que o imperialismo e a direita mundial estão manobrando para criar uma crise política são verdadeiras, mas não resolvem o problema. Afinal, Nicolás Maduro detém não só o Estado, mas o poder. Ou bem Nicolás Maduro comprova que venceu as eleições, ou então proclama a tomada do Estado venezuelano em defesa do seu processo revolucionário.

E “as esquerdas”, como ficam? Segundo todas as considerações que fizemos, é necessário conferir em que medida o processo venezuelano obedece àqueles princípios, para então os comunistas declararem que apoiam a revolução bolivariana de Nicolás Maduro.

Se não houver essa concordância, pode-se até manifestar apoio, mas então um apoio restrito à condição de uma Venezuela que é tão somente anti-imperialista. O que é muito pouco se pensarmos a realidade do seu povo e se pensarmos que poderemos estar lidando com uma casta militar encastelada no poder exigindo daqueles que são “de esquerda” irrestrita solidariedade. Lobos no poder.

E então teremos outra Coréia do Norte, agora na América Latina. E o desgaste dos nossos princípios e valores continuarão a sofrer com esses ganhos táticos.

 

¨      Nicolás Maduro e a Ciranda da Esquerda Brasileira. Por Ricardo Nêggo Tom

O imperialismo está mais angustiado que barata de barriga para cima, com a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela. Quando eu digo vitória, significa que, assim como o Conselho Eleitoral da Venezuela, eu reconheço que o atual presidente recebeu a maioria dos votos por parte da população venezuelana. E quem discordar, que me apresente as provas de que as eleições foram fraudadas, que eu mudarei o meu posicionamento. Até porque, Edmundo González Urrutia, o candidato genérico da extrema-direita e principal adversário de Maduro no pleito, não compareceu à audiência no Conselho Eleitoral. Teria se acovardado? Aliás, se Maria Corina, a candidata de fato, tivesse escolhido a porta de seu closet para representá-la nas urnas, a expressividade da candidatura seria a mesma. Mais parado do que olhar de santo católico, Urrutia não foi um fantoche suficientemente convincente para o projeto político entreguista da golpista.

Há quem consiga afirmar ser impossível Maduro ter vencido as eleições em seu país, e os motivos são os mais diversos e facilmente refutáveis. Um deles é o número de pessoas que a oposição está conseguindo aglutinar nas ruas em protesto contra o presidente reeleito. Ora, cara pálida! Me permita lembrá-los que a nossa vitória na última eleição presidencial foi mais apertada do que pum em calça legging, num cenário mais feio que briga de foice no escuro. O bolsonarismo também conseguiu reunir milhares de pessoas nas ruas descontentes com a vitória de Lula e afirmando que Bolsonaro venceu a disputa, mas foi roubado. Um descontentamento que nos rendeu os atos antidemocráticos do 08/01, como uma tentativa de golpe de Estado, e que chegou aos olhos de outros países como uma revolta legítima de um povo indignado com uma possível fraude eleitoral. O fato é que tais manifestações fazem parte de uma estratégia que a extrema-direita organizada sob o fascismo publicitário e o marketing terrorista de Steve Bannon, passou a adotar sem o menor pudor para não aceitar as derrotas impostas sobre o seu projeto político. Mas que projeto?

Eu poderia ficar discorrendo aqui sobre as questões políticas da Venezuela, as sanções e os embargos impostos sobre o país, o que dificulta o crescimento da sua economia, o olho grande que os USA têm sobre a sua reserva de petróleo, que é a maior do mundo, mas isso outros analistas mais gabaritados e preparados do que eu já o fizeram. Como eu gosto de propor reflexões, sugiro que reflitamos sobre a naturalização da interferência norte-americana na soberania de outros países. Melhor dizendo, na soberania de países que não são lacaios do imperialismo e não lambem as botas do tio Sam. EUA esses que estiveram por trás do golpe militar de 1964, que engendraram a queda da presidenta Dilma e que espionaram Lula por 50 anos. Como ficar contra Nicolás Maduro na sua luta contra um adversário tão prepotente, arrogante, autoritário e com mania de dono do mundo? Ainda que Maduro seja um sujeito meio xucro do ponto de vista diplomático, mais grosso do que dedo destroncado, e com certo viés autoritário, chega a ser constrangedor para o campo progressista questionar a lisura das eleições venezuelanas, com base na choradeira de uma oposição sem o menor escrúpulos.

O pior é quando nos damos conta de que o Brasil pode estar sendo usado pelos USA para manter o território sul-americano em ordem. O que foi acordado no telefonema entre Biden e Lula beneficia apenas a um dos interlocutores. Ao mesmo tempo em que o governo dos EUA recebe a garantia de que pode se manter focado nas eleições presidenciais, onde Kamala Harris, o Edmundo González de Joe Biden, terá uma árdua disputa contra o intragável Donald Trump, Lula se coloca como apaziguador dos ânimos politicamente exaltados no país vizinho, se comprometendo a passar credibilidade ao império e a não abalar as relações com o seu antigo aliado. Uma tarefa mais difícil do que varrer escada acima. Sobretudo, quando o secretário de governo norte-americano, Antony Blinken, optou por reconhecer Gonzalez como vencedor, engrossando o coro da suposta fraude nas eleições, e se unindo a irresponsabilidade diplomática de Javier Milei, que chegou a incentivar um cerco à embaixada da Venezuela na Argentina. Desatino que Maduro respondeu com a expulsão do embaixador argentino de seu país.

Nesse momento, o governo brasileiro está mais enrolado do que namoro de cobra, principalmente, quando Nicolás Maduro sinaliza o desejo de falar com Lula e recebe um agora não posso, pois estou conversando com seu inimigo. Depois te ligo. E Maduro do outro pensando que foi o primeiro a parabenizar Lula pela sua eleição em 2022, em meio a acusações de fraude dos abutres bolsonaristas, e também o primeiro a defender Lula quando Israel o considerou persona non grata e o seu Chanceler dispara ofensas contra o chefe do estado brasileiro pelas redes sociais. Talvez, Lula pudesse ter evitado essa problemática, mas vamos confiar na sua inegável veia estrategista e diplomática. Ela pode ter uma saída para o imbróglio, que nós ainda não conseguimos descobrir. Enquanto isso, a esquerda segue mais perdida que cebola na salada de frutas, e mais dividida que os cinco pães que Jesus ofereceu a mais de mil pessoas no milagre da multiplicação. Algo bem contraproducente às vésperas de eleições municipais importantíssimas, nas quais o campo progressista precisa recuperar as cadeiras perdidas e impedir que a extrema direita a deixe em pé e do lado de fora esperando por mais quatro anos.

O PT reconheceu a vitória de Maduro, antes de Lula se pronunciar. O líder do governo no Senado, que também é filiado ao partido, assim como outros parlamentares da legenda, não reconheceram e ainda questionaram a idoneidade do pleito. Um verdadeiro samba do partido doido difícil de acompanhar o ritmo, que acaba justificando a alcunha de "esquerdista cirandeiro" que alguns recebem dentro do segmento. Uma coisa é certa, mais certa que regra de freira: Maduro alugou um "triplex" na cabeça dos imperialistas gulosos pelo petróleo venezuelano. E eles poderão apelar, até mesmo, para um atentado contra a sua vida. Só espero que esse "tríplex" também não seja jogado na conta de Lula, e ele caia de maduro na cilada imperialista. 

 

¨      Venezuela no epicentro da disputa geopolítica mundial e a guerra pelo petróleo. Por Milton Alves

A Venezuela é no momento o epicentro de uma disputa geopolítica na América Latina e em termos globais – o país tem sólidas alianças com a China e a Rússia, países integrantes e decisivos dos Brics. As imensas reservas de petróleo e de minerais raros são parte essencial dessa disputa — o que motiva e intensifica a natureza do conflito.

O processo bolivariano de mudanças das instituições políticas e de estado, iniciado com a chegada de Hugo Chávez ao governo em 1999, implicou desde o início na disputa pelo controle da renda petroleira. Ou seja, o controle da PDVSA, e de suas subsidiárias, como a Citgo, uma refinaria venezuelana e rede de revenda de combustíveis dentro dos Estados Unidos [ subtraída da Venezuela na mão grande durante a aventura do bisonho Juan Guaidó].

Nos 25 anos do atribulado projeto bolivariano de governo e de poder, ocorreram 31 processos eleitorais, com maior e/ou menor grau de intensidade da disputa e legitimidade.

Durante todo esse período, a antiga institucionalidade e modelagem política foram modificadas: o Chavismo aprovou uma nova constituição, enterrou o bi-partidismo oligárquico que se reveza no poder [Copei e AD, ambos partidos das classes dominantes e sustentados pela renda do petróleo].

O governo do presidente Hugo Chávez também mudou o caráter das Forças Armadas, do Poder Judiciário e nacionalizou parte da economia do país. Portanto, A Venezuela tem um regime político com formas híbridas, combinando elementos da “democracia parlamentar” com a democracia direta”, ou “protagônica”, como dizem os bolivarianos — não sem problemas e da permanência de traços autoritários, mas com adesão de massas.

Na concretude do atual conflito, em que 10 candidatos disputaram o pleito presidencial, com ampla liberdade de campanha e propaganda, um fato notório — com regras eleitorais acatadas pelos quase 30 partidos legais que atuam na arena política do país –, com um sistema de votação moderno e auditável da base ao topo. Informação importante: os partidos participam da totalização final da contagem dos votos, junto com os reitores do Conselho Nacional Eleitoral – CNE].

Um pleito eleitoral radicalizado e disputado em cada centímetro do território venezuelano, todos os representantes partidários com acesso aos locais de votação e com cerca de mil observadores internacionais, é praticamente impossível a fabricação de uma fraude em escala industrial, como alega a extrema direita e os “liberais” de fachada agrupados na Plataforma Unitária de Democrática, de Corina Machado e do fantoche Edmundo Gonzalez.

O surreal dessa confusão, criada pela oposição extremista da direita e pela mídia enferma de preconceito contra o Chavismo e a figura de Maduro, é que até o momento não apareceu a materialização das acusações que comprovem uma fraude eleitoral de tamanha proporção. Quem contesta o resultado eleitoral não apresentou nenhum indício, nada, um único e definitivo indício.

Numa coletiva de imprensa para jornalistas internacionais, realizada na tarde de terça-feira (30), Corina Machado chegou a apresentar números do “resultado eleitoral” obtidos, segundo ela, por um sistema paralelo de apuração, com base em boletins parciais de urna fornecidos pela própria apuração oficial conduzida pelo CNE. Algo bizarro! É uma ingerência — e mais, é um desrespeito ao povo e nação venezuelana — exigir os tickets de urna da eleição de um país, qualquer país. Se a moda pega, vai ser um “deus-nos-acuda” nos próximos processos eleitorais a partir de agora na América Latina.

Vamos aguardar a conduta dos que gritam contra a “fraude” de Maduro, se vão ter o mesmo oxigênio no peito para gritar contra o confuso sistema de apuração norte-americano e o resultado eleitoral da disputa em curso entre Kamala e Donald Trump, que já avisou que se ele perder, será por fraude, como fez Bolsonaro por aqui. Os que gritam contra a “fraude” de Maduro também estão calados com o golpe “brando” de Macron na França, duplamente derrotado pela coalizão de esquerda, Nova Frente Popular, liderada por Melénchon, e por Marina Le Pen, líder do Agrupamento Nacional, que segue adiando a convocação das novas eleições. Na França não acontece um golpe contra a vontade expressa nas urnas pelo povo francês?

E para classificar a filiação política e ideológica “democrática” da oposição venezuelana, [já que algumas boas almas progressistas cultivam dúvidas sinceras sobre o resultado eleitoral da Venezuela], liderada por Corina Machado, Edmundo Gonzalez, Leopoldo López, Caprillez, João Guaidó, é a mesma linhagem do Clã Bolsonaro, de Milei, de Steve Bannon e dos neofranquistas do Vox espanhol. Um pessoal amante da democracia, desde que o resultado seja favorável ao meu grupo político.

Após o resultado eleitoral, desde domingo (28), a extrema direita adotou o modus operandi das “guarimbas”, protestos com obstruções de vias públicas, ataques a prédios públicos, queima de veículos, algo muito semelhante do que aconteceu por aqui, após a derrota de Bolsonaro para Lula nas eleições presidenciais de 2022.

A posição do PT [ferramenta política e organizativa da militância de esquerda] – e do governo Lula [institucionalidade e representação estatal do Brasil] – apontaram para o reconhecimento do pleito, solicitaram a apresentação do resultado final da eleição, o que será feito nos próximos dias, e aconselharam para o prosseguimento das conversações entre as forças políticas do país [previstas nos protocolos de Barbados]. Uma posição correta do PT, maior partido popular da América Latina, e do presidente Lula, uma liderança política reconhecida por sua capacidade de diálogo e concertação.

A questão de fundo que move as engrenagens dessa guerra contra a soberania da Venezuela, é o petróleo. Parafraseando o estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton contra George Bush, em 1992, James Carville –, é o petróleo, estúpido. Alguém tem dúvida?

 

Fonte: A Terra é Redonda/Brasil 247

 

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