Twitter Files 3 demonstra que Moraes também censurava perfis de
esquerda
Uma terceira leva de
informações sobre decisões judiciais brasileiras envolvendo o bloqueio de
perfis na rede social X (antigo Twitter) foi publicada na segunda-feira
(22.abr.2024). Desta vez, os dados indicam que contas alinhadas à esquerda
também foram alvo das decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As postagens, chamadas
de “Twitter Files 3″, foram feitas pelo jornalista David Ágape, resultado de
apuração junto aos também jornalistas Michael Shellenberger e Eli Vieira . É
uma sequência das investigações tornadas públicas inicialmente em 4 de abril por
Shellenberger.
Alguns destaques,
segundo David Ágapes: perfis de esquerda também foram bloqueados a pedido do
TSE, como o partido político PCO; e Elon Musk não teve envolvimento direto com
o Twitter Files Brasil, porque distribuiu os dados a Schellenberger e outros
jornalistas com foco exclusivo no cenário dos Estados Unidos.
Mais dados; o TSE
ordenou ao Twitter que entregasse dados de usuários que tuitaram hashtags tanto
contra quanto a favor do voto impresso; por
cerca de um ano, o X (à época Twitter) respondeu às exigências do TSE e da
Polícia Federal, argumentando que eram ilegais e não respeitavam o Marco Civil
da Internet; o Meta e o Google adotaram “medidas extraordinárias” para
colaborar com as autoridades e potencialmente na divulgação de dados privados
em violação ao Marco Civil.
“Durante o meu
discurso na audiência do Senado Federal Brasileiro em 11 de abril, enfatizei
que a luta pela liberdade de expressão e pela privacidade dos cidadãos não é
uma questão de esquerda ou direita, pois afeta a todos. Agora, @EliVieiraJr,
@shellenberger e eu revelamos nesta nova edição dos #TwitterFilesBrasil, que
brasileiros de todo o espectro político, incluindo políticos de esquerda, foram
alvo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e da Polícia Federal para coleta de
dados e censura no Twitter”, disse o jornalista David Ágape.
“Ao contrário do que
alguns afirmaram falsamente, Elon Musk não esteve envolvido com os Twitter
Files Brasil. Shellenberger tinha posse do banco de dados completo desde o
final de 2022, recebido de Musk e distribuído para ele e outros jornalistas
independentes, com o interesse de Musk então focado exclusivamente no cenário
norte-americano.
O proprietário da X
ficou ciente dos Twitter Files Brasil da mesma maneira que o público em geral —
por meio de nossas postagens nas redes sociais, com exceção dos três
envolvidos. Agradecemos a @elonmusk pela atenção que direcionou às nossas
postagens e por sua abertura em disponibilizar esses arquivos em 2022.
“Embora a direita
(brasileira) tenha sido o principal alvo de censura e perseguição, como
evidenciado nos Twitter Files e nos documentos divulgados na semana passada
pelo Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, a esquerda também foi afetada pelas
ordens ilegais do TSE.”
PEDIDOS
QUESTIONÁVEIS
“Um integrante da
equipe do Twitter observou que, do ponto de vista legal, esses pedidos eram
questionáveis. segundo os estatutos e precedentes brasileiros, pois violariam a
privacidade dos usuários e os direitos ao devido processo legal”, disse Ágape,
acrescentando:
“O advogado temia que
o cumprimento pudesse levar a uma ‘potencial divulgação massiva de um número
indeterminado de usuários, sem causa clara e sem supervisão judicial prévia’.
Os pedidos iniciais do TSE poderiam expor dados de até 260 mil contas. Depois
das objeções do Twitter, só cerca de 200 contas seriam afetadas. No entanto, o
Twitter considerava o número muito significativo e uma exceção com base nos
casos típicos que lidamos no Brasil.”
Deputados de direita
decidem viajar para audiência de Musk na Câmara dos EUA
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Deputados de direita decidem viajar para
audiência de Musk na Câmara dos EUA
Uma comitiva de
deputados de direita, a maioria bolsonaristas, pretende viajar a Washington
(EUA) para acompanhar no dia 8 de maio uma audiência pública na Câmara dos
Deputados americana com o empresário Elon Musk.
Devem se deslocar para
o evento os deputados Bia Kicis (PL-DF), Julia Zanatta (PL-SC), Eduardo
Bolsonaro (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR) e Marcel van Hattem (Novo-RS) – este,
o único que não é do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Outros parlamentares
que têm criticado a “censura” das redes sociais ainda podem se somar ao grupo.
A expectativa é que o
Brasil seja um dos temas principais da audiência. A sessão será para tratar dos
“Twitter Files”, conjunto de comunicados internos da empresa (atualmente
chamada X) que supostamente provariam arbitrariedades na exclusão de perfis da rede.
No Brasil, as ordens
para o bloqueio partiram diretamente do ministro Alexandre de Moraes, do STF
(Supremo Tribunal Federal), sem terem início na primeira instância.
Também devem
participar da audiência o jornalista americano Michael Shellenberger, que
divulgou os arquivos do Twitter relacionados ao Brasil, além do CEO da rede
conservadora Rumble, Chris Pavlovski, e do ativista brasileiro Paulo Figueiredo
Filho, neto do ex-presidente/general João Figueiredo, alinhado ao bolsonarismo.
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Revelação de decisões de Moraes cria uma
situação embaraçosa para Justiça. Por Elio Gaspari
A divulgação, nos
Estados Unidos, de decisões sigilosas do ministro Alexandre de Moraes mandando
retirar mensagens das redes sociais, criou uma situação embaraçosa para a
Justiça brasileira.
Algumas ordens seguiam
um texto padronizado e diziam: “Tendo em conta a natureza confidencial destes
processos, devem ser tomadas as medidas necessárias para mantê-los (em sigilo).
Sem mais delongas, aproveito a oportunidade para renovar minhas expressões de
elevada estima e consideração”.
Faltam estima e
consideração quando não se diz porque uma mensagem na rede social deve ser
cancelada.
O gabinete do ministro
informou que as decisões são fundamentadas. Se há fundamentação, nada impedia
que, junto com a proibição, seu link fosse apensado ao ofício.
Durante a ditadura, os
censores eram explícitos. Em 1972, por exemplo, eles determinaram:
“Nenhuma referência,
contra ou a favor de Dom Helder Câmara”.
Desde a semana
passada, quem duvidar das previsões do Ministério da Fazenda para o equilíbrio
das contas públicas não pode mais ser acusado de bolsonarismo, vendido ao
mercado ou desmancha-prazeres.
Quem duvida dessas
metas é o Fundo Monetário Internacional. Em geral, o FMI acredita em lorotas,
desde que não se exagere.
Ø Ataques a Moraes partiram de comunidades com grande número de
contas falsas
O embate provocado
por Elon Musk contra o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes gerou
um movimento significativo em duas comunidades principais do X, que se destacam
por suas taxas de interação e uso de bots, de acordo com uma pesquisa
do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para os pesquisadores,
a atenção se deve ao perfil que apoiou o magnata, que apresentou uma alta
proporção de contas falsas e demonstrou um alto nível de compartilhamento, com
uma média de 1,33 conexões por conta. Por outro lado, a comunidade que se opôs
ao proprietário do X, mostrou-se menos densa e engajada, com uma média de 1,19
conexões por conta, e também uma menor proporção de contas consideradas
inautênticas.
A análise do NetLab
levantou as postagens dos dias 8 e 9 de abril e identificou
aproximadamente 90 mil posts, com 39 mil contas publicando em inglês e
outras 30 mil em português. As ações de Moraes para remover perfis se tornaram
o foco do confronto com o bilionário, que ameaçou não cumpri-las e tentou
intimidar a Justiça Brasileira nas últimas semanas. Musk enfrenta dois
inquéritos no STF.
A fundadora e
coordenadora do NetLab, Marie Santini revela como foi feito o estudo. “Desenvolvemos
um classificador baseado em inteligência artificial que identifica contas
inautênticas. Observamos que Musk usa a plataforma dele para anabolizar o
debate desde o primeiro dia do confronto digital com a Justiça
brasileira”, afirma. “Quando decidiu que iria comprar o
Twitter, Musk bateu muito na tecla de que a rede tinha robôs demais, para
tentar baixar o valor da compra. O empresário disse que iria eliminar esse
cenário, mas não é o que está acontecendo. Obviamente, ele está usando a
possibilidade em prol de si, para se promover e avançar suas pautas.”
·
Quase 50% das postagens feitas por robôs
Das postagens em
inglês, aproximadamente 41% foram originadas de contas falsas “presentes para
manipular a discussão”, diz a pesquisadora. Quando se trata de perfis que
postam em português, a porcentagem de contas consideradas não autênticas essa
porcentagem é de 35%. Dentro da comunidade que dissemina a retórica do
empresário, 49,88% das contas são consideradas legítimas, enquanto 47,97% são
identificadas como robôs. Outras 2,15% não foram classificadas. Por outro lado,
na comunidade que se opõe, 58,67% das contas foram identificadas como
autênticas, 35,58% como robôs e 5,75% não foram categorizadas.
O estudo ainda indica
uma predominância ainda maior de postagens de contas não autênticas na
comunidade associada aos discursos de Musk. As contas consideradas legítimas
representam 46,24%, enquanto os robôs correspondem a 53,68% e outros 0,08% não
foram categorizados. Contrariamente, a comunidade que defende Moraes tem uma
maioria de perfis legítimos, com 55,85%, em comparação com 44,15% de contas
classificadas como robôs.
Entre os perfis reais,
os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) se
destacam como contas de alta performance em compartilhar o discurso do
bilionário, e os principais propulsores da rede que se opõe ao empresário foram
o Sleeping Giants Brasil, a primeira-dama Janja e o influenciador digital
Felipe Neto.
Ø Glauber vai para cima de "milícia fascista" do MBL e
pergunta: "quem financia?"
Em entrevista ao
programa Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (24), o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) comentou o processo de cassação que foi aberto contra seu
mandato no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Braga será julgado por
expulsar um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) após sequenciais perseguições e ofensas à sua honra por
parte de Gabriel Costenaro, militante que, na ocasião, ofendeu a mãe do
parlamentar, Saudade Braga, que convive com Alzheimer.
Nesta terça-feira,
foram sorteados os parlamentares que vão fazer a relatoria do processo. Dois
possíveis relatores são do PL e um é do PSD.
"O que eu espero
daqui é um julgamento justo. Eu vou tratar respeitosamente o Conselho e os
parlamentares que aqui estão", disse.
Glauber acredita que o
processo será uma oportunidade para esclarecer quem financia o MBL e como
figuras como Costenaro tem recursos para viajar perseguindo parlamentares.
"Eu acho que essa
vai ser uma oportunidade, com todos os meios de prova possível, para
demonstrar o que é a representação dessa milícia fascista chamada MBL",
disse.
"Quem
financia? Porque esse sujeito foi para o Paraná.. quem pagou a passagem?
Veio para Brasília, a gente já sabe quem foi o deputado que deu o resguardo a
ele aqui, o Kim Kataguiri",
disse. "Quem é que sustenta isso, eu acho que essa é uma pergunta",
completou.
·
Estratégia de defesa
O deputado também
esclareceu qual será a estratégia de sua defesa para manter seu mandato.
"Parlamentares que já têm essa posição de orientação fascista ou uma
articulação com o bolsonarismo vão manter essa posição", disse.
"O que eu vou
procurar fazer é, através do argumento com os demais membros do Conselho de
Ética, demonstrar que essa atuação de hoje contra mim, amanhã evidentemente se
volta contra eles, pelo menos contra aqueles que não têm uma relação tão
umbilical ou orgânica com a extrema-direita", completou. "Mostrar
todos os fatos, tudo o que aconteceu, e utilizar tudo aquilo que tiver à
nossa disposição para que eu possa fazer isso", completou Braga.
Fonte: Poder
360/FolhaPress/Fórum
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