O que disse Roberto Requião antes de deixar
o PT
O ex-governador do
Paraná Roberto Requião publicou um vídeo na última terça-feira, 26, em rede
social antes de se desfiliar do Partido dos Trabalhadores (PT). Com críticas ao
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Requião listou os motivos
de insatisfação que o fizeram sair da legenda. Entre eles, o possível apoio da
sigla à candidatura de Luciano Ducci (PSB) na disputa pela prefeitura de
Curitiba, a aliança com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o retorno
de pedágios no Paraná e o apoio da gestão petista a privatizações de companhias
paranaenses.
No vídeo publicado no
X (antigo Twitter), Requião, que se filiou ao PT em 2022 para concorrer ao
governo do Estado, se mostrou decepcionado com as decisões tomadas pelo partido
em relação às eleições de 2024 e afirmou que a perspectiva que o fez entrar na
sigla “está desaparecendo”. O ex-governador afirmou que “no Paraná, o partido
quer lançar o ‘cabra’ da direita”, em referência a Ducci, e acrescentou que a
escolha do candidato pela Executiva Nacional anulou “a possibilidade da eleição
direta” e, por isso, o partido estadual está sendo “destruído”.
Ao Estadão, o
ex-governador disse que se sentiu abandonado pelo PT e criticou o que chamou de
“aliança com a direita”, mencionando o governador Ratinho Júnior. “Não tem mais
partido. Tem agora um grupo no PT que manda de cima para baixo”, disse.
Se propondo a listar
os “acertos e erros” da Coligação Brasil da Esperança, formada para se
contrapor ao bolsonarismo no pleito de 2022, o ex-governador disse que
acreditava nas transformações que Lula poderia proporcionar ao País e que seu
desejo era “derrubar o liberalismo econômico”, mas que, agora, a “tal frente da
esperança” traz “mais desesperança a cada dia”.
Citando o dever de
cumprir com as promessas feitas durante as campanhas eleitorais, o
ex-governador mencionou o retorno dos pedágios no Paraná que, segundo ele, “é
um exemplo de exploração do povo”. “Um exemplo de privatização desnecessária
com preços absurdos para enriquecer acionistas”, disse no vídeo. Requião ainda
criticou um “comercial de televisão gravado por ele (Lula) e pelo Rato (Ratinho
Júnior) anunciando o pedágio criminoso”, que contraria, segundo ele, promessa
de campanha de Lula.
Em relação à
privatização de companhias paranaenses como a Copel, de energia, e a Sanepar,
responsável pelo saneamento, Requião disse que as empresas, que eram “uma
maravilha, lucrativas e eficientes”, estão sendo transformadas em um “extrator
de dinheiro da população”.
Requião ainda citou a
concessão do Porto de Paranaguá que, segundo ele, durante seu governo dava
“oportunidades para o comércio e a industriazalição”, impulsionando a economia
do Paraná, mas “está sendo vendido”. “Você não vê um protesto nem do PT nem de
personalidades do governo federal. Então, minha gente, está ficando difícil
entender o que está acontecendo “, afirmou Requião.
Apesar das
insatisfações, o ex-governador afirmou não se arrepender do apoio a Lula nas
eleições de 2022 e afirmou que a vitória do presidente “foi importantíssima
para o Brasil, para escaparmos daquela onda liberal”.
No entanto, ele
reforça que não pode “admitir mais que, de repente, companheiros do meu
partido, do PT, digam ‘nós melhoramos no governo do Lula o pedágio’, pois não
melhoraram nada”. Na avaliação dele, a “falha no compromisso assumido com a
população” se deu “em nome de um pragmatismo político para conseguir o apoio de
‘picaretas’ no Congresso Nacional”.
Requião ainda disse
que o período eleitoral, que reuniu esforços para a eleição de Lula, “foi uma
fase” e que agora é necessário “repensar a nossa participação na política”.
Simone Tebet diz que subirá em palanque
de Ricardo Nunes quando Jair Bolsonaro não estiver
Integrante do MDB,
mesmo partido do prefeito Ricardo Nunes, que tentará a reeleição na capital
paulista, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que vai apoiá-lo
ainda que o prefeito tenha se aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nunes deverá ter como
adversários Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, e Tabata Amaral (PSB), do mesmo partido do vice-presidente
Geraldo Alckmin. Dessa forma, o atual prefeito vem aglutinando a intenção de voto
de eleitores da direita e da extrema direita, uma vez que Bolsonaro não deu
aval à entrada de nomes de seu espectro político na campanha.
Pela proximidade que
estabeleceu com Lula desde que o apoiou, no segundo turno da eleição de 2022,
Tebet já avisou ao seu partido que não subirá em palanques de bolsonaristas,
mesmo que o MDB indique políticos a vice.
“Até agora, o Ricardo
Nunes não me deu nenhum motivo para não apoiá-lo. Obviamente que nós vamos ver
qual é a plataforma de governo dele. Mas se ele continuar defendendo a
democracia e os valores com os quais eu comungo… O que eu me recuso é subir num
palanque de bolsonarista. Eu jamais vou estar no palanque de um candidato que
tem pautas que representam um retrocesso, em questões como o armamento, o
desmatamento ambiental, na pauta de costumes ou contra a democracia”, afirmou
Tebet.
A declaração foi feita
em entrevista ao canal de notícias CNN Brasil que foi ao ar na noite deste
sábado, 30.
Questionada se subirá
no palanque de Nunes, ainda que o prefeito receba o apoio de Bolsonaro, Tebet
sinalizou positivamente. “Bolsonaro não estando (risos). A gente pode ir em
dias diferentes”, afirmou.
A ministra não
comentou, porém, a presença do prefeito na manifestação convocada por Bolsonaro
em fevereiro e que se transformou num ato de defesa do ex-presidente,
investigado por estimular um golpe de Estado. Na ocasião, Bolsonaro e seus
aliados falaram em injustiças e defenderam a anistia aos condenados pelo
vandalismo do 8 de Janeiro, em Brasília.
Apesar disso, Tebet
classificou Nunes como um democrata. “Vejo Nunes como uma pessoa democrática.
Ele é um democrata, com posicionamento provavelmente diferente em alguns
aspectos que eu”, afirmou.
• Apoio do MDB a Lula em 2026
Tebet disse ainda
esperar que seu partido apoie a reeleição de Lula, em 2026 – o MDB deseja
indicar um vice para Lula – como forma de evitar o retorno do que ela considera
ser a extrema direita ao poder.
“Não tenho dúvidas de
que as forças democráticas estarão com o candidato mais forte a derrubar esse
projeto nefasto. E, consequentemente, o único nome que me vem à mente, e por
tudo que estamos preparando para o País, de melhora da economia, a gente fortalece
o governo do presidente Lula. Eu não vejo outro caminho a não ser apoiar a
reeleição do presidente Lula se ele for candidato.”
E prosseguiu na defesa
de uma nova frente ampla, similar à montada por Lula no segundo turno da
eleição de 2022. “O projeto de poder no Brasil passa pela questão de garantir o
Estado Democrático de Direito, a democracia acima de tudo. Então, isso tem que
estar acima das vontades políticas. Tem que ser o candidato que tem condições
de ganhar da extrema direita. E estou falando da extrema direita, não da
direita. Eu mesma sou uma pessoa de centro-direita na economia e de
centro-esquerda nos costumes”, disse.
• Fim da reeleição
Na entrevista à CNN,
Tebet disse ainda ser “totalmente de acordo” com o projeto de limitar a
reeleição e criar mandatos de cinco anos para presidente da República, em
discussão no Senado.
“Um dos grandes
cânceres e males é um mandato de quatro anos. É um mandato curto. Então, você
ganha e trabalha no primeiro ano. No segundo, tem eleição municipal. No
terceiro, você já está pensando na reeleição. Você só não pensa em eleição no
primeiro ano. O Brasil não vai para frente dessa forma”, afirmou a ministra,
que relacionou o tema à turbulência da eleição de 2022.
“Se o presidente
Bolsonaro não tivesse chance de ser candidato à reeleição, nós não teríamos
todo esse processo. Nós teríamos eleição com dois outros candidatos. Talvez não
teríamos uma tentativa de golpe no Brasil. Um mandato de cinco anos sem
reeleição está de bom tamanho”, afirmou.
Fonte: IstoÉ
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