quarta-feira, 3 de abril de 2024

O que disse Roberto Requião antes de deixar o PT

O ex-governador do Paraná Roberto Requião publicou um vídeo na última terça-feira, 26, em rede social antes de se desfiliar do Partido dos Trabalhadores (PT). Com críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Requião listou os motivos de insatisfação que o fizeram sair da legenda. Entre eles, o possível apoio da sigla à candidatura de Luciano Ducci (PSB) na disputa pela prefeitura de Curitiba, a aliança com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o retorno de pedágios no Paraná e o apoio da gestão petista a privatizações de companhias paranaenses.

No vídeo publicado no X (antigo Twitter), Requião, que se filiou ao PT em 2022 para concorrer ao governo do Estado, se mostrou decepcionado com as decisões tomadas pelo partido em relação às eleições de 2024 e afirmou que a perspectiva que o fez entrar na sigla “está desaparecendo”. O ex-governador afirmou que “no Paraná, o partido quer lançar o ‘cabra’ da direita”, em referência a Ducci, e acrescentou que a escolha do candidato pela Executiva Nacional anulou “a possibilidade da eleição direta” e, por isso, o partido estadual está sendo “destruído”.

Ao Estadão, o ex-governador disse que se sentiu abandonado pelo PT e criticou o que chamou de “aliança com a direita”, mencionando o governador Ratinho Júnior. “Não tem mais partido. Tem agora um grupo no PT que manda de cima para baixo”, disse.

Se propondo a listar os “acertos e erros” da Coligação Brasil da Esperança, formada para se contrapor ao bolsonarismo no pleito de 2022, o ex-governador disse que acreditava nas transformações que Lula poderia proporcionar ao País e que seu desejo era “derrubar o liberalismo econômico”, mas que, agora, a “tal frente da esperança” traz “mais desesperança a cada dia”.

Citando o dever de cumprir com as promessas feitas durante as campanhas eleitorais, o ex-governador mencionou o retorno dos pedágios no Paraná que, segundo ele, “é um exemplo de exploração do povo”. “Um exemplo de privatização desnecessária com preços absurdos para enriquecer acionistas”, disse no vídeo. Requião ainda criticou um “comercial de televisão gravado por ele (Lula) e pelo Rato (Ratinho Júnior) anunciando o pedágio criminoso”, que contraria, segundo ele, promessa de campanha de Lula.

Em relação à privatização de companhias paranaenses como a Copel, de energia, e a Sanepar, responsável pelo saneamento, Requião disse que as empresas, que eram “uma maravilha, lucrativas e eficientes”, estão sendo transformadas em um “extrator de dinheiro da população”.

Requião ainda citou a concessão do Porto de Paranaguá que, segundo ele, durante seu governo dava “oportunidades para o comércio e a industriazalição”, impulsionando a economia do Paraná, mas “está sendo vendido”. “Você não vê um protesto nem do PT nem de personalidades do governo federal. Então, minha gente, está ficando difícil entender o que está acontecendo “, afirmou Requião.

Apesar das insatisfações, o ex-governador afirmou não se arrepender do apoio a Lula nas eleições de 2022 e afirmou que a vitória do presidente “foi importantíssima para o Brasil, para escaparmos daquela onda liberal”.

No entanto, ele reforça que não pode “admitir mais que, de repente, companheiros do meu partido, do PT, digam ‘nós melhoramos no governo do Lula o pedágio’, pois não melhoraram nada”. Na avaliação dele, a “falha no compromisso assumido com a população” se deu “em nome de um pragmatismo político para conseguir o apoio de ‘picaretas’ no Congresso Nacional”.

Requião ainda disse que o período eleitoral, que reuniu esforços para a eleição de Lula, “foi uma fase” e que agora é necessário “repensar a nossa participação na política”.

 

       Simone Tebet diz que subirá em palanque de Ricardo Nunes quando Jair Bolsonaro não estiver

 

Integrante do MDB, mesmo partido do prefeito Ricardo Nunes, que tentará a reeleição na capital paulista, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que vai apoiá-lo ainda que o prefeito tenha se aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nunes deverá ter como adversários Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Tabata Amaral (PSB), do mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. Dessa forma, o atual prefeito vem aglutinando a intenção de voto de eleitores da direita e da extrema direita, uma vez que Bolsonaro não deu aval à entrada de nomes de seu espectro político na campanha.

Pela proximidade que estabeleceu com Lula desde que o apoiou, no segundo turno da eleição de 2022, Tebet já avisou ao seu partido que não subirá em palanques de bolsonaristas, mesmo que o MDB indique políticos a vice.

“Até agora, o Ricardo Nunes não me deu nenhum motivo para não apoiá-lo. Obviamente que nós vamos ver qual é a plataforma de governo dele. Mas se ele continuar defendendo a democracia e os valores com os quais eu comungo… O que eu me recuso é subir num palanque de bolsonarista. Eu jamais vou estar no palanque de um candidato que tem pautas que representam um retrocesso, em questões como o armamento, o desmatamento ambiental, na pauta de costumes ou contra a democracia”, afirmou Tebet.

A declaração foi feita em entrevista ao canal de notícias CNN Brasil que foi ao ar na noite deste sábado, 30.

Questionada se subirá no palanque de Nunes, ainda que o prefeito receba o apoio de Bolsonaro, Tebet sinalizou positivamente. “Bolsonaro não estando (risos). A gente pode ir em dias diferentes”, afirmou.

A ministra não comentou, porém, a presença do prefeito na manifestação convocada por Bolsonaro em fevereiro e que se transformou num ato de defesa do ex-presidente, investigado por estimular um golpe de Estado. Na ocasião, Bolsonaro e seus aliados falaram em injustiças e defenderam a anistia aos condenados pelo vandalismo do 8 de Janeiro, em Brasília.

Apesar disso, Tebet classificou Nunes como um democrata. “Vejo Nunes como uma pessoa democrática. Ele é um democrata, com posicionamento provavelmente diferente em alguns aspectos que eu”, afirmou.

•        Apoio do MDB a Lula em 2026

Tebet disse ainda esperar que seu partido apoie a reeleição de Lula, em 2026 – o MDB deseja indicar um vice para Lula – como forma de evitar o retorno do que ela considera ser a extrema direita ao poder.

“Não tenho dúvidas de que as forças democráticas estarão com o candidato mais forte a derrubar esse projeto nefasto. E, consequentemente, o único nome que me vem à mente, e por tudo que estamos preparando para o País, de melhora da economia, a gente fortalece o governo do presidente Lula. Eu não vejo outro caminho a não ser apoiar a reeleição do presidente Lula se ele for candidato.”

E prosseguiu na defesa de uma nova frente ampla, similar à montada por Lula no segundo turno da eleição de 2022. “O projeto de poder no Brasil passa pela questão de garantir o Estado Democrático de Direito, a democracia acima de tudo. Então, isso tem que estar acima das vontades políticas. Tem que ser o candidato que tem condições de ganhar da extrema direita. E estou falando da extrema direita, não da direita. Eu mesma sou uma pessoa de centro-direita na economia e de centro-esquerda nos costumes”, disse.

•        Fim da reeleição

Na entrevista à CNN, Tebet disse ainda ser “totalmente de acordo” com o projeto de limitar a reeleição e criar mandatos de cinco anos para presidente da República, em discussão no Senado.

“Um dos grandes cânceres e males é um mandato de quatro anos. É um mandato curto. Então, você ganha e trabalha no primeiro ano. No segundo, tem eleição municipal. No terceiro, você já está pensando na reeleição. Você só não pensa em eleição no primeiro ano. O Brasil não vai para frente dessa forma”, afirmou a ministra, que relacionou o tema à turbulência da eleição de 2022.

“Se o presidente Bolsonaro não tivesse chance de ser candidato à reeleição, nós não teríamos todo esse processo. Nós teríamos eleição com dois outros candidatos. Talvez não teríamos uma tentativa de golpe no Brasil. Um mandato de cinco anos sem reeleição está de bom tamanho”, afirmou.

 

Fonte: IstoÉ

 

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