Desempenho da economia favorece governo
Lula e terá reflexos nas eleições municipais
O desempenho da
economia brasileira em 2023 provavelmente surtirá reflexos favoráveis ao
governo nas eleições municipais deste ano. Por mais que as disputas nos
municípios se caracterizam pelo seu componente comunitário, na realidade não há
como deixar de ligar um resultado a outro.
O Produto Interno
Bruto teve um crescimento de 2,9%, fazendo com que o Brasil voltasse ao grupo
das dez maiores economias globais, de acordo com o levantamento da agência de
classificação de risco Austin Rating. Considerando o PIB em valores ainda
preliminares, a economia brasileira somou US$ 2,1 trilhões. É a nona maior do
planeta.
São aspectos que
refletem no universo político de modo geral. Até porque o resultado dá margem a
uma maior firmeza ao governo Lula da Silva, apesar de os investimentos no
segundo semestre do ano passado terem sido menores do que os previstos. O
desafio que o governo tem pela frente é traduzir em benefícios sociais o
crescimento da economia.
Ela tem que influir na
distribuição de renda, pois a renda per capita pode ser elevada, mas a
distribuição de renda não apresenta o mesmo avanço. Nesse caso, se observa uma
concentração de renda cada vez maior, um desafio para gerações. Seja como for,
devemos comemorar o crescimento do PIB, pois seria pior se o mesmo não se
expandisse.
Além disso, o panorama
com o depoimento do general Freire Gomes tornou-se um argumento importante para
o governo, uma vez que deixou caracterizada a investida golpista pelo
bolsonarismo, como os fatos demonstram. Inclusive através da invasão da Praça
dos Três Poderes e as depredações ocorridas em Brasília. Assim o governo passou
a acumular pontos positivos logo no primeiro ano de seu mandato.
A Folha de S. Paulo e
o Estado de S. Paulo também publicaram com destaque o resultado positivo do PIB
brasileiro, que não deixa de ser um aspecto benéfico nas eleições municipais
neste ano, sobretudo a começar pela disputa em São Paulo, centro nervoso do
país, e no qual vai se travar uma batalha dura entre a corrente bolsonaristas e
a lulista. O quadro precisa ficar mais definido para fornecer uma visão mais
completa. De qualquer forma, os números do PIB acrescentam pontos ao governo.
Ø Crescimento econômico: governo celebra PIB acima do esperado
O governo Lula
encerrou o seu primeiro ano com crescimento econômico acima do esperado. Por
isso, a alta de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 rendeu
comemorações.
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva destacou que o resultado contrariou em muito as
expectativas do início do ano. "O PIB do Brasil cresceu 2,9% em 2023,
segundo o IBGE. Vocês lembram que a previsão de alguns era de 0,9%? Crescemos
bem mais do que o previsto e vamos continuar trabalhando para crescer com
qualidade e pela melhora de vida de todos", escreveu Lula no X (antigo
Twitter).
Na última terça-feira,
em entrevista à Rede TV!, Lula havia comentado que sua expectativa para o
crescimento era de que ficaria acima dos 3% observados em 2022. "Nós vamos
crescer mais do que qualquer previsão. Nós vamos chegar a 3% ou um pouco mais
de crescimento este ano. E por que vamos crescer? Porque as coisas estão
acontecendo", declarou o presidente na entrevista.
Exercendo
interinamente a presidência, já que Lula estava em viagem à Guiana, o
vice-presidente Geraldo Alckmin também comemorou. Durante coletiva de imprensa
após a reunião do Conselho de Administração da Suframa, Alckmin atribuiu o bom
desempenho da economia a "fatos importantes", frutos de mudanças na
política econômica brasileira. "O Risco Brasil, que era 254, caiu para
128. A inflação, que era quase 6%, caiu para 4,5%, dentro do teto da meta. A
bolsa subiu, o PIB subiu, o emprego subiu, e o dólar e a inflação caíram",
pontuou ele.
Alckmin, que também é
ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, citou ainda a
redução da taxa básica de juros (Selic), a partir do segundo semestre do ano. A
taxa estava em 13,75%, passando a ser reduzida a partir de setembro e encerrando
o ano em 11,75%. A redução do desemprego e o superavit recorde de US$ 98,8
bilhões na balança comercial foram outros "fatos" citados pelo
vice-presidente. "Chamaria atenção que o mundo está crescendo menos. O
volume do comércio exterior subiu 0,8% e o Brasil cresceu 8,5%. Crescemos 10
vezes mais, mas isso não deve nos levar a nos acomodar".
O setor sob o
guarda-chuva do ministro Alckmin, no entanto, contribuiu muito pouco para o
desempenho da economia. A indústria, por exemplo, cresceu apenas 1,6%. A taxa
de investimento caiu 3%.
Por isso, o ministro
da Indústria disse que o governo não vai "se acomodar" e deve
trabalhar para melhorar a participação da indústria no PIB. Ele citou que em
2024 será possível sentir o impacto de iniciativas de sua pasta, como o
Programa de Depreciação Acelerada, para a compra de maquinário pela indústria,
e a proposta de criação de uma Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), em
tramitação no Congresso.
·
Expectativa
No mesmo tom de
Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou melhorias na política
industrial este ano. "O investimento foi a variável que menos acompanhou
essa evolução (do PIB). E agora nós queremos criar um ambiente necessário para
que o empresário invista, porque é esse investimento que melhora as condições
da economia", afirmou o ministro.
Ainda que a economia
tenha sido ajudada pela supersafra, Haddad disse que o resultado deve ser
comemorado, uma vez que ultrapassou as expectativas. "Esperávamos superior
a 2% no começo do ano passado e quase chegamos a 3% de crescimento", disse
ele a jornalistas, em São Paulo. "Fechar em 2,9% é bastante positivo para
o Brasil", acrescentou.
Haddad ressaltou ainda
que a expectativa do governo é de que, em 2024 o crescimento fique em 2,2%.
"Estamos sendo comedidos nas nossas projeções. Se a inflação continuar
comportada, a política monetária for se ajustando e, com mais esforço que a Fazenda
tem feito com o Congresso, eu acredito que,a partir do segundo ou terceiro
trimestre deste ano, as coisas comecem a melhorar bem. E de maneira
estrutural", observou.
De acordo com o
ministro, umas das projeções do governo é que a indústria também possa crescer
este ano. "Projetamos uma melhora da indústria para este ano. Há sinais
consistentes de que haverá melhora e penso que também será puxado pelo
investimento. Acredito que vamos ter um bom ano para a indústria. E acredito
muito na construção civil, que tem tudo para deslanchar", comentou o
ministro Haddad.
·
PIB cresceu três vezes o resultado previsto
Com alta recorde da agropecuária,
o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2023, três vezes o
resultado previsto no início do ano passado, e fechou 2023 em R$ 10,9 trilhões.
Segundo os dados, divulgados nesta sexta-feira (1º/3) pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado ficou próximo do desempenho da
economia brasileira em 2022, quando registrou alta de 3%. No entanto, o último
trimestre do ano mostrou uma desaceleração da atividade, que ficou estável em
relação ao trimestre anterior (0%).
O PIB per capita
alcançou R$ 50.194, um avanço, em termos reais, ou seja, já descontada a
inflação, de 2,2% em relação a 2022. No ano passado, a atividade agropecuária
cresceu 15,1% em relação a 2022, sustentando o crescimento do país. Houve
também uma expansão de 2,4% em serviços e de 1,6% na indústria.
O resultado recorde da
agropecuária foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais
importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
Outra influência
positiva no resultado de 2023 foi o desempenho das indústrias extrativas. A
atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás
natural e de minério de ferro.
·
Consumo das famílias
Pelo lado da demanda,
o consumo das famílias subiu 3,1% em 2023. Os estímulos fiscais dados à
economia impulsionaram os números de consumo no último ano. Além disso, o
mercado de trabalho ajudou a economia a se manter aquecida em 2023, chegando a
recordes de ocupação.
Ainda sob a ótica de
demanda, houve queda de 3,0% da formação bruta de capital fixo, com destaque
para a queda de máquinas e equipamentos. Já a despesa do consumo do governo
teve crescimento de 1,7% no ano. Por outro lado, as importações de bens e
serviços caíram 1,2% em 2023, enquanto as exportações cresceram 9,1%.
Ø
Agropecuária puxa alta de 2,9% na economia
brasileira
Com alta recorde da
agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2023,
três vezes o resultado previsto no início do ano passado, e fechou 2023 em R$
10,9 trilhões. Segundo os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o resultado veio ligeiramente abaixo da mediana
projetada, mais recentemente, por analistas de mercado e do próprio governo,
que trabalhavam com um crescimento de cerca de 3% para o período de 12 meses.
O PIB per capita
alcançou R$ 50.194, um avanço, em termos reais, ou seja, já descontada a
inflação, de 2,2% em relação a 2022. O desempenho da economia brasileira teve
dinâmicas diferentes entre o primeiro e segundo semestres. Na primeira metade
do ano, a atividade econômica foi puxada por uma safra excepcional de grãos.
Sem a colheita atípica, o último semestre mostrou uma desaceleração e fechou
estável em 0%. O grande destaque do último ano foi a atividade agropecuária,
que registrou expansão de 15,1% em relação ao ano anterior, sustentando
significativamente o crescimento do país.
“Esse comportamento
foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes
lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais
do IBGE, Rebeca Palis. O setor, que engloba agropecuária, agroindústria,
insumos, distribuição e outros serviços, ajudou também o resultado de outros
segmentos, como as exportações, a indústria de alimentos e segmentos
específicos do setor de serviços, que são beneficiados pela cadeia de produção
e logística do campo. “Mesmo com um peso relativamente pequeno dentro do PIB
brasileiro, a agropecuária contribuiu com um terço de todo o crescimento da
economia no ano passado”, destacou a coordenadora.
Ainda sob a ótica da
produção, houve uma expansão de 2,4% no setor de serviços e de 1,6% na
indústria. O desempenho das indústrias extrativas acabou responsável pela
influência positiva do setor no resultado de 2023, a atividade teve alta de
8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de
ferro. Outro destaque foi a indústria de serviços de utilidade pública, como
eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que
apresentou um crescimento de 6,5%. Em serviços, por sua vez, todas as
atividades tiveram crescimento, com destaque para atividades financeiras, de
seguros e serviços relacionados à intermediação (6,6%).
As empresas
seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos
sinistros pagos. Para o economista José Luiz Oreiro, professor da Universidade
de Brasília (UnB), os dados, pelo lado da oferta, apontam para um crescimento
“mediano, de má qualidade e não sustentável”. Ele destacou o desempenho da
indústria de transformação, setor mais intensivo em tecnologia e na matriz
produtiva, que apresentou uma queda de 1,3%. “O processo de desindustrialização
da economia brasileira continua de vento em popa, apesar de todo o discurso da
equipe econômica sobre uma neoindustrialização da economia brasileira”,
apontou.
·
Consumo
A alta de 2,9% contou
com 2,0 pontos porcentuais do setor externo, informou o IBGE. Já a demanda
interna respondeu por 0,9 ponto porcentual do crescimento da economia no ano.
Esse comportamento inverte o verificado em 2022, quando a demanda interna contribuiu
mais. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias subiu 3,1% em 2023,
influenciado pela melhora das condições do mercado de trabalho, com aumento da
ocupação, do salário real e da queda da inflação.
De acordo com a
coordenadora de contas do IBGE, os programas de transferência de renda do
governo colaboraram de maneira significativa com o crescimento do consumo das
famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis. O
ponto mais preocupante do resultado do PIB do ano passado foi a nova queda dos
investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou uma queda de
3,0%, ficando em 16,5% do PIB em 2023. O percentual é o mais baixo para um
fechamento de ano desde 2019, quando foi de 15,5%.
O índice registra a
variação da capacidade produtiva futura de uma economia. A redução teve
destaque no item de máquinas e equipamentos, com queda de 9,4%. Para completar,
a taxa de poupança, considerada também fundamental para financiar o
investimento, recuou para 15,4% do PIB do PIB no ano passado, ante 15,8% do PIB
de 2022. Mesmo com a taxa básica de juros (Selic) em queda desde agosto do ano
passado, os juros ainda seguem em um patamar alto a 11,25% ao ano, o que inibe
o investimento. Segundo o professor da UnB, o baixo nível de investimento torna
o crescimento da economia brasileira insustentável a médio prazo. “Pode levar a
um aumento da pressão inflacionária, produzindo um fim prematuro do atual ciclo
de queda da taxa Selic.
Para que a economia
brasileira possa crescer de forma sustentada a, pelo menos, 3% ao ano, a taxa
de investimento precisa ser aumentada para 20% do PIB”, apontou Oreiro. Como a
expectativa é de que a Selic siga em queda, podendo atingir 9% ao ano, a perspectiva
se torna mais favorável para para o potencial de investimentos em 2024,
conforme destacou o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto. “Se
o governo mantiver a linha da política fiscal, determinada pelo ministro da
Fazenda (Fernando Haddad), 2024 poderá até apresentar crescimento econômico um
pouco menor que o do ano anterior, mas com uma composição muito boa”, apontou.
Segundo ele, a expectativa é de que a indústria deve se recuperar, nas esteiras
da alta do consumo e do investimento. “O momento é de otimismo, mas é sempre
bom manter cautela, sobretudo com tantas pressões por gastos novos, que
precisarão ser neutralizadas”, avaliou.
Olhando para frente, o
economista do PicPay, Igor Cadilhac, vê um cenário base seguindo em
desaceleração, da atividade econômica, ainda que cada vez mais contida. “De um
lado temos os efeitos defasados da política monetária, a dissipação do impulso
no período pós-pandemia e um ajuste fiscal concentrado na elevação de
arrecadação e impostos; por outro, ainda temos observado um mercado de trabalho
aquecido, uma retomada do setor industrial global, impulsionada pela
normalização dos estoques, e a permanência de alguns estímulos governamentais
dado, inclusive, as eleições regionais”, apontou o analista, que projeta em um
crescimento de 1,8% no PIB este ano.
Ø
Lira festeja crescimento do PIB e se une ao
governo
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu mostras, ontem, de que está alinhado com o governo e
festejou, pelas redes sociais, o crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, em 2023. Há poucos dias, ele conseguiu obter
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o cumprimento do calendário para a
liberação de emendas — e até festejou o acordo num encontro com líderes
partidários em um jantar no Palácio da Alvorada.
"O Brasil teve a
boa notícia de que o PIB do ano passado cresceu 2,9%, gerando mais riquezas e
empregos. O crescimento foi resultado do estupendo desempenho da agropecuária
que cresceu 15,1% em 2023 em relação ao ano anterior, um recorde histórico!",
publicou Lira no X (antigo Twitter).
Segundo o presidente
da Câmara, "a supersafra de 319,9 milhões de toneladas de grãos no ano
passado e os bons preços no mercado internacional ajudaram a alavancar a
economia brasileira". E completou: "Assim como a aprovação de medidas
econômicas pelo Congresso Nacional que criaram um ambiente positivo para o
crescimento do PIB nacional".
Porém, houve no
governo federal quem enxergasse que a menção que fez ao agro no tuíte seja,
também, um aceno para a bancada ruralista na Casa, com vistas à sucessão de
Lira no comando da Câmara. Esse, porém, é um assunto que o Palácio do Planalto
pretende manter equidistância, uma vez que caso acene simpatia por algum
candidato isso pode se tornar um obstáculo mais adiante.
·
Preferência
Lira, porém, pretende
ir à luta para fazer seu sucessor e, segundo interlocutores, já incluiu o apoio
do Planalto nesse cálculo. O presidente tem preferência por Elmar Nascimento
(União Brasil-BA), que sofre de rejeição de parte da base governista por considerá-lo
um bolsonarista disfarçado — e que, uma vez alçado ao comando da Câmara,
atuaria fora da órbita de influência de Lira.
Dessa maneira, o atual
vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), ganha força, o que é
visto com simpatia pelos articuladores do governo. Como presidente do partido
criado pelo bispo Edir Macedo, e um dos mais graduados pastores da Igreja
Universal do Reino de Deus (IURD), teria a capacidade de fazer com que os
evangélicos tornassem mais densa a base do Planalto. Outro efeito seria o
isolamento dos bolsonaristas do segmento, liderados por Sóstenes Cavalcante
(PL-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia — inimigo declarado do presidente da
República.
Corre por fora o
deputado Antonio Brito (PSD-BA), que pode ganhar tração na sucessão de Lira por
duas razões: seu partido tem três ministérios — Carlos Fávaro, da Agricultura;
André de Paula, da Pesca; e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Além disso,
o presidente da legenda, Gilberto Kassab, tem profunda relação de amizade com
Lula.
Fonte: Tribuna da
Internet/Correio Braziliense
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