segunda-feira, 4 de março de 2024

Desempenho da economia favorece governo Lula e terá reflexos nas eleições municipais

O desempenho da economia brasileira em 2023 provavelmente surtirá reflexos favoráveis ao governo nas eleições municipais deste ano. Por mais que as disputas nos municípios se caracterizam pelo seu componente comunitário, na realidade não há como deixar de ligar um resultado a outro.

O Produto Interno Bruto teve um crescimento de 2,9%, fazendo com que o Brasil voltasse ao grupo das dez maiores economias globais, de acordo com o levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. Considerando o PIB em valores ainda preliminares, a economia brasileira somou US$ 2,1 trilhões. É a nona maior do planeta.

São aspectos que refletem no universo político de modo geral. Até porque o resultado dá margem a uma maior firmeza ao governo Lula da Silva, apesar de os investimentos no segundo semestre do ano passado terem sido menores do que os previstos. O desafio que o governo tem pela frente é traduzir em benefícios sociais o crescimento da economia.

Ela tem que influir na distribuição de renda, pois a renda per capita pode ser elevada, mas a distribuição de renda não apresenta o mesmo avanço. Nesse caso, se observa uma concentração de renda cada vez maior, um desafio para gerações. Seja como for, devemos comemorar o crescimento do PIB, pois seria pior se o mesmo não se expandisse.

Além disso, o panorama com o depoimento do general Freire Gomes tornou-se um argumento importante para o governo, uma vez que deixou caracterizada a investida golpista pelo bolsonarismo, como os fatos demonstram. Inclusive através da invasão da Praça dos Três Poderes e as depredações ocorridas em Brasília. Assim o governo passou a acumular pontos positivos logo no primeiro ano de seu mandato.

A Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo também publicaram com destaque o resultado positivo do PIB brasileiro, que não deixa de ser um aspecto benéfico nas eleições municipais neste ano, sobretudo a começar pela disputa em São Paulo, centro nervoso do país, e no qual vai se travar uma batalha dura entre a corrente bolsonaristas e a lulista. O quadro precisa ficar mais definido para fornecer uma visão mais completa. De qualquer forma, os números do PIB acrescentam pontos ao governo.

 

Ø  Crescimento econômico: governo celebra PIB acima do esperado

 

O governo Lula encerrou o seu primeiro ano com crescimento econômico acima do esperado. Por isso, a alta de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 rendeu comemorações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o resultado contrariou em muito as expectativas do início do ano. "O PIB do Brasil cresceu 2,9% em 2023, segundo o IBGE. Vocês lembram que a previsão de alguns era de 0,9%? Crescemos bem mais do que o previsto e vamos continuar trabalhando para crescer com qualidade e pela melhora de vida de todos", escreveu Lula no X (antigo Twitter).

Na última terça-feira, em entrevista à Rede TV!, Lula havia comentado que sua expectativa para o crescimento era de que ficaria acima dos 3% observados em 2022. "Nós vamos crescer mais do que qualquer previsão. Nós vamos chegar a 3% ou um pouco mais de crescimento este ano. E por que vamos crescer? Porque as coisas estão acontecendo", declarou o presidente na entrevista.

Exercendo interinamente a presidência, já que Lula estava em viagem à Guiana, o vice-presidente Geraldo Alckmin também comemorou. Durante coletiva de imprensa após a reunião do Conselho de Administração da Suframa, Alckmin atribuiu o bom desempenho da economia a "fatos importantes", frutos de mudanças na política econômica brasileira. "O Risco Brasil, que era 254, caiu para 128. A inflação, que era quase 6%, caiu para 4,5%, dentro do teto da meta. A bolsa subiu, o PIB subiu, o emprego subiu, e o dólar e a inflação caíram", pontuou ele.

Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, citou ainda a redução da taxa básica de juros (Selic), a partir do segundo semestre do ano. A taxa estava em 13,75%, passando a ser reduzida a partir de setembro e encerrando o ano em 11,75%. A redução do desemprego e o superavit recorde de US$ 98,8 bilhões na balança comercial foram outros "fatos" citados pelo vice-presidente. "Chamaria atenção que o mundo está crescendo menos. O volume do comércio exterior subiu 0,8% e o Brasil cresceu 8,5%. Crescemos 10 vezes mais, mas isso não deve nos levar a nos acomodar".

O setor sob o guarda-chuva do ministro Alckmin, no entanto, contribuiu muito pouco para o desempenho da economia. A indústria, por exemplo, cresceu apenas 1,6%. A taxa de investimento caiu 3%.

Por isso, o ministro da Indústria disse que o governo não vai "se acomodar" e deve trabalhar para melhorar a participação da indústria no PIB. Ele citou que em 2024 será possível sentir o impacto de iniciativas de sua pasta, como o Programa de Depreciação Acelerada, para a compra de maquinário pela indústria, e a proposta de criação de uma Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), em tramitação no Congresso.

·        Expectativa

No mesmo tom de Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou melhorias na política industrial este ano. "O investimento foi a variável que menos acompanhou essa evolução (do PIB). E agora nós queremos criar um ambiente necessário para que o empresário invista, porque é esse investimento que melhora as condições da economia", afirmou o ministro.

Ainda que a economia tenha sido ajudada pela supersafra, Haddad disse que o resultado deve ser comemorado, uma vez que ultrapassou as expectativas. "Esperávamos superior a 2% no começo do ano passado e quase chegamos a 3% de crescimento", disse ele a jornalistas, em São Paulo. "Fechar em 2,9% é bastante positivo para o Brasil", acrescentou.

Haddad ressaltou ainda que a expectativa do governo é de que, em 2024 o crescimento fique em 2,2%. "Estamos sendo comedidos nas nossas projeções. Se a inflação continuar comportada, a política monetária for se ajustando e, com mais esforço que a Fazenda tem feito com o Congresso, eu acredito que,a partir do segundo ou terceiro trimestre deste ano, as coisas comecem a melhorar bem. E de maneira estrutural", observou.

De acordo com o ministro, umas das projeções do governo é que a indústria também possa crescer este ano. "Projetamos uma melhora da indústria para este ano. Há sinais consistentes de que haverá melhora e penso que também será puxado pelo investimento. Acredito que vamos ter um bom ano para a indústria. E acredito muito na construção civil, que tem tudo para deslanchar", comentou o ministro Haddad.

·        PIB cresceu três vezes o resultado previsto

Com alta recorde da agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2023, três vezes o resultado previsto no início do ano passado, e fechou 2023 em R$ 10,9 trilhões. Segundo os dados, divulgados nesta sexta-feira (1º/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado ficou próximo do desempenho da economia brasileira em 2022, quando registrou alta de 3%. No entanto, o último trimestre do ano mostrou uma desaceleração da atividade, que ficou estável em relação ao trimestre anterior (0%).

O PIB per capita alcançou R$ 50.194, um avanço, em termos reais, ou seja, já descontada a inflação, de 2,2% em relação a 2022. No ano passado, a atividade agropecuária cresceu 15,1% em relação a 2022, sustentando o crescimento do país. Houve também uma expansão de 2,4% em serviços e de 1,6% na indústria.

O resultado recorde da agropecuária foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

Outra influência positiva no resultado de 2023 foi o desempenho das indústrias extrativas. A atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro.

·        Consumo das famílias

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias subiu 3,1% em 2023. Os estímulos fiscais dados à economia impulsionaram os números de consumo no último ano. Além disso, o mercado de trabalho ajudou a economia a se manter aquecida em 2023, chegando a recordes de ocupação.

Ainda sob a ótica de demanda, houve queda de 3,0% da formação bruta de capital fixo, com destaque para a queda de máquinas e equipamentos. Já a despesa do consumo do governo teve crescimento de 1,7% no ano. Por outro lado, as importações de bens e serviços caíram 1,2% em 2023, enquanto as exportações cresceram 9,1%.

 

Ø  Agropecuária puxa alta de 2,9% na economia brasileira

 

Com alta recorde da agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2023, três vezes o resultado previsto no início do ano passado, e fechou 2023 em R$ 10,9 trilhões. Segundo os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado veio ligeiramente abaixo da mediana projetada, mais recentemente, por analistas de mercado e do próprio governo, que trabalhavam com um crescimento de cerca de 3% para o período de 12 meses.

O PIB per capita alcançou R$ 50.194, um avanço, em termos reais, ou seja, já descontada a inflação, de 2,2% em relação a 2022. O desempenho da economia brasileira teve dinâmicas diferentes entre o primeiro e segundo semestres. Na primeira metade do ano, a atividade econômica foi puxada por uma safra excepcional de grãos. Sem a colheita atípica, o último semestre mostrou uma desaceleração e fechou estável em 0%. O grande destaque do último ano foi a atividade agropecuária, que registrou expansão de 15,1% em relação ao ano anterior, sustentando significativamente o crescimento do país.

“Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. O setor, que engloba agropecuária, agroindústria, insumos, distribuição e outros serviços, ajudou também o resultado de outros segmentos, como as exportações, a indústria de alimentos e segmentos específicos do setor de serviços, que são beneficiados pela cadeia de produção e logística do campo. “Mesmo com um peso relativamente pequeno dentro do PIB brasileiro, a agropecuária contribuiu com um terço de todo o crescimento da economia no ano passado”, destacou a coordenadora.

Ainda sob a ótica da produção, houve uma expansão de 2,4% no setor de serviços e de 1,6% na indústria. O desempenho das indústrias extrativas acabou responsável pela influência positiva do setor no resultado de 2023, a atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro. Outro destaque foi a indústria de serviços de utilidade pública, como eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que apresentou um crescimento de 6,5%. Em serviços, por sua vez, todas as atividades tiveram crescimento, com destaque para atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados à intermediação (6,6%).

As empresas seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos sinistros pagos. Para o economista José Luiz Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), os dados, pelo lado da oferta, apontam para um crescimento “mediano, de má qualidade e não sustentável”. Ele destacou o desempenho da indústria de transformação, setor mais intensivo em tecnologia e na matriz produtiva, que apresentou uma queda de 1,3%. “O processo de desindustrialização da economia brasileira continua de vento em popa, apesar de todo o discurso da equipe econômica sobre uma neoindustrialização da economia brasileira”, apontou.

·        Consumo

A alta de 2,9% contou com 2,0 pontos porcentuais do setor externo, informou o IBGE. Já a demanda interna respondeu por 0,9 ponto porcentual do crescimento da economia no ano. Esse comportamento inverte o verificado em 2022, quando a demanda interna contribuiu mais. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias subiu 3,1% em 2023, influenciado pela melhora das condições do mercado de trabalho, com aumento da ocupação, do salário real e da queda da inflação.

De acordo com a coordenadora de contas do IBGE, os programas de transferência de renda do governo colaboraram de maneira significativa com o crescimento do consumo das famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis. O ponto mais preocupante do resultado do PIB do ano passado foi a nova queda dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou uma queda de 3,0%, ficando em 16,5% do PIB em 2023. O percentual é o mais baixo para um fechamento de ano desde 2019, quando foi de 15,5%.

O índice registra a variação da capacidade produtiva futura de uma economia. A redução teve destaque no item de máquinas e equipamentos, com queda de 9,4%. Para completar, a taxa de poupança, considerada também fundamental para financiar o investimento, recuou para 15,4% do PIB do PIB no ano passado, ante 15,8% do PIB de 2022. Mesmo com a taxa básica de juros (Selic) em queda desde agosto do ano passado, os juros ainda seguem em um patamar alto a 11,25% ao ano, o que inibe o investimento. Segundo o professor da UnB, o baixo nível de investimento torna o crescimento da economia brasileira insustentável a médio prazo. “Pode levar a um aumento da pressão inflacionária, produzindo um fim prematuro do atual ciclo de queda da taxa Selic.

Para que a economia brasileira possa crescer de forma sustentada a, pelo menos, 3% ao ano, a taxa de investimento precisa ser aumentada para 20% do PIB”, apontou Oreiro. Como a expectativa é de que a Selic siga em queda, podendo atingir 9% ao ano, a perspectiva se torna mais favorável para para o potencial de investimentos em 2024, conforme destacou o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto. “Se o governo mantiver a linha da política fiscal, determinada pelo ministro da Fazenda (Fernando Haddad), 2024 poderá até apresentar crescimento econômico um pouco menor que o do ano anterior, mas com uma composição muito boa”, apontou. Segundo ele, a expectativa é de que a indústria deve se recuperar, nas esteiras da alta do consumo e do investimento. “O momento é de otimismo, mas é sempre bom manter cautela, sobretudo com tantas pressões por gastos novos, que precisarão ser neutralizadas”, avaliou.

Olhando para frente, o economista do PicPay, Igor Cadilhac, vê um cenário base seguindo em desaceleração, da atividade econômica, ainda que cada vez mais contida. “De um lado temos os efeitos defasados da política monetária, a dissipação do impulso no período pós-pandemia e um ajuste fiscal concentrado na elevação de arrecadação e impostos; por outro, ainda temos observado um mercado de trabalho aquecido, uma retomada do setor industrial global, impulsionada pela normalização dos estoques, e a permanência de alguns estímulos governamentais dado, inclusive, as eleições regionais”, apontou o analista, que projeta em um crescimento de 1,8% no PIB este ano.

 

Ø  Lira festeja crescimento do PIB e se une ao governo

 

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu mostras, ontem, de que está alinhado com o governo e festejou, pelas redes sociais, o crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, em 2023. Há poucos dias, ele conseguiu obter do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o cumprimento do calendário para a liberação de emendas — e até festejou o acordo num encontro com líderes partidários em um jantar no Palácio da Alvorada.

"O Brasil teve a boa notícia de que o PIB do ano passado cresceu 2,9%, gerando mais riquezas e empregos. O crescimento foi resultado do estupendo desempenho da agropecuária que cresceu 15,1% em 2023 em relação ao ano anterior, um recorde histórico!", publicou Lira no X (antigo Twitter).

Segundo o presidente da Câmara, "a supersafra de 319,9 milhões de toneladas de grãos no ano passado e os bons preços no mercado internacional ajudaram a alavancar a economia brasileira". E completou: "Assim como a aprovação de medidas econômicas pelo Congresso Nacional que criaram um ambiente positivo para o crescimento do PIB nacional".

Porém, houve no governo federal quem enxergasse que a menção que fez ao agro no tuíte seja, também, um aceno para a bancada ruralista na Casa, com vistas à sucessão de Lira no comando da Câmara. Esse, porém, é um assunto que o Palácio do Planalto pretende manter equidistância, uma vez que caso acene simpatia por algum candidato isso pode se tornar um obstáculo mais adiante.

·        Preferência

Lira, porém, pretende ir à luta para fazer seu sucessor e, segundo interlocutores, já incluiu o apoio do Planalto nesse cálculo. O presidente tem preferência por Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que sofre de rejeição de parte da base governista por considerá-lo um bolsonarista disfarçado — e que, uma vez alçado ao comando da Câmara, atuaria fora da órbita de influência de Lira.

Dessa maneira, o atual vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), ganha força, o que é visto com simpatia pelos articuladores do governo. Como presidente do partido criado pelo bispo Edir Macedo, e um dos mais graduados pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), teria a capacidade de fazer com que os evangélicos tornassem mais densa a base do Planalto. Outro efeito seria o isolamento dos bolsonaristas do segmento, liderados por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia — inimigo declarado do presidente da República.

Corre por fora o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que pode ganhar tração na sucessão de Lira por duas razões: seu partido tem três ministérios — Carlos Fávaro, da Agricultura; André de Paula, da Pesca; e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Além disso, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, tem profunda relação de amizade com Lula.

 

Fonte: Tribuna da Internet/Correio Braziliense

 

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