quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS:  Governo monitora riscos de novos ataques no dia 8 de janeiro

O ministro interino do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou, ontem, que "no momento, não há preocupações" com a segurança da solenidade marcada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para relembrar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília, quando as sedes dos Três Poderes foram vandalizadas por milhares de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas, dois meses antes, pelo atual presidente. Para marcar a passagem de um ano dos ataques, a Presidência da República organiza um grande evento, de caráter simbólico, que deve contar com a participação de membros do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo planeja uma série de atos para relembrar o que aconteceu e repudiar as ações de extremistas que atacaram o Supremo, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. A mensagem a ser passada é que a democracia resistiu a uma tentativa de golpe por parte de radicais que não aceitaram o resultado das eleições.

Cappelli se reuniu com os chefes de segurança dos Três Poderes para falar sobre o evento. Aos jornalistas, declarou que foi uma ação de planejamento e que não há nada, no momento, que represente risco de novos ataques. "Foi uma reunião de integração, de troca de informações, uma vez que haverá um ato histórico em 8 de janeiro, um ato de celebração com autoridades de todo o Brasil. Não há nada que gere preocupações, neste momento. Até agora, não há sinal de nada fora do normal", disse Cappelli.

Em janeiro deste ano, uma série de falhas na segurança que, de acordo com a Polícia Federal, incluiu atos e omissões intencionais, permitiu que extremistas ocupassem a Esplanada dos Ministérios e, de lá, seguissem para a Praça dos Três Poderes, onde invadiram e depredaram os prédios públicos. De acordo com informações obtidas pela reportagem, apesar das declarações de Cappelli, o Ministério da Justiça e as forças de segurança estão monitorando a situação diariamente e já identificaram a convocação de atos com intenções hostis em vários estados, inclusive no DF. Mas, até o momento, o grau de adesão às convocações tem sido baixo, bem menor do que a mobilização que se deu no ano passado.

Um dos movimentos que está gerando preocupação é uma eventual paralisação dos caminhoneiros — uma das categorias profissionais que mais deu apoio ao governo Bolsonaro e patrocinou bloqueio de rodovias logo após as eleições de 2022. Cappelli destacou que manifestações não são vedadas, mas o que se monitora é a possibilidade de ataques. "O Brasil é um país livre, democrático. Manifestações democráticas são sempre bem-vindas e absolutamente naturais. O que a gente tem monitorado são ameaças e ataques às instituições democráticas", declarou.

"Festa democrática"

O ministro interino está confiante de que o evento se dará em clima de "festa democrática". "Teremos um ato histórico no dia 8 de janeiro, uma iniciativa do presidente Lula que foi abraçada pelos chefes de todos os Poderes. Um ato de festa, de celebração democrática. E a gente está aqui cuidando da questão da segurança", completou.

A Executivo concentra a organização do evento, por dotar de mais verba para esse tipo de ato e, também, por representar, de maneira mais direta, a escolha dos eleitores que foram às urnas em 5 de outubro de 2022. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, estava em Brasília, em janeiro, no dia do quebra-quebra. Ele afirmou ter ocorrido "um apagão geral" na segurança pública local e que, na ocasião, não teve informações suficientes para entender o que estava acontecendo.

Ibaneis chegou a ser afastado do cargo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, logo após os ataques. Na ocasião, assumiu o comando do Palácio do Buriti a vice-governadora, Celina Leão. O chefe do Executivo de Brasília retornou ao cargo em março, com autorização da Suprema Corte. No próximo dia 8, ele não deve participar do evento em memória dos atentados. Ele está de férias em Miami, nos Estados Unidos, onde deve ficar até o dia 15. Nesse caso, Celina Leão deverá representá-lo na celebração convocada por Lula.

 

       Vitória da democracia no Brasil: ato em 8 de janeiro terá esquema reforçado de segurança

 

Para marcar um ano do ataque realizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos três Poderes, em Brasília, o governo federal anunciou um ato em prol da democracia no dia 8 de janeiro de 2024.

Dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar posse em Brasília, quando, pela primeira vez na história, não recebeu a faixa presidencial do antecessor, a democracia brasileira foi colocada à prova.

Os atos não ficaram restritos aos polêmicos acampamentos próximo às unidades das Forças Armadas promovidos por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro após as eleições — que inclusive pediam intervenção militar por conta da vitória do petista —, quando centenas de ônibus chegaram a Brasília para o que seria uma manifestação pacífica no dia 8 de janeiro de 2023.

Qual foi o ato do dia 8 de janeiro?

Diante da inércia das próprias forças de segurança do Distrito Federal, partes das sedes dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo foram vandalizadas por milhares de manifestantes, com a destruição inclusive de objetos históricos do país. Para marcar a vitória da democracia frente à invasão, o governo federal marcou para o dia 8 de janeiro de 2024 um evento que terá a participação de Lula, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Por conta do ato, um esquema de segurança especial será montado e apresentado até o dia 4 de janeiro, anunciou nesta terça-feira (26) o governo. O principal objetivo será viabilizar a integração das forças e a troca de informações sobre o evento, o que não aconteceu no ataque do início deste ano.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, participou de um encontro com representantes das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além de membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e chefes de segurança da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme o dirigente, será apresentado um plano de ações que definirá o papel de cada um.

Cappelli garantiu à Agência Brasil que desde a data são monitoradas quaisquer ameaças de "ataque às instituições democráticas" e que não há motivos para preocupação. "Mas o trabalho [preventivo, de prontidão e de monitoramento] é fundamental para que tudo corra bem", disse.

Além disso, "qualquer movimentação atípica relacionada a atos que ameacem os Poderes" também é alvo do trabalho da PRF e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). "As manifestações são sempre bem-vindas e próprias da democracia. O que vamos monitorar são iniciativas que atentem contra os Poderes constituídos", acrescentou o secretário.

Presença de autoridades

Também estarão presentes no evento governadores, parlamentares, ministros e presidentes de tribunais estaduais e assembleias legislativas. A ocasião ainda pode marcar a entrega do cargo do ministro da Defesa, José Mucio, e ser um dos últimos atos do ministro Flávio Dino, cujo nome foi aprovado no STF.

 

       Novas ameaças de morte a Lula surgem após Nikolas Ferreira incitar seguidores

 

Após o Ministério da Justiça afirmar que investigará um dos seguidores de Nikolas Ferreira (PL-MG) que convocou uma "vaquinha" para "pagar um mercenário com um rifle de precisão" sugerindo o assassinato de Lula, ao menos duas novas ameaças de morte ao presidente foram feitas na publicação em que o deputado bolsonarista incita o ódio.

Na publicação, Nikolas Ferreira usa um print de reportagem do Estadão que diz que "Lula confirma virada do ano em 'praia privativa' controlada pelas Forças Armadas" para destilar ódio lançando uma ironia: "O pai dos pobres, popular e amado pelo povo".

A postagem na rede X, antigo Twitter, às 15h23 desta terça-feira (26) incitou os seguidores, que começaram os ataques ao presidente. Mesmo após o ministro interino da Justiça, Ricardo Cappelli, anunciar que determinou à Polícia Federal que investigue o caso, as ameaças continuaram.

Mestre em Geopolítica e influenciador na rede, Vinicius Betiol registrou ao menos duas dessas ameaças.

"Que oportunidade pros drones de Israel fazerem uma visitinha na tal praia", escreveu seguidor Armindo Blodorn - @ArmindoBlo52330 - em nova ameaça.

Em outros comentários na rede, o perfil já teria sugerido "colocar uma bomba" sob a mesa onde Lula se reuniu com ministros do Supremo Tribunal Federal. Em outra, defendeu o enforcamento e assassinato de ministros da corte.

Em outro comentário no post de Nikolas Ferreira, o seguidor Daniel pop - @Daniel_pop8 - fez nova ameaça dizendo "matar um bandido que nem o Lula não é crime, é legítima defesa".

"O extremista continua e nada do X derrubar a conta dele. Está mais do que na hora de termos uma legislação para criar obrigações de segurança que as plataformas precisem seguir", afirmou Betiol ao denunciar a nova ameaça.

Em outro comentário em publicação do pastor Alexandre Gonçalves, o mesmo Daniel pop ameaçou: "mas na Bíblia diz que pode matar um ladrão que veio ti (SIC) roubar, então pode fuzilar o Lula de boa" - veja os tuites com as denúncias ao final da reportagem.

•        Investigação

Interino no comando do Ministério da Justiça durante as férias de Flávio Dino - que deixa a pasta no dia 8 de janeiro para assumir uma cadeira no STF -, Ricardo Cappelli anunciou a investigação do primeiro perfil, identificado como André Luiz (@Andre_Luiz_021), que fez as ameaças.

"Estou encaminhando hoje à Polícia Federal determinação para que apure ameaça feita ao presidente @LulaOficial  nas redes sociais fazendo alusão a "rifle de precisão" e "vaquinha para tal". As redes sociais não são e não serão um terreno de incentivo a crimes contra as autoridades", afirmou Cappelli na mesma rede.

Após a repercussão do caso, o usuário identificado como André Luiz admite que errou, mas debochou da decisão do Ministério da Justiça de investigá-lo. "Diante dos últimos ocorridos, podemos chegar a uma conclusão: eu errei? Sim! Eu contrataria um mercenário para eliminar um Presidente da República? Não, afinal, gastaria o dinheiro em outra coisa".

 

       Michelle Bolsonaro faz dobradinha com Nikolas Ferreira em ataque contra presidente Lula

 

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que recentemente foi vetada pelo PL, seu partido, de disputar o Senado no Paraná, fez uma dobradinha com o deputado federal Nikolas Ferreira e lançou ataques à honra do presidente Lula.

Michelle Bolsonaro replicou uma publicação de Ferreira no X (antigo Twitter), onde ele debocha do fato de o presidente passar o recesso de ano novo em uma praia privada cuidada pelas Forças Armadas.

Cabe lembrar que tal publicação de Nikolas Ferreira virou caso da Polícia Federal, pois um dos seguidores do deputado sugeriu uma "vaquinha" para contratar um mercenário e matar o presidente da República.

Em outra publicação, Michelle Bolsonaro mostra seu "espírito natalino" e cristão e usa a data para insinuar que o presidente Lula é um ladrão e incita os cidadãos a chamarem a polícia caso se deparem com o mandatário.

 

       Moro xinga Lula de "estúpido" em análise do primeiro ano de governo

 

Cada vez mais próximo da cassação de seu mandato, Sergio Moro (União-PR) parafraseou uma frase cunhada pelo estrategista da campanha de Bill Clinton à presidência dos EUA em 1992, James Carlile, para xingar Lula em artigo publicado no jornal paranaense Gazeta do Povo nesta quarta-feira (27).

No texto, intitulado "São as instituições, estúpido", Moro adequa a frase de Carlile - "É a Economia, estúpido" - dizendo que foi "o mote de campanha de Bill Clinton em sua disputa com George Bush nas eleições de 1992" para atacar o presidente.

Em um esforço hercúleo, o senador inicia o texto fazendo "a ressalva necessária de que sou um parlamentar da oposição, então a tendência não é a de um olhar generoso", mas logo em seguida admite que "até há alguns dados positivos, como um crescimento razoável, próximo a 3%, e uma inflação relativamente controlada, de cerca de 4,5%".

Moro, que deixou a toga logo após influenciar nas eleições de 2018 para assumir o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) - de onde saiu escorraçado e só reatou com o ex-presidente no segundo turno de 2022 -, centra seus ataques em uma ilusória "deterioração institucional e que ela terá as suas consequências na esfera econômica".

Na "análise", Moro ignora a própria análise das agências de risco, que elevaram a nota do Brasil justamente pelo ambiente democrático reconstruído após quatro anos de terror e caos do bolsonarismo.

Desnorteado, Moro chega a citar como exemplo a aprovação da Reforma Tributária e, em contrassenso, diz que "há uma razoável dúvida se essa reforma tão esperada terá mesmo o efeito de simplificar o sistema tributário".

O senador, que assumiu a política partidária ao deixar o governo Bolsonaro após anos de politicalha na 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda atacou Lula por "nomear seu advogado pessoal para uma vaga no Supremo Tribunal Federal", ignorando o trato feito com o ex-presidente para ganhar uma vaga na corte.

Moro ainda joga baixo, ignorando os dados da Justiça e Segurança Pública ao dizer que "o Ministério da Justiça e Segurança Pública ficou mais conhecido por ter recebido em suas instalações a esposa de liderança do tráfico de drogas do que por qualquer outra medida", ecoando a fake news divulgada pelo Estadão.

"Por isso, não se engane com alguns sinais não tão negativos neste primeiro ano. A deterioração institucional, infelizmente, cobrará, a seu tempo, o seu preço", conclui Moro, que em breve deve deixar o Senado pelos trambiques feitos durante a pré-campanha eleitoral em 2022.

 

Fonte: Correio Braziliense/Fórum/Sputnik Brasi

 

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