segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Conversas da Lava Jato mostram negociata com Globo e seus jornalistas para prejudicar Lula

O dia 26 de novembro de 2018 foi agitado para os procuradores da finada "lava jato". Naquela data, o Ministério Público Federal denunciou o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta lavagem de dinheiro em um negócio na Guiné Equatorial.

Em diálogos obtidos pela "operação spoofing", às quais a revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso, os lavajatistas demonstraram intimidade com a imprensa. Eles comemoraram o fornecimento exclusivo de informações para o "Jornal Nacional", da Rede Globo, e desenharam os desdobramentos da notícia em outros veículos.

"JN é uma ótima!!! Mas de qq forma é bom Tb depois dar uma provocada no Josias, Miriam Leitão, etc, para descerem a lenha", escreveu a procuradora Laura Tesler — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original.

Os procuradores combinaram a estratégia, que envolvia passar a informação para a Rede Globo e, depois, para o jornalista Josias de Souza, com embargo para divulgação apenas depois da veiculação do "Jornal Nacional"

Na ocasião, o advogado de Lula, Cristiano Zanin (hoje ministro do Supremo Tribunal Federal), classificou a denúncia como um atentado ao Estado democrático de Direito. "É mais um duro golpe no Estado de Direito porque subverte a lei e os fatos para fabricar uma acusação e dar continuidade a uma perseguição política sem precedentes pela via judicial."

As conversas foram registradas no grupo do Telegram dos procuradores no dia 26 de novembro de 2018, quando a operação denunciou o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta lavagem de dinheiro em um negócio na Guiné Equatorial.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) arquivou a ação contra Lula em 2021 por não haver elementos mínimos a justificar sua tramitação.

Naquele dia 26 de novembro, a procuradora Laura Tessler escreveu: "JN é uma ótima!!! Mas de qq forma é bom Tb depois dar uma provocada no Josias, Miriam Leitão, etc, para descerem a lenha".

A ideia dos procuradores era negociar as informações e provocar comentaristas a "descerem a lenha" em Lula, naquela época preso e impedido de participar das eleições presidenciais.

Os procuradores combinaram entre si como passariam as informações para o Jornal Nacional e, posteriormente, para o jornalista Josias de Souza.

>>> Confira o diálogo na íntegra

26 Nov 18
21:16:01 Deltan Pessoal, preciso de uma opinião
21:18:00 Deltan 889015.ogg
21:20:16 Welter Prr Deixa para o JN os nomes, mas acho que valia a pena divulgar alguma coisa nas redes sociais
21:20:40 Julio Noronha Tb acho q vale deixar para o JN, e na sequência nas redes sociais
21:21:17 Athayde Voto no JN
21:21:41 Athayde Dps os demais surfarao na onda e vai aumentar a pressao
22:41:36 Orlando SP JN traz repercussão maior.
22:50:05 Roberson MPF JN é uma ótima!
22:55:52 Laura Tessler JN é uma ótima!!! Mas de qq forma é bom Tb depois dar uma provocada no Josias, Miriam Leitão, etc, para descerem a lenha
23:16:12 Deltan Barroso falou pra Josias que estávamos fazendo levantamento, mas não passou. Josias pediu
23:17:30 Deltan Opções: 1. Rechecarmos tudo e fazermos release logo antes do JN 2. Liberar Vladimir Neto pra soltar 3. Passar pra Josias com embargo, pra soltar no começo do JN 4. Vcs fazerem um vídeo na FT falando os nomes e que absurdo seria e eu posto

27 Nov 18
00:40:55 Deltan https://oglobo.globo.com/brasil/stf-deve-julgar-prisoes-em-segunda-instancia-no-inicio-de-2019-23260545
09:31:48 Deltan A arte da sedução, para solteiros e casados que querem reconquistar seu amor a cada dia rs https://youtu.be/3E46oWB4V0s
10:16:18 Diogo Opa
11:49:47 Januario Paludo a promoção deu xabu. A vaga era da aposentadoria do Moacir, que conseguiu voltar com liminar do STJ.
12:00:51 Paulo Vixe
12:01:53 Jerusa Que vergonha o STJ
12:09:00 Julio Noronha [Coluna] – O Estado de S. Paulo: http://bit.ly/2FGbS8j
12:09:25 Laura Tessler ótimo!!!!
12:51:34 Laura Tessler Zaf
13:31:02 Paulo hoje teremos reunião no horário definido
13:31:20 Laura Tessler 14h?
13:36:45 Diogo 13:45
13:36:48 Diogo 14 hs tenho reuniao ja
13:47:38 Diogo sem reuniao entao?
13:49:55 Julio Noronha Reunião sim
13:50:04 Julio Noronha Partiu?
13:58:33 Paulo po
13:58:37 Paulo não boicotem
16:33:11 Paulo Reunião 27/11/18 (PG JN AC DC IG JP LT): 1. Aia Pasadena com AGU: ratificada decisão de ficar como custos legis (v. reunião 19/10) 2.Diogo: 2.1.

Acordo Ecorodovias é o que está com os melhores anexos. 2.2. Pedir nova prisão

piloto, pois: a. Barroso agora prevento; b. 3 imõveis do filho desempregado pagos em espécie; 2.3. corretor foi procurado para que omitisse essa informação; d. Egmont identificou conta de Abi (foragido) no Paraguai. Aprovado, porém informação de Egmont não pode ser usada.

 

Ø  Pacto entre Globo e Lava Jato para "descer a lenha em Lula" foi apenas mais um entre os inúmeros golpes da empresa

 

A revelação de que havia um pacto entre a Lava Jato, a Globo e jornalistas como Miriam Leitão e Josias de Souza para "descer a lenha em Lula" não surpreendeu o analista político Vinicios Betiol, mestre em geopolítica pela UERJ. Segundo ele, este "é só mais um episódio da longa história de golpismo e autoritarismo por parte da Rede Globo".

Ele lembra que a Globo e seus jornalistas "fizeram lobby com os generais da ditadura para que não ocorressem eleições para presidente; elegeram o Collor; perseguiram o Brizola; derrubaram a Dilma e atuaram de forma covarde para a prisão do Lula".

Betiol lembra ainda o básico: "a Globo funciona com uma concessão pública, deveria estar prestando um serviço em prol da sociedade, não tramando golpes".

 

Ø  "Cobertura da Globo sobre a Lava Jato sempre foi vergonhosa", diz Florestan Fernandes Jr.

 

Ao repercutir a notícia de que procuradores da Lava Jato negociavam com a Rede Globo e jornalistas como Míriam Leitão para "descer a lenha" no presidente Lula (PT), o jornalista Florestan Fernandes Júnior classificou como "vergonhosa" a atuação da Rede Globo na cobertura da força-tarefa. 

"As digitais da Globo estão de tudo quanto é lado, não é à toa que eles tentaram preservar ao máximo o Sergio Moro e o Dallagnol. Você percebe isso. Todas as denúncias que surgem a respeito da dupla e da Lava Jato a Globo faz uma cobertura parcial. Isso está na cara. É uma vergonha a maneira como ela faz isso, omite informação, abre espaço para o Sergio Moro falar cinco minutos no Jornal Nacional, abre espaço para ele falar na GloboNews, para o Dallagnol também. É uma proteção eterna", afirmou, destacando que tal blindagem "indica alguma coisa, indica que deve ter coisa pior ali" na relação da emissora com a Lava Jato. 

Florestan registrou que a Globo "têm grandes jornalistas", que "produzem boas reportagens, principalmente em áreas mais ligadas ao interesse do dia a dia do cidadão". No entanto, prosseguiu, "na política e na economia eles pintam e bordam, e isso tudo aos poucos vai vir à tona". "Quem sabe daqui a 50 anos, como eles fizeram com relação ao golpe militar, façam aí a 'mea culpa'. Vamos contar os anos que faltam para eles reconhecerem que erraram ao apoiar o Sergio Moro, o Dallagnol e a Lava Jato", ironizou.

 

Ø  'Quem colaborou com a Lava Jato tem que ser olhado com muita proximidade', diz Arnóbio Rocha sobre Barroso

 

O advogado Arnóbio Rocha concedeu entrevista à TV 247, na qual avaliou a posse do ministro Luis Roberto Barroso na presidência do Supremo Tribunal Federal. Rocha destacou o punitivismo adotado pelo magistrado, especialmente no contexto da Operação Lava Jato, ressaltando a importância de se recordar os eventos desse período crucial na história do país. "Eu acho que tem um critério bem claro. Quem colaborou direta ou indiretamente com a Lava Jato tem que ser olhado com lupa e de muita proximidade", afirmou Rocha, destacando a necessidade de uma análise crítica das trajetórias dos envolvidos.

Rocha ressaltou a relevância de se considerar não apenas as pautas identitárias e sociais, mas também a questão de classe. "Não é só gênero e raça, tem que ter classe. Tem que ter identidade de classe porque a maioria. As mulheres, elas cumprem papéis importantíssimos dentro da sociedade, mas são tratadas com menos direitos", enfatizou o advogado, sublinhando a importância de se abordar a questão da desigualdade social.

Rocha encerrou a entrevista enfatizando a importância da memória na política e na tomada de decisões. Ele reforçou a necessidade de se analisar não apenas as palavras, mas as ações e trajetórias dos indicados para o STF, considerando as implicações significativas que suas decisões têm para a sociedade. 

·         "Quadrilha de meliantes", diz Paulo Pimenta, ao saber do pacto da Lava Jato com a Globo para "descer a lenha em Lula"

O ministro da Secretaria de Comunicação, reagiu com indignação às novas mensagens da Operação Spoofing, que revelaram um pacto entre a força-tarefa da Lava Jato, a equipe do Jornal Nacional e os jornalistas Miriam Leitão, do Globo, e Josias de Souza, do Uol, para "descer a lenha em Lula", na época da perseguição judicial contra o presidente. 

 

Ø  Lava Jato: é hora de a História acertar contas com a mídia tradicional, que rejeita mea-culpa. Por Luiz Costa Pinto

 

“A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude.” - Tancredi Corbera, Príncipe de Falconeri, em O Leopardo

Memorável, o mais célebre trecho da obra permanente do escritor italiano (siciliano, da vero) Giuseppe Tomasi di Lampedusa encerra sem sobras o exercício que a mídia tradicional brasileira sempre fez para se dissociar da adesão estrutural que deu, historicamente, a todos os golpes destinados a solapar, suspender ou retardar o avanço da consolidação da Democracia no Brasil e a necessária construção de alternativas sólidas e sustentáveis destinadas a reduzir as injustiças sociais e a despudorada e enviesada má distribuição de renda do País. 

Desde o último sábado, 30 de setembro, quando o site Consultor Jurídico expôs diálogos travados entre procuradores da famigerada e finada “República de Curitiba”, tramando a forma como exporiam na Rede Globo, na GloboNews, no jornal Folha de S. Paulo e no portal UOL, usando a conexão e a linha direta com astros e estrelas do jornalismo desses veículos lançando mão de falsas tessituras de meias-informações que compunham um colcha de retalhos de denúncias destinadas a expor criminalmente o agora (e novamente) presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tema ganhou tração mais uma vez. 

Tendo sido sócia risonha e franca do processo devastador desencadeado pela “Operação Lava Jato”, que destruiu setores inteiros da economia brasileira - como a indústria de construção pesada, de infraestrutura, naval - e urdiu o golpe parlamentar-jurídico-classista que se consumou com a deposição de Dilma Rousseff em 2016 com um impeachment sem crime de responsabilidade e nos lançou na aventura de extrema-direita e fascistóide de Jair Bolsonaro, a mídia tradicional brasileira se vê face a face com o fantasma que não conseguiu exorcizar. Falo das Organizações Globo e seus canais como GNews, CBN e G1; da Folha de S Paulo e UOL; de O Estado de S Paulo e seu portal; da Band, da Record, do SBT e de veículos menores ainda resilientes à redução paulatina de lucratividade como RBS, Jornal do Commercio (Recife), O Povo (Fortaleza), Correio (Salvador), Correio Braziliense e Metrópoles (Brasília), entre outros.

A Lava Jato, como sabemos, foi urdida fora do País e teve o Ministério Público Federal brasileiro como sua correia de transmissão. O então juiz (hoje ex-juiz e senador sub-júdice e pré-cassado) Sérgio Moro funcionou como ventríloquo da linha de comando posta no exterior. Usar a imprensa local e os arrivistas nela encastelados como colunistas das direções dos veículos que se criam “formadores de opinião” de toda a sociedade era tática seminal dos lava-jatistas. Antes de a primeira das operações ir às ruas um ambicioso treinamento de ações de mídia, de determinação de porta-vozes e de conquista de associados nas principais redações do Brasil tinha sido desencadeado. 

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No já longínquo 2014, o consórcio formado por Moro e pelo seu lugar-tenente no MPF, Deltan Dallagnol, então procurador da República que havia usurpado o posto de um colega que se recusou a vergar a espinha da Procuradoria às determinações táticas e estratégicas ditadas pelo capataz a partir da 13ª Vara Federal de Curitiba, treinaram o então juiz, os procuradores plantados no Paraná, o então PGR Rodrigo Janot e assessores dele e até delgados da Polícia Federal para saberem como lidar com a imprensa. Foram várias sessões de treinamento de mídia. Porta-vozes foram selecionados dentre o grupo de “operadores do Direito”. Uma central de vazamento, que hierarquizava os “furos” baseados nas partes dos inquérito que interessavam ser expostos oferecia denúncias como “pratos feitos” aos jornalistas adestrados e alimentados pelo lava-jatismo: a mídia tradicional brasileira, todos os veículos de comunicação elencados neste texto e mais alguns “blogueiros” que atuam na internet como franco atiradores e são remunerados por tarefa.

Tudo deu muito certo para esses bandoleiros do Judiciário e da Imprensa entre 2014 e 2019. No curso desses cinco anos foi possível, para eles, abalar o fim da primeira gestão de Dilma Rousseff a ponto de dificultar-lhe a reeleição contra um Zé Ninguém da Política, o neto de Tancredo Neves, um tal de Aécio convertido em tábua de salvação do “mercado financeiro”. Ainda assim, Dilma venceu. No dia da reeleição, a torcida descarada de próceres da mídia tradicional por uma virada nas urnas produziu uma antologia de memes no ecossistema das redes sociais. Com o conluio da imprensa tradicional, Aécio Neves recusou-se a aceitar a derrota, aliou-se ao então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e se começou a construir a narrativa das famigeradas pedaladas fiscais que levaram ao impeachment sem crime de responsabilidade. Ou seja, ao golpe da deposição de Dilma Rousseff - e tudo isso contou com o consórcio midiático a favor deles.

Na esteira do golpe, guindado à cadeira presidencial que ocupou ilegitimamente, Michel Temer viveu uma lua de mel com essa mídia golpista e a alimentou com propaganda maquiada de notícia, com muita verba pública e, sobretudo, com a criminalização de veículos da mídia digital independente. Temer, por meio de seus jagunços colocados na Secretaria de Comunicação e na Secretaria de Imprensa, organizou uma “bula” do que tinha de ser dito pelo veículos financiados com verbas públicas e quais os portais, os sites, os blogs ou os jornalistas que não podiam receber recursos federais. Além disso, empresários que buscavam acesso e ajuda do Palácio do Planalto eram levados a cortar a publicidade dos canais “off-golpe”. Ou seja, de quem se conservava na defesa do Estado de Direito e insistia em denunciar o conluio golpista e antidemocrático.

Quando a Lava Jato demonstrou fraquejar e percebeu que o Supremo Tribunal Federal, por meio do então relator das ações lavajatistas, Teori Zavascki, dava sinais de que iria cortar as asas de Sérgio Moro na 13ª Vara Federal em Curitiba e se acumulavam atritos dele com o procurador-geral de ocasião, Rodrigo Janot, urdiu-se a operação aventureira de gravar o interino golpista que ocupava a Presidência da República e usar a gravação para derrubá-lo ou para subjugá-lo. O Globo foi o veículo escolhido para o vazamento administrado e o subjugo de Temer, em 2017, foi a meta atingida. O próprio veículo global que detonou as denúncias contra o ocupante da presidência refluiu nas denúncias e tudo se acomodou porque o Comando do Exército entrou na parada com a dupla de generais golpistas Sérgio Etchegoyen (GSI de Temer) e Eduardo Villas-Boas (comandante da Força) e Moro seguiu tutelando o esquema de vazamentos oportunos para a sequência do golpe continuado - inclusive a produção de sentença falsa sob medida para impedir que Lula disputasse a presidência em 2018. Tudo, tudo, tudinho mesmo, com o conluio da mídia tradicional brasileira, que jamais fez o necessário mea-culpa dessas suas páginas vergonhosas de associação com os criminosos que vilipendiaram a Democracia e destruíram o País nos seis anos compreendidos entre 2016 e 2022. 

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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