'O que mais desestabilizou a Europa foi a expansão da OTAN', diz Celso
Amorim
Ex-chanceler diz que Brasil quer voltar a financiar
serviços em Cuba. Sobre o conflito, afirma que a situação é antiga e é preciso
ver "todo o conjunto" para poder entender. Ao mesmo tempo, Amorim
acredita ser "notável" o pedido da França para ingressar na OTCA.
Em entrevista ao jornal O Globo, Celso Amorim,
assessor para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
concedeu uma série de declarações acerca da percepção e metas do governo
brasileiro.
Sobre Cuba, país que o Lula visitará em breve,
Amorim disse que o Brasil quer voltar a financiar Havana, mas isso só será
possível depois de o país encontrar uma forma de pagar sua dívida em operações
passadas.
Brasília já financiou exportações para o país
caribenho, principalmente de serviços "e sempre foi pago. Cuba só parou de
pagar quando mudou o governo e aí a relação começou a se deteriorar",
disse.
"É inacreditável que, no governo passado, o
Brasil tenha passado a votar contra a resolução que condena o embargo [...] há
apenas dois ou três países, no máximo, entre os quais EUA e Israel, que se posicionam
de forma diferente [...] Vamos dizer que amanhã a gente não quer negociar com
um país X ou Y. Tudo bem, é um direito nosso. Agora, você impedir que terceiros
comerciem, isso é uma violação."
Sobre o conflito na Ucrânia, Amorim volta a dizer
que qualquer negociação de paz sem a presença da Rússia não faz sentido, mas
ressalta que é muito importante que "se chegue lá [na paz]", visto
que "há aumento da tensão".
"A paz não será encontrada se a Rússia não
participar da negociação. De alguma maneira temos que chegar lá, pois há
aumento da tensão. [...] Isso [o conflito] não é uma coisa de hoje, é uma coisa
de quatro séculos, antecede ao comunismo. Sempre houve essa tensão, antes mesmo
de existir a OTAN, que foi criada na época do comunismo. É claro que a Ucrânia
é a principal vítima. [...] Mas, se você não olhar o conjunto, não vai
resolver. Lembra que em 2008 teve um problema com a Georgia? Por quê? Porque
colocaram armas lá. A coisa que mais desestabilizou, na minha opinião, a
Europa, foi a expansão da OTAN", afirmou.
Indagado sobre as críticas aos países que entraram
para o BRICS, bloco do qual o Brasil faz parte, o ex-chanceler disse que
"essa ampliação do BRICS é uma reação à volta dos países ocidentais a
enfatizar o G7".
"É mais que natural que haja uma reação dos
países em desenvolvimento, também de fazerem o seu grupo para poderem atuar de
maneira coordenada e mais forte, mais vigorosa."
Em relação ao pedido do presidente francês,
Emmanuel Macron, para que a França faça parte da Organização do Tratado dos
Países Amazônicos (OTCA), Amorim acredita que a procura francesa é
"notável", mas lembrou que o órgão não está aberto à expansão.
"Quem poderia esperar que a França fosse pedir
para entrar para a OTCA? Eu estou falando porque eu li no jornal. Quer maior
elogio do que isso? Não será fácil, porque o tratado diz que não está aberto a
adesões. Mas, o simples fato de Macron pedir é um fato notável",
complementou.
• Ex-chefe
de comitê da OTAN alerta Suíça contra reaproximação com aliança
"Direi isso como antigo presidente do comitê
militar da OTAN: a Suíça tem uma história em que garantiu a sua segurança
graças à sua neutralidade", disse Harald Kujat.
O ex-presidente do comitê militar da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) Harald Kujat alertou a Suíça contra a
reaproximação com a aliança.
O alerta foi dado em entrevista ao jornal suíço Die
Weltwoche, nesta quinta-feira (31), ao ser questionado sobre se a Suíça deveria
se aproximar da OTAN na situação atual.
"Direi isso como antigo presidente do comitê
militar da OTAN: a Suíça tem uma história em que garantiu a sua segurança
graças à sua neutralidade. Para a Suíça, um futuro de segurança e liberdade
significa a necessidade de segurar a neutralidade com as mãos e os pés",
disse Kujat.
O ex-chefe do comitê militar da OTAN explicou que
se a Suíça aderir à aliança, se envolverá em confrontos.
"E essa situação pode tornar-se muito
desagradável para a Suíça. Sou a favor da eliminação desses blocos, e não do
seu fortalecimento, para que cheguemos a um mundo multipolar em que cada Estado
tenha segurança e liberdade — em vez de estar ligado a outro Estado que
persegue outros interesses e objetivos. A Suíça tem seus próprios objetivos e
interesses", concluiu Kujat.
Anteriormente, o site do Conselho Federal da Suíça
havia divulgado um comunicado informando que o país pretende aumentar o
orçamento militar para 1% do PIB até 2030 e reforçar a cooperação com a OTAN e
a União Europeia devido ao conflito na Ucrânia.
<><> EUA dizem que 'esperanças' da
Turquia sobre F-16 dependem da adesão sueca à OTAN: 'Há muito em jogo
A ânsia de Ancara em obter caças F-16 dos Estados
Unidos deverá motivá-la a concluir a ratificação da adesão da Suécia à OTAN,
disse a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara de Washington.
De acordo com a Bloomberg, os EUA indicaram que a
aprovação da entrada do país nórdico na aliança é um pré-requisito para
concordar em vender os aviões a Ancara, cujo atraso continua a ser o último
grande obstáculo à adesão da Suécia.
"Eles estão muito ansiosos para obter nossos
F-16 e também precisam ser nossos aliados da OTAN se quisermos vender-lhes esse
tipo de sistema de armas. Eles entendem que há muito em jogo para eles se não
concordarem com a adesão", disse o deputado Michael McCaul citado pela
mídia.
A Suécia solicitou a adesão à OTAN junto com a
Finlândia em maio de 2022. Helsinque tornou-se membro em abril, mas a Turquia
passou mais de um ano a opor-se à candidatura de Estocolmo, até que o
presidente Recep Tayyip Erdogan, em julho, concordou em apoiar a candidatura.
O presidente associou os atrasos no processo de
ratificação a uma série de queimadas do Alcorão dizendo que o país deveria
"antes de tudo cuidar das ruas de Estocolmo".
Em uma conferência de imprensa com o ministro dos
Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, e o deputado norte-americano
Gregory Meeks, McCaul disse não ver indicações de que Erdogan desistiria da sua
promessa de julho de apoiar a aprovação. "Tenho muita certeza de que isso
acontecerá em outubro", afirmou o deputado.
O parlamento da Turquia, que precisa de aprovar a
lei, não retomará os trabalhos até outubro.
Ø Prolongando o conflito na Ucrânia, EUA estão destruindo o seu principal
aliado
Prolongando o conflito ucraniano, a administração
Joe Biden está definitivamente perdendo a liderança no mundo e destruindo o seu
único aliado, a Europa Ocidental, disse o conhecido jornalista norte-americano
Tucker Carlson em entrevista com o apresentador de rádio Adam Carolla.
"Nós só temos um verdadeiro aliado – a Europa
Ocidental, e ela está sendo destruída pelo conflito. A economia da Alemanha foi
esmagada quando o governo de Biden explodiu o Nord Stream [Corrente do
Norte]", declarou ele.
Segundo o jornalista, as ações do governo Biden
fizeram com que os EUA definitivamente perdessem o controle sobre o mundo.
Carlson alertou que o país está em "queda livre" e está a caminho de
outra Grande Depressão.
No mês passado, David T. Pyne, ex-oficial do
Departamento de Defesa dos EUA, disse em entrevista à Sputnik que prolongar o
conflito na Ucrânia está "em oposição aos interesses de segurança nacional
norte-americana, que são restaurar a paz e estabilidade na Europa e melhorar
imensamente as relações com Moscou, evitando a ameaça imediata de escalada para
um conflito mais amplo".
Anteriormente, Maria Zakharova, representante
oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que Moscou
sempre esteve e continua aberta a uma solução diplomática para a crise, ao
contrário da Ucrânia, que interrompeu e proibiu as negociações com a Rússia.
Ø Rússia classifica como 'hostil' exigência da Dinamarca para reduzir
número de diplomatas russos
Medida anunciada pela chancelaria dinamarquesa nesta
sexrta (1º) forçará Moscou a reduzir seu contingente diplomático em Copenhague.
Na manhã desta sexta-feira (1º), a Dinamarca
comunicou a decisão de limitar o número de diplomatas russos permitidos na
embaixada de capital para cinco e o pessoal administrativo para 20, afirmou o
MRE dinamarquês segundo a Reuters.
"A decisão de introduzir a paridade no tamanho
das duas embaixadas significa que a embaixada russa em Copenhague deve reduzir
o seu pessoal atual", disse a pasta acrescentando que a redução deve ser
implementada até 29 de setembro.
Moscou reagiu à decisão e disse que considera as
exigências da Dinamarca mais uma manifestação da posição hostil, disse a
representante oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova.
"Consideramos a exigência das autoridades
dinamarquesas […] como mais uma manifestação da posição hostil da liderança
dinamarquesa em relação ao nosso país", afirmou Zakharova num comunicado.
A Rússia tem cobrado Copenhague no que diz respeito
à investigação paralisada da explosão e sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e
2 (Corrente do Norte 1 e 2) cometida em setembro de 2022, conforme noticiado.
A chancelaria russa chamou os diplomatas para
protestar contra o que disse ser uma "completa falta de resultados".
·
Rússia é a grande ganhadora com os cortes da OPEP+,
diz mídia
A Bloomberg destacou que a Rússia é a grande
ganhadora com os cortes na produção anunciados pela Organização dos Países
Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).
De acordo com a mídia, os principais membros da
OPEP+, liderados pela Arábia Saudita, restringiram a produção de petróleo nos
últimos meses, para "equilibrar o mercado" e elevar os preços do
produto.
Em julho, a Arábia Saudita decidiu por um corte
unilateral de um milhão de barris por dia, com o corte sendo prolongado por
duas vezes, podendo ser novamente estendido em um futuro próximo.
A Rússia, por sua vez, também prometeu restringir
sua produção em resposta às sanções ocidentais e a tentativa da imposição de um
"teto" de preços para os recursos energéticos russos.
A mídia também destacou que a restrição dos
sauditas também estaria ligada à desaceleração do crescimento econômico na
China, que estaria desestabilizando algumas previsões para o resto do ano.
Por sua vez, a Bloomberg destacou que os cofres
russos, por outro lado, tiveram influxos crescentes dos preços mais altos, que
afetaram os valores por barril, e reduziram os descontos para seus petróleos
contra as referências internacionais.
Para a Rússia, a alta dos preços mais do que
compensou a baixa produção e os volumes de exportação do petróleo e gás natural
do país.
Conforme a Bloomberg, os sauditas e os russos sempre
tiveram abordagens diferentes, mas o presidente russo, Vladimir Putin, está
trabalhando muito bem em sua parceria com a OPEP.
Além disso, os preços mais altos do petróleo podem
ajudar as receitas de exportação da Rússia e forçar outros países a pagar mais
caro por derivados, diante da inflação mundial alta.
<><> Kiev está insatisfeita com vendas
de bens petrolíferos russos no Ocidente e pede sanções mais duras
O diesel russo, o querosene e outros produtos de
refino de petróleo estão inundando a Europa, apesar das sanções, para o
descontentamento de Kiev. A este respeito, o assessor econômico do presidente
ucraniano, Oleg Ustenko, pediu à UE, bem como ao Reino Unido e aos EUA, que
apertassem as sanções contra a Rússia, informou o jornal Politico.
O funcionário ucraniano solicita, em particular, o
fechamento da "brecha" que permite países terceiros transformarem
petróleo bruto comprado das empresas estatais russas de energia em gasolina,
gasóleo e outros produtos, para que mais tarde possam vendê-lo sem restrições.
Como exemplo, Ustenko citou a Índia, cujas compras
de petróleo russo antes do conflito não representavam mais de 1% do total das
importações, e agora subiram para 40%.
De acordo com publicação, em dezembro do ano
passado os países do G7 concordaram em definir o preço limite para o petróleo
russo em US$ 60 (R$ 297,31) por barril. A ideia era colocar pressão financeira
sobre Moscou sem paralisar o mercado de petróleo.
De acordo com Ustenko, os políticos ocidentais
devem apoiar a proibição de todos os produtos petrolíferos fornecidos aos
países do G7, se eles forem produzidos usando petróleo russo, mesmo que o seu
processamento tenha sido feito em outro lugar. Além disso, Kiev quer contar com
o apoio do G7 para reduzir o teto de preço ao petróleo bruto russo para US$ 30
(R$ 148,66) por barril.
Se a Polônia e os Estados bálticos insistiram em
reduzir o preço máximo já no ano passado, países como a Grécia, cujos
petroleiros transportam combustível russo, rejeitaram a oferta, relembra
Politico.
Estas medidas, de acordo com Ustenko, seriam
"um sinal sério" para os fabricantes que agora é completamente ilegal
lidar com o petróleo russo.
No entanto, é improvável que essa ideia encontre
muito apoio, observa a publicação. De acordo com o pesquisador do Instituto de
Pesquisa de Política Externa e autor de novo livro sobre sanções contra a
Rússia, Maximillian Hess, o processamento de petróleo russo por países
terceiros foi implícito pelos iniciadores de sanções desde o início.
"Parte da estratégia do Ocidente, como os EUA
têm dito repetidamente, é manter o fluxo de petróleo russo", disse ele,
garantindo que Moscou ganhe menos por suas exportações e não ganhe os prêmios
que vêm da venda de combustível refinado em vez de petróleo.
Ø Belarus convoca encarregado de Negócios da Polônia após suposta
violação de fronteira
O Ministério das Relações Exteriores de Belarus
disse nesta sexta-feira (1°) que convocou o encarregado de Negócios da Polônia
em Minsk após um incidente de violação da fronteira por um helicóptero polonês.
Pela manhã, o serviço de fronteira belarusso disse
que um helicóptero militar Mi-24, das forças polonesas, invadiu o território de
Belarus no distrito de Berastavitsa, na região de Grodno.
"Em conexão com o fato registrado da violação
da fronteira estatal da República de Belarus por um helicóptero das Forças
Armadas polonesas, em 1º de setembro de 2023, o encarregado de Negócios da
Polônia em Belarus, Wojciech Filimonowicz, foi convocado pelo Ministério das
Relações Exteriores belarusso", anunciou a chancelaria.
De acordo com o ministério, cabe à Polônia fornecer
uma explicação e conduzir uma investigação completa sobre a ocorrência.
"Os resultados da investigação e as causas do
incidente, como é habitual na comunicação internacional, devem ser fornecidos à
parte belarussa dentro de um prazo razoável", destacou.
Após ser informado sobre o ocorrido, o
vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Pawel Jablonski, disse, em
conversa com jornalistas, que seu país analisará com cuidado as alegações da
parte belarussa.
Fonte: Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário