sábado, 2 de setembro de 2023

'O que mais desestabilizou a Europa foi a expansão da OTAN', diz Celso Amorim

Ex-chanceler diz que Brasil quer voltar a financiar serviços em Cuba. Sobre o conflito, afirma que a situação é antiga e é preciso ver "todo o conjunto" para poder entender. Ao mesmo tempo, Amorim acredita ser "notável" o pedido da França para ingressar na OTCA.

Em entrevista ao jornal O Globo, Celso Amorim, assessor para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu uma série de declarações acerca da percepção e metas do governo brasileiro.

Sobre Cuba, país que o Lula visitará em breve, Amorim disse que o Brasil quer voltar a financiar Havana, mas isso só será possível depois de o país encontrar uma forma de pagar sua dívida em operações passadas.

Brasília já financiou exportações para o país caribenho, principalmente de serviços "e sempre foi pago. Cuba só parou de pagar quando mudou o governo e aí a relação começou a se deteriorar", disse.

"É inacreditável que, no governo passado, o Brasil tenha passado a votar contra a resolução que condena o embargo [...] há apenas dois ou três países, no máximo, entre os quais EUA e Israel, que se posicionam de forma diferente [...] Vamos dizer que amanhã a gente não quer negociar com um país X ou Y. Tudo bem, é um direito nosso. Agora, você impedir que terceiros comerciem, isso é uma violação."

Sobre o conflito na Ucrânia, Amorim volta a dizer que qualquer negociação de paz sem a presença da Rússia não faz sentido, mas ressalta que é muito importante que "se chegue lá [na paz]", visto que "há aumento da tensão".

"A paz não será encontrada se a Rússia não participar da negociação. De alguma maneira temos que chegar lá, pois há aumento da tensão. [...] Isso [o conflito] não é uma coisa de hoje, é uma coisa de quatro séculos, antecede ao comunismo. Sempre houve essa tensão, antes mesmo de existir a OTAN, que foi criada na época do comunismo. É claro que a Ucrânia é a principal vítima. [...] Mas, se você não olhar o conjunto, não vai resolver. Lembra que em 2008 teve um problema com a Georgia? Por quê? Porque colocaram armas lá. A coisa que mais desestabilizou, na minha opinião, a Europa, foi a expansão da OTAN", afirmou.

Indagado sobre as críticas aos países que entraram para o BRICS, bloco do qual o Brasil faz parte, o ex-chanceler disse que "essa ampliação do BRICS é uma reação à volta dos países ocidentais a enfatizar o G7".

"É mais que natural que haja uma reação dos países em desenvolvimento, também de fazerem o seu grupo para poderem atuar de maneira coordenada e mais forte, mais vigorosa."

Em relação ao pedido do presidente francês, Emmanuel Macron, para que a França faça parte da Organização do Tratado dos Países Amazônicos (OTCA), Amorim acredita que a procura francesa é "notável", mas lembrou que o órgão não está aberto à expansão.

"Quem poderia esperar que a França fosse pedir para entrar para a OTCA? Eu estou falando porque eu li no jornal. Quer maior elogio do que isso? Não será fácil, porque o tratado diz que não está aberto a adesões. Mas, o simples fato de Macron pedir é um fato notável", complementou.

•        Ex-chefe de comitê da OTAN alerta Suíça contra reaproximação com aliança

"Direi isso como antigo presidente do comitê militar da OTAN: a Suíça tem uma história em que garantiu a sua segurança graças à sua neutralidade", disse Harald Kujat.

O ex-presidente do comitê militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) Harald Kujat alertou a Suíça contra a reaproximação com a aliança.

O alerta foi dado em entrevista ao jornal suíço Die Weltwoche, nesta quinta-feira (31), ao ser questionado sobre se a Suíça deveria se aproximar da OTAN na situação atual.

"Direi isso como antigo presidente do comitê militar da OTAN: a Suíça tem uma história em que garantiu a sua segurança graças à sua neutralidade. Para a Suíça, um futuro de segurança e liberdade significa a necessidade de segurar a neutralidade com as mãos e os pés", disse Kujat.

O ex-chefe do comitê militar da OTAN explicou que se a Suíça aderir à aliança, se envolverá em confrontos.

"E essa situação pode tornar-se muito desagradável para a Suíça. Sou a favor da eliminação desses blocos, e não do seu fortalecimento, para que cheguemos a um mundo multipolar em que cada Estado tenha segurança e liberdade — em vez de estar ligado a outro Estado que persegue outros interesses e objetivos. A Suíça tem seus próprios objetivos e interesses", concluiu Kujat.

Anteriormente, o site do Conselho Federal da Suíça havia divulgado um comunicado informando que o país pretende aumentar o orçamento militar para 1% do PIB até 2030 e reforçar a cooperação com a OTAN e a União Europeia devido ao conflito na Ucrânia.

<><> EUA dizem que 'esperanças' da Turquia sobre F-16 dependem da adesão sueca à OTAN: 'Há muito em jogo

A ânsia de Ancara em obter caças F-16 dos Estados Unidos deverá motivá-la a concluir a ratificação da adesão da Suécia à OTAN, disse a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara de Washington.

De acordo com a Bloomberg, os EUA indicaram que a aprovação da entrada do país nórdico na aliança é um pré-requisito para concordar em vender os aviões a Ancara, cujo atraso continua a ser o último grande obstáculo à adesão da Suécia.

"Eles estão muito ansiosos para obter nossos F-16 e também precisam ser nossos aliados da OTAN se quisermos vender-lhes esse tipo de sistema de armas. Eles entendem que há muito em jogo para eles se não concordarem com a adesão", disse o deputado Michael McCaul citado pela mídia.

A Suécia solicitou a adesão à OTAN junto com a Finlândia em maio de 2022. Helsinque tornou-se membro em abril, mas a Turquia passou mais de um ano a opor-se à candidatura de Estocolmo, até que o presidente Recep Tayyip Erdogan, em julho, concordou em apoiar a candidatura.

O presidente associou os atrasos no processo de ratificação a uma série de queimadas do Alcorão dizendo que o país deveria "antes de tudo cuidar das ruas de Estocolmo".

Em uma conferência de imprensa com o ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, e o deputado norte-americano Gregory Meeks, McCaul disse não ver indicações de que Erdogan desistiria da sua promessa de julho de apoiar a aprovação. "Tenho muita certeza de que isso acontecerá em outubro", afirmou o deputado.

O parlamento da Turquia, que precisa de aprovar a lei, não retomará os trabalhos até outubro.

 

Ø  Prolongando o conflito na Ucrânia, EUA estão destruindo o seu principal aliado

 

Prolongando o conflito ucraniano, a administração Joe Biden está definitivamente perdendo a liderança no mundo e destruindo o seu único aliado, a Europa Ocidental, disse o conhecido jornalista norte-americano Tucker Carlson em entrevista com o apresentador de rádio Adam Carolla.

"Nós só temos um verdadeiro aliado – a Europa Ocidental, e ela está sendo destruída pelo conflito. A economia da Alemanha foi esmagada quando o governo de Biden explodiu o Nord Stream [Corrente do Norte]", declarou ele.

Segundo o jornalista, as ações do governo Biden fizeram com que os EUA definitivamente perdessem o controle sobre o mundo. Carlson alertou que o país está em "queda livre" e está a caminho de outra Grande Depressão.

No mês passado, David T. Pyne, ex-oficial do Departamento de Defesa dos EUA, disse em entrevista à Sputnik que prolongar o conflito na Ucrânia está "em oposição aos interesses de segurança nacional norte-americana, que são restaurar a paz e estabilidade na Europa e melhorar imensamente as relações com Moscou, evitando a ameaça imediata de escalada para um conflito mais amplo".

Anteriormente, Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que Moscou sempre esteve e continua aberta a uma solução diplomática para a crise, ao contrário da Ucrânia, que interrompeu e proibiu as negociações com a Rússia.

 

Ø  Rússia classifica como 'hostil' exigência da Dinamarca para reduzir número de diplomatas russos

 

Medida anunciada pela chancelaria dinamarquesa nesta sexrta (1º) forçará Moscou a reduzir seu contingente diplomático em Copenhague.

Na manhã desta sexta-feira (1º), a Dinamarca comunicou a decisão de limitar o número de diplomatas russos permitidos na embaixada de capital para cinco e o pessoal administrativo para 20, afirmou o MRE dinamarquês segundo a Reuters.

"A decisão de introduzir a paridade no tamanho das duas embaixadas significa que a embaixada russa em Copenhague deve reduzir o seu pessoal atual", disse a pasta acrescentando que a redução deve ser implementada até 29 de setembro.

Moscou reagiu à decisão e disse que considera as exigências da Dinamarca mais uma manifestação da posição hostil, disse a representante oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova.

"Consideramos a exigência das autoridades dinamarquesas […] como mais uma manifestação da posição hostil da liderança dinamarquesa em relação ao nosso país", afirmou Zakharova num comunicado.

A Rússia tem cobrado Copenhague no que diz respeito à investigação paralisada da explosão e sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 (Corrente do Norte 1 e 2) cometida em setembro de 2022, conforme noticiado.

A chancelaria russa chamou os diplomatas para protestar contra o que disse ser uma "completa falta de resultados".

·         Rússia é a grande ganhadora com os cortes da OPEP+, diz mídia

A Bloomberg destacou que a Rússia é a grande ganhadora com os cortes na produção anunciados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).

De acordo com a mídia, os principais membros da OPEP+, liderados pela Arábia Saudita, restringiram a produção de petróleo nos últimos meses, para "equilibrar o mercado" e elevar os preços do produto.

Em julho, a Arábia Saudita decidiu por um corte unilateral de um milhão de barris por dia, com o corte sendo prolongado por duas vezes, podendo ser novamente estendido em um futuro próximo.

A Rússia, por sua vez, também prometeu restringir sua produção em resposta às sanções ocidentais e a tentativa da imposição de um "teto" de preços para os recursos energéticos russos.

A mídia também destacou que a restrição dos sauditas também estaria ligada à desaceleração do crescimento econômico na China, que estaria desestabilizando algumas previsões para o resto do ano.

Por sua vez, a Bloomberg destacou que os cofres russos, por outro lado, tiveram influxos crescentes dos preços mais altos, que afetaram os valores por barril, e reduziram os descontos para seus petróleos contra as referências internacionais.

Para a Rússia, a alta dos preços mais do que compensou a baixa produção e os volumes de exportação do petróleo e gás natural do país.

Conforme a Bloomberg, os sauditas e os russos sempre tiveram abordagens diferentes, mas o presidente russo, Vladimir Putin, está trabalhando muito bem em sua parceria com a OPEP.

Além disso, os preços mais altos do petróleo podem ajudar as receitas de exportação da Rússia e forçar outros países a pagar mais caro por derivados, diante da inflação mundial alta.

<><> Kiev está insatisfeita com vendas de bens petrolíferos russos no Ocidente e pede sanções mais duras

O diesel russo, o querosene e outros produtos de refino de petróleo estão inundando a Europa, apesar das sanções, para o descontentamento de Kiev. A este respeito, o assessor econômico do presidente ucraniano, Oleg Ustenko, pediu à UE, bem como ao Reino Unido e aos EUA, que apertassem as sanções contra a Rússia, informou o jornal Politico.

O funcionário ucraniano solicita, em particular, o fechamento da "brecha" que permite países terceiros transformarem petróleo bruto comprado das empresas estatais russas de energia em gasolina, gasóleo e outros produtos, para que mais tarde possam vendê-lo sem restrições.

Como exemplo, Ustenko citou a Índia, cujas compras de petróleo russo antes do conflito não representavam mais de 1% do total das importações, e agora subiram para 40%.

De acordo com publicação, em dezembro do ano passado os países do G7 concordaram em definir o preço limite para o petróleo russo em US$ 60 (R$ 297,31) por barril. A ideia era colocar pressão financeira sobre Moscou sem paralisar o mercado de petróleo.

De acordo com Ustenko, os políticos ocidentais devem apoiar a proibição de todos os produtos petrolíferos fornecidos aos países do G7, se eles forem produzidos usando petróleo russo, mesmo que o seu processamento tenha sido feito em outro lugar. Além disso, Kiev quer contar com o apoio do G7 para reduzir o teto de preço ao petróleo bruto russo para US$ 30 (R$ 148,66) por barril.

Se a Polônia e os Estados bálticos insistiram em reduzir o preço máximo já no ano passado, países como a Grécia, cujos petroleiros transportam combustível russo, rejeitaram a oferta, relembra Politico.

Estas medidas, de acordo com Ustenko, seriam "um sinal sério" para os fabricantes que agora é completamente ilegal lidar com o petróleo russo.

No entanto, é improvável que essa ideia encontre muito apoio, observa a publicação. De acordo com o pesquisador do Instituto de Pesquisa de Política Externa e autor de novo livro sobre sanções contra a Rússia, Maximillian Hess, o processamento de petróleo russo por países terceiros foi implícito pelos iniciadores de sanções desde o início.

"Parte da estratégia do Ocidente, como os EUA têm dito repetidamente, é manter o fluxo de petróleo russo", disse ele, garantindo que Moscou ganhe menos por suas exportações e não ganhe os prêmios que vêm da venda de combustível refinado em vez de petróleo.

 

Ø  Belarus convoca encarregado de Negócios da Polônia após suposta violação de fronteira

 

O Ministério das Relações Exteriores de Belarus disse nesta sexta-feira (1°) que convocou o encarregado de Negócios da Polônia em Minsk após um incidente de violação da fronteira por um helicóptero polonês.

Pela manhã, o serviço de fronteira belarusso disse que um helicóptero militar Mi-24, das forças polonesas, invadiu o território de Belarus no distrito de Berastavitsa, na região de Grodno.

"Em conexão com o fato registrado da violação da fronteira estatal da República de Belarus por um helicóptero das Forças Armadas polonesas, em 1º de setembro de 2023, o encarregado de Negócios da Polônia em Belarus, Wojciech Filimonowicz, foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores belarusso", anunciou a chancelaria.

De acordo com o ministério, cabe à Polônia fornecer uma explicação e conduzir uma investigação completa sobre a ocorrência.

"Os resultados da investigação e as causas do incidente, como é habitual na comunicação internacional, devem ser fornecidos à parte belarussa dentro de um prazo razoável", destacou.

Após ser informado sobre o ocorrido, o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Pawel Jablonski, disse, em conversa com jornalistas, que seu país analisará com cuidado as alegações da parte belarussa.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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