Fraude na Codevasf: PF faz buscas em investigação que mira Juscelino
Filho
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta
sexta-feira, 1, a Operação Benesse, para desarticular organização criminosa
estruturada para promover fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e
lavagem de dinheiro, envolvendo verbas federais da Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Segundo informações da GloboNews, o ministro das
Comunicações, Juscelino Filho, seria um dos investigados da operação, mas não é
alvo de mandados de buscas e apreensão. Também segundou a GloboNews, a irmã do
ministro, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende, é um dos alvos da
operação da PF.
Se confirmadas as suspeitas, os investigados
poderão responder por fraude a licitação, lavagem de capitais, organização
criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.
No total, os policiais federais cumprem 12 mandados
de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de
São Luís (MA), Vitorino Freire (MA) e Bacabal (MA).
Também estão sendo cumpridas medidas cautelares
diversas da prisão, tais como afastamento da função pública, suspensão de
licitações e vedação da celebração de contratos com órgãos públicos, bem como
ordens de indisponibilidade de bens.
A investigação, iniciada em 2021, teve a sua
primeira fase ostensiva deflagrada em 20 de julho de 2022 (Operação Odoacro), e
a segunda em 5 de outubro de 2022 (Operação Odoacro II). “A presente fase
alcança o núcleo público da organização criminosa, após se rastrear a indicação
e o desvio de emendas parlamentares destinadas à pavimentação asfáltica de um
município maranhense”, informou a PF.
• Barroso
determina bloqueio de bens do ministro das Comunicações
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo
Tribunal Federal (STF), decretou o bloqueio parcial dos bens do ministro das
Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), após operação da Polícia
Federal que apura desvios e lavagem de dinheiro envolvendo a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no
Maranhão.
Barroso atendeu a pedido da PF para bloquear bens
dos investigados – entre eles, o ministro Juscelino –, por entender que há
indícios de desvio de dinheiro referente a emenda direcionada e que há
necessidade de as investigações prosseguirem.
A Operação Benesse foi deflagrada na manhã desta
sexta-feira (1º/9) e tem como principal alvo a prefeita de Vitorino Freire
(MA), Luanna Rezende, que é irmã do ministro das Comunicações. A ação visa
desarticular organização criminosa estruturada para promover fraudes
licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, envolvendo
verbas federais da Codevasf.
A PF chegou a pedir busca e apreensão nos endereços
de Juscelino Filho, mas, na ocasião, Barroso indeferiu o pedido, por entender
que não havia qualquer elemento que indicasse, especificamente, a atuação
direta do ministro.
Sob o comando da irmã do ministro das Comunicações,
a Prefeitura de Vitorino Freire (MA) renovou ao menos dois contratos com uma
empresa que já havia sido alvo de operações da Polícia Federal.
A empresa Construservice foi investigada no âmbito
de duas operações, em julho e em outubro do ano passado. Mesmo assim, em agosto
e em novembro, a prefeitura prorrogou dois contratos com a empresa, no valor de
R$ 8,9 milhões. Os contratos visam à pavimentação, ao recapeamento e ao
calçamento das ruas de Vitorino. A Construservice também foi alvo da operação
da PF nesta sexta.
>> Amigo de Juscelino
Em julho do ano passado, a primeira fase da
operação da PF sobre a Construservice apontou suspeita de esquema de fraude em
licitação, desvio de recursos públicos e lavagem de recursos advindos de verbas
federais em contratos com a Codevasf. A apuração envolvia contratos em cinco
municípios do Maranhão.
Na época, o sócio oculto da empresa, Eduardo José
Barros Costa, conhecido como Eduardo DP ou Eduardo Imperador, foi preso. Ele é
amigo de Juscelino e frequenta a fazenda do ministro em Vitorino Freire.
Meses depois, em outubro, a PF deflagrou a segunda
fase da operação e apontou que um ex-gerente da companhia no Maranhão teria
recebido R$ 250 mil de propina da Construservice. Julimar Alves da Silva Filho
emitiu um parecer que autorizou um convênio da empresa com a Prefeitura de
Vitorino para a execução de uma obra que beneficiou a fazenda de Juscelino
Filho na cidade.
Relembre
confusões do ministro Juscelino, irmão de prefeita alvo da PF
As relações do ministro das Comunicações do governo
Lula, Juscelino Filho, com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal que é alvo de operação da Polícia
Federal (PF) nesta sexta-feira (1º/9), não são de agora.
Juscelino é investigado e a Polícia Federal até
pediu busca e apreensão em endereços do ministro, mas Luís Roberto Barroso, do
Supremo Tribunal Federal, negou.
A própria irmã de Juscelino, a prefeita de Vitorino
Freire (MA), Luanna Rezende, foi alvo de um dos 12 mandados de busca e
apreensão. Ela também foi afastada do cargo.
Os investigadores suspeitam que houve desvios de
dinheiro público da Codevasf, que é uma empresa pública responsável por
realizar obras no Nordeste.
Reportagem da coluna do Rodrigo Rangel, do
Metrópoles, publicada em março, revelou que o ministro das Comunicações
pressionou por um contrato da Codevasf com a Engerfort, empreiteira maranhense
ligada a políticos, utilizando recursos de emendas que ele destinou ao estado,
quando era deputado federal pelo União Brasil.
Outra matéria do Metrópoles, de julho, revelou que
Juscelino Filho ganhou mais dinheiro público com viagens do que ministros
receberam de salários.
Segundo a reportagem, o ministro das Comunicações
de Lula gastou mais de R$ 222 mil em passagens e diários a serviço da pasta até
junho. Ou seja, ele ganhou em média mais de R$ 37 mil com passagens
internacionais e diárias em hotéis.
• Avião
para haras
Em fevereiro, uma reportagem do Estado de S. Paulo
revelou que o Juscelino Filho viajou em uma aeronave da Força Aérea Brasileira
(FAB) e até ganhou diárias pagas com recursos públicos para participar de
leilões de cavalos de raça em São Paulo.
Uma outra matéria do Estadão, em março, mostrou que
o sócio do haras em que Juscelino cria seus cavalos, Gustavo Gaspar, é
funcionário fantasma no Senado. Outra sócia do haras é a prefeita afastada
Luanna Rezende.
Gustavo Gaspar era lotado na liderança do PDT do
Senado há dois anos, com salário de R$ 17,1 mil, mas ninguém da liderança o
conhecia. Outros parentes de Gaspar já foram funcionários de Juscelino.
Entenda
a operação sobre Codevasf realizada pela PF
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta
sexta-feira (1º) a Operação Benesse, que investiga um esquema de corrupção
envolvendo verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, autarquia que foi turbinada com o
Orçamento Secreto durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e é comandada
historicamente pelo Centrão.
O objetivo é desarticular organização criminosa
estruturada para promover fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e
lavagem de dinheiro.
Agentes da PF cumpruram 12 mandados de busca e
apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de São Luís/MA,
Vitorino Freire/MA e Bacabal/MA. Também foram cumpridas medidas cautelares diversas
da prisão, tais como afastamento da função pública, suspensão de licitações e
vedação da celebração de contratos com órgãos públicos, bem como ordens de
indisponibilidade de bens.
A investigação, iniciada em 2021, teve a sua
primeira fase ostensiva deflagrada em 20/7/2022 (Operação Odoacro), e a segunda
em 5/10/2022 (Operação Odoacro II).
Segundo a PF, a nova fase alcança o núcleo público
da organização criminosa, após se rastrear a indicação e o desvio de emendas
parlamentares destinadas à pavimentação asfáltica de um município maranhense.
Se confirmadas as suspeitas, os investigados
poderão responder por fraude a licitação, lavagem de capitais, organização
criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.
O nome da operação, Benesse, refere-se ao fato de
os elementos indicarem que o líder do núcleo público da organização criminosa
ora investigada utiliza emendas parlamentares para incrementar o seu
patrimônio. Segundo o dicionário Osfor, a palavra significa “vantagem ou lucro
que não deriva de esforço ou trabalho”.
• Construservice
A operação da PF começou em 2021 com uma operação
em que foram apreendidos relógios de luxo e R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo.
A principal empresa apontada no esquema é a
Construservice, que tem como sócio oculto Eduardo Costa Barros, o 'Eduardo DP',
também conhecido como 'Imperador'. Ele é alvo da operação e foi preso na
primeira fase.
Nos documentos, constam como sócios duas pessoas
que admitiram que foram chamadas para
constar formalmente como sócias na construtora mas que não mantinham nenhuma
ligação pessoal ou empresarial entre eles.
• Orçamento
secreto e Centrão
Historicamente comandada pelo Centrão, a Codevasf
recebeu, entre 2020 e 2021, R$ 3,6 bilhões em emendas parlamentares para obras
que não tiveram o valor real de execução comprovados - as já conhecidas emendas
do orçamento secreto e paralelo criado por Bolsonaro para conseguir apoio do
Centrão no Congresso Nacional.
Durante o governo Bolsonaro, a Codevasf foi
presidida por Marcelo Moreira Pinto que foi indicado pelo presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP) e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP),
líderes do Centrão.
Em outubro de 2019, a advogada Juliana e Silva
Nogueira Lima (PP-PI), de 45 anos, irmã de Ciro Nogueira, ganhou um cargo na Codevasf.
Ela foi nomeada em 8 de outubro de 2019 como assessora do presidente, com
salário de R$ 17,8 mil.
Codevasf
mantém contratos de R$ 106 milhões com empresa alvo da PF
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf) tem 26 contratos em execução, que somam R$
106 milhões, com a Construservice. A empresa é alvo da Polícia Federal na
terceira fase de uma operação que apura suspeita de fraudes em licitação,
desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas federais da
companhia.
Dos 26 contratos, 21 firmados entre 2021 e 2022
estão com 0% de execução, o que significa que as obras não foram sequer
iniciadas. A empresa é investigada pela PF desde 2021, e duas operações já
foram deflagradas em julho e outubro do ano passado. Ainda assim, os contratos
foram mantidos pela Codevasf.
Nesta sexta-feira (1º/9), o principal alvo da PF é
a irmã do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), Luanna
Bringel, que acabou afastada do cargo. Juscelino também seria alvo, mas o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso negou o pedido
de busca e apreensão da PF.
Entre outros pontos da investigação, a polícia
apura, como mostrado pela coluna Na Mira, o uso de uma emenda de R$ 5 milhões
indicada pelo ministro Juscelino Filho para asfaltar uma estrada que passa na
frente de uma de suas fazendas, em Vitorino Freire.
Em julho do ano passado, a polícia deflagrou a
primeira fase da operação envolvendo a Construservice, apontando suspeita de
esquema de fraude em licitação, desvio de recursos públicos e lavagem de
recursos advindos de verbas federais em contratos com a Codevasf. A apuração
envolvia contratos em cinco municípios do Maranhão.
Na época, o sócio oculto da empresa, Eduardo José
Barros Costa, conhecido como Eduardo DP ou Eduardo Imperador, foi preso. Ele é
amigo de Juscelino e frequenta a fazenda do ministro em Vitorino Freire.
Meses depois, em outubro, a PF deflagrou a segunda
fase da operação, momento em que apontou que um ex-gerente da companhia no
Maranhão teria recebido R$ 250 mil de propina da Construservice. Julimar Alves
da Silva Filho foi o responsável por um parecer que permitiu um convênio da
empresa com a Prefeitura de Vitorino para a execução de uma obra que beneficiou
a fazenda de Juscelino Filho na cidade.
Mesmo com as duas operações, a Prefeitura de
Vitorino Freire, sob o comando de Luanna, renovou dois contratos com a empresa,
que somam R$ 8,9 milhões.
• Outro
lado
Em nota, a Construservice afirmou que “se encontra
à disposição das autoridades. “O inquérito policial ainda se encontra em fase
inicial e que tudo o que nele se contém é fruto apenas de alegados indícios
sobre os quais nem sequer foi ouvida anteriormente, confiando que, doravante,
com a apresentação de suas razões e juntada de documentos no referido
procedimento, demonstrará a improcedência das acusações”, pontuou.
A Codevasf, por sua vez, alegou que “colabora com o
trabalho das autoridades desde a primeira fase da operação”.
“No âmbito de apurações internas relacionadas às
operações, a Codevasf demitiu um funcionário no mês de agosto após a conclusão
de processo conduzido por sua Corregedoria. A Companhia mantém compromisso com
a elucidação dos fatos e com a integridade de suas ações — e continuará a
prover suporte integral ao trabalho das autoridades policiais e da Justiça”,
pontuou.
Fonte: IstoÉ/Metrópoles/Fórum
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