Algas marinhas são nutritivas e podem ajudar a salvar o mundo
As algas marinhas podem ser o maior recurso
inexplorado que temos neste planeta.
Pode ser um alimento nutritivo, uma alternativa ao
plástico, restaurar os nossos oceanos e até ajudar a combater as alterações
climáticas. Mas embora existam 12 mil tipos diferentes de algas marinhas,
sabemos cultivar menos de 30.
• Fonte
de alimento sustentável
Atualmente, os nossos sistemas alimentares baseados
em terra contribuem para o aquecimento global e para a perda de biodiversidade,
com mais de 800 milhões de pessoas passando fome.
Entretanto, os oceanos cobrem mais de dois terços
do nosso planeta, mas contribuem com menos de 3% do total de calorias dos
nossos alimentos, de acordo com algumas estimativas.
Podemos mudar esse paradigma incentivando o cultivo
de algas marinhas. As algas marinhas têm um crescimento super rápido, não precisam
de terra, nem de pesticidas e não precisam ser regadas. Além disso, são
repletas de proteínas, nutrientes, fibras, vitaminas e minerais.
Algas secas retêm seus nutrientes. Um produto
nutritivo com um longo prazo de validade e sem necessidade de armazenamento
refrigerado no seu percurso até ao consumidor é uma boa notícia, tanto para as
economias emergentes, onde a refrigeração durante o transporte nem sempre está
disponível, como para o nosso clima, porque permite poupar nas emissões de
carbono que vêm de manter produtos perecíveis frescos.
Mas, apesar do seu enorme potencial, o cultivo de
algas marinhas está atualmente limitado à Ásia, responsável por 98% dos 35
milhões de toneladas métricas de algas marinhas vendidas em todo o mundo.
Se quisermos estabelecer um mercado resiliente de
algas marinhas noutro local, o mundo precisa de adotá-las como alimento.
Existe um enorme potencial para o seu cultivo.
Globalmente, as algas marinhas poderiam ser cultivadas numa área oceânica quase
do tamanho da Austrália e fornecer alimentos suficientes para 10% da dieta
humana até 2050, de acordo com um estudo liderado pela Universidade de
Queensland, na Austrália.
Mas mesmo quando os humanos não as comem, as algas
marinhas têm outros benefícios para a produção de alimentos: podem ser usadas
como bioestimulante natural para plantas que podem substituir fertilizantes, e
como alimento para animais, com algumas pesquisas sugerindo que podem reduzir a
quantidade de metano que aquece o planeta emitido pelo gado.
• Uma
solução verde
Além da produção de alimentos, as algas marinhas
oferecem uma série de outros benefícios ambientais.
Elas têm sido usado para criar alternativas às
embalagens plásticas que são biodegradáveis e compostáveis, e até comestíveis.
Algumas empresas as utilizam como têxtil
alternativo ao algodão, uma planta que utiliza enormes quantidades de terra,
água e pesticidas.
As algas também têm potencial como solução
escalável e baseada na natureza para combater as alterações climáticas.
À medida que crescem, as algas marinhas absorvem
dióxido de carbono – e podem crescer a um ritmo surpreendente. As algas
gigantes podem crescer até 50 centímetros por dia, atingindo cerca de 60
metros.
Estudos indicam o potencial das algas marinhas como
armazenamento de carbono e, embora seja necessário mais, um levantamento aponta
que os habitats de algas marinhas são considerados os mais produtivos de todos
os ecossistemas com vegetação costeira, além de sugerir que as algas marinhas
do mundo sequestram tanto carbono como todas as pradarias de ervas marinhas,
pântanos salgados e manguezais do planeta combinados.
Além disso, as algas marinhas podem ajudar a
restaurar e regenerar os nossos oceanos.
Elas absorvem poluentes como metais pesados e
nitratos e estimulam a biodiversidade nos nossos oceanos, fornecendo um habitat
crítico para a vida marinha e um local para criaturas mais pequenas escaparem
aos predadores.
• Sob
ameaça
Mas no momento em que reconhecemos o seu potencial
inexplorado, as algas marinhas estão se tornando cada vez mais vulneráveis.
A Califórnia, a Noruega e a Tasmânia perderam mais
de 80% das suas algas nos últimos anos, como resultado das alterações
climáticas, da poluição e da pesca excessiva.
Precisamos urgentemente proteger, replantar e
cultivar estes ecossistemas ou eles desaparecerão.
Tenho três filhos e eles precisam ouvir soluções
para os problemas ambientais que o nosso planeta enfrenta. As algas marinhas
podem ser uma delas.
Se aprendermos a cultivar o nosso oceano de forma
sustentável, poderemos contribuir para alimentar toda a população mundial, ao
mesmo tempo que mitigamos as alterações climáticas e restauramos a
biodiversidade.
Mas isso só pode ser feito juntos. Então, se você
acha que as algas marinhas são viscosas, fedorentas e pouco atraentes, é hora
de pensar novamente. Faz parte do nosso futuro.
Fonte: CNN Brasil
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