Europa despeja no
Brasil mais de 6.000 toneladas de agrotóxicos que matam abelhas em apenas um
ano
Cerca
de 6.300 toneladas de agrotóxicos que comprovadamente matam abelhas foram
enviados pela Europa ao Brasil somente em 2021. Os dados foram obtidos pela
organização suíça Public Eye e pela agência de jornalismo Unearthed.
Apesar
de serem produzidos na Europa, produtos à base de neonicotinóides têm seu uso
proibido na União Europeia desde 2018, justamente pelos impactos às abelhas,
essenciais à reprodução de diversas espécies de plantas.
A
partir de informações da Agência Europeia dos Produtos Químicos (Echa), a
investigação mapeou os destinos de agrotóxicos compostos por tiametoxam,
clotianidina e imidacloprido, letais para os insetos.
Em
2021, as fabricantes europeias exportaram 13,2 mil toneladas dessas substâncias
para 78 países. O Brasil foi o principal destino, com 6.272 toneladas (ou 47%
do total).
Quase
todas as compras brasileiras se referem a compostos de tiametoxam, fabricado
pela multinacional de origem suíça Syngenta, com 6.269 toneladas. O restante
dos agrotóxicos eram da marca alemã Bayer.
• Como os agrotóxicos matam as abelhas
Alguns
agrotóxicos atingem o sistema nervoso central das abelhas, fazendo com que
fiquem desorientadas. Trazem ainda sequelas ao seu sistema de aprendizagem,
digestão e imunológico, em muitos casos levando à morte.
“Os
neonicotinoides [como o tiametoxam] e o fipronil são os inseticidas mais
utilizados na agricultura do Brasil e são muito prejudiciais às abelhas. Não
importa a dose”, explica Genna Sousa, pesquisadora e especialista em abelhas
sem ferrão.
Segundo
ela, aquelas que não morrem pelo caminho acabam infectando outras na colônia, o
que pode levar à morte de todo o enxame.
Estudo
recente da Unesp de Rio Claro (disponível aqui), da UFSCar e da Unicamp revela
que três tipos de abelhas nativas do Brasil, entre elas a jataí, são ainda mais
sensíveis ao tiametoxam do que a espécie com ferrão, muito comum na Europa e
adotada como modelo para os testes internacionais.
O
Ibama está reavaliando a autorização do uso do tiametoxam e da clotianidina no
país desde 2014. Em agosto do ano passado, a 9ª Vara Federal de Porto Alegre
estabeleceu um prazo de seis meses para a conclusão do processo. Porém, o Ibama
não respeitou o prazo e ainda não há previsão para o encerramento do processo.
Já
o terceiro agrotóxico proibido na Europa e vendido para o Brasil, o
imidacloprido, teve sua reavaliação concluída em março de 2021 e não foi
proibido pelo Ibama. Na ocasião, o órgão federal ambiental emitiu um comunicado
com medidas para diminuir os riscos aos insetos polinizadores.
Osmar
Malaspina, professor do Instituto de Biociência da Unesp de Rio Claro, discorda
da decisão do Ibama. “Com as bases científicas que existem, seria um agrotóxico
que deveria ser retirado do mercado”, explica Malaspina. “Contudo, por ser um
produto eficiente para o controle de ‘n’ pragas e não ter uma correlação com a
saúde humana, mesmo sendo tóxico, é mais difícil tirá-lo”, complementa o
professor.
• Galinha dos ovos de ouro
O
primeiro neonicotinóide introduzido no mercado mundial foi o imidacloprido.
Lançado em 1996 pela Bayer, ele foi seguido rapidamente pelo tiametoxam, da
Syngenta.
Embora
fabricantes de genéricos também produzam neonicotinóides, as multinacionais
suíça e alemã seguem há anos como líderes de mercado.
“Se
ele tem uma venda boa, a empresa não tem interesse em tirar o produto do
mercado. Ela pode até ter um substituto que seja um pouco menos tóxico, mas se
a venda é muito alta, ela não vai matar um produto que é a galinha dos ovos de
ouro”, afirma Osmar Malaspina.
De
acordo com os dados coletados pela Public Eye e pela Unearthed, das 17 empresas
europeias que mais exportaram, a Syngenta foi a que mais carregou navios com
destino ao Brasil.
Cerca
de 10,4 mil toneladas (79% do total) de agrotóxicos da companhia deixaram
portos da Bélgica, Espanha, França, Alemanha, Áustria, Grécia e Hungria. A
investigação aponta que a fatia de mercado da empresa pode ser ainda maior, já
que o segundo maior exportador em 2021 foi um operador de depósito de
mercadorias perigosas em um porto holandês, que armazenava cargas da Syngenta.
O
produto mais vendido pela Syngenta no país, o Engeo Pleno S, costuma ser
utilizado nas lavouras de soja e é feito à base da mistura do neonicotinóide
tiametoxam e do inseticida lambda-cialotrina, ambos altamente tóxicos para as
abelhas.
De
acordo com a Agência Europeia dos Produtos Químicos, o tiametoxam também é
suspeito de causar problemas para o sistema reprodutivo e para o
desenvolvimento de fetos humanos.
Em
fevereiro deste ano, o parlamento europeu aprovou uma lei que, a partir de
março de 2026, irá praticamente banir a importação de alimentos e rações
animais com tiametoxam e clotianidina – o que pode afetar diretamente os
produtores brasileiros.
“A
preservação da população de polinizadores apenas dentro da União Europeia seria
insuficiente para reverter o declínio mundial das populações de polinizadores e
os seus efeitos na biodiversidade, na produção agrícola e na segurança
alimentar também dentro da União”, considerou a comissão no texto aprovado.
Procurada,
a Syngenta disse que seus produtos “estão entre os mais regulamentados do
mundo”, “são seguros quando utilizados de acordo com as especificações
descritas em bulas e receituários agronômicos” e “desempenham um papel
essencial na produção de alimentos de qualidade, seguros e sustentáveis”.
Já
a Bayer afirmou que seus produtos são seguros e que não comentaria sobre a
clotianidina, por estar “fora de seu portfólio no Brasil”.
>>>>
Íntegra das respostas da Syngenta e Bayer
A
Syngenta investe em pesquisa e desenvolvimento de soluções agrícolas inovadoras
e baseadas em ciência. A utilização de nossos produtos é regida por
determinações de órgãos reguladores de todo o mundo para garantir a máxima
segurança para agricultores, consumidores e meio ambiente; e varia naturalmente
de país para país, dependendo de fatores como os tipos de culturas em que serão
aplicados, tipos de pragas e doenças que controlam, composição do solo e
condições climáticas locais, entre outros. Nossos produtos estão entre os mais
regulamentados do mundo e são seguros quando utilizados de acordo com as
especificações descritas em bulas e receituários agronômicos. Além disso,
desempenham um papel essencial na produção de alimentos de qualidade, seguros e
sustentáveis. No que se refere à relação entre a aplicação de produtos de
proteção de cultivos e o cuidado com insetos polinizadores, incluindo as
abelhas, a Syngenta investe em diversos programas e iniciativas que fomentam a
coexistência entre agricultura e apicultura. Entre eles, cabe destacar no
Brasil o Projeto de Coexistência Converge/GeoApis que tem como base uma solução
digital, para viabilizar essa coexistência harmônica e sustentável. A
plataforma conecta agricultores e apicultores, mitigando conflitos de
relacionamento nas áreas agrícolas, gerando valor compartilhado e ajudando na
conservação das abelhas. A iniciativa tem como referência o Protocolo de
Coexistência, celebrado entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo (SAA), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Organização
de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) e a Syngenta. Cabe
adicionar que entre os princípios ativos dos defensivos agrícolas envolvidos em
programas como este, está o Tiametoxam. A Usina Colombo é cliente Syngenta e
inclusive parceira da empresa no Projeto de Coexistência descrito
anteriormente. Bayer Agricultores de todo o mundo têm necessidades diferentes
quando se trata de proteger suas plantações de pragas e doenças. Alguns
pesticidas não registrados na EU, por exemplo, podem ser necessários em países
fora da região para diferentes culturas ou pragas não existentes na UE. Por
exemplo, os climas tropicais e subtropicais tendem a ter alta pressão de pragas
e doenças devido à combinação de calor e umidade que resultam em diferentes
plantas daninhas, pragas e fungos. Outros países têm suas próprias estruturas
regulatórias para avaliar os riscos dos pesticidas e seu uso, inclusive sobre o
meio ambiente. No Brasil, MAPA, Anvisa e Ibama avaliam criteriosamente o risco
dos pesticidas, e a Bayer segue à risca todas as determinações dos órgãos
reguladores. O Imidacloprido é uma ferramenta importante e segura para à saúde
humana, animal e ao meio ambiente de acordo com as recomendações aprovadas
pelas autoridades brasileiras em bula. Quanto à clotianidina, a companhia não
comenta produtos que estão fora de seu portfólio no Brasil. A Bayer é uma
empresa focada em pesquisa e inovação e está constantemente buscando soluções
complementares para seus clientes.
• Syngenta
A
Syngenta investe em pesquisa e desenvolvimento de soluções agrícolas inovadoras
e baseadas em ciência. A utilização de nossos produtos é regida por
determinações de órgãos reguladores de todo o mundo para garantir a máxima
segurança para agricultores, consumidores e meio ambiente; e varia naturalmente
de país para país, dependendo de fatores como os tipos de culturas em que serão
aplicados, tipos de pragas e doenças que controlam, composição do solo e condições
climáticas locais, entre outros. Nossos produtos estão entre os mais
regulamentados do mundo e são seguros quando utilizados de acordo com as
especificações descritas em bulas e receituários agronômicos. Além disso,
desempenham um papel essencial na produção de alimentos de qualidade, seguros e
sustentáveis.
No
que se refere à relação entre a aplicação de produtos de proteção de cultivos e
o cuidado com insetos polinizadores, incluindo as abelhas, a Syngenta investe
em diversos programas e iniciativas que fomentam a coexistência entre
agricultura e apicultura. Entre eles, cabe destacar no Brasil o Projeto de
Coexistência Converge/GeoApis que tem como base uma solução digital, para
viabilizar essa coexistência harmônica e sustentável. A plataforma conecta agricultores
e apicultores, mitigando conflitos de relacionamento nas áreas agrícolas,
gerando valor compartilhado e ajudando na conservação das abelhas. A iniciativa
tem como referência o Protocolo de Coexistência, celebrado entre a Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), União da Indústria
de Cana-de-Açúcar (UNICA), Organização de Associações de Produtores de Cana do
Brasil (ORPLANA) e a Syngenta. Cabe adicionar que entre os princípios ativos
dos defensivos agrícolas envolvidos em programas como este, está o Tiametoxam.
A Usina Colombo é cliente Syngenta e inclusive parceira da empresa no Projeto
de Coexistência descrito anteriormente.
• Bayer
Agricultores
de todo o mundo têm necessidades diferentes quando se trata de proteger suas
plantações de pragas e doenças. Alguns pesticidas não registrados na EU, por
exemplo, podem ser necessários em países fora da região para diferentes
culturas ou pragas não existentes na UE. Por exemplo, os climas tropicais e
subtropicais tendem a ter alta pressão de pragas e doenças devido à combinação
de calor e umidade que resultam em diferentes plantas daninhas, pragas e
fungos.
Outros
países têm suas próprias estruturas regulatórias para avaliar os riscos dos
pesticidas e seu uso, inclusive sobre o meio ambiente. No Brasil, MAPA, Anvisa
e Ibama avaliam criteriosamente o risco dos pesticidas, e a Bayer segue à risca
todas as determinações dos órgãos reguladores.
O
Imidacloprido é uma ferramenta importante e segura para à saúde humana, animal
e ao meio ambiente de acordo com as recomendações aprovadas pelas autoridades
brasileiras em bula. Quanto à clotianidina, a companhia não comenta produtos
que estão fora de seu portfólio no Brasil.
A
Bayer é uma empresa focada em pesquisa e inovação e está constantemente
buscando soluções complementares para seus clientes.
Produção industrial de alimentos inunda o
mundo com 80% a mais de agrotóxicos
A
aplicação de agentes químicos na agricultura cresceu exponencialmente, a partir
dos anos 1990, principalmente na América do Sul, onde há menos regulamentação,
e graças a um mercado controlado por um punhado de grandes corporações, que
também monopolizam a venda global de sementes.
A
reportagem é de Raúl Rejón, publicada por El Diario, 18-04-2023. A tradução é
do Cepat.
Há
50 anos, a bióloga Rachel Carson alertou o mundo sobre como o uso intensivo de
agrotóxicos estava envenenando os ecossistemas. Seu livro Primavera Silenciosa
descrevia a destruição ecológica que produtos como o então generalizado DDT
provocavam.
Meio
século depois, a aplicação de agentes químicos no controle de pragas agrícolas
está mais forte do que nunca. Os produtos são diferentes dos estudados por
Carson, com efeitos menos agudos, mas despejados em grandes quantidades: o
volume de agrotóxicos aumentou 80%, desde 1990, segundo uma pesquisa de Amigos
da Terra e a Fundação Heinrich-Böll-Stiftung.
“Atualmente,
o consumo mundial de agrotóxicos é de quatro milhões de toneladas”, avalia este
trabalho. Metade deles são herbicidas, um terço são inseticidas e 17% são
usados contra fungos.
A
América do Sul é onde mais são aplicados: cerca de 770.000 toneladas, em 2020,
119% a mais do que no início do século XXI. Na América Central, foram mais de
90.000 (+36%). Na Ásia, foram aplicadas outras 658.000 toneladas (um aumento de
7,7%).
O
volume utilizado na África também cresceu muito. Em 2020, registrou-se 105.000
toneladas, um salto de 67%. Na América do Norte, foram utilizadas 486.000
toneladas (+1,8%) e na Europa 468.000 toneladas (uma redução mínima de 0,2%).
Este
Atlas dos agrotóxicos explica que embora esses produtos “tenham sido
desenvolvidos para evitar perdas de safras - que, ao longo da história,
causaram fome -, também geram problemas”. Entre os agrotóxicos mais vendidos,
estão glifosato, paraquat, atrazina e neonicotinoides.
Em
2007, a ONU calculava que, naquele momento, já havia uma produção de alimentos
suficientes para alimentar 12 bilhões de pessoas. “A produção de grãos
duplicou, entre 1960 e 2000, mas a um custo alto”. Em 2019, a organização
calculava que mais de 800 milhões de pessoas passavam fome, “apesar de o mundo
desperdiçar mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos por ano”.
• Veneno para a biodiversidade
Entre
esses problemas, o holocausto de insetos que se espalha por todo o planeta é um
dos mais destacados. O colapso das abelhas e sua relação com os agrotóxicos
neonicotinoides também já estão comprovados. Tanto que a União Europeia proibiu
tais produtos ao ar livre. O mesmo não ocorre em outras partes do planeta.
De
fato, as populações de insetos voadores entraram em colapso. Em pouco mais de
25 anos, diminuíram 75%, segundo um grupo de pesquisadores alemães (e isso na
revisão de áreas protegidas). Muitas espécies de insetos são, simplesmente,
essenciais para os seres humanos. Entre seus serviços estão a polinização de
cultivos, a reciclagem de nutrientes e o próprio controle de pragas.
Os
grãos não requerem a polinização por insetos, mas frutas e legumes, sim. São
dois tipos de produtos que constituem um ponto forte da produção agrícola
espanhola. As amendoeiras da Califórnia (80% do mundo) precisam alugar colmeias
de abelhas que viajam centenas de quilômetros para polinizar suas árvores. Na
China, frente ao desaparecimento dos insetos, os agricultores precisam fazer
esse trabalho manualmente.
Além
disso, na Espanha, a intensificação da agricultura que acarreta um elevado
consumo de agrotóxicos também tem sido associada ao declínio das espécies de
aves estepárias.
• Saúde humana
O
trabalho dessas organizações explica que a quantidade de agrotóxicos usados
levou ao “aumento das intoxicações em todo o mundo, especialmente no Sul
Global”. E calculam que 385 milhões de pessoas sofrem alguma intoxicação por
esse motivo. Sobretudo, os trabalhadores agrícolas que, devido à precariedade,
não têm capacidade para se protegerem, seja por ignorarem as condições de utilização
segura dos produtos, seja por não terem acesso aos equipamentos necessários.
Na
Europa, uma compilação de dados publicada no ano passado mostrava que um em
cada três cidadãos apresentava vestígios de agrotóxicos em seu cabelo.
Ciente
do problema, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO) mantém um código de boas práticas para diminuir “os riscos dos
agrotóxicos, com o objetivo de reduzir ao mínimo os efeitos adversos para os
seres humanos, animais e meio ambiente”. O código, isso sim, é “de caráter
voluntário”.
• Negócio crescente e em poucas mãos
O
uso em massa desses produtos gerou um mercado muito grande. “Em 2023, espera-se
que o valor total chegue a quase 130,7 bilhões de dólares”, diz o Atlas.
Segundo a pesquisa, o setor quase dobrou, nas últimas duas décadas.
Na
liderança do negócio, está a União Europeia, a principal exportadora de
agrotóxicos, apesar de ter restringido sua aplicação em solo próprio. Além
disso, a partir da União Europeia, são produzidos e vendidos compostos químicos
para o exterior, cujo uso interno foi proibido devido aos seus efeitos tóxicos.
“Em 2019, os países da União Europeia e a Grã-Bretanha aprovaram a exportação
de 140.908 toneladas de agrotóxicos” vetados na Europa, calcula o trabalho.
Nesta
categoria, os principais países exportadores foram o Reino Unido, a Alemanha e
a Espanha. O principal receptor de agrotóxicos com princípios ativos
inaceitáveis nos campos europeus foi o Brasil, seguido pela Ucrânia e África do
Sul. “No Sul global, as regulamentações para o uso de agrotóxicos são menos
rígidas”, analisa o Atlas.
O
mercado de agrotóxicos está monopolizado em poucas mãos: quatro grandes
empresas – Bayer, Syngenta, Basf e Coterva – controlam 70%. “Há 25 anos,
controlavam apenas 29%”, lembra a análise para ilustrar a concentração do
setor. Esses gigantes também dominam o mercado de venda de sementes agrícolas:
controlam 57% do mercado, 25 anos atrás, era 21%.
Fonte:
Reporter Brasil/El Diário – Tradução do Cepat, para IHU
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