quarta-feira, 3 de maio de 2023

Delegado que monitora ameaças a escolas vive entre a perturbação e o alívio

Na rotina do delegado Alesandro Barreto, 49, há momentos de vibração —por ter ajudado a "salvar vidas" após ações que desarticularam possíveis ataques— e de tensão —com o monitoramento constante nas redes sociais, em busca de ameaças às escolas.

Barreto, que é delegado há 23 anos, coordena o Ciberlab (Laboratório de Operações Cibernéticas) dentro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O laboratório apoia as polícias estaduais na investigação de crimes cibernéticos, de extorsão à exploração sexual.

O trabalho da equipe se ampliou devido à onda de violência nas escolas, com as redes sociais sendo usadas para incitar discurso de ódio. Como parte da Operação Escola Segura, de combate aos atentados, o Ciberlab monitora publicações na internet e repassa os achados às polícias civis estaduais para prevenir novas ocorrências.

Nas últimas duas semanas, a operação ajudou a prender ou apreender 357 envolvidos em ameaças ou ataques às instituições de ensino, o que leva algum alívio a Barreto e sua equipe.

Com a rotina de trabalho intensa, o delegado não guarda elogios ao falar sobre o grupo, a quem chama de "heróis anônimos". Ele diz que os policiais precisam estar atentos a uma enxurrada de conteúdos online, o que, muitas vezes, exige turnos extra.

"Uma postagem extremista, carregada de conteúdo de ódio, não ocorre em momentos predeterminados, mas, sim, a qualquer hora. A maioria dos policiais trabalha mesmo em momentos de descanso."

O delegado dedicou a carreira à tecnologia e segurança pública. Por 11 anos, foi diretor de inteligência da Secretaria de Segurança do Piauí e, depois, trabalhou com inteligência de dados na Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, em 2016.

A experiência o levou à coordenação do Ciberlab em 2017, ano de fundação do laboratório. O delegado, que é também professor de inteligência de segurança pública na Academia de Polícia Civil, diz que a equipe está sempre aprendendo sobre diferentes contextos da internet, em que mudanças são frequentes.

Segundo Barreto, detalhes como a metodologia de monitoramento e os envolvidos nos atentados não devem ser divulgados para garantir a segurança da investigação.

"As técnicas jamais podem ser expostas, porque os criminosos também acompanham as notícias. Alguns deles querem aparecer, e não podemos dar notoriedade."

Ele afirma que a parte mais difícil do trabalho é lidar com o material gráfico de violência, particularmente nas investigações sobre abuso sexual. Nesses casos, mesmo os profissionais mais experientes atuam por tempo limitado por estarem expostos a um conteúdo que o delegado descreve como perturbador.

"Os policiais, que também são pais e mães, veem coisas horríveis, das piores que já vi na vida. Mas, quando identificam os criminosos, crianças são protegidas."

O laboratório conta com uma equipe de profissionais especializados no universo virtual, que entendem desde o funcionamento de aplicativos até as políticas de privacidade e termos de uso das redes sociais.

Durante a operação nas escolas, a relação do governo com essas plataformas ficou estremecida. Segundo Barreto, a cooperação das big techs melhorou ao longo do mês, mas ainda pode crescer. A maior preocupação é com a moderação de conteúdo, já que algumas das redes alegam estar obedecendo às suas políticas de uso ao permitir que o usuário reproduza a violência.

"A pessoa não pode ter a foto de perfil de um criminoso e achar que isso é liberdade de expressão. Há empresas que dizem que o termo de uso é mais importante do que qualquer coisa, mas não é. As vidas precisam ser protegidas", afirma.

Em reunião realizada pelo Ministério da Justiça no início de abril, o Twitter se recusou a excluir conteúdo com apologia da violência nas escolas, mas passou a colaborar com o governo pouco depois, de acordo com o ministro Flávio Dino.

Na última quarta-feira (26), a Justiça Federal suspendeu o uso do Telegram no Brasil. A decisão foi motivada pela falta de colaboração da empresa com as investigações sobre ataques às escolas, uma vez que o Telegram não atendeu aos pedidos da Polícia Federal de entregar informações sobre conteúdo de apologia da violência.

Além do trabalho de entidades federais e empresas, o delegado Alesandro Barreto defende o papel da educação familiar em conscientizar sobre os perigos da internet. Isso porque crianças e adolescentes têm sido alvo de grupos extremistas, provocando violência nas escolas.

"Em alguns casos, os pais só descobrem o que os filhos estavam fazendo na internet depois do cumprimento de um mandato de busca e apreensão. Conversar com as crianças sobre o que elas fazem na internet pode ajudar a antecipar sinais e entender que é um problema", declara.

Mesmo fora do laboratório, o delegado dedica parte do tempo para alertar sobre crimes cibernéticos. Nas redes sociais, ele auxilia usuários que foram hackeados a recuperarem a conta e dá dicas sobre como se proteger contra golpes online.

"Quando for bom demais para ser verdade, desconfie. Infelizmente, as pessoas são enganadas porque acreditam muito [no que recebem]. Mas o melhor remédio é a informação."

 

Ø  Mochilas colocadas no gramado do Congresso lembram de mortes em escolas

 

Mochilas vazias foram colocadas no gramado do Congresso Nacional nesta terça-feira (2) como lembrança das crianças vítimas de violência nas escolas.

As 35 mochilas foram posicionadas em homenagem a esse número de crianças mortas nos últimos dez anos. A iniciativa é da ONG Avaaz.

Elas foram colocadas no gramado no mesmo dia que está prevista a votação do PL das fake news. Nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversará com líderes dos partidos para decidir.

SECOM DIZ QUE REDES 'ATROPELAM' DISCUSSÃO DO PL DAS FAKE NEWS

O órgão do governo acusou as redes sociais de usaram a base de dados delas para um debate que já é feito no Congresso. "É grave que plataformas, como o Google, usem sua base de dados para atropelar uma discussão que deve ser feita com a sociedade e já está sendo feito pelo Congresso Nacional acerca do PL 2630", disse a Secom.

O comentário foi feito pela secretaria em uma publicação no próprio Twitter, que é um dos afetados pelo PL das fake news. "Agora, não se discute o conteúdo do projeto, mas que essas plataformas queiram monetizar em cima de conteúdos graves, como a apologia à violência, sem serem corresponsáveis por isso."

GOOGLE DIVULGA TEXTO COM CRÍTICAS AO PROJETO

A plataforma colocou um link para o texto na página inicial de busca. O título dele diz que a proposta "pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil"

Flávio Dino pediu apuração de possível prática abusiva das big techs. O ministro afirmou ontem que acionaria a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, por campanha contra o projeto de lei.

O Google diz que o PL das fake news "acaba protegendo quem produz desinformação". Para a plataforma, isso acaba "resultando na criação de mais desinformação" e "coloca em risco o acesso e a distribuição gratuita de conteúdo na internet".

 

       Professora expulsa de avião da Gol relata trauma: "Fiquei abalada"

 

A professora Samantha Vitena, que foi expulsa de voo da Gol, disse que o episódio a afetou bastante e que ainda está tentando digerir tudo que aconteceu.

“Os testemunhos e vídeos têm me ajudado a entender. Fiquei bastante abalada, mas tenho recebido todo suporte e bastante apoio. Ainda não consegui responder todas as mensagens. ”, declarou ela, em entrevista ao Encontro, nesta segunda-feira, 01.

Durante a entrevista, a professora relatou como foi a discussão com o comissário. Segundo ela, o funcionário da Gol pediu para que sua mochila fosse despachada. A passageira disse que não poderia por causa do computador que estava no local. Após isso, o comissário insistiu para que a professora despachasse a mochila. Samantha, então, se levantou e com a ajuda de outro passageiro arrumou um espaço adequado para sua mala.

Em seguida, a professora sentou na cadeira e aguardou o avião - que já estava com o voo atrasado - decolar. Porém, foi abordada pelos policiais, que informaram que caso ela não deixasse a aeronave estaria cometendo um crime.

“Quando ele falou do crime, levantei para me retirar e falei para os demais passageiros. Perguntei se eu fiz alguma coisa que me tirasse do avião e as pessoas falavam que eu não tinha feito nada”, contou ao programa da Globo.

Na delegacia, Samantha Vitena teve que assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por resistência, o que ela afirma não ter entendido, visto que obedeceu as ordens dos policiais e se retirou.

Ainda digerindo a situação e com assistência jurídica, ela avalia como poderá recorrer. “Espero que isso não volte acontecer, essa história não é só sobre mim, é sobre todas as pessoas que passaram e passam por esse tipo de situação. Espero que essas pessoas sejam responsabilizadas e isso não volte acontecer”.

•        Ministérios pedem apuração de crimes em retirada de mulher de voo

Os ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e da Cidadania enviaram solicitações ao Ministério Público Federal e para a Polícia Federal no sentido de que sejam apurados os crimes que podem ter sido cometidos na retirada de uma passageira de um voo na madrugada de sábado (29), em Salvador (BA). Em vídeos divulgados nas redes sociais, policiais federais retiram a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Samantha Vitena, uma mulher negra, de um avião da Gol durante uma discussão a respeito do despacho de uma mala.

•        Racismo

Os ministérios afirmam que receberam com “indignação” as notícias da situação ocorrida no voo que tinha como destino o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. “Notificamos a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para adoção de todas as medidas cabíveis no sentido de prevenir, coibir e colaborar com a apuração de casos de racismo praticados por agentes de empresas aéreas, aprimorando seus mecanismos de fiscalização”, diz publicação das pastas divulgada no Twitter.

No vídeo, um dos policiais argumenta que a decisão foi tomada por determinação do comandante da aeronave. Também é possível ver o apoio que Samantha teve de outros passageiros. Em sua página no Instagram, a jornalista Elaine Hazin, que estava no mesmo avião que levava Samantha, classifica o episódio como “um caso extremamente violento de racismo”. Segundo ela, os passageiros embarcaram no voo 1575 da Gol Linhas Aéreas com uma hora de atraso e a mulher não conseguia lugar para guardar a mochila, que continha um laptop.

“Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e, nem mesmo assim, o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da companhia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a ‘ameaça’ do voo – a Samantha. Ela se defende, mas não reage. Alguns pedem para ela não ir (na maioria mulheres),” disse Elaine.

“Esta história não termina aqui, queremos justiça e respeito para todos, queremos que a Gol, este comandante e a tripulação paguem por este crime e os policiais também respondam por tamanha violência”, concluiu a jornalista no post.

•        Nota da Gol

Em nota, a Gol Linhas Aéreas informou que, durante o embarque do voo 1575 com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, havia muitas bagagens a serem acomodadas a bordo. “Muito clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”, argumentou a empresa.

“Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a Gol e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso."

•        Polícia Federal

A superintendência da Polícia Federal na Bahia informou que instaurou, neste domingo (30), inquérito policial para apurar crimes de preconceito racial na retirada "compulsória" da passageira do voo Gol 1575. Segundo a corporação, a investigação permanece em sigilo até a conclusão.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato como o Ministério Público Federal, na Bahia, e aguarda resposta sobre o posicionamento a respeito do caso.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que quando toma conhecimento de "qualquer indício de práticas racistas", encaminha o caso para apuração de autoridades competentes. A agência reforçou que "repudia qualquer tipo de discriminação" e irá colaborar com as investigações do caso.

 

       Três PMs são presos por estupro de jovem de 18 anos dentro de uma viatura em Saquarema, no Rio

 

A Corregedoria da Polícia Militar (CGPM) do Rio prendeu na manhã desta segunda-feira, 1º de maio, três PMs suspeitos do estupro de uma jovem de 18 anos, em Saquarema, na Região dos Lagos. Um quarto policial militar envolvido no caso ainda está sendo procurado. O estupro aconteceu dentro de uma viatura.

O crime aconteceu na semana passada e, segundo a corregedoria, as investigações começaram na sexta-feira, 28, após a vítima registrar o caso na 118ª DP, em Araruama. Segundo o relato da jovem, ela e uma amiga foram abordadas pelos policiais por suspeita de estarem com drogas. As duas foram colocadas na viatura e levadas a um local deserto, onde ocorreu o estupro.

Logo após a denúncia, a corregedoria iniciou uma investigação interna e chegou aos nomes dos quatro policiais. Segundo o órgão, além do depoimento da jovem e do laudo da perícia que constatou lesões compatíveis a um estupro, os investigadores analisaram imagens de câmeras de segurança, o GPS da viatura envolvida e a escala dos agentes.

O crime aconteceu na semana passada e, segundo a corregedoria, as investigações começaram na sexta-feira, 28, após a vítima registrar o caso na 118ª DP, em Araruama. Foto: Google Street View/Reprodução© Fornecido por Estadão

Segundo a Polícia Militar, os acusados estavam a serviço do Proeis, um programa de reforço de segurança na cidade de Saquarema. Dois deles estavam na viatura onde aconteceu o crime, e outros dois estavam em um outro carro, que acompanhou todo o caso.

Ainda de acordo com a PM, a vítima reconheceu apenas um dos homens como responsável pelo estupro, mas os outros três foram indiciados pelo crime porque estavam no local e nada fizeram.

 

Fonte: FolhaPress/Terra/Agencia Brasil/Agencia Estado

 

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