Mortes por câncer devem aumentar em 90% até
2050, diz estudo
Um estudo publicado na
terça-feira (5) projeta que as mortes por câncer terão um aumento de 89,7% até
2050, em comparação com 2022. Além disso, os casos da doença também devem
crescer 76,6% nas próximas décadas em relação ao mesmo período. As projeções
foram publicadas no jornal JAMA Network Open.
O trabalho avaliou
dados populacionais de 2022 em 185 países e territórios obtidos por meio do
banco de dados do Global Cancer Observatory. No total, foram analisados 36
tipos de câncer, e o conjunto de informações foi estratificado por sexo, idade,
país ou território, região e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O estudo descobriu
que, até 2050, o número total de casos de câncer deverá aumentar para 35,3
milhões — em 2022, esse número foi de 20 milhões. Além disso, a estimativa é de
que ocorram 18,5 milhões de mortes por câncer, em comparação com 9,7 milhões em
2022.
Além disso, o trabalho
sugere que o número de mortes poderá quase triplicar em países com baixo IDH
até 2050 (um aumento de 146,1%), em comparação com o aumento moderado em países
com IDH muito alto (um aumento de 56,8%). A mesma disparidade deve ocorrer em
relação à incidência da doença, com 142,1% de aumento nos países de baixo IDH,
em comparação com 41,7% de crescimento nos países de alto IDH.
Os homens tiveram uma
incidência maior e um número maior de mortes em 2022 do que as mulheres, com
essa disparidade projetada para aumentar em até 16% em 2050, segundo o estudo.
Play Video
<><>
Câncer de pulmão poderá ser a principal causa de câncer e de morte, diz estudo
Em 2050, projeta-se
que o câncer de pulmão seja a principal causa de câncer, respondendo por 13,1%
dos novos casos, e de mortes pela doença, respondendo por 19,2% dos óbitos.
Em seguida, o câncer
colorretal, de mama, de próstata, de pele não melanoma, de fígado, de estômago,
de bexiga, de tireoide e de pâncreas aparecem entre as principais causas para o
aumento da incidência. Em relação à morte, depois do câncer de pulmão, aparecem
o colorretal, fígado, estômago, mama, próstata, pâncreas, esôfago, colo de
útero e leucemia entre as principais causas.
“Neste estudo
transversal baseado em dados de 2022, as disparidades de câncer foram evidentes
em todo o IDH, regiões geográficas, idade e sexo, com maior ampliação projetada
até 2050. Essas descobertas sugerem que fortalecer o acesso e a qualidade dos
cuidados de saúde, incluindo a cobertura universal de seguro saúde, é
fundamental para fornecer prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer
baseados em evidências”, afirmam os autores no estudo.
• Estresse crônico acelera progressão do
câncer colorretal, sugere estudo
Uma nova pesquisa
mostra que o estresse crônico pode perturbar o equilíbrio da microbiota
intestinal e acelerar a progressão do câncer colorretal. O trabalho foi
apresentado no congresso da United European Gastrology (UEG Week), que
aconteceu neste mês em Viena, na Áustria.
Segundo o estudo, o
estresse crônico aumentou o crescimento do tumor e, além disso, reduziu as
bactérias intestinais benéficas, particularmente o gênero Lactobacillus,
essencial para uma resposta imunológica saudável contra o câncer.
O câncer colorretal,
também conhecido como câncer de intestino, abrange os tumores que se iniciam no
intestino grosso, chamado cólon, e no reto. No Brasil, são estimados 45.630
casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entre os principais
fatores de risco estão idade (igual ou acima dos 50 anos), sedentarismo,
sobrepeso e obesidade, alimentação pobre em frutas e outros alimentos que
contenham fibras.
De acordo com Qing Li,
autor principal do estudo, os pesquisadores utilizaram um coquetel de
antibióticos (vancomicina, ampicilina, neomicina e metronidazol) para erradicar
a microbiota intestinal, seguido de transplante de microbiota fecal. O objetivo
era investigar a relação entre a microbiota intestinal e o estresse crônico na
progressão do câncer colorretal.
“A progressão do
câncer colorretal relacionada ao estresse pode ser atribuída a uma redução nas
bactérias intestinais benéficas, pois isso enfraquece a resposta imunológica do
corpo contra o câncer. O Lactobacillus, sendo sensível à vancomicina e à ampicilina,
foi esgotado nos grupos de controle e estresse pelo coquetel de antibióticos.
Essa depleção destaca seu papel crucial na manutenção da saúde intestinal e sua
potencial associação com a progressão do CRC sob estresse crônico”, explica Li.
Para compreender como
as bactérias do gênero Lactobacillus influenciam nos níveis de células T CD8+ —
responsáveis por um papel importante na imunidade contra tumores no corpo — e
na progressão do câncer colorretal, os pesquisadores suplementaram camundongos
em estresse crônico com Lactobacillus. Eles observaram uma redução na formação
de tumores.
“Por meio da análise
fecal, descobrimos que o Lactobacillus plantarum (L. plantarum) regulava
especificamente o metabolismo do ácido biliar e aumentava a função das células
T CD8+. Isso indica como o Lactobacillus pode aumentar a imunidade
antitumoral”, explica Li.
As descobertas sugerem
que o potencial de terapias baseadas em Lactobacillus para o tratamento de
pacientes, especialmente os afetados pelo estresse crônico, pode ser promissor.
“Combinar medicamentos
antitumorais tradicionais com suplementação de L. plantarum pode ser uma
estratégia terapêutica viável para pacientes com CRC relacionado ao estresse”,
afirma Li.
Como próximos passos,
os pesquisadores planejam coletar amostras fecais e tumorais de pacientes com
câncer colorretal para analisar mudanças na microbiota intestinal entre
indivíduos com e sem estresse crônico.
“Nosso objetivo é
verificar se L. plantarum é significativamente reduzido em pacientes com CCR
estressados e explorar sua relação com células imunes antitumorais”, relata o
pesquisador.
• Estudo encontra 22 pesticidas ligados ao
câncer de próstata
Pesquisadores
norte-americanos encontraram 22 pesticidas consistentemente associados à
incidência de câncer de próstata nos Estados Unidos. Quatro deles também
estavam ligados à mortalidade pelo tumor. As descobertas foram publicadas no
periódico Cancer, revisado por pares da American Cancer Society, nesta
segunda-feira (4).
Para chegar às
conclusões, os pesquisadores avaliaram 295 pesticidas em condados dos Estados
Unidos e a possível associação com câncer de próstata. Eles usaram um período
de latência entre a exposição a essas substâncias e a incidência do tumor de 10
a 18 anos.
Os anos de 1997 a 2001
foram avaliados para uso de pesticidas e 2011 a 2015 para resultados de câncer
de próstata. Da mesma forma, 2002 a 2006 foram analisados para uso de
pesticidas e 2016 a 2020 para resultados.
Entre os 22 pesticidas
que mostraram associações diretas consistentes com a incidência de câncer de
próstata em ambas análises baseadas em tempo, três já tinham sido previamente
associados ao tumor — incluindo 2,4-D, um dos mais utilizados nos EUA e também
comum aqui no Brasil. Os outros 19 pesticidas identificados incluíam 10
herbicidas, vários fungicidas e inseticidas, e um fumigante de solo.
Quatro pesticidas
ligados à incidência de câncer de próstata também foram associados à
mortalidade pela doença: três herbicidas (trifluralina, cloransulam-metil e
diflufenzopir) e um inseticida (tiametoxam). O primeiro herbicida e o
inseticida têm seu uso também autorizado no Brasil. Deles, apenas a
trifluralina já é classificada como um “possível carcinógeno humano” pela
Agência de Proteção Ambiental, enquanto os outros três são considerados “não
provavelmente carcinogênicos” ou têm evidências de “não carcinogenicidade”.
Play Video
“Esta pesquisa
demonstra a importância de estudar exposições ambientais, como uso de
pesticidas, para potencialmente explicar algumas das variações geográficas que
observamos na incidência e mortes por câncer de próstata nos Estados Unidos”,
diz o autor principal Simon John Christoph Soerensen, da Stanford University
School of Medicine, em comunicado à imprensa.
“Ao construir sobre
essas descobertas, podemos avançar nossos esforços para identificar fatores de
risco para câncer de próstata e trabalhar para reduzir o número de homens
afetados por esta doença.”
Fonte: CNN Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário