terça-feira, 6 de agosto de 2024

Cerveja faz mal para a saúde? Veja 11 mitos e verdades

A cerveja é uma das bebidas favoritas dos brasileiros. O Brasil é o terceiro maior país com adeptos à bebida do mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Nesta sexta-feira (2), é comemorado o Dia Internacional da Cerveja, mas, afinal, será que a bebida que é a queridinha de muitas pessoas faz realmente mal à saúde?

Para responder a essa e outras perguntas, a CNN conversou com Fernanda Lopes, nutricionista do Emagrecentro, clínica especializada em emagrecimento e estética corporal. A especialista compartilha o que é realmente verdade e o que é mito sobre a relação entre cerveja e saúde. Confira!

•        1. Cerveja causa barriga

Mito.

Segundo a nutricionista, o ganho de peso que pode levar ao aumento da barriga está mais relacionado ao consumo em excesso de calorias na dieta do que especificamente à cerveja.

“O inchaço que pode acontecer após o consumo da bebida está atrelado a fermentação dos carboidratos no líquido, que gera um desconforto abdominal em algumas pessoas”, revela Lopes.

•        2. Uma lata de cerveja é equivalente a um pão

Verdade.

Essa é uma das comparações mais famosas quando se diz respeito à cerveja e, segundo Lopes, faz sentido. “Analisando as calorias, uma lata de cerveja (com aproximadamente 355 ml) contém geralmente entre 150 e 200 calorias, dependendo da marca e do tipo. Por outro lado, um pão francês contém cerca de 130 a 150 calorias. Portanto, a quantidade de calorias em uma lata de cerveja é geralmente semelhante ou ligeiramente maior do que a de um pão francês”, explica.

Assim, é possível afirmar, em termos de calorias, que uma lata de cerveja e um pão francês são equivalentes.

•        3. Cerveja pode aumentar o nível de colesterol

Depende.

Estudos já mostraram que o álcool em excesso pode ter um impacto negativo na saúde, podendo aumentar o nível de colesterol LDL (considerado “ruim”) e diminuir o colesterol HDL (considerado “bom”) quando consumido em grandes quantidades.

“No entanto, o efeito da cerveja especificamente é menos estudado, e o impacto pode variar dependendo da quantidade consumida e do perfil de saúde individual”, pondera Lopes.

•        4. Cerveja desidrata

Verdade.

“O álcool presente na bebida tem um efeito diurético, levando à perda temporária de líquidos, e potencialmente, à desidratação, se não houver um consumo adequado de água em paralelo”, esclarece a especialista.

Como dica de consumo, Lopes pontua que os homens podem consumir até duas doses padrão da bebida, enquanto, para as mulheres, a recomendação é de até uma dose. “Nessas sugestões levamos em consideração um metabolismo mais lento para o álcool, sendo que uma dose padrão equivale a aproximadamente 350 ml de cerveja com teor alcoólico médio de cerca de 5%”, finaliza.

•        5. Cerveja dá azia

Verdade.

A nutricionista explica que a cerveja pode, sim, causar azia em algumas pessoas, principalmente aquelas com histórico de refluxo e gastrite. “Isso acontece devido ao seu teor de álcool e ao gás carbônico, que podem relaxar o esfíncter esofágico inferior, permitindo o refluxo ácido para o esôfago”, esclarece Lopes.

•        6. Cerveja aumenta a sensação de estufamento

Verdade.

A cerveja pode aumentar a sensação de estufamento devido ao seu conteúdo de gás carbônico, que pode causar acúmulo de gases no trato gastrointestinal.

“Além disso, a cerveja pode conter açúcares e carboidratos que contribuem para a sensação de plenitude”, afirma a nutricionista.

•        7. Cerveja é mais saudável do que outras bebidas destiladas

Verdade.

 Quando comparada com bebidas destiladas, como vodca e gim, a cerveja contém menos álcool por volume e pode oferecer alguns benefícios por conter antioxidantes e nutrientes como vitaminas do complexo B e minerais, segundo Lopes.

Porém, a especialista faz uma ressalva: “Vale lembrar que o consumo excessivo de qualquer bebida alcoólica pode ser prejudicial à saúde”, afirma.

•        8. Beber cerveja com espuma (colarinho) é melhor do que beber sem espuma

Mito.

A especialista explica que a espuma da cerveja, ou colarinho, é composta principalmente por dióxido de carbono e proteínas da cevada. A espuma pode ajudar a manter o aroma e a carbonatação da cerveja, mas não tem um impacto significativo na saúde. A escolha entre cerveja com ou sem espuma é mais uma questão de preferência pessoal de consumo.

•        9. Cerveja duplo malte é mais saudável do que a normal

Mito.

Embora possa ter um perfil de sabor mais complexo devido ao uso adicional de malte, a cerveja duplo malte (ou de alta densidade) tem um teor alcoólico mais alto e pode ter mais calorias do que a cerveja normal, conforme explica Lopes. “O impacto na saúde dependerá do teor alcoólico e da quantidade consumida”, afirma.

•        10. Cervejas light ou zero álcool são mais saudáveis

Mito.

“Embora esse tipo de produto contenha menos calorias e seja útil para quem está em processo de emagrecimento e não quer abrir mão da bebida, é importante esclarecer que não oferece benefícios significativos adicionais à saúde em comparação com as cervejas tradicionais. Para isso, o cuidado deve estar na frequência do consumo, que deve ser moderado, independente da bebida escolhida”, pontua a nutricionista.

•        11. É possível beber cerveja em uma quantidade saudável

Verdade.

Essa é a notícia que todo amante de cerveja quer receber: é possível, sim, consumir cerveja de forma saudável, desde que o consumo seja feito com moderação e em um contexto de alimentação equilibrada e saudável.

“As diretrizes gerais recomendam que as mulheres não consumam mais de uma dose por dia e que os homens não ultrapassem duas doses por dia, sendo uma dose equivalente a aproximadamente 355 ml de cerveja. O consumo moderado pode ter alguns benefícios potenciais, mas o abuso de álcool pode levar a diversos problemas de saúde, incluindo ganho de peso e outros distúrbios”, ressalta Lopes.

 

•        Uso de álcool e drogas mata mais de 3 milhões de pessoas por ano, diz OMS

Mais de 3 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo de álcool e de drogas psicoativas, segundo um novo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dos óbitos ocorreu entre os homens, segundo o documento.

Do total de óbitos anuais, 2,6 milhões estão relacionados ao consumo de álcool, e outros 600 mil, ao uso de drogas psicoativas. O “Relatório de status global da OMS sobre álcool e saúde e tratamento de transtornos por uso de substâncias” fornece uma atualização abrangente sobre o impacto do uso de álcool e drogas na saúde pública, com base em dados de 2019.

Além disso, o documento traz um panorama sobre a situação do consumo de substâncias e de bebidas alcoólicas em todo o mundo.

De acordo com o levantamento, cerca de 400 milhões de pessoas viviam com transtornos por uso de álcool e drogas em todo o mundo em 2019. Desse total, 209 milhões eram dependentes de álcool. Do total de mortes, o público masculino foi o mais afetado: 2 milhões de homens morreram devido ao uso de álcool e 400 mil devido ao uso de drogas.

“O uso de substâncias prejudica gravemente a saúde individual, aumentando o risco de doenças crônicas, condições de saúde mental e resultando tragicamente em milhões de mortes evitáveis todos os anos. Isso coloca um fardo pesado sobre as famílias e comunidades, aumentando a exposição a acidentes, ferimentos e violência”, diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“Para construir uma sociedade mais saudável e equitativa, devemos nos comprometer urgentemente com ações ousadas que reduzam as consequências negativas para a saúde e a sociedade do consumo de álcool e tornem o tratamento para transtornos por uso de substâncias acessível”, completa.

O relatório destaca a necessidade de acelerar as ações globais para alcançar a meta 3.5 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, que inclui a redução do consumo de álcool e drogas e a melhoria do acesso a tratamento de qualidade para transtornos por uso de substâncias.

<><> Número de mortes por álcool continua elevado

Os dados mostram que, apesar de as taxas de mortalidade relacionadas ao uso de álcool tenham diminuído desde 2010, o número total de mortes continua elevado, principalmente na Europa e na África. Segundo o documento, as taxas de mortalidade devido ao álcool por litro de álcool consumido são mais altas em países de baixa renda e mais baixas em países ricos.

O documento também mostra que, de todas as mortes atribuíveis ao álcool em 2019, cerca de 1,6 milhão foram por doenças não transmissíveis, incluindo 474 mil óbitos por doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Cerca de 724 mil mortes foram devidas a ferimentos, como os de acidentes de carro, lesões autoprovocadas e violência interpessoal.

Outras 284 mil mortes foram relacionadas com doenças transmissíveis, como o HIV (o consumo de álcool pode aumentar o risco de transmissão do vírus, segundo o relatório). A maior proporção (13%) de mortes atribuíveis ao álcool em 2019 foi entre jovens de 20 a 39 anos.

<><> Média de consumo de álcool está associada a riscos diversos à saúde

O relatório também mostrou que, apesar da taxa elevada de mortes atribuídas ao álcool, o consumo de bebidas alcoólicas per capita na população mundial diminuiu ligeiramente de 5,7 litros, em 2010, para 5,5 litros, em 2019. Os maiores níveis de consumo per capita em 2019 foram observados na Região Europeia da OMS (9,2 litros) e na Região das Américas (7,5 litros).

Já o nível de consumo de álcool per capita entre os bebedores é, em média, de 27 gramas de álcool puro por dia, o que equivale, aproximadamente, a duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas porções de destilados. De acordo com o documento, esse nível e frequência de consumo de álcool está associado ao aumento dos riscos de inúmeras condições de saúde e mortalidade e incapacidade associadas.

Em 2019, 38% dos bebedores atuais haviam se envolvido em consumo episódico pesado, caracterizado pelo consumo de, pelo menos, 60 gramas de álcool puro (equivalente a 4 ou 5 copos de vinho, garrafas de cerveja ou porções de destilados) em uma ou mais ocasiões no mês anterior ao levantamento dos dados. O consumo pesado contínuo de álcool foi mais prevalente em homens e entre jovens de 15 a 19 anos da Europa (45,9%) e das Américas (43,9%).

<><> Cobertura de tratamento para transtornos por uso de substâncias ainda é baixo

O relatório da OMS também mostrou que a cobertura de tratamento por uso de substâncias permanece baixa. De acordo com o documento, a proporção de pessoas em contato com serviços de tratamento para o uso de drogas variou de menos de 1% até 35%, no máximo, em 2019, nos países que fornecem esses dados.

Segundo o estudo, a maioria dos 145 países que comunicaram os dados sobre o assunto não dispunha de uma rubrica orçamental específica ou de dados sobre as despesas governamentais para o tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias. Além disso, quase metade dos países respondentes relataram que não oferecem grupos de apoio para o tratamento dessas condições, apesar de ser um recurso útil.

Para a OMS, o estigma, a discriminação e os equívocos sobre a eficácia do tratamento contribuem para essas lacunas de tratamento, bem como para a baixa priorização de transtornos por uso de substâncias por agências de saúde e desenvolvimento.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: