Cerveja faz mal para a saúde? Veja 11 mitos
e verdades
A cerveja é uma das
bebidas favoritas dos brasileiros. O Brasil é o terceiro maior país com adeptos
à bebida do mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Nesta
sexta-feira (2), é comemorado o Dia Internacional da Cerveja, mas, afinal, será
que a bebida que é a queridinha de muitas pessoas faz realmente mal à saúde?
Para responder a essa
e outras perguntas, a CNN conversou com Fernanda Lopes, nutricionista do
Emagrecentro, clínica especializada em emagrecimento e estética corporal. A
especialista compartilha o que é realmente verdade e o que é mito sobre a
relação entre cerveja e saúde. Confira!
• 1. Cerveja causa barriga
Mito.
Segundo a
nutricionista, o ganho de peso que pode levar ao aumento da barriga está mais
relacionado ao consumo em excesso de calorias na dieta do que especificamente à
cerveja.
“O inchaço que pode
acontecer após o consumo da bebida está atrelado a fermentação dos carboidratos
no líquido, que gera um desconforto abdominal em algumas pessoas”, revela
Lopes.
• 2. Uma lata de cerveja é equivalente a
um pão
Verdade.
Essa é uma das
comparações mais famosas quando se diz respeito à cerveja e, segundo Lopes, faz
sentido. “Analisando as calorias, uma lata de cerveja (com aproximadamente 355
ml) contém geralmente entre 150 e 200 calorias, dependendo da marca e do tipo.
Por outro lado, um pão francês contém cerca de 130 a 150 calorias. Portanto, a
quantidade de calorias em uma lata de cerveja é geralmente semelhante ou
ligeiramente maior do que a de um pão francês”, explica.
Assim, é possível
afirmar, em termos de calorias, que uma lata de cerveja e um pão francês são
equivalentes.
• 3. Cerveja pode aumentar o nível de
colesterol
Depende.
Estudos já mostraram
que o álcool em excesso pode ter um impacto negativo na saúde, podendo aumentar
o nível de colesterol LDL (considerado “ruim”) e diminuir o colesterol HDL
(considerado “bom”) quando consumido em grandes quantidades.
“No entanto, o efeito
da cerveja especificamente é menos estudado, e o impacto pode variar dependendo
da quantidade consumida e do perfil de saúde individual”, pondera Lopes.
• 4. Cerveja desidrata
Verdade.
“O álcool presente na
bebida tem um efeito diurético, levando à perda temporária de líquidos, e
potencialmente, à desidratação, se não houver um consumo adequado de água em
paralelo”, esclarece a especialista.
Como dica de consumo,
Lopes pontua que os homens podem consumir até duas doses padrão da bebida,
enquanto, para as mulheres, a recomendação é de até uma dose. “Nessas sugestões
levamos em consideração um metabolismo mais lento para o álcool, sendo que uma
dose padrão equivale a aproximadamente 350 ml de cerveja com teor alcoólico
médio de cerca de 5%”, finaliza.
• 5. Cerveja dá azia
Verdade.
A nutricionista
explica que a cerveja pode, sim, causar azia em algumas pessoas, principalmente
aquelas com histórico de refluxo e gastrite. “Isso acontece devido ao seu teor
de álcool e ao gás carbônico, que podem relaxar o esfíncter esofágico inferior,
permitindo o refluxo ácido para o esôfago”, esclarece Lopes.
• 6. Cerveja aumenta a sensação de
estufamento
Verdade.
A cerveja pode
aumentar a sensação de estufamento devido ao seu conteúdo de gás carbônico, que
pode causar acúmulo de gases no trato gastrointestinal.
“Além disso, a cerveja
pode conter açúcares e carboidratos que contribuem para a sensação de
plenitude”, afirma a nutricionista.
• 7. Cerveja é mais saudável do que outras
bebidas destiladas
Verdade.
Quando comparada com bebidas destiladas, como
vodca e gim, a cerveja contém menos álcool por volume e pode oferecer alguns
benefícios por conter antioxidantes e nutrientes como vitaminas do complexo B e
minerais, segundo Lopes.
Porém, a especialista
faz uma ressalva: “Vale lembrar que o consumo excessivo de qualquer bebida
alcoólica pode ser prejudicial à saúde”, afirma.
• 8. Beber cerveja com espuma (colarinho)
é melhor do que beber sem espuma
Mito.
A especialista explica
que a espuma da cerveja, ou colarinho, é composta principalmente por dióxido de
carbono e proteínas da cevada. A espuma pode ajudar a manter o aroma e a
carbonatação da cerveja, mas não tem um impacto significativo na saúde. A escolha
entre cerveja com ou sem espuma é mais uma questão de preferência pessoal de
consumo.
• 9. Cerveja duplo malte é mais saudável
do que a normal
Mito.
Embora possa ter um
perfil de sabor mais complexo devido ao uso adicional de malte, a cerveja duplo
malte (ou de alta densidade) tem um teor alcoólico mais alto e pode ter mais
calorias do que a cerveja normal, conforme explica Lopes. “O impacto na saúde
dependerá do teor alcoólico e da quantidade consumida”, afirma.
• 10. Cervejas light ou zero álcool são
mais saudáveis
Mito.
“Embora esse tipo de
produto contenha menos calorias e seja útil para quem está em processo de
emagrecimento e não quer abrir mão da bebida, é importante esclarecer que não
oferece benefícios significativos adicionais à saúde em comparação com as
cervejas tradicionais. Para isso, o cuidado deve estar na frequência do
consumo, que deve ser moderado, independente da bebida escolhida”, pontua a
nutricionista.
• 11. É possível beber cerveja em uma
quantidade saudável
Verdade.
Essa é a notícia que
todo amante de cerveja quer receber: é possível, sim, consumir cerveja de forma
saudável, desde que o consumo seja feito com moderação e em um contexto de
alimentação equilibrada e saudável.
“As diretrizes gerais
recomendam que as mulheres não consumam mais de uma dose por dia e que os
homens não ultrapassem duas doses por dia, sendo uma dose equivalente a
aproximadamente 355 ml de cerveja. O consumo moderado pode ter alguns
benefícios potenciais, mas o abuso de álcool pode levar a diversos problemas de
saúde, incluindo ganho de peso e outros distúrbios”, ressalta Lopes.
• Uso de álcool e drogas mata mais de 3
milhões de pessoas por ano, diz OMS
Mais de 3 milhões de
pessoas morrem por ano devido ao consumo de álcool e de drogas psicoativas,
segundo um novo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A
maioria dos óbitos ocorreu entre os homens, segundo o documento.
Do total de óbitos
anuais, 2,6 milhões estão relacionados ao consumo de álcool, e outros 600 mil,
ao uso de drogas psicoativas. O “Relatório de status global da OMS sobre álcool
e saúde e tratamento de transtornos por uso de substâncias” fornece uma atualização
abrangente sobre o impacto do uso de álcool e drogas na saúde pública, com base
em dados de 2019.
Além disso, o
documento traz um panorama sobre a situação do consumo de substâncias e de
bebidas alcoólicas em todo o mundo.
De acordo com o
levantamento, cerca de 400 milhões de pessoas viviam com transtornos por uso de
álcool e drogas em todo o mundo em 2019. Desse total, 209 milhões eram
dependentes de álcool. Do total de mortes, o público masculino foi o mais
afetado: 2 milhões de homens morreram devido ao uso de álcool e 400 mil devido
ao uso de drogas.
“O uso de substâncias
prejudica gravemente a saúde individual, aumentando o risco de doenças
crônicas, condições de saúde mental e resultando tragicamente em milhões de
mortes evitáveis todos os anos. Isso coloca um fardo pesado sobre as famílias e
comunidades, aumentando a exposição a acidentes, ferimentos e violência”, diz
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
“Para construir uma
sociedade mais saudável e equitativa, devemos nos comprometer urgentemente com
ações ousadas que reduzam as consequências negativas para a saúde e a sociedade
do consumo de álcool e tornem o tratamento para transtornos por uso de substâncias
acessível”, completa.
O relatório destaca a
necessidade de acelerar as ações globais para alcançar a meta 3.5 do Objetivo
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, que inclui a redução do consumo
de álcool e drogas e a melhoria do acesso a tratamento de qualidade para transtornos
por uso de substâncias.
<><>
Número de mortes por álcool continua elevado
Os dados mostram que,
apesar de as taxas de mortalidade relacionadas ao uso de álcool tenham
diminuído desde 2010, o número total de mortes continua elevado, principalmente
na Europa e na África. Segundo o documento, as taxas de mortalidade devido ao
álcool por litro de álcool consumido são mais altas em países de baixa renda e
mais baixas em países ricos.
O documento também
mostra que, de todas as mortes atribuíveis ao álcool em 2019, cerca de 1,6
milhão foram por doenças não transmissíveis, incluindo 474 mil óbitos por
doenças cardiovasculares e 401 mil por câncer. Cerca de 724 mil mortes foram
devidas a ferimentos, como os de acidentes de carro, lesões autoprovocadas e
violência interpessoal.
Outras 284 mil mortes
foram relacionadas com doenças transmissíveis, como o HIV (o consumo de álcool
pode aumentar o risco de transmissão do vírus, segundo o relatório). A maior
proporção (13%) de mortes atribuíveis ao álcool em 2019 foi entre jovens de 20
a 39 anos.
<><> Média
de consumo de álcool está associada a riscos diversos à saúde
O relatório também
mostrou que, apesar da taxa elevada de mortes atribuídas ao álcool, o consumo
de bebidas alcoólicas per capita na população mundial diminuiu ligeiramente de
5,7 litros, em 2010, para 5,5 litros, em 2019. Os maiores níveis de consumo per
capita em 2019 foram observados na Região Europeia da OMS (9,2 litros) e na
Região das Américas (7,5 litros).
Já o nível de consumo
de álcool per capita entre os bebedores é, em média, de 27 gramas de álcool
puro por dia, o que equivale, aproximadamente, a duas taças de vinho, duas
garrafas de cerveja ou duas porções de destilados. De acordo com o documento,
esse nível e frequência de consumo de álcool está associado ao aumento dos
riscos de inúmeras condições de saúde e mortalidade e incapacidade associadas.
Em 2019, 38% dos
bebedores atuais haviam se envolvido em consumo episódico pesado, caracterizado
pelo consumo de, pelo menos, 60 gramas de álcool puro (equivalente a 4 ou 5
copos de vinho, garrafas de cerveja ou porções de destilados) em uma ou mais
ocasiões no mês anterior ao levantamento dos dados. O consumo pesado contínuo
de álcool foi mais prevalente em homens e entre jovens de 15 a 19 anos da
Europa (45,9%) e das Américas (43,9%).
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Cobertura de tratamento para transtornos por uso de substâncias ainda é baixo
O relatório da OMS
também mostrou que a cobertura de tratamento por uso de substâncias permanece
baixa. De acordo com o documento, a proporção de pessoas em contato com
serviços de tratamento para o uso de drogas variou de menos de 1% até 35%, no
máximo, em 2019, nos países que fornecem esses dados.
Segundo o estudo, a
maioria dos 145 países que comunicaram os dados sobre o assunto não dispunha de
uma rubrica orçamental específica ou de dados sobre as despesas governamentais
para o tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias. Além disso,
quase metade dos países respondentes relataram que não oferecem grupos de apoio
para o tratamento dessas condições, apesar de ser um recurso útil.
Para a OMS, o estigma,
a discriminação e os equívocos sobre a eficácia do tratamento contribuem para
essas lacunas de tratamento, bem como para a baixa priorização de transtornos
por uso de substâncias por agências de saúde e desenvolvimento.
Fonte: CNN Brasil
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