Os aliados
incondicionais de Putin
Sanções
de países ocidentais e um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) limitaram muito a movimentação
internacional do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Restam
poucos países para onde ele pode ir sem temer ser preso.
Desde
que conquistou um quinto mandato como
presidente, em março, em eleições que não foram nem livres nem justas, o presidente russo fez cinco visitas internacionais: a
Belarus, Uzbequistão, China, Coreia do Norte e agora ao Vietnã.
Ou
seja, mesmo com o apoio à Rússia significando risco de sofrer sanções, Putin
ainda pode contar com aliados firmes, apesar de eles não serem muitos.
<><>
China
O
principal parceiro comercial da Rússia, a China, anunciou uma parceria
"sem limites" com a Rússia antes da invasão da Ucrânia e, depois
desta, dobrou a aposta, pouco se importando com o impacto negativo que isso
poderia ter sobre sua economia e imagem internacional.
A
posição da China em relação à guerra na Ucrânia está longe de ser neutra. Seus
esforços diplomáticos para convencer países a não participarem da recente
cúpula de paz da Suíça sobre a Ucrânia – para a qual o país agressor não foi
convidado – é apenas um exemplo disso. A própria China, claro, também não foi.
Ao
longo do conflito, os chineses fizeram sua parte para manter a economia da
Rússia funcionando, além de servirem como intermediários para produtos
militares sancionados necessários para manter a máquina de guerra russa em
funcionamento.
A
China vê a Rússia como um parceiro estratégico para combater uma ordem mundial
dominada pelos EUA e seus aliados. Putin visitou a China em maio deste ano, e o
presidente Xi Jinping visitou a Rússia em 2023, quando deram um novo impulso as
relações já calorosas.
<><>
Coreia do Norte
A
Coreia do Norte pode ser um dos países mais isolados do mundo, mas nada que a
impeça de forjar uma firme aliança com
a Rússia de Putin. Afinal, para o ditador Kim Jong-un, qualquer aliado é melhor
do que nenhum aliado.
O
líder russo e o norte-coreano fecharam esta semana uma parceria de defesa que
consolida o que o Kim chamou de uma "poderosa aliança", incluindo a
promessa de defesa mútua caso um dos países seja atacado.
A
Rússia precisa de toda ajuda militar que puder obter na guerra da Ucrânia, e a
Coreia do Norte, altamente militarizada, está pronta para fornecer armas sem
fazer perguntas – países aliados a acusam de já ter feito isso, o que ambos os
países negam.
A
Coreia do Norte tem sido uma apoiadora sem restrições da Rússia na guerra
contra a Ucrânia. Por exemplo quando as Nações Unidas votam resoluções
contrárias às ações da Rússia na Ucrânia. A Coreia do Norte, ao contrário da
China, sempre votou contra.
<><>
Belarus
Belarus
é o aliado mais próximo e devoto da Rússia – ao ponto de alguns especialistas
preferirem tratá-lo como "estado fantoche", controlado por Putin.
Seja como for, Belarus tem vários tratados e acordos com a Rússia, que é sua
maior parceira econômica.
Belarus
depende da Rússia em muitos níveis, desde a importação de petróleo e gás até
subsídios econômicos.
Belarus
também tem tropas e equipamentos militares russos estacionados em seu
território e foi um dos locais de preparação para a invasão russa da Ucrânia,
em 2022. O presidente Alexander Lukashenko, que já foi chamado de "o
último ditador da Europa", permitiu que a Rússia instalasse armas
nucleares no país.
<><>
Irã
O
Irã, assim como a Rússia, é alvo de fortes sanções internacionais dos países
ocidentais. Nada mais natural que os dois países tenham uma forte aliança
econômica e militar. De acordo com os serviços secretos dos Estados Unidos, a
Rússia e o Irã intensificaram fortemente sua cooperação militar depois que a
Rússia invadiu a Ucrânia.
O
Irã forneceu à Rússia drones e munição, que são essenciais para a frente de
batalha. Uma das raras visitas internacionais de Putin depois da invasão de
2022 foi ao Irã.
Após
a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em maio, Putin enviou suas
condolências e disse que o via como um parceiro confiável que deu uma enorme
contribuição para a expansão das relações entre os dois países.
<><>
Síria
A
Síria é o bastião da Rússia no Oriente Médio, e o presidente Bashar al-Assad é
um grande aliado de Putin. A Rússia estabeleceu uma presença militar regular no
país, e o apoio militar russo foi decisivo para virar o jogo a favor de Assad
na guerra civil da Síria.
Assad
já disse que a guerra na Ucrânia é uma "correção na história e a
restauração do equilíbrio que foi perdido no mundo após a dissolução da União
Soviética".
A
Síria, assim como Belarus e Coreia do Norte, votou contra as resoluções da ONU
para que a Rússia interrompesse a invasão.
<><>
Vietnã
O
Vietnã e seu governo comunista são os mais recentes a estreitarem os laços com
a Rússia. O país assinou um acordo de defesa estratégica com a Rússia durante a
viagem de Putin pela Ásia, na qual ele tentou ampliar o alcance internacional
da Rússia e discutiu comércio, defesa e a guerra na Ucrânia.
O
Vietnã se esquivou de condenar a agressão russa na Ucrânia. Durante a visita, o
presidente To Lam parabenizou Putin por sua reeleição em março e o elogiou por
ter alcançado "estabilidade política interna".
Putin
disse que o fortalecimento de uma parceria estratégica com o Vietnã era uma das
prioridades da Rússia.
¨ Como a Coreia do Norte está apoiando a Rússia na Ucrânia
Há
décadas a Rússia e a Coreia do Norte não
estiveram tão próximas quanto agora, no momento da visita do presidente russo,
Vladimir Putin, a Pyongyang – a primeira em 24 anos.
Nesta
quarta-feira (19/06), os dois países anunciaram um novo pacto de defesa que
prevê, segundo Putin, a "assistência mútua em caso de agressão contra uma
das partes".
O
anúncio vem após relatos – negados pelas duas partes – de que a Coreia do Norte
estaria abastecendo Moscou com projéteis e – segundo fontes ucranianas e
americanas – mísseis balísticos para uso na Ucrânia em troca de apoio com tecnologias militares e de satélite.
Se
os relatos forem de fato verdadeiros, isso significaria que a Rússia está
violando o embargo imposto pela Organização das Nações Unidas à Coreia do Norte
que proíbe a importação e exportação de armas norte-coreanas, e que durante
anos a própria Rússia ajudou a manter.
A aproximação com Pyongyang foi
explicitamente apresentada por Putin como reação ao apoio cada vez maior do
Ocidente à Ucrânia, com a entrega de armas de longo alcance e
caças F-16 para uso em ataques ao território russo. É por isso que, segundo
Putin, a Rússia "não descarta o desenvolvimento de cooperação
técnico-militar com a República Popular Democrática da Coreia".
<><>
Coreia do Sul diz que Pyongyang pode ter entregado quase 5 milhões de projéteis
Na
semana passada, o ministro de Defesa sul-coreano, Shin Wonsik, disse que seu
país havia descoberto até 10 mil navios viajando da Coreia do Norte em direção
à Rússia, carregando até 4,8 milhões de projéteis e artefatos explosivos. Já um
relatório da inteligência americana falava em "pelo menos 3 milhões".
À
agência de notícias Bloomberg, Wosnik afirmou que Putin provavelmente usaria
sua visita a Pyongyang para pedir mais armas.
Se
confirmadas, essas entregas seriam uma grande vantagem para a Rússia em sua
guerra contra a Ucrânia, já que as suas tropas também têm se queixado de falta
de armamentos. Também superariam, em muito, as entregas da União Europeia a
Kiev: o bloco, segundo o especialista militar austríaco Wolfgang Richter, não
conseguiu cumprir sua própria meta de enviar um milhão de projéteis em um ano.
"Apenas
cerca da metade [500 mil] foi entregue. O resto deve vir até o final deste
ano", diz Richter à redação russa da DW. O especialistas estima que a
Rússia tenha recebido cinco vezes mais que isso da Coreia do Norte. "Isso
pode não ser decisivo, mas é um suprimento significativo", pondera.
<><>
Tropas russas já estariam usando mísseis norte-coreanos
Em
janeiro, os Estados Unidos acusaram Moscou de atacar alvos na Ucrânia com
mísseis balísticos de curto alcance fornecidos pela Coreia do Norte. As armas
disparadas pela Rússia têm um alcance de cerca de 900 quilômetros, segundo o
porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Ele não detalhou os
tipos de mísseis usados, mas um gráfico distribuído pelo governo americano
citava mísseis balísticos de curto alcance KN-23 e KN-25.
Os
ucranianos, posteriormente, disseram ter examinado restos de mais de 20 mísseis
norte-coreanos disparados contra seu território, corroborando as alegações.
No
mês passado, a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) liberou um relatório contendo o que eles dizem ser evidências fotográficas de
mísseis norte-coreanos caídos em território ucraniano.
Richter,
porém, é menos assertivo. Para ele, não está claro se os norte-coreanos
realmente forneceram mísseis à Rússia, embora seja "possível
imaginar" que alguns de seus sistemas de mísseis mais antigos tenham ido
parar na Ucrânia.
<><>
Pyongyang ainda está presa à rivalidade com Seul
Segundo
Richter, os norte-coreanos estão "especialmente interessados em
desenvolver novos sistemas avançados e se beneficiar da tecnologia de mísseis
russa".
Mas
Pyongyang, pondera ele, também tem tomado o cuidado de "não esgotar
completamente seus estoques em favor da Rússia", para o caso de um conflito na Península Coreana –
cenário cogitado diante das atuais tensões com a Coreia do Sul, o Japão e os
EUA. "Os norte-coreanos também precisam manter o equilíbrio, pois seus
estoques também não são infinitos", ressalta.
<><>
Uma boa oportunidade para Putin de se promover
Com
a Rússia também expandindo sua produção militar dentro de casa, é difícil
quantificar o impacto exato das armas norte-coreanas. Fato é que, nos últimos
meses, as tropas de Moscou parecem estar no ataque na linha de frente,
neutralizando lentamente a defesa ucraniana.
Também
há relatos de que a Coreia do Norte estaria ajudando o esforço de guerra russo
em outras frentes, enviando trabalhadores à Rússia e a regiões da Ucrânia
ocupada para substituir aqueles que foram convocados pelo Exército.
Ao
mesmo tempo, o apoio do regime norte-coreano também é diplomático. A invasão da
Ucrânia tem sido apoiada abertamente por Pyongyang desde o início da guerra.
Depois da própria Rússia e da Síria, ela foi o terceiro país a reconhecer a
independência das regiões ucranianas separatistas de Donetsk e Lugansk, em
julho de 2022.
Pyongyang
também é um dos poucos atores internacionais ainda dispostos a organizar uma
grande sessão de fotos para Putin – um gesto simbólico importante para uma
Moscou empenhada em romper seu isolamento internacional.
<><>
Como a aproximação entre Rùssia e Coreia do Norte afeta relação com a China
A
lealdade de Kim Jong-un a Putin parece estar valendo a pena. Não só a Rússia se
comprometeu a defender a Coreia do Norte em caso de "agressão", como
também deve fornecer energia e tecnologia para melhorar a economia e o arsenal
de defesa do país.
Com
isso, Pyongyang agora coopera militarmente mais estreitamente com Moscou do que
com Pequim, seu aliado e protetor tradicional.
Para
analistas, o apoio russo já tornou Kim mais ousado diante
das tensões crescentes com a Coreia do Sul. "Podemos ver claramente uma
mudança no comportamento recente da Coreia do Norte, que se tornou mais
agressiva", afirma Hyun Seung-soo, especialista em relações
russo-norte-coreanas do Instituto para Unificação Nacional, em Seul.
"Eu
concordo totalmente que Kim está mais perigoso agora porque ele está confiante
que ele tem na Rússia uma grande e poderosa amigo", opina Hyun. "Ele
poderia ver isso como uma chance de agir militarmente contra a Coreia do Sul.
Esse comportamento rude recente é bem perigoso."
A
aproximação com a Rússia, porém, pode custar a Kim alguns pontos com a China,
que teme uma maior presença americana na região em resposta a um aumento do
arsenal nuclear norte-coreano. Segundo Hyun, num cenário desses Pequim deve
enviar um sinal a Moscou para que não viole o regime de não proliferação de
armas nucleares. "Não tenho certeza de que a China está muito contente com
esses acontecimentos."
¨
Os EUA e a Europa
trabalham há muito tempo para distanciar a Sérvia da Rússia, diz mídia
Os
Estados Unidos e a Europa vêm trabalhando há muito tempo para distanciar o
líder sérvio Aleksandar Vucic do presidente russo, Vladimir Putin, informou um
jornal britânico.
"A
Europa e os EUA trabalharam durante anos para distanciar Vucic de Putin",
disse uma fonte diplomática ao Financial Times.
Segundo
interlocutor do jornal, a figura chave neste processo foi o embaixador
norte-americano na Sérvia, Christopher Hill, que chegou a Belgrado um mês após
o início da operação militar especial russa na Ucrânia.
A
fonte afirmou, segundo a mídia, que o único objetivo de Hill era supostamente
"distanciar Belgrado de Moscou".
"Ele
conseguiu. Vucic não se encontrou nem ligou para Putin por muitos anos",
disse a fonte.
A
Rússia continua uma operação militar especial na Ucrânia desde 24 de fevereiro
de 2022, cujos objetivos, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, são
proteger a população de "um genocídio do regime de Kiev" e enfrentar
os riscos à segurança nacional que representam o avanço da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção ao leste.
Em
dezembro do ano passado, Putin afirmou que a operação continuará até que a
Rússia consiga a desnazificação, a desmilitarização e a neutralidade da
Ucrânia.
Fonte:
Deutsche Welle/Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário