OBSCURANTISMO:
Pastor André Valadão volta a atacar universidades
O
pastor bolsonarista André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, voltou
a polemizar nestes dias ao desferir uma série de ataques obscurantistas contra
as universidades e, em vídeo que circula pelas redes, chegou a orientar seus
fiéis a não enviarem seus filhos às instituições de ensino de terceiro grau.
“Não
manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu
não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o
inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma
mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, disse sob aplausos. “Aí ela
tem um diploma e é rodada, é doida”, emendou.
Por
causa da violência e obscurantismo presente na fala de Valadão sobre as
universidades, houve uma forte reação de variados setores da sociedade. No
entanto, o líder fundamentalista dobrou a aposta e, ao responder comentários de
seus seguidores no Instagram, classificou as instituições de ensino de
graduação como lugares de "trevas".
"Luz
nas trevas, sermos influenciadores nos lugares onde a gente chega e não sermos
engolidos por aquilo que é pregado e doutrinado naquele lugar [universidade].
Eu prefiro os meus filhos cheios de Deus do que qualquer outra coisa deste
mundo", declarou Valadão na quinta-feira (10).
Na
legenda que acompanha o vídeo, Valadão tenta remediar o que declarou sobre as
universidades. "Tudo que falo em púlpito é com compromisso com a palavra
(Bíblia). E mesmo não estando isento de errar, há uma distorção sobre o que foi
dito por aproveitadores que discordam de qualquer coisa que for dita por mim ou
qualquer um que propague o evangelho. Não sou contra jovens frequentarem a
faculdade, e nem contra cristãos na ciência", disse.
Mas,
em seguida, ele volta a atacar os espaços de produção de saberes. "Mas
acredito que o ambiente de algumas faculdades, tanto aqui nos Estados Unidos
quanto no Brasil, ainda não é totalmente seguro para jovens imaturos quanto aos
ensinamentos cristãos. Além disso, é importante ressaltar que somente os pais
conhecem seus filhos para saber se serão influenciados ou influenciadores em
qualquer lugar", afirma o religioso.
"É
papel do cristão entrar em diversas áreas da sociedade e mostrar a
transformação do evangelho, não temos medo de lugares que não partilham da
nossa fé. Pelo contrário, somos uma religião perseguida em muitos lugares e
estamos lá. Que cada família cuide dos seus, permanecendo na fé cristã, amando
seu próximo e a Deus sobre todas as coisas", conclui o pastor
bolsonarista.
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André Valadão é detonado por Gil do Vigor
O
economista e ex-BBB Gil do Vigor publicou um vídeo em suas redes sociais
criticando duramente as falas do pastor André Valadão sobre a educação.
Na
quarta-feira (19), um vídeo de Valadão viralizou. O líder da Igreja Batista da
Lagoinha afirmou durante um sermão que os fiéis não deveriam enviar seus filhos
para a faculdade.
Gil,
que é cristão, rebateu os argumentos de Valadão e afirmou que a fala do pastor
tem fins manipulativos. Vale lembrar que o ex-BBB nasceu em situação de
vulnerabilidade social e hoje faz seu doutorado em Economia na Universidade de
Davis, na Califórnia, EUA.
"Essas
pessoas, elas querem manipular vocês. Elas utilizam da ignorância, gente, pra
juntar massas e, assim, dominar. Porque a falta do conhecimento, a ignorância,
gente, é um prato cheio pra esses manipuladores", disse Gil.
"O
conhecimento e a verdade não liberta apenas do espiritual. É o conhecimento que
liberta da pobreza, liberta da miséria, liberta da desigualdade", afirma o
economista.
"É
inadmissível que um homem que tem acesso a tantas pessoas gere, espalhe
desinformação. É um absurdo", afirma. "O meu conhecimento nunca me
afastou de Deus. Pelo contrário, me aproximou. E as pessoas têm o direito de
aprender, de se libertar. Libertar dessas pessoas, enganadores, manipuladores,
falsos profetas, que utilizarão o nome de Deus. São lobos em pele de
cordeiro", completou o ex-BBB.
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O que disse André Valadão
O
pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, compartilhou um
vídeo em suas redes sociais nesta terça-feira (18), onde aconselha seus
seguidores a não enviarem seus filhos para a universidade. Segundo ele, as instituições
de ensino superior podem arruinar a vida dos estudantes.
“Não
manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu
não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o
inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma
mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, disse sob aplausos. “Aí ela
tem um diploma e é rodada, é doida”, emendou.
“Aí
seu filho está lá, doutor, com mestrado, doutorado… você vai falar de Jesus e
ele fala assim: ‘Não fala de Deus para mim’. Acabou sua vida, irmão”,
completou.
O
pastor foi duramente criticado nas redes sociais por seu posicionamento contra
a educação. Vale lembrar que André Valadão foi um dos principais apoiadores de
Jair Bolsonaro no ano de 2022.
• Pastor Hermes detona Valadão por
ataques a universitários: cria pânico e retrocesso social
Em
resposta a seguidores nas redes sociais, o pastor Hermes Fernandes detonou o
obscurantismo de André Valadão, líder da
Igreja Batista da Lagoinha, que iniciou uma série de ataques para tentar
impedir que os evangélicos enviem os filhos às universidades, classificado por
ele como "lugares de "trevas".
Fruto
de uma dinastia religiosa e conhecido por ostentar roupas e adornos caríssimos
de grifes nas redes, Valadão iniciou a polêmica criminosa ao pedir para os
fiéis não mandarem os filhos às universidades e, em vez disso, "vender
picolé na garagem".
A
polêmica suscitou dúvidas nos fiéis, que indagaram Hermes Fernandes sobre um
vídeo antigo, em que ele classifica nominalmente Valadão e Silas Malafaia como
"mensageiros de satanás".
À
época, o pastor rebateu os discursos homofóbicos dos dois colegas alinhados ao
bolsonarismo e deu "nome aos bois".
"O
espinho na carne de um homossexual não é seu desejo. É a homofobia. Porque esse
mundo está cheio de mensageiros de satanás. É gente subindo ao púlpito não para
pregar amor, graça, mas para pregar ódio. André Valadão, eu espero que você me
ouça, você está sendo um mensageiro de satanás. Silas Malafaia você está sendo
um mensageiro de satanás", disparou o pastor no vídeo.
Nesta
sexta-feira (21), Fernandes foi indagado se "ainda acha que André Valadão
é um mensageiro de satanás" e explicou o sermão que viralizou à época,
enfocando também os ataques aos universitários.
"Se
você se refere ao que eu disse um ano atrás, saiba que eu não retrocedo um
único milímetro", iniciou.
"A
diferença é que antes eu achava que André Valadão fosse mensageiro de satanás
para a população LGBTQIAPN+. Hoje, eu me dei conta de que ele é um mensageiro
de satanás para toda nossa juventude", emenda.
O
pastor, em seguida, comenta a fala do líder da Lagoinha sobre não enviar filhos
às universidades.
"Cristo
é o que nos chama a avançar. Dizer que pais que matriculem seus filhos numa
universidade preferem vê-los no inferno? Dizer que uma menina cristã que
ingresse numa faculdade se torna uma vagabunda? Se isso não é ser mensageiro de
satanás, o que é então?", indagou.
"Infelizmente
ele não está só. Como ele há muitos usando seus púlpitos para criar pânico
moral e promover o nosso retrocesso social", concluiu.
• Discurso de André Valadão contra
faculdades reforça projeto supremacista branco, afirma ativista
O
discurso do pastor André Valadão contra a entrada de fiéis nas universidades,
que repercutiu nas redes sociais nesta quarta-feira (19), reforça o projeto
supremacista branco, o racismo e o controle de classes, de acordo com o
ativista pelos direitos humanos Lucas Louback.
Ele
analisa que, em sua grande maioria, a comunidade evangélica é formada por
pessoas negras e pobres, que vivem realidades de imensa desigualdade e têm o
acesso à educação como um dos únicos caminhos para ascenderem socialmente. Ao
mesmo tempo, André Valadão fala de um lugar de extremo privilégio. Vindo de uma
família rica de Minas Gerais, hoje o pastor também ostenta uma vida de riqueza
e faz parte de uma igreja localizada em Orlando, nos Estados Unidos.
"A
fala de Valadão, deslocada da realidade do Brasil, é completamente danosa
porque a influência dele desloca essas famílias pobres, que já sofrem em suas
realidades, para um estado de anestesia", afirma o ativista.
Em
uma das falas do pastor, ele afirma que, ao invés de entrarem nas
universidades, os fiéis deveriam vender picolé. Sem muita coincidência, já que
muitos brasileiros precisam trabalhar em empregos informais para sobreviver,
Louback conta que, somente hoje, esbarrou com seis vendedores pelas ruas. Um
deles era uma mulher que, com seu filho no colo, vendia panos de prato para
tentar pagar os três meses de aluguel atrasado, e que estava prestes a ter sua
conta de água cortada.
"Quando
ele fala de vender picolé numa naturalização sem nunca ter dependido disso e
sem saber o quanto é difícil para essas pessoas terem o mínimo num país
desigual, é uma violência à dignidade humana", diz Louback, que reforça
que o problema não está em vender picolé, o que o próprio já precisou fazer
para se manter, mas sim em não considerar os motivos que levam a esse
trabalho.
Outro
ponto que Louback ressalta é a insensibilidade com a realidade brasileira onde
as pessoas negras são as mais afetadas por conta do processo de escravização e
racismo. "Por isso que o discurso do Valadão serve a um projeto
supremacista, que naturaliza a condição de subserviente dos trabalhadores como
se isso fosse normal, desconsiderando todo o sofrimento causado pelo
sufocamento econômico que essas pessoas vivem".
Dentro
desse cenário, é justamente a educação - desvalorizada e criticada por Valadão
- que vai ser o principal instrumento para tirar essas pessoas de uma vida de
completo sofrimento social. "Eu estudei a minha vida inteira em colégio
público e sou um homem negro. Então, eu sei da dificuldade e precarização da
educação dentro do sistema público, mas ainda assim é um dos pouquíssimos
instrumentos para você conseguir alcançar um nível econômico de dignidade de
vida nesse país. Então, quando ele rejeita isso, ele está desprezando esse
instrumento em nome de um projeto que é deslocado do mundo", afirma
Louback.
"O
projeto espiritual de André Valadão, que é o antagonismo à universidade, é de
deslocamento do mundo e de alienação, e isso para ele, dentro de um ambiente de
privilégio, é interessante", acrescenta.
Em
outro trecho de seu discurso, Valadão afirma que quem entra na universidade
vira "vagabundo" e desbocha de pais e mães que têm o sonho de verem
seus filhos formados.
"'Vagabundo'
vira sinônimo de sofrimento eterno e de ida para o inferno. Mas e o sofrimento
dessas pessoas aqui no mundo agora, esse inferno de vida que muitas pessoas
vivem e que abraçam a fé para continuar acreditando num futuro melhor?".
Eu
sou uma pessoa que acredita em Jesus, mas a gente acredita numa fé que
emancipa, que chama para a realidade, para a educação, justiça, equidade e paz,
coisas que no discurso dele se desprezam. Ele despreza o sonho de mães e pais
brasileiros evangélicos de ver o filho e a filha tendo um destino diferente dos
deles, de sofrimento e de dor, pela via da educação.
Louback
ainda cita o estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) que mostra que uma criança brasileira pobre leva cerca de oito
gerações para sair da pobreza. "Ou seja, ela é fadada a viver pobre",
diz. "Então, o discurso dele serve a um projeto supremacista branco mesmo
que indireto e subjetivo".
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Extrema direita
Louback
ainda acrescenta que a extrema direita, espectro político do qual Valadão faz
parte, soube adotar muito bem esse projeto supremacista branco já que o Brasil,
assim como os Estados Unidos, nunca conseguiu se livrar completamente do
racismo que escravizou pessoas negras durante séculos.
O
ativista explica que, por mais que o projeto supremacista branco não esteja,
atualmente, dado de uma maneira evidente, ele permanece sobretudo em células
dentro da extrema direita global, que colabora com ideias que condicionam
pessoas pobres e negras para dentro de um ambiente de subserviência e de
exploração.
"Por
isso, quando o Valadão faz esse discurso contra a universidade, no fim das
contas, ele não está tolerando que pessoas pobres e negras possam chegar onde
ele chegou. Então, devem permanecer onde estão".
O
ativista reforça que, apesar de ser apenas uma das vertentes, há uma forte
linha religiosa que demoniza linhas acadêmicas que, no final das contas, gera
negacionismo, pouco engajamento cívico e desrespeito aos princípios laicos.
"As consequências disso são graves demais, porque a gente sabe que, no
mundo competitivo, onde a formação acadêmica é um pré-requisito, as pessoas
perdem oportunidade de trabalho sem diploma".
• Peterson compara Marx a Caim em
evento divulgado pela Brasil Paralelo
O
uso da Bíblia como forma de justificar a meritocracia foi o mote da palestra do
psicólogo clínico e escritor Jordan B. Peterson em sua primeira passagem pelo
Brasil, durante evento que contou com a participação do portal conservador de
direita Brasil Paralelo.
Durante
palestra realizada em São Paulo nesta terça-feira (18/06), o autor do livro “12
Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos” hierarquizou sua fala pela
história bíblica de Caim e Abel.
Segundo
anotações divulgadas via Instagram por Paulo Ghedini, investidor e conselheiro
do Instituto Mises Brasil (IMB), Peterson defendeu a “beleza do sacrifício”
enquanto “centro da história da humanidade e da Bíblia”.
Para
isso, utilizou a história de Caim e Abel, onde aponta Abel como modelo –
afirmando que “todos que são modelos são vistos como julgadores”.
Por
outro lado, Caim teria feito menos do que poderia por medo do fracasso, pois
esforçar-se menos do que o necessário seria um mecanismo de autodefesa para
justificar a derrota.
Desta
forma, ao rejeitar sua melhora, Caim teria se revoltado contra Deus e
“flertando com o pecado e seu lado mais escuro: desejar a morte do
bem-sucedido”.
“(Karl)
Marx, com todo seu ressentimento, inveja, narcisismo, materialismo e desejo de
controle, foi a versão moderna de Caim: uma encarnação de tudo o que Caim foi”,
destacou Peterson a uma platéia predominantemente conservadora.
O
escritor destacou ainda que essa definição poderia ser encaminhada a todos os
seguidores de Marx, uma vez que “pessoas que não escolheram o caminho da
elevação, do sacrifício como objetivo de vida maior, para algo maior, são, em
geral, ateus socialistas”.
Para
Jordan B. Peterson, os marxistas seriam “isentos de humildade para alcançarem o
“caminho para a conquista”, além de “materialistas, imediatistas, arrogantes,
narcisistas ao extremo”.
Assim,
o psicólogo canadense acredita que o objetivo da vida seria “aprender a se
sacrificar, a se elevar em direção ao que é Deus”, sendo o pilar da “cultura
judaica-cristã’.
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De ateu a cristão conservador fervoroso
Em
setembro de 2016, Jordan teve sua fama catapultada após divulgar conteúdos no
Youtube se auto-intitulando “o professor contra o politicamente correto”, em
que questionava o uso da linguagem neutra.
Peterson,
que já enfrentou tentativas de remoção de sua licença de clinicar pela própria
Universidade de Toronto, afirmou em sua apresentação que “muitas doenças
mentais são doenças da alma, profundas”, demandando serem “curadas com
experiências igualmente profundas, que só a religião pode oferecer”.
O
canadense reitera não mais atender pacientes e que se dedica atualmente apenas
ao trabalho de divulgação – contudo, em reportagem publicada no canal Meio, a
jornalista Flávia Tavares destaca que Peterson se converteu e se tornou um
cristão conservador fervoroso que tem como missão converter mais pessoas.
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Extrema-direita marca presença em palestra
A
palestra de Peterson integra a promoção do novo livro do canadense, We Who
Wrestle With God (Nós que lutamos com Deus, em livre tradução), que será
lançado no país em novembro. Além da palestra em São Paulo, o escritor estará
em Porto Alegre nesta quinta-feira (20/06).
A
promoção dessa tour ficou a cargo do Grupo RBS e do portal conservador Brasil
Paralelo, o que levou diversos representantes e defensores do bolsonarismo a
lotarem o Espaço Unimed, na cidade de São Paulo.
A
jornalista Leda Nagle, a deputada federal Bia Kicis (PL), o coach e
pré-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal, o ator global Juliano
Cazarré e a CEO-fundadora da Nubank, Cristina Junqueira, foram alguns dos
presentes à palestra de Peterson.
Enquanto
Marçal declarou ser assinante da Brasil Paralelo – que, para ele, estaria
“ajudando a reescrever a história do Brasil”, Cazarré afirmou o papel
importante de Peterson desde o primeiro cancelamento sofrido.
“Eu
aprendi com ele a nunca me ajoelhar diante de uma multidão sedenta por sangue.
Acho que só por isso ainda não fui decapitado”, afirmou o ator, lembrando das
críticas sofridas por se recusar a se vacinar contra a covid-19 e por defender
a PL da Gravidez Infantil, que equipara o aborto após 22 semanas em caso de
estupro ao homicídio simples.
No
caso do Nubank, a ligação do banco com a extrema-direita foi apontada por
reportagens da Agência Pública e The Intercept Brasil ao revelar as relações do
ex-responsável pela área de tecnologia do site e aplicativos da empresa, Konrad
Scorciapino, com fóruns disseminadores de discurso de ódio e ataque à escolas.
Atualmente, Scorciapino é diretor do Brasil Paralelo.
Em
sua conta do X (antigo Twitter), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL)
compartilhou seu encontro com Peterson por intermédio da Brasil Paralelo e do
deputado Paulo Bilynskyj (PL).
Fonte:
Fórum/Jornal GGN
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