Vinho incentiva turismo e impulsiona
economia na Chapada Diamantina
A frutífera produção
vinícola na Chapada Diamantina tem estimulado o surgimento de diversos projetos
enogastronômicos e enoturísticos que, somados aos encantos naturais da região,
promovem o turismo e impulsionam a economia local. Nesse paraíso de 150 mil
hectares de montanhas, vales, cânions, cachoeiras e trilhas se encontra um novo
e crescente polo de vinícolas, como a Vaz, a Reconvexo e a UVVA, que vêm
protagonizando estratégias visando avançar, cada vez mais, o mercado da uva e
do vinho na Bahia.
O crescimento do
número de visitantes nas vinícolas é reflexo de iniciativas a exemplo da Rota
Enogastronômica Sensorial de Morro do Chapéu. Trata-se de um roteiro turístico
viabilizado por meio de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Morro de
Chapéu, o Governo do Estado e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), que reúne empresários e produtores locais de vinhos,
queijos, embutidos, cervejas, orgânicos, cafés e óleos essenciais. Segundo o
sócio da Vinícola Reconvexo, Rafael Bezerra de Araújo, esse projeto tem
contribuído para a chegada de novos restaurantes e hotéis no município, visando
atender à crescente demanda turística.
As vinícolas da região
têm seus atrativos à parte. A Reconvexo, por exemplo, oferece a opção
enogastronômica em parceria com o Chef Lino, em seu Wine Garden, com
restaurante e opções para almoço. “Oferecemos, também, a opção enoturística,
com equipe constantemente desenvolvida para acolhimento, realização de tour e
degustação de nossos vinhos de forma guiada ou serviço de vinho. Desde o seu
primeiro plantio, em 2019, a Reconvexo busca contribuir com o crescimento da
enogastronomia e do enoturismo”, destaca Rafael.
Desse modo, a
Reconvexo, localizada em Morro do Chapéu, passou a oferecer serviços e produtos
artesanais, como tour com degustação de vinhos; degustação de vinhos guiada;
consumação no Wine Garden dos vinhos, acompanhados de tábuas de queijos e
frios; restaurante aos finais de semana e feriados; e hospedagem. “Oferecemos,
ainda, o curso gratuito ‘Introdução à viticultura e enologia’, que tem como
público-alvo as comunidades de Morro do Chapéu. A proposta é desenvolver e
apresentar o mercado da uva e do vinho e despertar as pessoas para esse
universo”, acrescenta o sócio da vinícola, que recebe uma média de 600
visitantes mensais.
A Associação
Empresarial do Agroturismo de Morro do Chapéu (Agrotur), criada há dois anos,
vem cumprindo o papel de “difundir essas possibilidades turísticas que envolvem
a Rota Enogastronômica Sensorial, alinhando padrão de atendimento e serviços”,
como destaca Rafael, que integra a diretoria da entidade presidida por Jairo
Vaz, dono da Vinícola Vaz, também em Morro do Chapéu. Para atrair visitantes, a
melhor estratégia encontrada pelo proprietário da Vaz foi apresentar ao público
o dia a dia da atividade vitivinícola. “Abrimos a nossa vinícola com entrada
franca para aqueles que desejam apenas conhecer, como também para os que
desejam uma experiência mais intensa”.
Como atração máxima, a
Vinícola Vaz criou a Festa da Vindima, que acontece duas vezes por ano: no
Carnaval e em agosto. “É uma oportunidade de desfrutar do ambiente da Vindima
com a colheita, a pisa das uvas e o início do processo de vinificação. Tudo isso
regado a muito vinho, espumantes, gastronomia e música, sendo que, este ano,
inovamos com a pisa da uva ao ritmo do forró nordestino”, relata Jairo Vaz.
·
Visitas e degustações
O empresário conta que
a Vaz nasceu com o desafio de produzir vinhos e espumantes na Chapada
Diamantina para compartilhar as experiências do prazer que a vida no campo
proporciona por meio da vitivinicultura. Foi com este propósito que concebeu o
projeto Enoturístico da Vinícola, permitindo os visitantes conhecerem e
participarem das atividades vitícolas, com visitas guiadas e degustações de
vinhos harmonizado com queijos, embutidos e frutas da região.
“No mundo do vinho se
diz que é muito fácil se implantar uma vinícola, basta escolher bem as cepas e
plantá-las e que o difícil são só os 200 primeiros anos”, brinca o proprietário
da Vaz que, no ano passado, contabilizou uma média de 1.200 visitantes mensais.
“Estamos ampliando a nossa capacidade de produção e implantando uma nova
atração turística, com chalés de charme em forma de barricas e pipas, dentro da
proposta de uma hospedagem temática e muito romântica, em meio aos nossos
vinhedos”, destaca. Ele adianta que estão previstos, ainda este ano, a abertura
de um restaurante/bistrô e o lançamento, em 2025, do Condomínio Vitivinícola,
bem como um hotel com 24 apartamentos.
Já a Vinícola UVVA,
criada em 2012, vem buscando introduzir um novo nível de turismo e gastronomia
no mundo dos vinhos, visando “usufruir da oportunidade de apresentar um novo
terroir”, conforme o CEO da empresa, Fabiano Borré. “Entendemos que a nossa função
com o enoturismo é agregar conhecimento e entusiasmo aos visitantes, abrindo
mão dos tours tradicionais e nos dedicando a fazer uma entrega mais profunda,
que, de fato, conecte as pessoas com o vinho; com a região e com nossos sonhos
para este novo terroir”, considera. A gastronomia, completa o representante da
UVVA, está presente na vinícola através das degustações harmonizadas nos tours
e no Restaurante Arenito, a cargo do chef André Chequer, cuja proposta é unir a
culinária contemporânea e leituras locais.
Nesses dois anos
abertos ao público, a UVVA alcançou a marca de 15 mil visitantes e já teve seus
12 rótulos de vinho (tintos, brancos e espumantes) agraciados com 26
premiações, entre nacionais e internacionais. “Quem visita a região de Mucugê
tem na nossa vinícola a oportunidade de uma experiência que só acontece aqui,
que é a junção de natureza, paisagem exuberante, arquitetura, gastronomia e,
claro, nossos vinhos”, ressalta Borré. A empresa oferece três modalidades de
tours, que variam em tempo de duração e o nível de profundidade que o visitante
pretende usufruir, todos conduzidos pelos enólogos da equipe”. Outros dois
atrativos são a exposição de arte do artista Marcos Zacariades e as
programações da Vindima, que acontecem em datas específicas de junho e julho,
incluindo gastronomia, colheita e processamento das uvas.
Ø
Ecoturismo é uma vocação natural de cidades
chapadeiras
A vocação para o
turismo é natural na vastidão de terras recortadas em bela geografia, o que
leva a uma crescente organização interna, notadamente nos municípios
chapadeiros que valorizam a atividade. Além da formação de profissionais para
postos diretos e indiretos, preservação do meio ambiente, valorização e apoio
aos empreendimentos, eles participam da organização de eventos e colaboram na
divulgação dos seus atrativos.
Encantadora pela
beleza, cultura, gastronomia dentre outros atributos, a Chapada Diamantina tem
mais que paisagens famosas como o Morro do Pai Inácio, um dos principais
cartões-postais da região, na margem da BR 242, município de Palmeiras. Conta
com redutos como a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Lagoa da
Velha, em Morro do Chapéu, que guarda bem conservado um Sitio Arqueológico com
pinturas rupestres, apontado como de grande importância para o estado, ainda
pouco conhecido e com acesso restrito.
Embora sem números
específicos sobre quanto a atividade turística gera em impostos e qual a sua
participação do total arrecadado, municípios como Itaberaba, Lençóis e Morro do
Chapéu destacam ser de suma relevância o movimento gerado direta e indiretamente,
pois o dinheiro circula nas comunidades e atinge o comércio e serviços.
Anualmente o turismo
injeta milhões de reais na economia de Lençóis, contribuindo para a geração de
empregos e o desenvolvimento econômico do município, segundo informa a
secretária de Turismo, Laura Garcia. Ela diz que “calcula-se que o setor seja
responsável pela criação de mais de dois mil empregos diretos e indiretos. A
estimativa da administração local é de que cerca de 70% dos recursos
arrecadados provêm das atividades turísticas, evidenciando sua importância para
o desenvolvimento econômico local.
O município tem
investido em programas de capacitação e qualificação profissional, visando
preparar a população para atender às demandas crescentes do setor turístico,
como a capacitação ‘Como atender bem o turista LGBTQIAPN’, sobre Turismo de
Observação de Aves e Estratégias de Negócios.
Com mais de cinco mil
leitos de diversos padrões de hospedagem, a cidade oferece mais de 90 opções
entre bares, restaurantes, bistrôs e cafeterias com variada culinária. Destaque
para as comidas típicas do garimpo e os cafés especiais da Chapada. A cidade é
um destino consolidado, de onde partem as caravanas para boa parte das trilhas
e passeios aos atrativos da região.
Em Morro do Chapéu, o
Festival de Inverno e a Feira Agropecuária são os principais eventos que servem
como vitrine na atração maciça de turistas. De acordo com a prefeita Juliana
Araújo, no ano passado a feira atraiu 90 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 7
milhões, enquanto que o festival reuniu mais de 70 mil pessoas gerando cerca de
R$ 9 milhões.
A gestora destacou que
o turismo é atividade fundamental e gera impactos positivos na economia. Entre
as principais modalidades exploradas ela cita o ufológico, o ecológico, rural,
gastronômico e o enoturismo, com visitações para conhecer a produção de uvas e
do vinho. “Temos hoje quatro vinícolas em operação e outras três em fase de
implantação”, disse. Vale destacar que o município também atrai visitantes para
pesquisas acadêmicas e em busca de flores e mudas diversas.
O movimento na cidade
com eventos e a atração de turistas durante o ano representam milhares de
empregos diretos e indiretos no comércio e serviços, geração de renda, abertura
de novos negócios e o próprio desenvolvimento do município. Entre outras medidas
para promover o desenvolvimento está a qualificação da mão de obra com foco
também em outras áreas, a exemplo do de energia eólica, que tem crescido muito
e gerado centenas de empregos.
Ø
Locais históricos
Portal de entrada da
Chapada Diamantina para quem chega pela BR 242, vindo do litoral, Itaberaba tem
um Plano de Turismo com valorização de locais históricos na cidade e zona
rural, como o povoado de Alagoas que atrai romeiros e fomenta o turismo religioso.
O turismo de eventos se revela nas festas de São João, dos Vaqueiros e
aniversário de emancipação.
“Os eventos
potencializam a economia, geram emprego e renda, contribuem para fortalecer e
manter viva a cultura local”, enfatizou o secretário municipal de Cultura,
Turismo e Economia Criativa, Ramon Moraes. Ele acrescentou que embora sem dados
exatos, as diferentes modalidades de turismo compõem um dos pilares da economia
municipal, com grande apelo para o ecoturismo, assim como o restante da
Chapada.
É destaque entre os
atrativos naturais a Pedra de Itibiriba, imponente bloco de granito de 220m,
guarda herança deixada em pinturas rupestres, atualmente foco de estudos
acadêmicos, salientou Moraes.
Para o turismo
ecológico o município oferece aos visitantes a oportunidade de explorar a rica
biodiversidade da região. A Serra do Orobó, uma Área de Revelante Interesse
Ambiental (Arie), cuja maior parte está no município de Itaberaba, possui a
Cachoeira do Fascínio com 17m de queda d’água, é um ótimo destino para quem
gosta de aventura e belas paisagens.
No centro urbano se
sobressai o Monte do Bom Jesus da Lapa, de onde se avista a cidade e o Açude
Juracy Magalhães. Como município pólo regional, o secretário citou que em
Itaberaba também são relevantes “o turismo de negócios, saúde e Bem-estar,
contribuindo direta e indiretamente no desenvolvimento social e econômico”.
Com programas de
formação da mão de obra em parceria com órgãos como Sebrae. Senac e Senai, tem
ainda iniciativas para conservar os recursos naturais e um projeto em andamento
para a recuperação florestal do Parque Juracy Magalhães e construção da orla do
açude de mesmo nome, com perspectiva de ser um novo atrativo e área de lazer
para moradores e visitantes.
Fonte: A Tarde
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