Como saber
há quantas horas uma pessoa morreu? Médico legista explica
O caso de uma mulher que levou um idoso supostamente morto a um
banco no Rio de Janeiro para sacar um empréstimo repercutiu na imprensa
nacional e internacional nos últimos dias. Segundo a defesa de Erika de Souza
Vieira Nunes, que acompanhava o homem, ele ainda estava vivo quando chegou ao
local.
Mas, afinal, como saber a hora que uma pessoa morreu? De
acordo com Paulo Romero, perito médico da Polícia Científica de Ponta Grossa
(PR) — que não está envolvido no caso “Tio Paulo” —, não é possível
determinar o tempo exato de morte de uma pessoa, mas, sim, o período aproximado
a partir de alguns sinais emitidos pelo corpo.
“Esses sinais variam de uma pessoa para outra, de acordo com as
características fisiológicas de cada um. Mas é possível ter uma noção”,
ressalta Romero, a CNN. A seguir, confira quais são os sinais que peritos
costumam analisar para determinar o momento da morte de uma pessoa e que ajudam
a entender as circunstâncias associadas ao óbito.
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Sinais imediatos
Alguns dos sinais determinantes para identificar o falecimento
de um paciente, e que podem ser verificados por qualquer profissional de saúde,
são os chamados “sinais imediatos“. É o caso de:
- Parada cardiorrespiratória;
- Perda da sensibilidade;
- Perda da função cerebral.
Eles podem ser observados no momento da morte, durante um
atendimento de emergência ou durante um procedimento cirúrgico, por exemplo. A
partir disso, outros sinais consecutivos à morte começam a se manifestar. É o
caso da rigidez e da lividez cadavérica, além da mudança na temperatura
corporal e da decomposição do corpo.
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Rigidez cadavérica
A rigidez cadavérica começa a se manifestar,
geralmente, entre 1 a 8 horas após o falecimento, de acordo com Romero.
“Esse é o primeiro parâmetro que avaliamos. Se um corpo chega à mesa de um
perito sem apresentar rigidez, sabemos que a morte se deu, aproximadamente, há,
pelo menos, 1 hora”, explica o perito.
De acordo com o especialista, a rigidez cadavérica começa na
região do pescoço e segue um caminho até os pés, passando pelos músculos do
tórax, abdômen, pernas e, por fim, os pés. Essa rigidez começa a se desfazer
após 24 horas, também da cabeça aos pés.
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Lividez cadavérica
A lividez cadavérica é caracterizada pelo acúmulo
do sangue em uma determinada região do corpo e tem seu início
nos primeiros minutos após a morte. “Por exemplo, se uma pessoa morreu e
ficou deitada de costas no chão, o sangue vai se acumular na região posterior
do corpo. Ou seja, esse acúmulo pode variar de acordo com a posição em que a
pessoa morreu”, explica Romero.
Porém, esse sangue costuma se fixar na região onde se acumulou
após 12 horas da morte, formando manchas arroxeadas devido
a cessação da circulação do sangue.
A partir dessa característica, é possível fazer associações com
a rigidez cadavérica e chegar no momento aproximado da morte. “Se um corpo
chega ao perito já com uma rigidez, sabemos que a morte ocorreu há, pelo menos,
8 horas. Mas se a lividez ainda não se fixou, então a morte ocorreu há menos de
12 horas”, exemplifica.
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Temperatura corporal
Uma outra característica importante que é analisada é
a temperatura corporal, já que, após a morte, o corpo perde a
capacidade de regular a sua temperatura, conforme explica Romero.
Consequentemente, a tendência é que o corpo falecido diminua a sua temperatura
até atingir a temperatura ambiente.
“Imagine que o corpo humano tem, em média, 37°C. Se a pessoa
morre em um local cujo ambiente está 20°C, esse corpo vai resfriar até essa
temperatura”, afirma. Essa queda ocorre de forma progressiva, diminuindo de 1°C
a 1,5°C por hora, segundo o profissional. Portanto, esse também é um parâmetro
usado para estimar a hora aproximada da morte de uma pessoa.
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Quando o corpo começa a decompor?
Em seguida, inicia-se o processo de decomposição do corpo,
normalmente de 24 a 72 horas após a morte. “Um dos primeiros sinais de
putrefação é o surgimento de uma mancha verde abdominal, que costuma acontecer
após o fim da rigidez cadavérica. A partir disso, o corpo começa a exalar um
odor característico que também é um sinal de decomposição”, explica Romero.
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Ambiente externo pode influenciar
O ambiente externo e as circunstâncias relacionadas à morte
podem influenciar na forma como os sinais póstumos se manifestam. Conforme
explica o médico legista, em locais com temperaturas extremas, como um
deserto ou regiões do Polo Norte ou Sul, podem ocorrer o que chamam de
“características conservadoras do cadáver“.
Por exemplo, em áreas muito quentes, como um deserto,
a rigidez cadavérica pode demorar mais para acontecer e as etapas de
decomposição podem ocorrer de formas distintas do comum. “A pessoa, às vezes,
pode não perder suas características físicas e não ter perda de substâncias de
maneira mais rápida. Ou seja, o corpo se conserva por mais tempo. Esse fenômeno
chamamos de ‘mumificação‘”, afirma.
Já no caso de mortes que ocorrem em locais mais úmidos, como
lagos ou brejos, acontece a “saponificação“. Esse fenômeno é caracterizado pela
mudança química da gordura corporal de uma pessoa, que se converte em composto
ceroso similar aos sabões.
Além disso, vale ressaltar que todas as alterações no
corpo post-mortem podem variar de uma pessoa para outra e de
acordo com a forma como a morte ocorreu. “As etapas, geralmente, são as mesmas,
mas a forma como elas acontecem pode variar se a pessoa for um adulto ou uma
criança, se for um idoso, se for do sexo feminino ou masculino… podem variar de
acordo com a composição muscular, peso corporal, entre várias outras
características”, finaliza.
Fonte: CNN Brasil
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