'Bilionário prepotente e arrogante': 5
conflitos de Elon Musk no exterior
O embate entre Elon
Musk com a Justiça brasileira, em particular com o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não foi o único caso em que o dono
da rede social X entrou em conflito com autoridades de outros países.
No caso mais recente,
Musk foi chamado de "bilionário arrogante" pelo premiê da Austrália
pela relutância da sua rede social de tirar do ar por completo imagens de um
esfaqueamento em uma igreja.
As polêmicas
envolvendo o bilionário e suas empresas fizeram o jornal New York Times
escrever, em outubro de 2022, antes da conclusão da compra do Twitter, que Musk
emergia como "um ator novo e caótico no palco da política global".
"Embora muitos
executivos bilionários gostem de tuitar a sua opinião sobre assuntos mundiais,
nenhum deles chega perto da influência e da capacidade de Musk de causar
problemas", disse a reportagem.
A seguir, relembre
cinco dos principais conflitos envolvendo Musk e suas empresas, nos quais ele
se aproximou de assuntos como o conflito Israel-Hamas e a guerra da Rússia
contra a Ucrânia.
• 1. Austrália: acusação de censura após
Justiça ordenar remoção de vídeos
O primeiro-ministro
australiano Anthony Albanese chamou Elon Musk de “bilionário arrogante” após um
tribunal do país ordenar na segunda-feira (22/4) que a rede social X impedisse
a circulação de vídeos do ataque a uma igreja em Sydney na semana passada.
A rede social disse
que cumpriria a decisão, sinalizando de que haveria uma contestação legal à
medida, mas Musk usou um meme para acusar o governo australiano de censura.
Nesta terça-feira
(23), Albanese disse à emissora ABC News que Musk “pensa que está acima da lei,
mas também acima da decência comum”.
Na semana passada, a
comissária de segurança eletrônica da Austrália, Julie Inman Grant, ameaçou o X
e outras empresas de mídia social com pesadas multas se não removessem os
vídeos do esfaqueamento na igreja, classificado como um ataque terrorista pela polícia
local.
O X argumentou que a
ordem "não está dentro do escopo da lei australiana".
Grant conseguiu uma
liminar contra a rede social sob o argumento que o X estava permitindo que
usuários fora da Austrália continuassem acessando as imagens.
“Acho extraordinário
que o X tenha optado por não obedecer e esteja tentando se defender”, disse
Albanese em uma entrevista coletiva.
Em uma série de
postagens, Musk escreveu: “Gostaria de aproveitar um momento para agradecer ao
primeiro-ministro por informar o público que esta plataforma é a única
verdadeira”.
Anteriormente, ele
também criticou pessoalmente a comissária de segurança eletrônica,
descrevendo-a como a "comissária da censura australiana".
Albanese defendeu
Grant, dizendo que ela estava protegendo os australianos.
“A mídia social
precisa ter responsabilidade social. Musk está demonstrando não ter nenhuma”,
disse ele.
O X terá 24 horas para
cumprir a decisão da Justiça de segunda-feira, com nova audiência sobre o
assunto prevista para os próximos dias.
• 2. União Europeia: investigação do X e
crítica à suspensão de contas de jornalistas
A União Europeia (UE)
anunciou em 2023 uma investigação da rede social X, de Musk, para apurar
suposta propagação de conteúdos terroristas e violentos, além de discurso de
ódio, após o ataque do Hamas a Israel.
Na ocasião, o X disse
ter removido centenas de contas afiliadas ao Hamas da plataforma.
Em dezembro daquele
ano, a União Europeia formalizou que suspeita que o X tenha violado as suas
regras em áreas que incluem o combate ao conteúdo ilegal e à desinformação.
O comissário digital
da UE, Thierry Breton, expôs as supostas infrações em uma postagem na rede
social. Breton disse que o X também era suspeito de violar suas obrigações de
transparência.
Na ocasião, a empresa
disse que estava "cooperando com o processo regulatório" e afirmou
que é "importante que este processo permaneça livre de influência política
e siga a lei".
Em outro episódio,
Musk foi criticado pela União Europeia, pelas Nações Unidas, além de governos,
por ter banido contas de jornalistas na rede social.
Na ocasião, a
subsecretária-geral da ONU, Melissa Fleming, disse que "a liberdade da
mídia não é um brinquedo".
"Uma imprensa
livre é a pedra angular das sociedades democráticas e uma ferramenta
fundamental na luta contra a desinformação prejudicial", disse ela.
A comissária da UE,
Vera Jourova, ameaçou a rede social com sanções sob a nova Lei Europeia de
Serviços Digitais, que, segundo ela, exige "o respeito da liberdade de
imprensa e dos direitos fundamentais".
• 3. Ucrânia e o 'plano de paz' de Musk
Outra postagem de Musk
o colocou no meio de uma discussão sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Em outubro de 2022,
ele usou o Twitter para sugerir um "plano de paz" para o conflito, em
formato de enquete, que indignou autoridades ucranianas.
A tradução da enquete
é a seguinte:
"Paz
Ucrânia-Rússia:
-Refazer eleições de
regiões anexadas sob supervisão da ONU; a Rússia sai se essa for a vontade do
povo.
-Crimeia formalmente
parte da Rússia, como tem sido desde 1783 (até o erro de Khrushchev).
-Abastecimento de água
à Crimeia assegurado.
-A Ucrânia permanece
neutra."
O presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, criou sua própria enquete no Twitter, na qual
perguntava aos seguidores: "Qual @elonmusk você gosta mais?"
As opções:
"Aquele que apoia a Ucrânia" e "Aquele que apoia a Rússia".
A enquete de Musk veio
depois de ele ter postado uma imagem fazendo referência ao presidente
ucraniano, em formato de meme, com a mensagem: "Quando já se passaram
cinco minutos e você não pediu um bilhão de dólares em ajuda".
• 4. Delaware (EUA) e a guerra de Musk
Em uma polêmica mais
recente, Elon Musk está em pé de guerra com o Estado americano de Delaware.
"Nunca registre
sua empresa no Estado de Delaware", escreveu o bilionário americano em
mensagem no X, em 30 de janeiro.
Duas de suas empresas,
Neuralink e SpaceX, anunciaram que não teriam mais sede fiscal no Estado
americano.
Em meados de
fevereiro, soube-se que a Neuralink – que trabalha para conectar cérebros
humanos a computadores – registraria seu endereço legal em Nevada (onde X,
outra empresa de Musk, já tem sede), e a empresa aeroespacial SpaceX, no Texas.
Resta saber o que
acontecerá com a Tesla, motivo pelo qual Musk quer cortar qualquer vínculo com
Delaware.
No fim de janeiro, uma
juíza de Delaware anulou o pacote salarial que Musk receberia da empresa, de
US$ 56 bilhões, o maior pagamento concedido a um CEO de uma empresa de capital
aberto na história.
A decisão veio após
uma ação judicial movida por acionistas que consideraram o pagamento excessivo.
A juíza concordou com eles.
Foi a partir daí que
Musk iniciou sua campanha para convencer outras empresas a não estabelecerem
domicílio legal no Estado.
Uma batalha difícil,
no entanto, pois o Estado há décadas é considerado bastante atraente pelo setor
empresarial.
Mais de 60% das
empresas que compõem o índice Fortune 500, que inclui as 500 maiores empresas
americanas, estão registradas em Delaware. Estamos falando de gigantes como
Google, Amazon, Facebook, LinkedIn, Visa, MasterCard ou Walmart, entre muitos
outras.
E mais de 1,6 milhão
de empresas de todo o planeta têm sede legal no Estado
• 5. Bolívia: 'Daremos golpe em quem
quisermos'
Em um episódio
anterior à compra do Twitter, Musk usou a rede social, em 2020, para criticar
um pacote de estímulo do governo dos Estados Unidos no contexto da pandemia de
coronavírus.
Ele dizia que o pacote
não atendia aos "melhores interesses do povo".
Em seguida, um perfil
respondeu a Musk que não se tratava de "melhor interesse do povo" o
governo dos EUA "organizar um golpe contra Evo Morales" para Musk
"obter o lítio" (material usado na fabricação de baterias na Tesla) da
Bolívia.
Morales havia
renunciado em 2019, em meio a uma mobilização social que, somada ao motim de
grande parte dos policiais bolivianos e ao pedido de renúncia feito pelas
Forças Armadas, acabou por destituí-lo do poder.
Musk, então,
respondeu, em ano eleitoral na Bolívia: "Nós daremos golpe em quem
quisermos. Lide com isso".
¨ Musk adverte a Austrália contra 'controle de toda a Internet' em
meio à disputa de censura a vídeos
Elon Musk deixou claro
que não vai cumprir a ordem da Austrália de remover do X (anteriormente
Twitter) um vídeo de um ataque terrorista contra um clérigo de Sydney.
O executivo do X
denunciou anteriormente que um vídeo de um ataque com faca a um bispo ortodoxo
havia sido censurado na Austrália, com Camberra ameaçando a rede social com uma
multa diária de US$ 510.000 (R$ 2,6 milhões) devido à relutância da empresa em
remover completamente a filmagem.
"Nossa
preocupação é que se qualquer país tiver permissão para censurar conteúdo para
todos os países, que é o que o 'comissário de segurança eletrônica' australiano
está exigindo, então o que impedirá qualquer país de controlar toda a Internet?",
provocou o bilionário da tecnologia em uma postagem em sua conta no X.
O CEO da Tesla e da
SpaceX acrescentou que o X "já censurou o conteúdo em questão para a
Austrália, aguardando recurso legal, e está armazenado apenas em
servidores" nos EUA.
Os comentários de Musk
ocorreram depois que o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese criticou
o proprietário do X chamando-o de "bilionário arrogante que pensa que está
acima da lei, mas também acima da decência comum".
Em declarações à
emissora ABC, Albanese acrescentou que "a ideia de que alguém iria a
tribunal pelo direito de colocar conteúdo violento em uma plataforma mostra o
quão fora de alcance o sr. Musk está".
Isso ocorreu após a
Comissão de Segurança Eletrônica da Austrália pedir que o X removesse
completamente o vídeo de sua plataforma para todos os usuários, em vez de
apenas bloquear a filmagem no sexto maior país do mundo.
De acordo com a
comissária de segurança eletrônica da Austrália, Julie Inman Grant, "cada
minuto conta, e quanto mais esse conteúdo estiver lá, mais ele será
compartilhado de novo, mais a velocidade e a viralidade continuarão e
precisamos conter isso".
No vídeo, o bispo Mar
Mari Emmanuel, da Igreja Ortodoxa Assíria, é visto sendo esfaqueado durante um
culto nos subúrbios de Sydney, que estava sendo transmitido ao vivo no dia 15
de abril. O ataque não fatal, que as autoridades consideraram ter sido um ato
terrorista motivado por suspeita de extremismo religioso, rapidamente obteve
múltiplas visualizações on-line e teria levado a protestos perto da cena do
crime.
Fonte: BBC News Mundo/Sputnik
Brasil
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