segunda-feira, 4 de março de 2024

Pastor que com Nikolas Ferreira “orou para Deus quebrar mandíbula de Lula” ataca bolsonarismo

O pastor Anderson Silva, que em junho do ano passado ganhou notoriedade em todo o Brasil por dizer durante uma live, ao lado do deputado federal de extrema direita Nikolas Ferreira (PL-MG), que “orava para que Deus quebrasse a mandíbula do presidente Lula”, deu um cavalo de pau em suas posturas ultrarreacionárias e violentas e apareceu num vídeo que circula nas redes sociais dizendo que “deixou de ser bolsonarista”. Ele faz ainda uma série de críticas ferinas ao movimento extremista que bajula o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contou até que a “facção” fez mal para seu casamento.

Não ficou claro ainda por que Silva recuou tanto em sua postura beligerante e agressiva, se por receio das operações da PF que investigam os radicais golpistas, ou se por puro desencanto com o movimento político de extrema direita. Ele começou falando justamente das prisões.

“Eu quero ser preso, se o estado e a igreja me perseguir, como pastor, mas não quero ser preso como bolsonarista... O que você fez por Bolsonaro, você faria por Jesus?”, iniciou o clérigo.

Silva refutou ainda que sempre tenha sido um bajulador de políticos, mas admitiu que se radicalizou por conta das opiniões de Bolsonaro.

“Você não me viu e não me vê em eventos públicos babando o ovo de políticos, mas mesmo assim, tendo essa postura, eu me bolsonarizei... Porque é difícil, né, o indivíduo ter uma visão de mundo política e ele é pastor... Como desvencilhar sua crença de seu sacerdócio?”, acrescentou.

Ele diz que está há 30 dias nos EUA de férias e que esse período, longe da “guerra”, o fez ver o que estava fazendo e se envergonhar de suas posturas.

“Esses 30 dias me deixaram com vergonha de mim, sabe? Tipo, ‘caramba, cara, como que eu fiz isso? Por que eu apoiei isso?’”, disse, aparentemente chateado.

O agora ex-bolsonarista aproveitou o embalo e criticou a clássica hipocrisia da extrema direita, que se diz conservadora mas que, na prática, realiza atos profundamente imorais.

“Eu vou começar a postar todos os banners que fiz do passado, e vocês lembram disso... ‘Não existe conservadorismo com amante’... Ah, ‘a agenda gay está destruindo o mundo, dizem os bolsonaristas’... E aí eu disse: ‘se os gays não existissem, você seria fiel à sua esposa?’... Quase, nesses quatro anos, eu não encontrei conservador fiel, conservador útil... É só você pegar a timeline de uma rede social de um político bolsonarista que você vai ver a sua inutilidade, eles só vivem para combater a esquerda... Mas ele não produz e às vezes ele não é oposto do que ele critica, e não é uma pessoa fiel... Se for cristão, muitas vezes não é um cristão fiel, se for marido, não é um marido fiel... E quem tá no meio político sabe do que eu tõ falando”, disparou o pastor.

Comparando-se com Billy Graham, o teólogo e pastor batista que por décadas influenciou presidentes norte-americanos de diferentes posições ideológicas, Silva disse que está arrependido e que “recua de seu bolsonarismo”, porque quer ser um pastor para todos.

“Eu tô arrependido, diante de Jesus, diante da palavra, diante da igreja... Eu quero recuar, como pastor... Eu quero ser um Billy Graham... Billy Graham ele discipulou mais de sete gerações de presidentes da República nos EUA, democratas e republicanos... Ele recebeu, sentou e dialogou com Barack Obama, de esquerda, ele dialogou com políticos de direita, na maioria sim, mas ele sempre estava disponível... Quando ele pregou na Coreia do Norte, comunista, ele foi criticado pelos EUA, e ele disse “eu não sou um republicano apenas, eu sou um homem de Deus, um pregador do evangelho, eu sou um evangelista”, confessou o homem que ficou famoso também por sua longa barba e a cabeça careca.

Por fim, o agora ex-bolsonarista diz que levará o evangelho para quem for de direita ou de esquerda, e que o ambiente bolsonarista provocou problemas até na sua casa, com a sua esposa, embora não revele o que exatamente aconteceu.

“Eu tô sem ar falando isso... A minha função é pregar o evangelho, à direita e à esquerda, eu não posso politizar meu sacerdócio... Meu compromisso é com Jesus, meu compromisso é estabelecer o reino de Deus, e eu tava tão cego que eu não enxerguei que isso prejudicou a saúde emocional da minha própria esposa... As minhas posturas políticas fizeram mal até ao meu lar, e que não quero mais isso, quero recuar”, concluiu Silva.

RELEMBRE O CASO:

•        Nikolas Ferreira e pastor ameaçam presidente Lula: “quebra a mandíbula dele”

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a defender violência extrema contra seus adversários políticos durante uma entrevista ao podcast "Tretas e Diálogo", apresentado pelo pastor Anderson Silva.

Utilizando-se de alegorias religiosas, Nikolas Ferreira afirma que é preciso "arrancar a cabeça" daqueles que pensam diferente. "Tem gente que chega em mim e fala, 'Nikolas, pega mais leve'. Cara, como é que eu pego leve com Golias? Eu não vou chamá-lo para tomar uma xícara de café. Eu vou pegar tudo o que eu tenho aqui e dar na cabeça dele. Vou arrancar a sua cabeça e mostrar para todo mundo que você é meu inimigo. [Tem] que mostrar isso para as pessoas com coração fervoroso e mostrar o seguinte também: arrependa-se. Se arrependam porque se Jesus encontrar o coração de vocês e chamar, vocês vão para o inferno. Se eu não posso pedir para o Lula se arrepender, aí o capeta não está deixando eu pregar", disse Nikolas Ferreira.

Em outro momento, é a vez do pastor Anderson Ferreira pregar violência extrema contra seus adversários e contra o presidente Lula, porém, o religioso é mais direto que o deputado mineiro e nomeia o mandatário.

"A gente precisa crer. Você [Nikolas Ferreira], você abriu uma janela aqui [...] eu estou orando, talvez a gente não esteja orando na fé, na intensidade da fé. O guerreiro é Deus. Salmos 2 diz: o Senhor está rindo. Rindo por quê? Porque ele é capaz de destruir o imperador na Terra. Faltam essas orações imprecatórias: Senhor, mata os meus inimigos, quebra os dentes dos meus inimigos. Falta a gente orar assim: Senhor, arrebenta a mandíbula do Lula. Senhor, prostre enfermos os ministros do STF, que eles te conheçam no leito da enfermidade", disse o pastor Anderson Silva com risos ao fundo do deputado Nikolas Ferreira.

 

       FASCISMO BOLSONARISTA: Bolsonaristas, Caiado e vice bajulam embaixador sionista e fecham acordos com Israel

 

Calado nas redes após ser repreendido pelo chanceler Mauro Vieira, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, voltou aos braços do bolsonarismo e foi bajulado durante visita ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que esteve no ato de Jair Bolsonaro (PL) na avenida paulista.

Rodeado por políticos da ultradireita goiana, Zonshine participou primeiramente de um ato de inauguração do parque “Am Israel Chai” (O povo de Israel vive), na sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-GO), em Goiânia, na quarta-feira (28).

“Esse parque será propriedade dividida com todos os judeus de Goiás e de outros estados, para que possam ver essa homenagem às vidas que foram retiradas de maneira bárbara e violenta. Goiás parte na frente ao criar esse parque, que servirá para o povo de Israel saber que, ao visitar o estado, será muito bem recebido”, disparou Caiado.

Vice-governador, Daniel Vilela (MDB) deu sequência à bajulação e presenteou o embaixador com uma muda de pequi sem espinhos, desenvolvida pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO).

"Não quis criar nenhum incidente diplomático [sobre o risco de Zonshine morder o caroço da fruta]", disse Vilela, fazendo graça sobre a relação do governo Lula com o primeiro-ministro sionista, Benjamin Netanyahu.

Mais cedo, Vilela havia recebido o embaixador na sede da Assembleia de Deus – Ministério Campinas, com um almoço pelo presidente, bispo Oídes do Carmo, e lideranças políticas.

Entre as árvores plantadas no parque estão diversas espécies de origem nacional e uma oliveira. As mudas foram doadas pela Embaixada de Israel no Brasil.

“Israel passou por um tempo muito difícil desde aquele 7 de outubro, uma coisa sem precedente, e esta é uma forma de lembrar e homenagear a vida daquelas 1.200 pessoas assassinadas em um dia só. Plantar estar árvores significa que essa memória ficará para sempre e vamos transformar essa tragédia em algo positivo para o futuro”, disse Zonshine, sem citar os mais de 30 mil palestinos assassinados pelas forças sionistas.

Durante a cerimônia, Caiado assinou um documento com "compromisso em implantar ou apoiar políticas públicas de combate ao preconceito ao povo israelense e às instituições judaicas".

O governador bolsonarista ainda anunciou parcerias entre o estado e o governo Benjamin Netanyahu em diversos setores, incluindo a área bélica.

“Apresentamos nosso compromisso de aumentar a cooperação em áreas como agricultura, indústria, defesa e muitas outras. Assim esperamos contribuir para a melhoria da qualidade de vida em Goiás”, disse o embaixador israelense.

 

       Coronel preso pelo 8 de Janeiro não é achado por oficial de Justiça

 

Ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Eduardo Naime não foi encontrado pelo oficial de Justiça que tentou intimá-lo para depor em um processo familiar. O oficial de Justiça não encontrou o nome de Naime no Sistema de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

Naime está preso desde agosto de 2023 por ordem do Supremo Tribunal Federal, devido à suspeita de ter facilitado os atos terroristas do 8 de Janeiro. O ex-comandante de Operações também responde é alvo de um processo judicial de pensão alimentícia. O caso corre em segredo de Justiça.

O oficial de Justiça foi intimar Naime para uma audiência do processo da pensão alimentícia e informou à Justiça que “não foi possível cumprir o mandado judicial” porque “não foi possível localizá-lo”.

“O nome do mesmo não consta no Sistema de Administração Penitenciária do DF-SIAPEN [Sistema de Administração Penitenciária] e tampouco foi possível localizá-lo por meio do CPF indicado no mandado”, escreveu o oficial de Justiça.

Naime estava preso na Papuda, mas, em setembro de 2023, foi transferido para a prisão militar do 19º Batalhão de Polícia Militar.

Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal não respondeu aos contatos da coluna. O espaço segue aberto para manifestações.

(Atualização às 8h37 do dia 2 de março de 2024: Após a publicação da reportagem, a Secretaria de Administração do Distrito Federal informou que, por ser militar da ativa, o registro da prisão de Naime está a cargo da Polícia Militar do Distrito Federal, a não ser que, por decisão judicial, ele seja encaminhado para uma prisão do Sistema Penitenciário do DF. Segundo a pasta, apesar de ter dado entrada no Complexo Penitenciário da Papuda, Naime ficou preso no 19º Batalhão de Polícia Militar, que não é administrado pela pasta, e por isso seu nome não consta no Sistema de Administração Penitenciária do DF, consultado pelo oficial de Justiça.)

(Atualização às 9h20 do dia 2 de março de 2024: Em nota à coluna, a defesa de Naime disse que não irá se manifestar sobre o processo pelo qual houve a tentativa de intimação porque está sob sigilo, mas informou que a pensão alimentícia tratada na ação é descontada da folha de pagamento dele.)

 

Fonte: Fórum/Metrópoles

 

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