Pastor que com Nikolas Ferreira “orou para
Deus quebrar mandíbula de Lula” ataca bolsonarismo
O pastor Anderson
Silva, que em junho do ano passado ganhou notoriedade em todo o Brasil por
dizer durante uma live, ao lado do deputado federal de extrema direita Nikolas
Ferreira (PL-MG), que “orava para que Deus quebrasse a mandíbula do presidente
Lula”, deu um cavalo de pau em suas posturas ultrarreacionárias e violentas e
apareceu num vídeo que circula nas redes sociais dizendo que “deixou de ser
bolsonarista”. Ele faz ainda uma série de críticas ferinas ao movimento
extremista que bajula o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contou até que a
“facção” fez mal para seu casamento.
Não ficou claro ainda
por que Silva recuou tanto em sua postura beligerante e agressiva, se por
receio das operações da PF que investigam os radicais golpistas, ou se por puro
desencanto com o movimento político de extrema direita. Ele começou falando justamente
das prisões.
“Eu quero ser preso,
se o estado e a igreja me perseguir, como pastor, mas não quero ser preso como
bolsonarista... O que você fez por Bolsonaro, você faria por Jesus?”, iniciou o
clérigo.
Silva refutou ainda
que sempre tenha sido um bajulador de políticos, mas admitiu que se radicalizou
por conta das opiniões de Bolsonaro.
“Você não me viu e não
me vê em eventos públicos babando o ovo de políticos, mas mesmo assim, tendo
essa postura, eu me bolsonarizei... Porque é difícil, né, o indivíduo ter uma
visão de mundo política e ele é pastor... Como desvencilhar sua crença de seu
sacerdócio?”, acrescentou.
Ele diz que está há 30
dias nos EUA de férias e que esse período, longe da “guerra”, o fez ver o que
estava fazendo e se envergonhar de suas posturas.
“Esses 30 dias me
deixaram com vergonha de mim, sabe? Tipo, ‘caramba, cara, como que eu fiz isso?
Por que eu apoiei isso?’”, disse, aparentemente chateado.
O agora
ex-bolsonarista aproveitou o embalo e criticou a clássica hipocrisia da extrema
direita, que se diz conservadora mas que, na prática, realiza atos
profundamente imorais.
“Eu vou começar a
postar todos os banners que fiz do passado, e vocês lembram disso... ‘Não
existe conservadorismo com amante’... Ah, ‘a agenda gay está destruindo o
mundo, dizem os bolsonaristas’... E aí eu disse: ‘se os gays não existissem,
você seria fiel à sua esposa?’... Quase, nesses quatro anos, eu não encontrei
conservador fiel, conservador útil... É só você pegar a timeline de uma rede
social de um político bolsonarista que você vai ver a sua inutilidade, eles só
vivem para combater a esquerda... Mas ele não produz e às vezes ele não é
oposto do que ele critica, e não é uma pessoa fiel... Se for cristão, muitas
vezes não é um cristão fiel, se for marido, não é um marido fiel... E quem tá
no meio político sabe do que eu tõ falando”, disparou o pastor.
Comparando-se com
Billy Graham, o teólogo e pastor batista que por décadas influenciou
presidentes norte-americanos de diferentes posições ideológicas, Silva disse
que está arrependido e que “recua de seu bolsonarismo”, porque quer ser um
pastor para todos.
“Eu tô arrependido,
diante de Jesus, diante da palavra, diante da igreja... Eu quero recuar, como
pastor... Eu quero ser um Billy Graham... Billy Graham ele discipulou mais de
sete gerações de presidentes da República nos EUA, democratas e republicanos...
Ele recebeu, sentou e dialogou com Barack Obama, de esquerda, ele dialogou com
políticos de direita, na maioria sim, mas ele sempre estava disponível...
Quando ele pregou na Coreia do Norte, comunista, ele foi criticado pelos EUA, e
ele disse “eu não sou um republicano apenas, eu sou um homem de Deus, um
pregador do evangelho, eu sou um evangelista”, confessou o homem que ficou
famoso também por sua longa barba e a cabeça careca.
Por fim, o agora
ex-bolsonarista diz que levará o evangelho para quem for de direita ou de
esquerda, e que o ambiente bolsonarista provocou problemas até na sua casa, com
a sua esposa, embora não revele o que exatamente aconteceu.
“Eu tô sem ar falando
isso... A minha função é pregar o evangelho, à direita e à esquerda, eu não
posso politizar meu sacerdócio... Meu compromisso é com Jesus, meu compromisso
é estabelecer o reino de Deus, e eu tava tão cego que eu não enxerguei que isso
prejudicou a saúde emocional da minha própria esposa... As minhas posturas
políticas fizeram mal até ao meu lar, e que não quero mais isso, quero recuar”,
concluiu Silva.
RELEMBRE O CASO:
• Nikolas Ferreira e pastor ameaçam
presidente Lula: “quebra a mandíbula dele”
O deputado federal
Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a defender violência extrema contra seus
adversários políticos durante uma entrevista ao podcast "Tretas e
Diálogo", apresentado pelo pastor Anderson Silva.
Utilizando-se de
alegorias religiosas, Nikolas Ferreira afirma que é preciso "arrancar a
cabeça" daqueles que pensam diferente. "Tem gente que chega em mim e
fala, 'Nikolas, pega mais leve'. Cara, como é que eu pego leve com Golias? Eu
não vou chamá-lo para tomar uma xícara de café. Eu vou pegar tudo o que eu
tenho aqui e dar na cabeça dele. Vou arrancar a sua cabeça e mostrar para todo
mundo que você é meu inimigo. [Tem] que mostrar isso para as pessoas com
coração fervoroso e mostrar o seguinte também: arrependa-se. Se arrependam
porque se Jesus encontrar o coração de vocês e chamar, vocês vão para o
inferno. Se eu não posso pedir para o Lula se arrepender, aí o capeta não está
deixando eu pregar", disse Nikolas Ferreira.
Em outro momento, é a
vez do pastor Anderson Ferreira pregar violência extrema contra seus
adversários e contra o presidente Lula, porém, o religioso é mais direto que o
deputado mineiro e nomeia o mandatário.
"A gente precisa
crer. Você [Nikolas Ferreira], você abriu uma janela aqui [...] eu estou
orando, talvez a gente não esteja orando na fé, na intensidade da fé. O
guerreiro é Deus. Salmos 2 diz: o Senhor está rindo. Rindo por quê? Porque ele
é capaz de destruir o imperador na Terra. Faltam essas orações imprecatórias:
Senhor, mata os meus inimigos, quebra os dentes dos meus inimigos. Falta a
gente orar assim: Senhor, arrebenta a mandíbula do Lula. Senhor, prostre
enfermos os ministros do STF, que eles te conheçam no leito da
enfermidade", disse o pastor Anderson Silva com risos ao fundo do deputado
Nikolas Ferreira.
FASCISMO BOLSONARISTA: Bolsonaristas,
Caiado e vice bajulam embaixador sionista e fecham acordos com Israel
Calado nas redes após
ser repreendido pelo chanceler Mauro Vieira, o embaixador de Israel no Brasil,
Daniel Zonshine, voltou aos braços do bolsonarismo e foi bajulado durante
visita ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que esteve no ato de Jair
Bolsonaro (PL) na avenida paulista.
Rodeado por políticos
da ultradireita goiana, Zonshine participou primeiramente de um ato de
inauguração do parque “Am Israel Chai” (O povo de Israel vive), na sede do
Departamento Estadual de Trânsito (Detran-GO), em Goiânia, na quarta-feira
(28).
“Esse parque será
propriedade dividida com todos os judeus de Goiás e de outros estados, para que
possam ver essa homenagem às vidas que foram retiradas de maneira bárbara e
violenta. Goiás parte na frente ao criar esse parque, que servirá para o povo
de Israel saber que, ao visitar o estado, será muito bem recebido”, disparou
Caiado.
Vice-governador,
Daniel Vilela (MDB) deu sequência à bajulação e presenteou o embaixador com uma
muda de pequi sem espinhos, desenvolvida pela Agência Goiana de Assistência
Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO).
"Não quis criar
nenhum incidente diplomático [sobre o risco de Zonshine morder o caroço da
fruta]", disse Vilela, fazendo graça sobre a relação do governo Lula com o
primeiro-ministro sionista, Benjamin Netanyahu.
Mais cedo, Vilela
havia recebido o embaixador na sede da Assembleia de Deus – Ministério
Campinas, com um almoço pelo presidente, bispo Oídes do Carmo, e lideranças
políticas.
Entre as árvores
plantadas no parque estão diversas espécies de origem nacional e uma oliveira.
As mudas foram doadas pela Embaixada de Israel no Brasil.
“Israel passou por um
tempo muito difícil desde aquele 7 de outubro, uma coisa sem precedente, e esta
é uma forma de lembrar e homenagear a vida daquelas 1.200 pessoas assassinadas
em um dia só. Plantar estar árvores significa que essa memória ficará para
sempre e vamos transformar essa tragédia em algo positivo para o futuro”, disse
Zonshine, sem citar os mais de 30 mil palestinos assassinados pelas forças
sionistas.
Durante a cerimônia,
Caiado assinou um documento com "compromisso em implantar ou apoiar
políticas públicas de combate ao preconceito ao povo israelense e às
instituições judaicas".
O governador
bolsonarista ainda anunciou parcerias entre o estado e o governo Benjamin
Netanyahu em diversos setores, incluindo a área bélica.
“Apresentamos nosso
compromisso de aumentar a cooperação em áreas como agricultura, indústria,
defesa e muitas outras. Assim esperamos contribuir para a melhoria da qualidade
de vida em Goiás”, disse o embaixador israelense.
Coronel preso pelo 8 de Janeiro não é
achado por oficial de Justiça
Ex-comandante de
Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Eduardo Naime
não foi encontrado pelo oficial de Justiça que tentou intimá-lo para depor em
um processo familiar. O oficial de Justiça não encontrou o nome de Naime no
Sistema de Administração Penitenciária do Distrito Federal.
Naime está preso desde
agosto de 2023 por ordem do Supremo Tribunal Federal, devido à suspeita de ter
facilitado os atos terroristas do 8 de Janeiro. O ex-comandante de Operações
também responde é alvo de um processo judicial de pensão alimentícia. O caso
corre em segredo de Justiça.
O oficial de Justiça
foi intimar Naime para uma audiência do processo da pensão alimentícia e
informou à Justiça que “não foi possível cumprir o mandado judicial” porque
“não foi possível localizá-lo”.
“O nome do mesmo não
consta no Sistema de Administração Penitenciária do DF-SIAPEN [Sistema de
Administração Penitenciária] e tampouco foi possível localizá-lo por meio do
CPF indicado no mandado”, escreveu o oficial de Justiça.
Naime estava preso na
Papuda, mas, em setembro de 2023, foi transferido para a prisão militar do 19º
Batalhão de Polícia Militar.
Procurada, a
Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal não respondeu aos
contatos da coluna. O espaço segue aberto para manifestações.
(Atualização às 8h37
do dia 2 de março de 2024: Após a publicação da reportagem, a Secretaria de
Administração do Distrito Federal informou que, por ser militar da ativa, o
registro da prisão de Naime está a cargo da Polícia Militar do Distrito
Federal, a não ser que, por decisão judicial, ele seja encaminhado para uma
prisão do Sistema Penitenciário do DF. Segundo a pasta, apesar de ter dado
entrada no Complexo Penitenciário da Papuda, Naime ficou preso no 19º Batalhão
de Polícia Militar, que não é administrado pela pasta, e por isso seu nome não
consta no Sistema de Administração Penitenciária do DF, consultado pelo oficial
de Justiça.)
(Atualização às 9h20
do dia 2 de março de 2024: Em nota à coluna, a defesa de Naime disse que não
irá se manifestar sobre o processo pelo qual houve a tentativa de intimação
porque está sob sigilo, mas informou que a pensão alimentícia tratada na ação é
descontada da folha de pagamento dele.)
Fonte:
Fórum/Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário