segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Pesquisadores desenvolvem insulina oral para o tratamento de diabetes

Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, estão desenvolvendo uma insulina oral, que pode ser uma revolução no tratamento de pacientes com diabetes que precisam fazer o uso do medicamento na forma injetável para controlar o nível de glicose no sangue.

A insulina oral já foi usada em ratos e camundongos com diabetes e babuínos saudáveis, mostrando ótimos resultados (publicados no periódico científico Nature). A expectativa é testar a nova insulina em seres humanos a partir do próximo ano.

Segundo os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, os efeitos obtidos com os animais dão indícios de que a nova forma de utilização da insulina leva vantagem sobre a injetável porque entrega o hormônio diretamente no fígado, onde pode ser absorvido ou entrar na circulação sanguínea.

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela produção ineficiente ou pela resistência à ação da insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas, que controla a quantidade de glicose no sangue para fornecer energia ao corpo humano. Segundo dados da pesquisa Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 10,2% da população brasileira tem diabetes.

Até agora o uso da insulina por via oral não era uma possibilidade, pois a substância é uma proteína, o que faz com que ela sofra a digestão no estômago e não consiga chegar intacta ao fígado, onde deve agir. “Por isso, os pesquisadores desenvolveram nanopartículas que conseguem resistir a esse processo e são absorvidas adequadamente”, explica o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.

No caso das injeções, uma grande parte da insulina acaba nos músculos e no tecido adiposo. Além de tornar a ação da substância mais eficaz, esse fator pode ajudar a evitar a hipoglicemia, que é caracterizada por uma baixa quantidade de açúcar no sangue, sendo um efeito colateral bem conhecido por quem utiliza a versão injetável. Isso porque, quando chega ao fígado, a insulina é quebrada por enzimas e é utilizada pelo organismo apenas quando os níveis de glicose no sangue estão altos – nada acontece se eles estiverem normais.

“Como o hormônio aplicado pela agulha impregna o tecido adiposo, parte dele é liberada mesmo quando a glicose está normal, o que pode desencadear o quadro de hipoglicemia, o que faz que a alternativa oral ofereça uma segurança muito maior”, afirma a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro.

“Isso reduz o risco de hipoglicemia, ou seja, a queda do açúcar do sangue, pois a liberação ocorre de maneira controlada, de acordo com as necessidades do paciente, diferentemente do que acontece com as injeções, que fazem com que a insulina seja disponibilizada de uma vez só”, explica a médica.

•        A insulina oral facilita o tratamento

Outra vantagem da utilização da insulina oral é que ela provavelmente garantirá uma adesão maior ao tratamento, pois os pacientes não terão a necessidade de se picar. Segundo os médicos, muitos pacientes evitam aplicar a substância quando estão fora de casa com o receio de sofrerem um episódio de hipoglicemia, que pode provocar confusão mental, tontura, palpitações, tremores e, em casos mais graves, desencadear crises convulsivas, a perda de consciência e até o risco para a vida. “Isso sem falar que a necessidade de ficar monitorando a glicemia com um furinho na ponta do dedo seria menor”, diz a médica.

“Apesar de as insulinas atuais terem um manejo bem mais confortável do que no passado, a administração oral poderia levar à maior aderência, sim”, concorda Lottenberg. Os médicos ouvidos pela Agência Einstein dizem, no entanto, que a única má notícia é que ainda há um longo caminho a percorrer para que a insulina oral esteja acessível aos diabéticos.

 

       FDA faz alerta sobre risco de usar smartwatch para medir açúcar no sangue

 

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos na área da saúde, emitiu um aviso na quarta-feira (21) sobre os riscos de usar smartwatches (relógios inteligentes) e smart rings (anéis inteligentes) que afirmam medir os níveis de glicose no sangue sem perfurar a pele.

A FDA observa que não autorizou ou aprovou nenhum smartwatch ou smart ring destinado a medir os níveis de glicose no sangue por conta própria. O uso desses dispositivos pode levar a medidas imprecisas de glicose no sangue, também conhecida como açúcar no sangue, e a erros no gerenciamento do diabetes que podem ser ameaçadores à vida, alertou a agência.

“Se o seu atendimento médico depende de medidas precisas de glicose no sangue, converse com seu provedor de saúde sobre um dispositivo apropriado autorizado pela FDA para suas necessidades”, disse a FDA em um comunicado.

Esses dispositivos não autorizados são diferentes dos aplicativos de smartwatch que exibem dados de dispositivos de monitoramento contínuo de glicose aprovados pela FDA que perfuram a pele.

A FDA não nomeou marcas específicas, mas disse que os vendedores desses smartwatches e smart rings não autorizados anunciam o uso de “técnicas não invasivas” para medir a glicose no sangue sem exigir que as pessoas furarem os dedos ou perfurarem a pele. No entanto, esses dispositivos não testam diretamente os níveis de glicose no sangue, disse a agência, instando os consumidores a evitarem comprá-los para esse fim.

A agência também aconselhou os profissionais de saúde a discutir o risco de usar dispositivos de medição de glicose no sangue não autorizados com seus pacientes e ajudá-los a selecionar um dispositivo autorizado apropriado para suas necessidades.

“A agência está trabalhando para garantir que fabricantes, distribuidores e vendedores não comercializem ilegalmente smartwatches ou smart rings não autorizados que afirmam medir os níveis de glicose no sangue”, disse a FDA no comunicado.

Os consumidores podem relatar quaisquer eventos adversos ou problemas com medições imprecisas de glicose no sangue ao usar smartwatches ou smart rings não autorizados por meio do Formulário de Relatório Voluntário da FDA MedWatch.

 

Fonte: CNN Brasil/Agencia Einstein

 

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