Pesquisa mostra que aedes aegypti pode
nascer já infectado por vírus como o da zika ou da Chikungunya
Pesquisadores da
Universidade Federal de Goiás descobriram um complicador no combate à
transmissão do vírus da zika e da chigungunya.
A pesquisa usou ovos
de mosquitos de sete regiões diferentes de Goiânia. Eles foram coletados em
armadilhas e placas instaladas pela Vigilância Sanitária. O material foi levado
para o laboratório de genética molecular da Faculdade de Biologia da Universidade
Federal de Goiás.
“Foram quatro etapas.
A gente recebeu os ovos, a gente adicionou água até a eclosão das larvas. Em
seguida, ela se transformou em pulpas até a eclosão do mosquito. Demora em
torno de sete dias”, explica Diego Michel Fernandes da Silva, pesquisador da
UFG.
Depois, as espécies de
mosquitos foram identificadas e a pesquisa seguiu só com amostras de 1.570
fêmeas do aedes aegypti, transmissoras dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
Até hoje, o que se
pensava é que o mosquito só transmitia zika ou chikungunya depois de picar uma
pessoa infectada. Mas a pesquisa veio mostrar que o aedes aegypti já pode
nascer com os vírus dessas doenças.
Os cientistas
examinaram inseto por inseto e descobriram que nenhum deles nasceu com dengue,
mas 20 tinham o vírus da chikungunya e dez estavam com o da zika, mesmo sem ter
tido contato com humanos contaminados. É a chamada transmissão vertical.
“É a transmissão
direta do vírus da fêmea para sua prole. É como se o ciclo da transmissão agora
fosse mais rápido. Ele interrompe o fato de precisar encontrar um hospedeiro
infectado. Assim que o inseto encontra, na sua fase adulta, ele já está
competente para transmitir o vírus para outras pessoas”, explica Juliana
Santana Decurcio, pesquisadora da UFG.
A pesquisa foi
publicada nesta sexta-feira (23) na revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. O objetivo dos biólogos é ajudar no trabalho de combate ao mosquito.
“A estratégia agora é
focada nos ovos e nas larvas, não apenas no mosquito. Quebrar essa transmissão
de ovos infectados agora com o vírus”, afirma Lívia do Carmo Silva,
pesquisadora da UFG.
Os pesquisadores
reforçam que a melhor forma de controle do aedes aegypti ainda é evitar locais
com água parada, verificar os vasos de planta, caixas d'água e qualquer local
que possa ser de criadouro para o mosquito.
Só em 2024, já foram
registrados, em todo Brasil, 867 casos prováveis de zika e mais de 42 mil de
chikungunya, com nove mortes confirmadas e 47 em investigação.
Doença com sintomas semelhantes aos da
dengue preocupa autoridades de saúde da região amazônica
Autoridades de saúde
da região amazônica estão preocupadas com uma doença que tem sintomas
semelhantes aos da dengue.
Pela primeira vez, em
mais de 40 anos, a febre Oropouche colocou o estado do Amazonas em aleta. De 1º
de janeiro de 2024 até esta sexta-feira (23) foram quase 1,4 mil casos
confirmados, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde Estadual - mais
que o triplo do registrado durante todo o ano de 2023.
Pedro Augusto Tavares
da Silva, agente de endemia, faz parte dessa estatística. Mora em Parintins, a
aproximadamente 400 km de Manaus.
"Fui fazer o
teste lá na vigilância. Aí deu positivo. Eu passei muito mal mesmo, não
almoçava, comia nada, eu perdi, principalmente, 4 kg. Eu perdi rapidinho",
conta.
Em Manaus, as unidades
de saúde estão cheias de pessoas com sintomas semelhantes.
"É a mesma que eu
senti, que meu filho sentiu, que muita gente lá na vizinhança está
sentindo", diz a dona de casa France Junia da Silva Sinibu.
O Acre também
registrou aumento dos casos da febre Oropouche. Foram 157 notificações em 2024,
contra 60 em todo o ano de 2023. E é a região amazônica que concentra 98% dos
casos em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.
Um inseto é o
principal transmissor do vírus que pode causar a febre Oropouche. É o
culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mêruim. Na língua
indígena nheengatu significa mosca- pequena. Ele é 20 vezes menor que o aedes
aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Os sintomas entre a
dengue e a Oropouche são parecidos: febre alta, dores de cabeça, musculares e
nas articulações, calafrios, às vezes acompanhados de náuseas, vômitos e
erupção cutânea. E é isso que dificulta o diagnóstico. Só testes em laboratório
conseguem determinar o tipo da doença.
Um teste para detectar
febre Oropouche que vem sendo realizado em diversos estados do país foi
desenvolvido pela Fiocruz Amazônia. Quando a amostra do paciente chega para
análise, o resultado pode sair em até 6 horas.
"A gente sempre
fez uma rotina de testar primeiro dengue, zika e chikungunya por conta do
número de casos a nível nacional e, depois o que era negativo, testar para
outras doenças. Só que a gente está com a situação invertida hoje,",
afirma Felipe Naveca, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia.
Os sintomas duram de
cinco a sete dias. Mas a recuperação total pode levar várias semanas. O alerta
é o mesmo para o mosquito da dengue: acabar com os focos de mosquito e procurar
atendimento nos primeiros sintomas.
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário