segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

49 milhões de brasileiros seguem sem acesso a saneamento básico

Cerca de 1/4 da população brasileira (24,3%), ou aproximadamente 49 milhões de pessoas, continua sem acesso a uma estrutura adequada de saneamento básico. Os dados são da edição de 2022 do Censo Demográfico do IBGE (​​Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As informações sobre as características dos domicílios foram divulgadas nesta 6ª feira (23.fev.2024).

O levantamento do IBGE considera como estrutura adequada de saneamento básico os métodos reconhecidos pelo Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico).

<< Leia abaixo quais são e o percentual da população:

·        rede geral ou pluvial – 58,3%;

·        fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede – 4,2%;

·        fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede – 13,2%;

·        fossa rudimentar ou buraco – 19,4%;

·        esgotamento por rio, lago, córrego ou mar – 2,0%;

·        esgotamento por vala – 1,5%;

·        outra forma – 0,7%;

·        não tem banheiro ou sanitário no domicílio – 0,6%.

Isso significa que os dejetos de 24,3% dos 203 milhões de habitantes do país são depositados em buracos e valas ou seguem sem nenhum tipo de tratamento para rios, lagos, córregos ou para o mar. Há ainda um percentual (0,6%) de brasileiros, ainda que pequeno, que sequer tem banheiro em casa.

DIVISÃO POR REGIÕES

O Norte é a região do Brasil com o menor percentual da população com acesso a uma estrutura adequada de saneamento básico: são só 46,4% –menos da metade dos seus 17,2 milhões de habitantes. O Sudeste lidera (90,7%).

Houve uma melhora em todas as regiões em relação a 2010.

O Estado com o pior percentual da população com acesso a uma estrutura adequada de saneamento básico fica no Norte. É Rondônia, com 39,4%, seguido de Maranhão (41%) e Pará (45%) –também no Norte.

Do outro lado, São Paulo lidera, com 94,5%. Completam o top 5: Distrito Federal (94,1%), Rio de Janeiro (90,6%), Santa Catarina (89,3%) e Minas Gerais (84,3%) –todos estão acima da média nacional, de 75,7%.

ATRASO NO CENSO DEMOGRÁFICO

O Censo Demográfico é realizado a cada 10 anos e estava previsto para 2020, mas foi atrasado por causa da pandemia.

Em março de 2020, o IBGE anunciou o adiamento do levantamento para 2021 por conta da evolução de casos de covid no Brasil. 

Em abril de 2021, o governo Bolsonaro adiou novamente a coleta de informações. O então secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que não havia recursos previstos no Orçamento.

Em janeiro de 2022, o STF determinou que o governo tomasse providências para realizar o Censo ainda naquele ano. Em agosto, os recenseadores saíram às ruas. Inicialmente, a conclusão estava prevista para outubro. Foi adiada para meados de dezembro e, posteriormente, estendida para 2023. A pesquisa enfrentou dificuldades como a recusa de pessoas a responder o questionário. O ex-presidente do IBGE Roberto Olinto classificou esta edição do levantamento como uma “tragédia absoluta”.

 

Ø  6 milhões vivem em lares sem abastecimento de água no Brasil; 1 milhão são crianças de até 9 anos

 

Os indicadores de saneamento básico melhoraram na última década, mas, em 2022, o Brasil tinha 6 milhões de pessoas sem abastecimento adequado de água, segundo os dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (23).

São 1 milhão de crianças de até 9 anos que vivem sem abastecimento de água adequado. Veja no mapa abaixo quantas são na sua cidade.

Além de crianças, os grupos que vivem em casas com piores indicadores de abastecimento adequado de água são adolescentes e adultos de até 30 anos, como mostra a tabela abaixo.

Raça e etnia são outros fatores associados à falta de saneamento básico e adequado em domicílio, de acordo com os dados do Censo.

Apesar de 55% dos brasileiros se identificarem como pretas e pardas, este grupo representa quase 70% dos cidadãos que não contam com esgoto adequado em casa.

·        O que são esgoto e abastecimento de água adequados?

O IBGE considerou os critérios do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) para classificação de quatro formas adequadas de abastecimento de água. Juntos, esses métodos abastecem 97% da população brasileira.

  • Rede geral de distribuição: 82,9% da população;
  • Poço profundo ou artesiano: 9%;
  • Poço raso, freático ou cacimba: 3,2%;
  • Fonte, nascente ou mina: 1,9%.

As outras formas de abastecimento, não adequadas, são:

  • Carro-pipa: 1,1%;
  • Água da chuva armazenada: 0,6%;
  • Rios, açudes, córregos, lagos e igarapés: 0,9%;
  • Outra: 0,6%.

Para a análise, foram considerados apenas os imóveis particulares e permanentes ocupados. Ou seja, casas desocupadas, improvisadas ou de moradia coletiva como presídios, hotéis, pensões, asilos ou orfanatos não entram na conta.

 

Ø  21 cidades dependem de chuva para abastecimento de água; 68, de carro-pipa

 

No Brasil, 21 cidades têm a água da chuva como principal fonte de abastecimento. Outras 68 dependem de carros-pipa, segundo dados do Censo 2022 divulgados na sexta-feira (23).

Todos esses 89 municípios ficam na região Nordeste e têm cerca de 230 mil habitantes. Em Estrela de Alagoas, a 150 km de Maceió, quase todas as casas têm cisternas para armazenar água da chuva no inverno. Nas outras estações, quando a chuva é escassa, é preciso recorrer a carros-pipa.

"A gente consegue juntar água da bica, da chuva. Tem cisternas que enchem rápido, dependendo do tamanho da casa, quando é muito chuvoso. Quando não, junta pouca água. Aí ,quando a gente precisa, pedimos à prefeitura, que disponibiliza carro-pipa", conta Jeronias Lageiro, que mora na zona rural de Estrela de Alagoas.

O secretário municipal de Proteção, Defesa Civil e Meio Ambiente de Estrela de Alagoas, Edilson Antônio, explica que, após o inverno, a água da chuva dura na cisterna por menos de dois meses. Por isso, a prefeitura fornece carros-pipa para garantir acesso à água no restante do ano.

"No mês de agosto, a chuva para e, em outubro, as cisternas secam. A dificuldade é enorme por um período de cinco a seis meses, no verão e no outono. As cisternas só têm capacidade de ficar com água durante 60, 70 dias. Depois, tem que ser abastecida de outra maneira", afirma.

Carros-pipa e a água da chuva são considerados duas fontes inadequadas de abastecimento de água, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), ao lado de rios e lagos. Em todo o país:

  • 1,1% da população depende de carros-pipa;
  • 0,9% de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés 0,9%;
  • 0,6% de água da chuva;
  • e 0,6%, de outras maneiras.

As formas adequadas de abastecimento cobrem 97% da população. São elas:

  • Rede geral de distribuição: 82,9% da população;
  • Poço profundo ou artesiano: 9%;
  • Poço raso, freático ou cacimba: 3,2%;
  • Fonte, nascente ou mina: 1,9%.

<<< Indicadores de saneamento melhoraram

Os dados do Censo 202 indicam que os indicadores de saneamento melhoraram desde 2010. O percentual de pessoas vivendo em lares:

  • com descarte adequado de esgoto subiu de 64,5% para 75,5;
  • com banheiro exclusivo (não compartilhado), de 64,5% para 97,8%;
  • com coleta de lixo, de 85,8% para 90,9%;
  • com ligação à rede geral de água (a forma mais comum), de 81,5% para 86,6% (incluídos os que não utilizam a rede como forma principal).

Ainda assim, em 2022, o Brasil tinha:

  • 49 milhões de pessoas em residências sem descarte adequado de esgoto (24% da população);
  • 18 milhões sem coleta de lixo (9%);
  • 6 milhões sem abastecimento de água adequado (3%);
  • 1,2 milhão sem banheiro ou sequer um sanitário (0,6%).

<<< Outros dados do Censo 2022

As informações do Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi possível saber que:

 

Fonte: Poder 360/g1

 

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