49 milhões de brasileiros seguem sem acesso
a saneamento básico
Cerca de 1/4 da
população brasileira (24,3%), ou aproximadamente 49 milhões de pessoas,
continua sem acesso a uma estrutura adequada de saneamento básico. Os dados são
da edição de 2022 do Censo Demográfico do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
As informações sobre as características dos domicílios foram divulgadas nesta 6ª feira (23.fev.2024).
O levantamento do IBGE
considera como estrutura adequada de saneamento básico os métodos reconhecidos
pelo Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico).
<< Leia abaixo
quais são e o percentual da população:
·
rede geral ou pluvial – 58,3%;
·
fossa séptica ou fossa filtro ligada à
rede – 4,2%;
·
fossa séptica ou fossa filtro não ligada
à rede – 13,2%;
·
fossa rudimentar ou buraco – 19,4%;
·
esgotamento por rio, lago, córrego ou mar –
2,0%;
·
esgotamento por vala – 1,5%;
·
outra forma – 0,7%;
·
não tem banheiro ou sanitário no domicílio
– 0,6%.
Isso significa que os
dejetos de 24,3% dos 203 milhões de habitantes do país são depositados em
buracos e valas ou seguem sem nenhum tipo de tratamento para rios, lagos,
córregos ou para o mar. Há ainda um percentual (0,6%) de brasileiros, ainda que
pequeno, que sequer tem banheiro em casa.
DIVISÃO POR REGIÕES
O Norte é a região do
Brasil com o menor percentual da população com acesso a uma estrutura adequada
de saneamento básico: são só 46,4% –menos da metade dos seus 17,2 milhões de
habitantes. O Sudeste lidera (90,7%).
Houve uma melhora em
todas as regiões em relação a 2010.
O Estado com o pior
percentual da população com acesso a uma estrutura adequada de saneamento
básico fica no Norte. É Rondônia, com 39,4%, seguido de Maranhão (41%) e Pará
(45%) –também no Norte.
Do outro lado, São
Paulo lidera, com 94,5%. Completam o top 5: Distrito Federal (94,1%), Rio de
Janeiro (90,6%), Santa Catarina (89,3%) e Minas Gerais (84,3%) –todos estão
acima da média nacional, de 75,7%.
ATRASO NO CENSO
DEMOGRÁFICO
O Censo Demográfico é
realizado a cada 10 anos e estava previsto para 2020, mas foi atrasado por
causa da pandemia.
Em março de 2020, o
IBGE anunciou o adiamento do levantamento para 2021 por conta da evolução de
casos de covid no Brasil.
Em abril de 2021, o
governo Bolsonaro adiou novamente a coleta de informações. O então
secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que não havia recursos
previstos no Orçamento.
Em janeiro de 2022, o
STF determinou que o governo tomasse providências para realizar o Censo ainda
naquele ano. Em agosto, os recenseadores saíram às ruas. Inicialmente, a
conclusão estava prevista para outubro. Foi adiada para meados de dezembro e,
posteriormente, estendida para 2023. A pesquisa enfrentou dificuldades como a
recusa de pessoas a responder o questionário. O ex-presidente do IBGE Roberto
Olinto classificou esta edição do levantamento como uma “tragédia absoluta”.
Ø
6 milhões vivem em lares sem abastecimento
de água no Brasil; 1 milhão são crianças de até 9 anos
Os indicadores de
saneamento básico melhoraram na última década, mas, em 2022, o Brasil
tinha 6 milhões de pessoas sem abastecimento adequado de água,
segundo os dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) na sexta-feira (23).
São 1 milhão de
crianças de até 9 anos que vivem sem abastecimento de água adequado. Veja no
mapa abaixo quantas são na sua cidade.
Além de crianças, os
grupos que vivem em casas com piores indicadores de abastecimento adequado de
água são adolescentes e adultos de até 30 anos, como mostra a tabela abaixo.
Raça e etnia são
outros fatores associados à falta de saneamento básico e adequado em domicílio,
de acordo com os dados do Censo.
Apesar de 55% dos
brasileiros se identificarem como pretas e pardas, este grupo representa quase 70% dos cidadãos que não contam com
esgoto adequado em casa.
·
O que são esgoto e abastecimento de água
adequados?
O IBGE considerou os
critérios do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) para classificação
de quatro formas adequadas de abastecimento de água. Juntos, esses métodos
abastecem 97% da população brasileira.
- Rede geral de distribuição: 82,9% da população;
- Poço profundo ou artesiano: 9%;
- Poço raso, freático ou cacimba: 3,2%;
- Fonte, nascente ou mina: 1,9%.
As outras formas de
abastecimento, não adequadas, são:
- Carro-pipa: 1,1%;
- Água da chuva armazenada: 0,6%;
- Rios, açudes, córregos, lagos e igarapés: 0,9%;
- Outra: 0,6%.
Para a análise, foram
considerados apenas os imóveis particulares e permanentes ocupados. Ou seja,
casas desocupadas, improvisadas ou de moradia coletiva como presídios, hotéis,
pensões, asilos ou orfanatos não entram na conta.
Ø
21 cidades dependem de chuva para
abastecimento de água; 68, de carro-pipa
No Brasil, 21 cidades
têm a água da chuva como principal fonte de abastecimento. Outras 68 dependem
de carros-pipa, segundo dados do Censo 2022 divulgados na sexta-feira (23).
Todos esses 89
municípios ficam na região Nordeste e têm cerca de 230 mil habitantes. Em
Estrela de Alagoas, a 150 km de Maceió, quase todas as casas têm cisternas para
armazenar água da chuva no inverno. Nas outras estações, quando a chuva é
escassa, é preciso recorrer a carros-pipa.
"A gente consegue
juntar água da bica, da chuva. Tem cisternas que enchem rápido, dependendo do
tamanho da casa, quando é muito chuvoso. Quando não, junta pouca água. Aí
,quando a gente precisa, pedimos à prefeitura, que disponibiliza carro-pipa",
conta Jeronias Lageiro, que mora na zona rural de Estrela de Alagoas.
O secretário municipal
de Proteção, Defesa Civil e Meio Ambiente de Estrela de Alagoas, Edilson
Antônio, explica que, após o inverno, a água da chuva dura na cisterna por
menos de dois meses. Por isso, a prefeitura fornece carros-pipa para garantir
acesso à água no restante do ano.
"No mês de
agosto, a chuva para e, em outubro, as cisternas secam. A dificuldade é enorme
por um período de cinco a seis meses, no verão e no outono. As cisternas só têm
capacidade de ficar com água durante 60, 70 dias. Depois, tem que ser abastecida
de outra maneira", afirma.
Carros-pipa e a água
da chuva são considerados duas fontes inadequadas de abastecimento de água,
segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), ao lado de rios e
lagos. Em todo o país:
- 1,1% da população depende de carros-pipa;
- 0,9% de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés 0,9%;
- 0,6% de água da chuva;
- e 0,6%, de outras maneiras.
As formas adequadas de
abastecimento cobrem 97% da população. São elas:
- Rede geral de distribuição: 82,9% da população;
- Poço profundo ou artesiano: 9%;
- Poço raso, freático ou cacimba: 3,2%;
- Fonte, nascente ou mina: 1,9%.
<<<
Indicadores de saneamento melhoraram
Os dados do Censo 202
indicam que os indicadores de saneamento melhoraram desde 2010. O percentual de
pessoas vivendo em lares:
- com descarte adequado de esgoto subiu de 64,5% para 75,5;
- com banheiro exclusivo (não compartilhado), de 64,5% para
97,8%;
- com coleta de lixo, de 85,8% para 90,9%;
- com ligação à rede geral de água (a forma mais comum), de
81,5% para 86,6% (incluídos os que não utilizam a rede como forma
principal).
Ainda assim, em 2022,
o Brasil tinha:
- 49 milhões de pessoas em residências sem descarte adequado
de esgoto (24% da população);
- 18 milhões sem coleta de lixo (9%);
- 6 milhões sem abastecimento de água adequado (3%);
- 1,2 milhão sem banheiro ou sequer um sanitário (0,6%).
<<< Outros
dados do Censo 2022
As informações do
Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi
possível saber que:
- O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções
iniciais;
- O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010)
para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35
anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de
mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
- 1,3 milhão de pessoas se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em
que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse
grupo;
- O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela
mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos
indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
- Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos
que brancos, e a população preta cresceu.
- Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações
que compõem os 111 milhões de endereços do
país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que
hospitais e escolas juntos.
- Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.
Fonte: Poder 360/g1
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