quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Visite seus avós: companhia aumenta a expectativa de vida de idosos

Seres humanos são animais sociais. Para nos desenvolvermos com sucesso e saúde, o contato com outras pessoas é essencial — principalmente para idosos. Pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, descobriram que a solidão impacta até na expectativa de vida de pessoas mais velhas.

Idosos que não têm contato com outras pessoas e dizem nunca receber visitas tiveram chances 39% mais altas de morrer do que indivíduos do mesmo sexo, idade e condição de saúde, mas com mais ligações sociais. Segundo os cientistas, tanto a solidão objetiva, aquela que vem de um isolamento das relações físicas, quanto a subjetiva, que mantemos com amigos próximos e familiares, contribuem para maior risco de morte.

“Não era o que esperávamos encontrar. Mas parece claro que existe um efeito limite: quando você começa a ver seus amigos e familiares mensalmente, o risco permanece bastante estável. Não importa se é uma visita mensal, semanal, várias vezes por semana ou todos os dias”, afirma o cardiologista Jason Gill, um dos autores do estudo, para o site El País.

O estudo utilizou dados de 458.146 adultos com idade média de 56,5 anos cadastrados no banco de dados UK Biobank e os acompanhou por 13 anos. Participantes sem atividades em grupo, vivendo sozinhos e sem visitas frequentes, enfrentam maior risco de morte, observou a equipe na pesquisa publicada na revista BMC Medicine nesta sexta-feira (10/11).

“Cada um desses três fatores foi associado a um maior risco de morte, mas, em particular, destacaram-se as pessoas que relataram nunca receber visitas. A combinação aumentava as chances de morte em até 39%”, afirma Harmish Foster, outro autor do estudo.

·        Solidão mata

Os pesquisadores explicam que comportamento, hábitos e estado mental pioram diante do isolamento. “Pode ser que amigos e familiares ofereçam um nível específico de apoio às pessoas e as ajudem a ter acesso aos serviços de saúde”, destaca Foster.

Outra teoria é que o consumo de álcool e cigarros aumenta com a solidão, enquanto exercícios físicos e conversas com outras pessoas diminuem — todos esses são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas que podem diminuir a qualidade de vida e até levar à morte.

 

Ø  Quais são os hábitos das pessoas nos países mais felizes?

 

Aproveitar a vida de forma mais equilibrada e saudável. Ter perseverança e determinação pelo caminho, não importa o que vier pela frente. Além disso, manter bons relacionamentos com amigos, vizinhos e familiares. Estes são três hábitos das pessoas nos países mais felizes do mundo. No entanto, além da responsabilidade individual, não se pode esquecer o papel de políticas públicas que fomentam uma cultura de paz e qualidade de vida.

O último Relatório Mundial da Felicidade, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em março deste ano, mostra uma estabilidade nos países que ocupam o início do ranking. Finlândia, Dinamarca, Islândia, Holanda e Suécia estão entre o Top 10. O Brasil, que perdeu posições, está em 49°. Além de fatores políticos, econômicos e governamentais, há algo em comum entre as nações que estão no topo da lista: a prática de bons hábitos na população.

·        Na Finlândia, é comum caminhar na natureza

A Finlândia, que lidera a 1° posição pelo sexto ano consecutivo, é um dos países com maior estabilidade e segurança, de acordo com diferentes organizações internacionais, incluindo a ONU. Apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade para tomar decisões e generosidade são outros pontos. Isso sugere que países com políticas públicas mais efetivas são sinônimo de maior felicidade e saúde mental. Mas não são os únicos responsáveis.

“Felicidade é ter sua própria casa de campo no verão e um campo de batatas”, explica um morador local à revista The Economist. Essa é, em geral, a percepção de muitas pessoas no país. Os finlandeses têm uma palavra, conhecida como “sisu” que significa perseverança estoica e determinação, seja o que vier pelo seu caminho.

No New York Times, uma longa reportagem entrevistou diferentes finlandeses para compreender como a felicidade se expressa no dia a dia. Muitas pessoas citaram a abundância da natureza como crucial para a felicidade no país. Não é à toa que quase 75% do território finlandês é coberto por florestas, e todas estão acessíveis graças a uma lei conhecida como “jokamiehen oikeudet” ou “direito de todos”, que permite às pessoas caminharem livremente por todas as áreas naturais, tanto em terras públicas quanto em terras privadas.

·        Na Suécia, as pessoas praticam o “lagom”

Na Suécia, país vizinho, o “lagom” é a filosofia local para a busca da felicidade. Em poucas palavras, ela convida você a aproveitar mais a vida de forma equilibrada. Além disso, instiga a praticar apenas o que for essencial e saber quando parar. Ele tem uma influência profunda na sociedade e na cultura da Suécia, abrangendo áreas que vão desde o trabalho e a vida familiar até a decoração das casas e a comida.

“Para mim, lagom significa, na verdade, a melhor solução, não a solução perfeita, para criar equilíbrio em qualquer contexto“, explica a fotógrafa Lola Akinmade em entrevista à Revista Forbes. Para a moradora de Estocolmo, lagom não é apenas uma palavra, mas a essência do que significa ser e viver como sueco.

·        Na Islândia, as pessoas valorizam as relações

A Islândia é um país no extremo-norte da Europa com 372.520 habitantes, segundo dados de 2021. Não é difícil encontrar um familiar, amigo ou colega de trabalho pelas ruas. Por isso, que em um país tão pequeno, onde as pessoas costumam se deslocar com facilidade, manter contato com quem estar ao seu lado é essencial. Além disso, pesquisas em todo o mundo mostram que os relacionamentos sociais são relevantes para o índice de felicidade.

Assim, a renda prevê apenas 1% da felicidade na Islândia quando outros fatores são levados em consideração. Isso significa que ter uma renda mais alta não necessariamente levará a mais felicidade. “É um fator preditor relativamente baixo em comparação com as relações sociais”, explica a pesquisadora Dóra Guðmundsdóttir, em entrevista para a Greater Good Magazine. No entanto, além do senso de comunidade, a igualdade, inclusão e educação de qualidade são destaque no país. 

·        5 hábitos das pessoas nos países mais felizes

Resumimos, a seguir, fatores que influenciam o nível de felicidade das pessoas nos países com melhor classificação no ranking mundial.

  1. Fortalecer laços sociais de apoio: Pessoas em países felizes geralmente têm redes sociais fortes, com boas relações familiares e amizades. Essas conexões sociais oferecem suporte emocional e prático.
  2. Praticar atividade física regularmente: O exercício físico regular está relacionado a melhorias no bem-estar emocional e físico.
  3. Passar tempo ao ar livre: Passar tempo ao ar livre e em contato com a natureza tem demonstrado melhorar o humor e reduzir o estresse.
  4. Aplicar práticas de mindfulness e meditação: Muitos países felizes valorizam práticas que promovem a atenção plena, reduzindo o estresse e aumentando o bem-estar.
  5. Exercitar o senso de propósito e gratidão: Cultivar um senso de propósito na vida e praticar a gratidão são hábitos que podem aumentar a satisfação e a felicidade.

·        Um lembrete: a felicidade não pode ser importada

Embora adquirir bons hábitos seja fundamental e universal, não adianta importar completamente um estilo de vida de outro país. Atividades universais como exercício físico, alimentação saudável, educação, segurança financeira e espiritualidade podem contribuir para que pessoas sejam mais felizes, mas é preciso adequar ao contexto. Para Gustavo Arns, palestrante e pesquisador em felicidade, é preciso compreender os instrumentos de mensuração do relatório da ONU. “Ele é bastante objetivo e utiliza índices como o PIB, por exemplo”. Isso faz com que países com menor PIB fiquem em baixas posições. É o caso do Butão, que é conhecido pelas políticas em favor do bem-estar, mas não participa da pesquisa. 

Para o professor, é impossível importar um estilo de vida de um país para outro. “Até mesmo uma iniciativa no Nordeste do país não pode ser aplicada da mesma forma no Sul, porque as pessoas vivem com valores culturais diferentes”, exemplifica.

Já para o especialista em Psicologia Positiva Rodrigo de Aquino, é comum que o Brasil busque referências fora de seu território. “Importar hábitos é uma coisa que fazemos há muito tempo. O país importou muitas culturas, olhou para a Europa para se moldar e sempre se espelha na cultura estadunidense”, destaca. Aquino sugere que é importante valorizar a cultura local com amor, carinho e respeitá-la, especialmente em um país com uma diversidade cultural tão ampla e múltipla. 

 

Fonte: Metrópoles/Vida Simples

 

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