quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Amamentar reduz o risco de câncer de útero e de mama, diz Saúde

No Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de aumentar em 50% a taxa de aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida até 2025.

Para as mulheres, amamentar reduz o risco de desenvolvimento do câncer de útero e câncer de mama. Para o bebê, o leite materno fortalece o sistema imunológico, reduz os riscos de obesidade, desenvolvimento de diabetes, casos de diarreia, infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, além de reduzir a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos.

Os percentuais referentes ao aleitamento materno no Brasil indicam que a prevalência de aleitamento materno na primeira hora de vida é de 62%. Para as crianças menores de dois anos, a prevalência da amamentação é superior a 60%, de acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), durante o período de aleitamento, as taxas de hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama caem na mulher. Além disso, processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, diminuindo assim as chances da doença.

“O surgimento da doença pode estar relacionado a diversos fatores, tais como: idade, aspectos comportamentais e ambientais, questões genéticas, distúrbios hormonais e histórico reprodutivo. Ou seja, a idade em que a mulher começou a menstruar e quando parou, ou ainda se ela já teve ou não filhos”, afirma a médica ginecologista e obstetra Lana de Lourdes Aguiar Lima.

O estímulo do estrogênio é um dos fatores de risco para o surgimento do câncer de mama. A amamentação é capaz de reduzir as taxas deste e de outros hormônios que favorecem o desenvolvimento deste tipo de tumor.

A ginecologista explica que, tendo como base estudos do tema, estima-se que o risco de desenvolver câncer de mama diminua de 4,3% a 6% a cada 12 meses de duração da amamentação. E essa proteção independe de idade, etnia, partos realizados e presença ou não de menopausa.

·         Ministério lança campanha de incentivo à amamentação

Com o tema “apoiar a amamentação é cuidar do futuro”, o Ministério da Saúde lançou, na segunda-feira (1º), a Campanha Nacional de Amamentação 2022, em alusão à Semana Mundial da Amamentação. O mês de agosto é conhecido como Agosto Dourado por simbolizar o incentivo ao aleitamento materno – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite humano.

A iniciativa tem como objetivo fortalecer o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida da criança e sua continuidade até os dois anos ou mais, além dar suporte a mulheres e redes de apoio quanto a amamentação segura e seus benefícios.

De 2013 a 2021, mais de 60 mil profissionais da Atenção Primária à Saúde foram capacitados na Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil.

 

Ø  Saiba o que comer e o que evitar no período da amamentação

 

Frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, carnes e ovos devem fazer parte da dieta de qualquer pessoa com o objetivo de aumentar a quantidade de nutrientes no organismo. Para as mães que estão no período de amamentação, o consumo de alimentos naturais pode trazer benefícios para a saúde da criança.

A campanha Agosto Dourado promove a conscientização sobre a importância do aleitamento materno. Em geral, os primeiros meses de vida de uma criança são intensos, principalmente para as mães, que precisam manter cuidados permanentes com o recém-nascido. Para que a mãe possa se alimentar de maneira saudável e completa, o apoio familiar se faz fundamental – tanto no preparo das refeições, como na realização de outras tarefas domésticas.

A pesquisadora Danielle Aparecida da Silva, coordenadora do banco de leite do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) afirma que o apoio dos pais, familiares e da sociedade aumenta as taxas de amamentação.

“Adotar uma abordagem inclusiva sobre o aleitamento materno que agregue pais, amigos, familiares, colegas de trabalho e comunidade é fundamental para criar um entorno propício, que permita às mães amamentar de forma otimizada”, afirma.

·         Alimentação equilibrada

A professora do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Jorginete de Jesus Damião afirma que o cuidado com a hidratação deve ser redobrado, já que a parte líquida do leite é produzida a partir da hidratação da mãe.

“É importante que a mulher que está amamentando beba ainda mais água. Uma boa dica é ter uma garrafa de água sempre por perto quando for amamentar”, afirma Jorginete. Com demanda aumentada de água no organismo é possível sentir mais fome e sede e, por isso, a mulher que está amamentando pode ficar mais desidratada que o normal.

O professor José Alfredo Lacerda, da faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a mulher que está amamentando precisa ter uma alimentação equilibrada, com carboidratos, gorduras e proteínas.

“Na verdade, ela deve consumir até um pouco mais para suprir as reservas, já que vai gastar mais energia para produzir o leite”, diz Lacerda. “Alimentos normalmente não fazem mal à criança. A mãe deve comer de tudo, principalmente frutas e verduras. Somente se o bebê responder mal é que a mãe deve ficar atenta a algo em particular”, acrescenta o professor.

“Seria super bom para a mãe no período de amamentação ingerir cinco porções de frutas e vegetais diariamente, as proteínas do frango ou de perus bem cozidos, ovos também são importantes, peixes de duas a três vezes por semana, optar por sardinha, salmão, atum”, completa a médica Carolina Curci, especialista em Ginecologia e Obstetrícia na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e pós-graduada em medicina reprodutiva.

Os especialistas recomendam evitar o excesso de leite, carnes vermelhas, corantes e alimentos ultraprocessados. Embora o consumo de ultraprocessados como, bolachas, salsichas e presunto, seja prático, esses alimentos são nutricionalmente desbalanceados, repletos de gorduras, açúcares e de sódio.

“Às vezes, a mãe bebe muito leite de vaca e isso pode causar algum problema na criança, como cólicas. Então, o consumo recomendado de leite é de, no máximo, dois copos por dia. Vale também trocá-lo por outro tipo de proteína. O ideal, no período de amamentação, é consumir mais carnes brancas como peixe e frango”, diz Lacerda.

·         Benefícios da amamentação

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde orientam que deve-se amamentar com leite materno até os dois anos ou mais, sendo de forma exclusiva até o sexto mês de vida do bebê.

“O leite materno é o composto mais completo de vitaminas, sais minerais, anticorpos e tem a quantidade de água ideal para o bebê. Então, em primeiro lugar, precisamos entender que nada substitui o leite materno”, afirma a médica Carolina.

A especialista avalia que um dos maiores desafios no início do aleitamento materno está na pega correta da mama pela criança. “As pacientes precisam ter muita paciência para fazer o bebezinho acordar e aprender a pega correta. Sem ela, não há o correto estímulo para sucção e não vai ter a produção de leite adequada”, afirma Carolina.

Ministério da Saúde recomenda a melhor posição para amamentar e estimular a pega da mama:

  • o bebê deve estar virado para a mãe, bem junto de seu corpo, completamente apoiado e com os braços livres
  • a cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo
  • só coloque o bebê para sugar quando ele abrir bem a boca
  • quando o bebê pega o peito, o queixo deve encostar na mama, os lábios ficam virados para fora e o nariz fica livre
  • a criança deve abocanhar, além do mamilo, o máximo possível da parte escura da mama (aréola)
  • cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser respeitado

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma que o leite materno favorece o desenvolvimento e a maturação digestiva e imunológica dos recém-nascidos.

De acordo com a SBP, a amamentação reduz complicações relacionadas ao nascimento prematuro, como inflamação e necrose do intestino, distúrbios oculares e pulmonares e sepse (complicação grave decorrente de infecção) tardia, que acomete principalmente os prematuros internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).

Ao amamentar, a mulher perde mais rápido o peso que ganhou durante a gestação e fica protegida de diversas doenças. A prática diminui o sangramento do útero (que ocorre por um período após o parto), prevenindo anemia, e reduzindo as chances de desenvolver osteoporose, câncer de mama, útero e ovário.

“A amamentação contribui para o desenvolvimento do palato, o céu da boca, da deglutição e da parte fonoaudiológica da criança. Além de benefícios para o peso e a digestão”, diz Carolina.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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