Amamentar reduz o risco de câncer de útero e de mama, diz Saúde
No Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses, de acordo
com estimativas do Ministério da Saúde. A meta estabelecida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) é de aumentar em 50% a taxa de aleitamento materno
exclusivo nos primeiros seis meses de vida até 2025.
Para as mulheres, amamentar reduz o risco de desenvolvimento do câncer de
útero e câncer de mama. Para o bebê, o leite materno fortalece o sistema imunológico, reduz
os riscos de obesidade, desenvolvimento de diabetes, casos de diarreia,
infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, além de reduzir a
mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos.
Os percentuais referentes ao aleitamento materno no Brasil
indicam que a prevalência de aleitamento materno na primeira hora de vida é de
62%. Para as crianças menores de dois anos, a prevalência da amamentação é
superior a 60%, de acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
De acordo com o Instituto
Nacional de Câncer (INCA), durante o período de aleitamento, as
taxas de hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama caem na
mulher. Além disso, processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação
e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético,
diminuindo assim as chances da doença.
“O surgimento da doença pode estar relacionado a diversos fatores, tais como: idade,
aspectos comportamentais e ambientais, questões genéticas, distúrbios hormonais
e histórico reprodutivo. Ou seja, a idade em que a mulher começou a menstruar e
quando parou, ou ainda se ela já teve ou não filhos”, afirma a médica
ginecologista e obstetra Lana de Lourdes Aguiar Lima.
O estímulo do estrogênio é um dos fatores de risco
para o surgimento do câncer de mama. A amamentação é capaz de reduzir as taxas
deste e de outros hormônios que favorecem o desenvolvimento deste tipo de tumor.
A ginecologista explica que, tendo como base
estudos do tema, estima-se que o risco de desenvolver câncer de
mama diminua de 4,3% a 6% a cada 12 meses de
duração da amamentação. E essa proteção independe de idade, etnia, partos
realizados e presença ou não de menopausa.
·
Ministério lança campanha
de incentivo à amamentação
Com o tema “apoiar a amamentação é cuidar do
futuro”, o Ministério
da Saúde lançou, na segunda-feira (1º), a Campanha
Nacional de Amamentação 2022, em alusão à Semana Mundial da Amamentação. O mês
de agosto é conhecido como Agosto Dourado por simbolizar o incentivo ao
aleitamento materno – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de
qualidade do leite humano.
A iniciativa tem como objetivo fortalecer o
aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida da criança e sua continuidade
até os dois anos ou mais, além dar suporte a
mulheres e redes de apoio quanto a amamentação segura
e seus benefícios.
De 2013 a 2021, mais de 60 mil profissionais da
Atenção Primária à Saúde foram capacitados na Estratégia Amamenta e Alimenta
Brasil.
Ø Saiba o que comer e o que evitar no período da amamentação
Frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, carnes e
ovos devem fazer parte da dieta de qualquer pessoa com o objetivo de aumentar a
quantidade de nutrientes no organismo. Para as mães que estão no período
de amamentação, o consumo de alimentos naturais pode trazer benefícios para a saúde
da criança.
A campanha Agosto Dourado promove a conscientização sobre a importância
do aleitamento materno. Em geral, os primeiros meses de vida de uma criança são
intensos, principalmente para as mães, que precisam manter cuidados permanentes
com o recém-nascido. Para que a mãe possa se alimentar de maneira saudável e
completa, o apoio familiar se faz fundamental – tanto no preparo das refeições,
como na realização de outras tarefas domésticas.
A pesquisadora Danielle Aparecida da Silva,
coordenadora do banco de leite do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
afirma que o apoio dos pais, familiares e da sociedade aumenta as taxas de
amamentação.
“Adotar uma abordagem inclusiva sobre o aleitamento
materno que agregue pais, amigos, familiares, colegas de trabalho e comunidade
é fundamental para criar um entorno propício, que permita às mães amamentar de
forma otimizada”, afirma.
·
Alimentação equilibrada
A professora do Instituto de Nutrição da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Jorginete de Jesus Damião
afirma que o cuidado com a hidratação deve ser redobrado, já que a parte líquida do leite é produzida a
partir da hidratação da mãe.
“É importante que a mulher que está amamentando
beba ainda mais água. Uma boa dica é ter uma garrafa de água sempre por perto
quando for amamentar”, afirma Jorginete. Com demanda aumentada de água no
organismo é possível sentir mais fome e sede e, por isso, a mulher que está
amamentando pode ficar mais desidratada que o normal.
O professor José Alfredo Lacerda, da faculdade de
Medicina da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a mulher que está
amamentando precisa ter uma alimentação
equilibrada, com carboidratos, gorduras e proteínas.
“Na verdade, ela deve consumir até um pouco mais
para suprir as reservas, já que vai gastar mais energia para produzir o leite”,
diz Lacerda. “Alimentos normalmente não fazem mal à criança. A mãe deve comer
de tudo, principalmente frutas e verduras. Somente se o bebê responder mal é
que a mãe deve ficar atenta a algo em particular”, acrescenta o professor.
“Seria super bom para a mãe no período de
amamentação ingerir cinco porções de frutas e vegetais diariamente, as
proteínas do frango ou de perus bem cozidos, ovos também são importantes,
peixes de duas a três vezes por semana, optar por sardinha, salmão, atum”,
completa a médica Carolina Curci, especialista em Ginecologia e Obstetrícia na
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e pós-graduada em medicina reprodutiva.
Os especialistas recomendam evitar o excesso de
leite, carnes
vermelhas, corantes e alimentos ultraprocessados. Embora o
consumo de ultraprocessados como, bolachas, salsichas e presunto, seja prático,
esses alimentos são nutricionalmente desbalanceados, repletos de gorduras,
açúcares e de sódio.
“Às vezes, a mãe bebe muito leite de vaca e isso
pode causar algum problema na criança, como cólicas. Então, o consumo recomendado de leite é de, no máximo,
dois copos por dia. Vale também trocá-lo por outro tipo de proteína. O ideal,
no período de amamentação, é consumir mais carnes brancas como peixe e frango”,
diz Lacerda.
·
Benefícios da amamentação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério
da Saúde orientam que deve-se amamentar com leite
materno até os dois anos ou mais, sendo de forma
exclusiva até o sexto mês de vida do bebê.
“O leite materno é o composto mais completo de
vitaminas, sais minerais, anticorpos e tem a quantidade de água ideal para o bebê. Então, em primeiro
lugar, precisamos entender que nada substitui o leite materno”, afirma a médica
Carolina.
A especialista avalia que um dos maiores desafios
no início do aleitamento materno está na pega correta da mama pela criança. “As
pacientes precisam ter muita paciência para fazer o bebezinho acordar e
aprender a pega correta. Sem ela, não há o correto estímulo para sucção e não
vai ter a produção de leite adequada”, afirma Carolina.
O Ministério
da Saúde recomenda a melhor posição para amamentar e estimular
a pega da mama:
- o bebê deve estar virado para a mãe, bem junto de seu corpo,
completamente apoiado e com os braços livres
- a cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem
na frente do mamilo
- só coloque o bebê para sugar quando ele abrir bem a boca
- quando o bebê pega o peito, o queixo deve encostar na mama, os
lábios ficam virados para fora e o nariz fica livre
- a criança deve abocanhar, além do mamilo, o máximo possível da
parte escura da mama (aréola)
- cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser
respeitado
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma
que o leite materno favorece o desenvolvimento e a maturação digestiva e
imunológica dos recém-nascidos.
De acordo com a SBP, a amamentação reduz
complicações relacionadas ao nascimento prematuro, como inflamação e necrose do intestino, distúrbios oculares e pulmonares e sepse
(complicação grave decorrente de infecção) tardia, que acomete principalmente
os prematuros internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).
Ao amamentar, a mulher perde mais
rápido o peso que ganhou durante a gestação e fica
protegida de diversas doenças. A prática diminui o sangramento do útero (que
ocorre por um período após o parto), prevenindo anemia, e reduzindo as chances
de desenvolver osteoporose, câncer de mama, útero e ovário.
“A amamentação contribui para o desenvolvimento do
palato, o céu da boca, da deglutição e da parte fonoaudiológica da criança.
Além de benefícios para o peso e a digestão”, diz Carolina.
Fonte: CNN Brasil
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