A incrível metáfora de Octavio Guedes sobre bolsonaristas na CPMI do Golpe
O jornalista Octavio Guedes, que atua como
comentarista de política do canal a cabo GloboNews, tornou-se nos últimos
tempos uma espécie de queridão do público. Mesmo que não seja exatamente um
profissional inclinado à esquerda, sua forma humorada e seu estilo “cariocão” e
“sincerão” ganharam o apreço de grande parte do público que acompanha o
noticiário de Brasília diariamente.
Nesta sexta-feira (26), ao participar do Estúdio i,
“Guedinho”, com parte dos seus expectadores gosta de chamá-lo, usou uma
metáfora incrível, que viralizou nas redes, para explicar a presença de
bolsonaristas querendo comandar os trabalhos da CPMI da tentativa de golpe do 8
de janeiro, que investigará terroristas bolsonaristas.
O QUE DISSE OCTAVIO:
“A situação é a seguinte: um bando de ladrões se
reuniram para assaltar um banco. Aí, chegando lá, eles encontraram o vigilante
com a chave na mão, dormindo. Entraram, roubaram o banco, o alarme tocou e foi
todo mundo preso. Aí, esses ladrões se reuniram pra fazer um inquérito policial
pra investigar a soneca do vigilante. É o bando de ladrão, e eles roubaram o
dinheiro, e vão se tornar autoridade policial, ou judicial, pra investigar o
dorminhoco. Então, tem que ser alguém que não participou do assalto pra
investigar o roubo, que esses ladrões estão envolvidos, e alguma punição
também, se houver, para o vigilante, que também não pode dormir e deixar a
porta do banco aberta... Então é isso, a situação é essa”, disse Guedes, com
seu jeitão de quem conta uma anedota num bar da Zona Sul do Rio.
• Autor
do pedido de abertura é apontado como agitador do 8/1 pela PF
O deputado federal André Fernandes (PL-CE),
bolsonarista que redigiu o requerimento de criação da CPMI dos Atos Golpistas
iniciada nesta quinta (25), é apontado por investigação da Polícia Federal como
um dos agitadores dos próprios atos golpistas que destruíram as sedes dos três
poderes da República no último 8 de janeiro, em Brasília. Além de autor do
pedido de abertura, também é um dos integrantes da CPMI indicados pelo partido
do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF fez uma varredura na atividade digital de
Fernandes e encontrou publicações que o colocam como um incentivador daquilo
que o ministro Alexandre de Moraes, o relator do caso, definiu como “golpe
tabajara”.
Em uma das publicações, datada de 6 de janeiro –
dois dias antes da patética tentativa de golpe de estado – o deputado havia
começado a divulgar informações sobre um suposto “ato contra Lula”, que
ocorreria no domingo, 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes. Outra publicação
do próprio dia 8 de janeiro mostra a porta de um armário com o nome de Moraes e
a seguinte legenda: “quem rir, vai preso”.
A Procuradoria-Geral da República entendeu que houve
incitação aos crimes de invasão e depredação, além de uma agitação em torno da
possibilidade de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Dessa
maneira, ordenou a abertura do inquérito.
“Coadunou com a depredação do patrimônio público
praticada pela turba e conferiu ainda mais publicidade a ela (tendo em vista o
alcance de suas redes sociais) restando, portanto, demonstrada intenção em
incitar prática delituosa”, diz o relatório da PF.
Fernandes alegou em depoimento que não compactua com
o ocorrido em 8 de janeiro e que naquele dia teria tentado desestimular seus
seguidores a praticarem e apoiarem as depredações. No entanto, os policiais lhe
mostraram justamente as publicações supracitadas para registrar a contradição.
Agora, com o relatório em mãos, a PGR tem 15 dias
para apresentar sua manifestação a respeito do caso para o Supremo Tribunal
Federal.
A
condição do presidente da CPMI do 8 de janeiro para convocar Bolsonaro
O presidente da CPMI do 8 de Janeiro no Congresso
Nacional, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), não vê motivos para convocar
Jair Bolsonaro a depor na comissão no início dos trabalhos.
Em entrevista à coluna na sexta-feira (26/5), Maia
avaliou que a convocação de um ex-presidente da República a CPMI só deve
ocorrer se surgirem”indícios “muito contundentes e muito significativos”.
“Para chegar a convocação do ex-presidente, é
preciso que sejam apresentado indícios muito contundentes e muito
significativos, que justifiquem a vinda de um ex-presidente à CPMI. Porque
seria um fato inédito na história das CPMIs no Congresso Nacional. Jair
Bolsonaro não é uma personalidade qualquer. Ele será convocado na medida que
você inicie uma investigação e, lá adiante, apareçam vários elementos que
indiquem a necessidade que ele precisa ser convocado para prestar esclarecimentos.
Mas no início de uma CPI, a partir dos dados que temos hoje, não teria nenhuma
razão para convocar Jair Bolsonaro”, afirmou o deputado.
A CPMI iniciou seus trabalhos na última quinta-feira
(25/5), com a eleição de Arthur Maia para presidência e a escolha da senadora
Eliziane Gama (PSD-MA) como relatora da investigação.
A oposição já deixou claro que pretende mirar
Bolsonaro. O senador Rogério Carvalho (PT-SE), por exemplo, já protocolou
requerimento pedindo acesso aos dados do celular do ex-presidente extraídos
pela Polícia Federal.
• Outras
convocações
Embora ainda não veja motivos para convocar
Bolsonaro, o presidente da CPMI disse não ter resistências em convocar
militares e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres para depor na comissão.
Em
menos de 48 horas após a instalação da CPI dos Atos Golpistas, a comissão
recebeu 48 pedidos de quebra de sigilo.
A CPI dos Atos Golpistas foi instalada na
quinta-feira (25). Inicialmente, a comissão foi articulada por parlamentares
que fazem oposição ao governo Lula.
Após divulgação de imagens do general Gonçalves Dias
– então ministro do Gabinete de Segurança Institucional – interagindo com
invasores no Planalto, o governo percebeu que a CPI era inevitável e passou a
apoiar a criação.
Dentre os pedidos de quebra de sigilo estão acesso
bancário, fiscal, telefônico e telemático (reunião de todos os dados contidos
em dispositivos eletrônicos, como celulares). É com a quebra deste sigilo que é
possível acessar as mensagens contidas em aplicativos de conversas, por
exemplo.
As solicitações de quebra de sigilo foram feitas, em
sua maioria, pelo PT e PDT, partidos que compõem a base do governo. O PSDB fez
dois pedidos.
Os requerimentos ainda precisam ser aprovados pelo
plenário da CPI. As reuniões para votar requerimentos vão começar na semana que
vem.
Houve pedidos para quebras de sigilo de:
• Jair
Bolsonaro, ex-presidente
• Mauro
Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
• Ailton
Barros, ex-militar ligado a Mauro Cid
• Gonçalves
Dias, ex-ministro do GSI do governo Lula
• José
Eduardo Natale, ex-coordenador de Segurança das Instalações Presidenciais de
Serviço do GSI
• George
Washington de Oliveira Sousa, um dos envolvidos na tentativa de explodir um
caminhão de combustível em Brasília
• Wellington
Macedo de Souza, também envolvido na tentativa de explodir o caminhão
• Alan
Diego dos Santos Rodrigues, também envolvido no caso dos explosivos
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), responsável pelo
pedido de acesso a quebra de sigilo dos celulares de Jair Bolsonaro e Mauro
Cid, justificou que é "essencial" ter posse dos dados.
"Bolsonaro valeu-se das redes sociais como
instrumento de desinformação e prática de atos ilícitos. Nessa linha, é
importante que tenhamos acesso a uma das ferramentas que possibilitou essas
postagens: o celular do ex-presidente", afirmou o senador.
Há pedidos também para chamar Bolsonaro e Cid para
depor na comissão.
• Outros
requerimentos
No total, a CPI recebeu até as 21h de sexta-feira
(26) 396 requerimentos. Além dos de quebra de sigilo, foram:
• 244
pedidos foram para convocação de depoentes e quatro convites
• também
foram feitos 82 requerimentos de acesso a documentos oficiais
De acordo com entendimentos do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), testemunhas convocadas por
uma CPI são obrigadas a comparecer para prestar esclarecimentos.
Já os convites não têm força coercitiva e seu
cumprimento não é obrigatório. O convite também não obriga que o depoimento
seja dado em condição de testemunha, quando a pessoa tem que se comprometer a
falar a verdade.
Dentre as requerimentos de convocações feitos até o
momento, a maior parte são de partidos da oposição do governo. Foram 169
pedidos contra 75 da base do governo.
Foram feitas 15 solicitações para acesso a imagens
de câmeras de segurança das três sedes dos poderes da República, invadidas por
golpistas em 8 de janeiro.
A oposição também apresentou requerimento para ter
acesso ao circuito interno de câmeras dos palácios da Justiça e Itamaraty,
sedes do Ministério da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores,
respectivamente.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também solicitou
imagens de câmeras da Praça dos Três Poderes.
• Números
por partido
Entre os partidos políticos, o Partido Liberal (PL),
de oposição ao governo, foi quem mais apresentou requerimentos à CPI Mista. Ao
todo foram 101 pedidos.
Em seguida aparece o PSDB, com 82 protocolos
registrados, todos pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Em terceiro, aparece o
PDT com 50 requerimentos, todos feitos pela deputada federal Duda Salabert
(PDT-MG).
Dos 64 membros da CPI Mista, 32 titulares e 32
suplentes, 41 ainda não apresentaram qualquer proposição. São 23 senadores e 18
deputados federais. Por outro lado, apenas 23 parlamentares já enviaram pedidos
para a comissão.
Analisando os dados entre as casas, a Câmara dos
Deputados fica a frente com 237 requerimentos protocolados contra 159 do
Senado.
Oposição
pede que CPMI do dia 8 de janeiro seja acompanhada pela ONU
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investiga os atos de ação e omissão ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília,
deverá analisar requerimento que solicita ao Escritório do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) que acompanhe os trabalhos
da comissão.
Segundo a autora do requerimento, senadora Damares
Alves (Republicanos-DF), o objetivo é acompanhar suspeitas de violações de
direitos humanos nos atos criminosos que depredaram os três poderes em
Brasília.
“Requeiro que
seja oficiado o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos (ACNUDH) para destacar equipe especial para acompanhar os
trabalhos desta CPMI, tendo presente as suspeitas de violações de direitos
humanos na determinação, no procedimento, na execução, da prisão de cidadãos
nacionais, incluídos aí, principalmente, crianças e idosos, que estavam
reunidos, pacificamente, sem armas, nas cercanias do Setor Militar Urbano
(SMU), na capital federal deste país, no dia 9 de janeiro de 2023, bem como nos
procedimentos de apuração e investigação a que estas pessoas foram submetidas”,
diz o requerimento.
O requerimento cita a importância de as sessões da
CPMI sejam acompanhadas por um órgão internacional.
“É conveniente e oportuno que o trabalho de
investigação que esta CPMI pretende desenvolver seja acompanhado por um órgão
internacional – o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH) –, isento das amarras impostas pela complexa teia de dependência que
se estabeleceu entre os Poderes do nosso país”, diz o ofício.
A próxima sessão da CPMI, que será na quinta-feira
(1), haverá a apresentação do plano de trabalho do colegiado.
Na última quinta-feira (25), foram eleitos como
presidente, primeiro-vice-presidente e segundo-vice-presidente o deputado
Arthur Maia (União Brasil-BA), o senador Cid Gomes (PDT-CE) e o deputado Magno
Malta (PL-ES) respectivamente. A relatoria ficou com a senadora Eliziane Gama
(PSD-MA).
• CPMI
do 8 de janeiro
A CPMI foi instalada após uma forte insistência de
deputados da oposição.
Inicialmente contrário à criação da comissão, o
governo mudou de posição após a divulgação feita pela CNN de imagens do
circuito interno do Palácio do Planalto que mostraram a atuação do então
ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e de
outros integrantes do GSI durante a invasão ao prédio.
Dias pediu demissão do cargo no dia 19 de abril após
a revelação das imagens.
Fonte: Fórum/g1/CNN Brasil
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