quarta-feira, 3 de maio de 2023

1ª mulher negra a viajar todos os países coloca a Bahia entre seus destinos preferidos

As belezas naturais e culturais da Bahia estão entre suas principais armas para conquistar os turistas, mas talvez haja algo no campo da subjetividade que tenha um poder de fogo e encanto ainda maior: a conexão que seu povo costuma estabelecer com os visitantes.

Uma das blogueiras de viagens mais influentes do mundo, a ugandense-americana Jessica Nabongo, primeira mulher negra a conhecer todos os países do mundo (195 ao todo), contou que foi justamente esse jeito que a conquistou de forma inequívoca. Questionada sobre quais lugares costuma se sentir em casa, mesmo que não seja seu local de origem, colocou a Bahia na seleta lista.

“Recentemente, tenho me sentido muito energicamente conectado a alguns lugares - Bahia no Brasil; Havana, Cuba; Dakar, Senegal. São lugares onde vou e logo me sinto à vontade. Há pessoas lá que me fazem se sentir em casa. Para mim, o lar está nas pessoas”, declarou a autora do blog e do livro ‘The Catch Me if You Can’ (sem versão em português, recém-editado pela National Geographic).

A declaração foi divulgada na última quarta-feira (26) no site da premiada e influente publicação de turismo AFAR, que entrevistou 11 celebridades itinerantes para saber como estão as viagens de “reconexão” com o mundo no pós-pandemia. A AFAR, conforme seu próprio site, é uma revista “direcionada a um público rico e sofisticado”, e que “atrai leitores altamente engajados que têm o desejo e os meios de buscar o luxo da experiência”.

•        Nabongo na Bahia

A mais recente experiência de Jessica Nabongo na Bahia ocorreu no início do ano, quando classificou o destino como um dos seus "lugares mais felizes". “Local que visito frequentemente e me sinto profundamente conectada”, complementou.

Além de Salvador, a blogueira esteve em Morro de São Paulo e explicou aos seus mais de 240 mil seguidores no Instagram como é o traslado para o balneário em Maraú: “É uma viagem de catamarã que dura duas horas, a partir de Salvador. Não há carros na ilha, que é bastante montanhosa”.

•        Inspiração para Kamala Harris

Uma das seguidoras mais ilustres de Jessica é a vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris, com quem a influencer esteve recentemente em mais de uma ocasião. “Antes de conhecê-la, me disseram que ela (Kamala) estava ‘empolgada’ para me conhecer. E quando nos conhecemos, ela tinha palavras amáveis para mim e eu pude autografar uma cópia do meu livro para ela”, comentou Jessica Nabongo, que participou de eventos com a VP dos EUA em março.

 

       Dançarina baiana denuncia racismo em abordagem da PF: 'Pediram para soltar minhas tranças'

 

A jovem dançarina Marcelly Batista estava no Aeroporto Internacional de Porto Velho, quando foi abordada por policiais federais que pediram que ela soltasse as tranças do cabelo e entregasse a senha do próprio celular para ser revistado.

Segundo a moça, que é da Bahia, ela foi levada para uma sala sozinha e, dentro do local, foi vítima de racismo por parte dos agentes.

"Me levaram para uma sala, sozinha, e pediram para eu soltar a minha trança. 'Solta o seu cabelo aí', falaram assim, nem lembro se pediram por favor. Também pediram a senha do meu celular, e como eu nunca tinha sido abordada, passei. Eles olharam minhas conversas com o meu namorado e alguns grupos, enquanto uma mulher me revistava", disse no Instagram.

A equipe que Marcelly faz parte, estava esperando uma conexão para Cuiabá, quando foi abordada após passar pelo raio-x do aeroporto. Ainda segundo a dançarina, nenhum outro passageiro da fila foi abordado ou teve itens pessoais revistados pela Polícia Federal, apenas a baiana e a equipe que a acompanhava.

De acordo com o G1, em nota, a Polícia Federal informou que revistou alguns passageiros e os protocolos de abordagem foram devidamente respeitados pelos policiais, incluindo uma policial feminina para fazer a revista das mulheres.

 

       Luis Miranda: "Negros não aceitaram mais os papéis de fundo"

 

Num eventual versão brasileira e exagerada para o filme Adeus, Lenin!, imaginemos que uma pessoa conhecida ficou em coma por alguns anos e desperte na atualidade. Certamente, ela estranharia algumas coisas ao ligar a televisão, por conta das mudanças que o veículo vem sofrendo. Era impensável uma realidade, há 10 anos, em que a maior televisão do Brasil teria três produções de horário nobre protagonizadas e escritas por profissionais pretos.

Isso é uma realidade do agora: Amor Perfeito, Vai Na Fé e Terra e Paixão contam com Maria Gal e Diogo Almeida; Sheron Menezes e Bárbara Reis, respectivamente. A telinha ainda vai ganhar uma outra produção, com um conterrâneo de Maria Gal nos holofotes: Encantado's, que vai ocupar as noites de terça na Globo a partir de hoje (2) e tendo Luis Miranda como um dos protagonistas.

A trama foi criada por Renata Andrade e Thaís Pontes e escrita por elas com Chico Mattoso e Antônio Prata, que assinam a redação final. A direção artística é de Henrique Sauer e a trama gira em torno dos irmãos Ponza, Olímpia (Vilma Melo) e Eraldo (Luis Miranda), que herdaram do pai um supermercado e uma escola de samba da série D do Rio de Janeiro. Ambos funcionam no mesmo espaço no subúrbio da cidade.

"Eu acho que, mais do que uma questão de conquista, tem uma coisa que não era mais cabível e não tinha como segurar esse movimento, que veio de Hollywood em séries que chegaram aqui ao Brasil. Mais cor, protagonismo preto, multifacetados elencos. É um momento interessante poder pontuar três novelas nesse perfil e que foi conquistado à base de luta e suor de muita gente", conta Luis Miranda.

A série estreou no Globoplay em novembro do ano passado, fruto  da oficina de humor para roteiristas negros realizada pela Globo em 2018. Para Antonio Prata, a série lida com as coisas que o Brasil tem de melhor: Carnaval, uma de nossas manifestações culturais mais importantes, e a fé, não só aquela religiosa, mas a fé na vida, de que as coisas vão ser melhores amanhã.

Os irmãos são donos de personalidades de distinções tão grandes quanto o tamanho de seus corações. Ela tem o objetivo de gerir o negócio que dá sustento à família. Ele, por sua vez, herdou do pai o sonho de ser um grande carnavalesco e faturar um título no carnaval do Rio. Essas contradições fazem com que protagonizem momentos cômicos e afetuosos junto ao elenco.

Vilma comenta que, enquanto mulher preta, se sente representada e privilegiada por se ver na tela. "Quando eu falo em me ver, digo em relação aos meus pares. Eu acho que é assim que as pessoas pretas e suburbanas vão se sentir", explica.

"Estamos falando de pessoas reais, pessoas que existem, como uma tia, uma mãe, uma amiga. E temos uma lente de aumento para aquilo. A escola de samba nada mais é do que o reduto cultural daquelas pessoas. Então o subúrbio você vê ali na tela presente e representado”, comenta Vilma.

Renata Andrade reforça que a comédia fala sobre sonhos, perseverança, fé e relações. Ela conta que assinar o projeto é um passo importante para solidificar sua carreira e abrir caminhos para outras roteiristas pretas sobreviverem desse ofício cinematográfico.

Com a história de Eraldo, Luis Miranda segue nesse mesmo caminho e diz que conseguirá mostrar vários brasileiros numa única pessoa: "os negros não aceitaram mais fazer os papeis de fundo, com senzala, empregados. A gente quer contar nossas histórias. Têm vindo mais dramaturgos pretos, atores com mais postura e colocação e o dinheiro tem circulado. É um projeto financeiro, é dinheiro rolando. Falamos de uma coisa qu dá dinheiro. Não ganhamos nada, pegamos o espaço após lutas bravas", avalia.

 

Fonte: Correio

 

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