1ª mulher negra a
viajar todos os países coloca a Bahia entre seus destinos preferidos
As
belezas naturais e culturais da Bahia estão entre suas principais armas para
conquistar os turistas, mas talvez haja algo no campo da subjetividade que
tenha um poder de fogo e encanto ainda maior: a conexão que seu povo costuma
estabelecer com os visitantes.
Uma
das blogueiras de viagens mais influentes do mundo, a ugandense-americana
Jessica Nabongo, primeira mulher negra a conhecer todos os países do mundo (195
ao todo), contou que foi justamente esse jeito que a conquistou de forma
inequívoca. Questionada sobre quais lugares costuma se sentir em casa, mesmo
que não seja seu local de origem, colocou a Bahia na seleta lista.
“Recentemente,
tenho me sentido muito energicamente conectado a alguns lugares - Bahia no
Brasil; Havana, Cuba; Dakar, Senegal. São lugares onde vou e logo me sinto à
vontade. Há pessoas lá que me fazem se sentir em casa. Para mim, o lar está nas
pessoas”, declarou a autora do blog e do livro ‘The Catch Me if You Can’ (sem
versão em português, recém-editado pela National Geographic).
A
declaração foi divulgada na última quarta-feira (26) no site da premiada e
influente publicação de turismo AFAR, que entrevistou 11 celebridades
itinerantes para saber como estão as viagens de “reconexão” com o mundo no
pós-pandemia. A AFAR, conforme seu próprio site, é uma revista “direcionada a
um público rico e sofisticado”, e que “atrai leitores altamente engajados que
têm o desejo e os meios de buscar o luxo da experiência”.
• Nabongo na Bahia
A
mais recente experiência de Jessica Nabongo na Bahia ocorreu no início do ano,
quando classificou o destino como um dos seus "lugares mais felizes".
“Local que visito frequentemente e me sinto profundamente conectada”,
complementou.
Além
de Salvador, a blogueira esteve em Morro de São Paulo e explicou aos seus mais
de 240 mil seguidores no Instagram como é o traslado para o balneário em Maraú:
“É uma viagem de catamarã que dura duas horas, a partir de Salvador. Não há
carros na ilha, que é bastante montanhosa”.
• Inspiração para Kamala Harris
Uma
das seguidoras mais ilustres de Jessica é a vice-presidente dos Estados Unidos
Kamala Harris, com quem a influencer esteve recentemente em mais de uma
ocasião. “Antes de conhecê-la, me disseram que ela (Kamala) estava ‘empolgada’
para me conhecer. E quando nos conhecemos, ela tinha palavras amáveis para mim
e eu pude autografar uma cópia do meu livro para ela”, comentou Jessica
Nabongo, que participou de eventos com a VP dos EUA em março.
Dançarina baiana denuncia racismo em
abordagem da PF: 'Pediram para soltar minhas tranças'
A
jovem dançarina Marcelly Batista estava no Aeroporto Internacional de Porto
Velho, quando foi abordada por policiais federais que pediram que ela soltasse
as tranças do cabelo e entregasse a senha do próprio celular para ser
revistado.
Segundo
a moça, que é da Bahia, ela foi levada para uma sala sozinha e, dentro do
local, foi vítima de racismo por parte dos agentes.
"Me
levaram para uma sala, sozinha, e pediram para eu soltar a minha trança. 'Solta
o seu cabelo aí', falaram assim, nem lembro se pediram por favor. Também
pediram a senha do meu celular, e como eu nunca tinha sido abordada, passei.
Eles olharam minhas conversas com o meu namorado e alguns grupos, enquanto uma
mulher me revistava", disse no Instagram.
A
equipe que Marcelly faz parte, estava esperando uma conexão para Cuiabá, quando
foi abordada após passar pelo raio-x do aeroporto. Ainda segundo a dançarina,
nenhum outro passageiro da fila foi abordado ou teve itens pessoais revistados
pela Polícia Federal, apenas a baiana e a equipe que a acompanhava.
De
acordo com o G1, em nota, a Polícia Federal informou que revistou alguns
passageiros e os protocolos de abordagem foram devidamente respeitados pelos
policiais, incluindo uma policial feminina para fazer a revista das mulheres.
Luis Miranda: "Negros não aceitaram
mais os papéis de fundo"
Num
eventual versão brasileira e exagerada para o filme Adeus, Lenin!, imaginemos
que uma pessoa conhecida ficou em coma por alguns anos e desperte na
atualidade. Certamente, ela estranharia algumas coisas ao ligar a televisão,
por conta das mudanças que o veículo vem sofrendo. Era impensável uma
realidade, há 10 anos, em que a maior televisão do Brasil teria três produções
de horário nobre protagonizadas e escritas por profissionais pretos.
Isso
é uma realidade do agora: Amor Perfeito, Vai Na Fé e Terra e Paixão contam com
Maria Gal e Diogo Almeida; Sheron Menezes e Bárbara Reis, respectivamente. A
telinha ainda vai ganhar uma outra produção, com um conterrâneo de Maria Gal
nos holofotes: Encantado's, que vai ocupar as noites de terça na Globo a partir
de hoje (2) e tendo Luis Miranda como um dos protagonistas.
A
trama foi criada por Renata Andrade e Thaís Pontes e escrita por elas com Chico
Mattoso e Antônio Prata, que assinam a redação final. A direção artística é de
Henrique Sauer e a trama gira em torno dos irmãos Ponza, Olímpia (Vilma Melo) e
Eraldo (Luis Miranda), que herdaram do pai um supermercado e uma escola de
samba da série D do Rio de Janeiro. Ambos funcionam no mesmo espaço no subúrbio
da cidade.
"Eu
acho que, mais do que uma questão de conquista, tem uma coisa que não era mais
cabível e não tinha como segurar esse movimento, que veio de Hollywood em
séries que chegaram aqui ao Brasil. Mais cor, protagonismo preto,
multifacetados elencos. É um momento interessante poder pontuar três novelas
nesse perfil e que foi conquistado à base de luta e suor de muita gente",
conta Luis Miranda.
A
série estreou no Globoplay em novembro do ano passado, fruto da oficina de humor para roteiristas negros
realizada pela Globo em 2018. Para Antonio Prata, a série lida com as coisas
que o Brasil tem de melhor: Carnaval, uma de nossas manifestações culturais
mais importantes, e a fé, não só aquela religiosa, mas a fé na vida, de que as
coisas vão ser melhores amanhã.
Os
irmãos são donos de personalidades de distinções tão grandes quanto o tamanho
de seus corações. Ela tem o objetivo de gerir o negócio que dá sustento à
família. Ele, por sua vez, herdou do pai o sonho de ser um grande carnavalesco
e faturar um título no carnaval do Rio. Essas contradições fazem com que
protagonizem momentos cômicos e afetuosos junto ao elenco.
Vilma
comenta que, enquanto mulher preta, se sente representada e privilegiada por se
ver na tela. "Quando eu falo em me ver, digo em relação aos meus pares. Eu
acho que é assim que as pessoas pretas e suburbanas vão se sentir",
explica.
"Estamos
falando de pessoas reais, pessoas que existem, como uma tia, uma mãe, uma
amiga. E temos uma lente de aumento para aquilo. A escola de samba nada mais é
do que o reduto cultural daquelas pessoas. Então o subúrbio você vê ali na tela
presente e representado”, comenta Vilma.
Renata
Andrade reforça que a comédia fala sobre sonhos, perseverança, fé e relações.
Ela conta que assinar o projeto é um passo importante para solidificar sua
carreira e abrir caminhos para outras roteiristas pretas sobreviverem desse
ofício cinematográfico.
Com
a história de Eraldo, Luis Miranda segue nesse mesmo caminho e diz que
conseguirá mostrar vários brasileiros numa única pessoa: "os negros não
aceitaram mais fazer os papeis de fundo, com senzala, empregados. A gente quer
contar nossas histórias. Têm vindo mais dramaturgos pretos, atores com mais
postura e colocação e o dinheiro tem circulado. É um projeto financeiro, é
dinheiro rolando. Falamos de uma coisa qu dá dinheiro. Não ganhamos nada,
pegamos o espaço após lutas bravas", avalia.
Fonte:
Correio
Nenhum comentário:
Postar um comentário