quarta-feira, 3 de maio de 2023

Líder de culto queniano comparece a tribunal após morte de mais de 100 seguidores

Um líder de culto queniano acusado de ordenar que seus seguidores passassem fome até a morte compareceu a um tribunal nesta terça-feira, enquanto investigadores procuram mais corpos em uma floresta no leste do Quênia, onde 101 cadáveres já foram desenterrados.

Autoridades quenianas dizem que os mortos eram membros da Igreja Internacional das Boas Novas liderada por Paul Mackenzie, de 50 anos, que previa que o mundo acabaria em 15 de abril e ordenou que seus seguidores se matassem para serem os primeiros a ir para o céu.

O número de mortos está em 109 –101 corpos, a maioria crianças, foram encontrados em valas comuns, e outras oito pessoas que foram encontradas vivas morreram mais tarde— mas pode aumentar. O Ministério do Interior informou que mais de 400 pessoas estão desaparecidas.

Mackenzie, que está sob custódia da polícia, não comentou publicamente sobre as acusações contra ele. Dois advogados que atuam em seu nome se recusaram a comentar.

Um investigador envolvido no caso, que não quis ser identificado, disse à Reuters que Mackenzie negou ter ordenado que seus seguidores jejuassem.

Mackenzie enfrenta uma série de acusações relacionadas a supostos crimes anteriores, mas os promotores ainda não emitiram uma planilha de acusação em relação às várias valas encontradas.

A Citizen Television mostrou Mackenzie comparecendo ao tribunal na cidade costeira de Malindi, a cerca de uma hora e meia de carro da floresta Shakahola, onde os corpos foram encontrados.

Ele estava vestindo uma camisa rosa e jaqueta, ao lado de outros oito membros do culto.

RELEMBRE:

·         Número de mortes por “seita do jejum” chega a 103 no Quênia

Um televangelista queniano foi preso nesta quinta-feira (27) após relatos do “assassinato em massa de seus seguidores”, disse o ministro do Interior, enquanto autoridades investigam dezenas de outras mortes ligadas a um culto religioso da mesma região.

À medida que as notícias da detenção do pastor Ezekiel Odero se espalhavam, as autoridades disseram que o número de mortos chegou a 103 na investigação paralela do culto que chocou o país. Não está claro se os dois casos estão ligados.

Odero, vestido com túnica branca e carregando um grosso livro preto, não respondeu às perguntas dos repórteres ao ser escoltado até uma delegacia por um policial uniformizado. A reportagem não conseguiu contato com nenhum advogado que o represente.

As autoridades retiraram mais várias pessoas que estavam “entocadas” no Centro de Oração e Igreja Nova Vida, de Ezekiel Odero, na pequena cidade de Mavueni, no sudeste do Quênia, disse o ministro Kithure Kindiki no Twitter.

Odero estava “sendo processado por acusações criminais relacionadas ao assassinato em massa de seus seguidores”, acrescentou Kindiki, sem entrar em detalhes sobre quantas pessoas morreram. Ele não fez comentários sobre se os casos estavam ligados.

A prisão de Odero está ligada a “alegações de mortes que ocorreram em suas instalações e relatadas em vários necrotérios ou instituições”, disse a repórteres a autoridade regional Rhoda Onyancha.

Mavueni fica a cerca de 66 km da floresta de Shakahola, onde outro pastor, Paul Mackenzie, é acusado de ter ordenado que seus seguidores morressem de fome antes de o que ele previu que seria o fim do mundo em 15 de abril.

Mackenzie está sob custódia da polícia desde 14 de abril e não fez nenhum comentário público sobre as acusações.

Desde sexta-feira, os investigadores desenterraram corpos de 95 membros de sua autoproclamada Igreja Internacional da Boa Nova de covas rasas na floresta, e outros oito foram encontrados vivos, mas depois morreram.

O número de mortos, já um dos piores na história recente de tragédias relacionadas a cultos, deve aumentar ainda mais, já que a Cruz Vermelha do Quênia diz que mais de 300 pessoas estão desaparecidas.

A reportagem conversou com dois advogados que atuam em nome de Mackenzie, mas ambos se recusaram a comentar as acusações contra ele, dizendo que não tiveram tempo suficiente com seu cliente desde a descoberta das valas comuns para receber instruções adequadas dele.

 

Ø  Exames mostram que crianças morreram de fome e asfixiadas em culto no Quênia

 

Os corpos exumados de várias crianças no leste do Quênia mostraram sinais de fome e, em alguns casos, asfixia, disse um patologista do governo nesta segunda-feira (1º), à medida que os investigadores iniciam as primeiras necropsias em mais de 100 pessoas ligadas a um culto.

Nesta segunda, os investigadores disseram ter concluído 10 necropsias, incluindo nove crianças com idades entre 18 meses e 10 anos, e uma adulta do sexo feminino, dos 101 corpos descobertos no mês passado em covas rasas na Floresta Shakahola, condado de Kilifi.

As autoridades dizem que os mortos eram seguidores da Igreja Internacional das Boas Novas, liderada pelo pastor Paul Mackenzie, a quem acusam de instruir os fiéis a morrer de fome para serem os primeiros a irem para o céu antes do fim do mundo.

Oito membros do culto que foram encontrados extenuados na floresta morreram depois. Até o momento, 44 pessoas foram resgatadas.

Mackenzie está sob custódia da polícia desde 14 de abril, juntamente com outros 14 supostos membros do culto.

“Em geral, a maioria delas apresentava características de fome. Vimos características de pessoas que não haviam comido. Não havia comida no estômago”, disse o patologista-chefe do governo, Johansen Oduor, a repórteres.

Duas apresentavam sinais de asfixia, acrescentou.

 

       Líder da Jihad Islâmica preso por Israel morre após greve de fome, e tensão escala

 

O membro da Jihad Islâmica Khader Adnan morreu nesta terça-feira (2) sob a custódia de Israel após uma greve de fome de 87 dias. O Estado hebreu havia detido o palestino no início de fevereiro e o manteve na prisão à espera do julgamento desde então —ele era acusado de envolvimento com o grupo radical, que Tel Aviv considera terrorista, e de incentivo verbal à violência.

A Jihad Islâmica jurou vingança pela morte do militante, provocando temores de uma nova escalada da violência na Faixa de Gaza —três foguetes e um projétil foram lançados a partir da área em direção a Israel na madrugada, de acordo com o seu Exército, atingindo apenas áreas afastadas ou próximas da fronteira. Mais tarde, uma contraofensiva isralense levou as duas forças a trocarem tiros na região.

Em nota, a Jihad Islâmica disse que a morte de Adnan havia sido "poderosa e honrosa" e que Tel Aviv "pagará o preço por este crime". "Se o povo palestino não tivesse pessoas como Khader, nossa causa não teria repercussão", disse Ziad al-Nakhale, dirigente da facção. Apesar de ter presença limitada na Cisjordânia, ela é o segundo grupo mais bem equipado de Gaza em termos de armas.

A região, aliás, amanheceu com centenas de pessoas reunidas em uma marcha em homenagem a Adnan. Já na Cisjordânia ocupada, comerciantes palestinos convocaram uma greve geral e fecharam suas lojas, e um israelense foi ferido após dois veículos serem atingidos por tiros, de acordo com as Forças Armadas de Tel Aviv.

A administração penitenciária de Israel informou que Adnan, que havia iniciado sua greve de fome assim que foi preso, em 5 de fevereiro, foi encontrado inconsciente em sua cela nesta terça e encaminhado então a um hospital, onde foi declarado morto após tentativas de ressuscitá-lo. As autoridades ainda afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e ofertas de tratamento.

A versão é contestada pelo advogado de Adnan, Jamil Al-Khatib e por um médico de uma organização de direitos humanos que se reunira com ele dias antes, que afirmam que o governo se negou a oferecer ao palestino o acompanhamento devido.

"Exigimos que ele fosse transferido para um hospital civil, onde poderia ser assistido de maneira apropriada. Infelizmente, nossa demanda foi recebida com rejeição e intransigência", afirmou Al-Khatib à agência de notícias Reuters.

As alegações foram ecoadas pela esposa do militante, Randa Moussa, entrevistada pela AFP em sua casa em Arraba, no norte da Cisjordânia, na sexta-feira. Ela ainda afirmou que as condições da detenção eram muito difíceis, e disse estar orgulhosa da morte do marido nas circunstâncias em que se deram.

Adnan havia realizado ao menos três greves de fome em protesto após ser preso por Israel desde 2011. A tática é usada por muitos outros prisioneiros palestinos, mas nenhum deles havia morrido desde 1992, três décadas atrás.

 

Fonte: Reuters/CNN Brasil/FolhaPress

 

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