Lepra: entenda mais
sobre a hanseníase
A
hanseníase, popularmente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa caracterizada pelo desenvolvimento
de feridas e úlceras na pele. A infecção afeta, principalmente, os nervos das
extremidades, o nariz, os olhos e as vias respiratórias superiores.
A lepra é uma das doenças mais
antigas da história, com sua primeira documentação escrita ocorrendo por volta
de 600 a.C. No entanto, ainda é presente em dias atuais, sendo comumente
encontrada em países com climas tropicais e subtropicais.
Considerada
uma doença tropical negligenciada (DTN), a lepra ainda ocorre em mais de 120 países, com mais de 200 mil
novos casos registrados todos os anos. A eliminação da hanseníase como problema
de saúde pública global foi atingida em 2000, de acordo com o objetivo da
Resolução 44.9 da Assembleia Mundial da Saúde, e em outros países em
2010.
Dados
de 2019, porém, indicam que o Brasil, a Índia e a Indonésia reportaram mais de
10 mil novos casos da doença. Felizmente, a condição possui tratamento e pode
ser curada.
<< O que causa a lepra?
A lepra é causada pela bactéria Mycobacterium
leprae (M.
leprae), que foi descoberta pelo cientista noruêgues Gerhard-Henrik Armauer
Hansen — que deu origem ao nome oficial da condição, hanseníase.
Acredita-se
que a contaminação ocorre através do contato com secreções mucosas de uma
pessoa com a infecção, ou seja, pode ser transmitida através do contato com o
espirro ou tosse de uma pessoa com hanseníase.
Embora
seja conhecida como uma doença infecciosa, a lepra não é uma condição altamente contagiosa. Porém, o
contato frequente e direto com pacientes não tratados pode levar ao
desenvolvimento da hanseníase.
Por
outro lado, é importante notar que a doença não é transmitida através do
contato casual com uma pessoa infectada, como aperto de mãos, abraços ou sentar
ao lado de um indivíduo em um ônibus. Além disso, pacientes com a doença deixam
de transmiti-la após o início do tratamento.
A
doença tem um período de incubação médio de cinco anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Contudo, seus
sintomas podem não aparecer por até 20 anos.
<< Sinais e sintomas da lepra
Os
principais sintomas da doença são:
- Fraqueza
muscular;
- Dormência nas
mãos, braços, pés e pernas;
- Lesões e
úlceras na pele que não cicatrizam e resultam na diminuição da sensação de
toque, temperatura ou dor.
A
hanseníase afeta, principalmente, a pele e os nervos fora do cérebro e da
medula espinhal, chamados nervos periféricos. Os machucados característicos da
doença possuem uma coloração esbranquiçada, mas também podem se manifestar
através de caroços ou inchaços que não desaparecem após várias semanas ou
meses.
<< Tipos de lepra
A lepra é definida através da
quantidade de lesões e machucados que o indivíduo apresenta. O tratamento da
doença depende do tipo apresentado pelo paciente.
Os
tipos de hanseníase são:
- Tuberculóide:
uma forma menos severa da condição, onde o indivíduo apresenta apenas
algumas lesões pálidas na pele. A área afetada pode ficar dormente,
resultante dos danos aos nervos. Esse tipo de lepra tuberculóide é menos contagiosa que outros tipos da
doença;
- Virchowiana: a
lepra virchowiana é a forma mais severa da doença, caracterizada por
inchaços e erupções cutâneas generalizadas, dormência e fraqueza muscular.
Ela pode afetar a pele, o nariz, rins e outros órgãos e é mais contagiosa
que outras formas;
- Borderline ou
dimorfa: a lepra borderline, ou dimorfa, é caracterizada pelos sintomas de
ambas as formas anteriores da doença.
Outras
classificações da lepra:
- Lesão única
paucibacilar: uma lesão
- Paucibacilar:
duas a cinco lesões
- Multibacilar:
seis ou mais lesões
<< Como é feito o diagnóstico?
De
acordo com a OMS, o diagnóstico da lepra é
um procedimento clínico feito através de uma biópsia da pele. Ela só é
diagnosticada após o paciente indicar pelo menos um de três sinais:
- Perda
definitiva de sensibilidade em uma área de pele pálida (hipopigmentada) ou
avermelhada;
- Nervo
periférico espesso, com perda de sensibilidade e/ou fraqueza dos músculos
supridos por esse nervo;
- Detecção
microscópica de bacilos em esfregaço cutâneo.
<< Como a lepra é tratada?
O
tratamento é realizado a partir da poliquimioterapia (PQT), uma combinação de
antibióticos que afetam e matam as bactérias M. leprae. Esse
tratamento foi desenvolvido pela OMS em 1995 e é oferecido gratuitamente
através da organização.
<< Possíveis complicações
Sem
o tratamento, as pessoas podem apresentar danos permanentes na pele, nervos,
braços, pernas, pés e olhos. Algumas das possíveis complicações da doença
são:
- Cegueira ou
glaucoma;
- Perda de
cabelo e pelos, principalmente nos cílios e sobrancelhas;
- Inabilidade de
usar os pés e as mãos;
- Desfiguração
do rosto;
- Disfunção erétil e
infertilidade em homens;
- Falência
renal;
- Irite;
- Danos
permanentes no interior do nariz, o que pode levar a hemorragias nasais e
congestão nasal crônica;
- Danos
permanentes aos nervos fora do cérebro e da medula espinhal.
<< O efeito de cura da M. leprae
Uma pesquisa realizada
pela Universidade de Edimburgo comprovou que a bactéria que causa a lepra, conhecida como M.
leprae, pode possuir um efeito de cura em fígados envelhecidos. Os
especialistas envolvidos no estudo infectaram 45 tatus, que naturalmente
apresentam a bactéria, com a M. leprae e notaram que o
parasita tem uma capacidade de sequestrar e reprogramar células.
Ao
comparar animais sadios com os infectados, os especialistas observaram que os
fígados dos tatus infectados cresceram e permaneceram em perfeita
funcionalidade, com todos os tipos corretos de tecidos hepáticos em todos os
lugares certos.
“Se
pudermos identificar como as bactérias desenvolvem o fígado como um órgão
funcional sem causar efeitos adversos em animais vivos, poderemos traduzir esse
conhecimento para desenvolver intervenções terapêuticas mais seguras para
rejuvenescer fígados envelhecidos e regenerar tecidos danificados”, disse a
bióloga celular, Anura Rambukkana.
Fonte:
eCycle
Nenhum comentário:
Postar um comentário