Scholz e
Pistorius discutem como 'preparar Alemanha para guerra' enquanto Ucrânia drena
cofres da UE
A
crescente tensão entre o chanceler alemão Olaf Scholz e seu cada vez mais
combativo ministro da Defesa, Boris Pistorius, tem evidenciado os problemas
financeiros da Bundeswehr ante o financiamento ucraniano.
De
acordo com a Bloomberg, em meio ao alinhamento de Berlim com Washington e
outros aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os generais
e políticos alemães se queixam há muito de grandes problemas com as capacidades
da Bundeswehr (Forças Armadas). A forma de remediar esta situação e o grau de
belicismo parecem ter colocado o chanceler Olaf Scholz e o ministro da Defesa,
Boris Pistorius, um contra o outro.
A
disputa entre os dois está enraizada nas suas diferentes visões sobre como a
Alemanha deveria reconstruir as suas Forças Armadas e revitalizar a sua defesa.
A retórica de guerra "agressiva" de Pistorius está repleta de
problemas potenciais para seu colega social-democrata Scholz antes das eleições
de 2025, observou a mídia.
As
mensagens públicas dos dois mostram Scholz usando a palavra "paz" com
mais frequência, enquanto Pistorius, por outro lado, está batendo avidamente no
tambor da "guerra".
A
Bundeswehr precisa se "preparar para a guerra", disse Pistorius em
uma entrevista no ano passado para o jornal Welt am Sonntag.
"Levará
algum tempo para que a indústria de defesa aumente as suas capacidades. Temos
agora cerca de cinco a oito anos para recuperar o atraso — tanto no que diz
respeito às Forças Armadas, como à indústria e à sociedade", afirmou.
Mas
apesar das diferenças, ambos continuam na mesma página quando se trata de
apoiar Kiev. A Alemanha é uma das maiores líderes da guerra por procuração da
OTAN na Ucrânia, enviando mais de € 10 bilhões (cerca de R$ 56,9 bilhões) em
apoio militar e econômico a Kiev. Mas a sua própria Bundeswehr está ao mesmo
tempo envelhecendo e encolhendo. A modernização das Forças Armadas e a
cobertura dos custos de manutenção do equipamento militar se tornaram um
desafio.
É
aqui que entra a retórica da guerra. Pistorius tem defendido a alegada
"ameaça da Rússia" para instar o chanceler a aumentar drasticamente
os gastos militares. A sua linguagem é salpicada por elementos militaristas,
algo que não era ouvido de um político alemão desde o fim da Segunda Guerra
Mundial.
Scholz
anunciou um "Zeitenwende" (um ponto de virada histórico) em 2022,
quando a crise na Ucrânia se agravou. Ele prometeu reanimar as Forças Armadas
da Alemanha, mas desde então os planos ambiciosos ficaram atolados em disputas
de gastos e na necessidade de bombear armas e dinheiro para Kiev. Assim, o
fundo de defesa de € 100 bilhões (cerca de R$ 569,2 bilhões) do chanceler
"já foi totalmente atribuído e terá sido gasto até 2027", observou a
publicação.
O
fundo de € 100 bilhões foi anunciado pelo chanceler alemão Olaf Scholz para
melhorar as capacidades de defesa do país logo após o início da operação
militar especial da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O fundo foi
aprovado pelo parlamento alemão em junho desse ano.
Em
janeiro de 2023, Pistorius disse ao jornal Suddeutsche Zeitung que o fundo não
seria suficiente para a Alemanha modernizar as suas tropas e apelou a um
aumento de € 10 bilhões por ano do orçamento de defesa alemão. O ministro da
Defesa até agora não conseguiu garantir o financiamento extra.
Recentemente,
vários desentendimentos públicos mostraram a distância crescente entre os dois
homens. Scholz rejeitou novamente o pedido de Pistorius para maiores gastos com
a defesa, com Robert Habeck, vice-chanceler dos Verdes, e o ministro das
Finanças, Christian Lindner, optando por um aperto de cintos. Deve-se notar que
a Alemanha tem um chamado "teto de dívida", que restringe o déficit
federal a 0,35% do Produto Interno Bruto (PIB). Pistorius argumentou que
"as despesas com defesa e proteção civil não deveriam ser incluídas"
nessas regras. Sua declaração foi feita durante uma viagem aos EUA.
"Infelizmente,
o sr. Pistorius está apenas destacando a opção de criar segurança através da
dívida. Os cidadãos seriam assim sobrecarregados com encargos de juros cada vez
mais permanentes. A melhor maneira é realocar dinheiro no nosso grande orçamento
de Estado e pôr a economia em movimento", rebateu Christian Linder.
Como
Scholz disse em um podcast no dia 17 de maio, "todos temos que suar, [...]
o ministro da Defesa tem o meu apoio para o que está a planejando e o que está
fazendo".
O
chanceler também rejeitou a proposta de Pistorius de reintroduzir o serviço
militar obrigatório, que foi abolido em 2011. "É bom esperarmos até que
haja uma ideia bem ponderada", disse Scholz.
As
Forças Armadas alemãs carecem de equipamento e pessoal, com os estoques em
geral esgotados pelas entregas militares à Ucrânia, disse a comissária
parlamentar da Bundeswehr, Eva Hoegl, no ano passado. Um total de 181.514
pessoas serviam nas Forças Armadas no final de 2023, sendo a idade média de um
soldado alemão de 38,8 anos.
Em
um contexto de diminuição do número de tropas, Berlim tem debatido formas de
alargar a rede de recrutamento. Pistorius acabou abandonando os planos de
serviço militar obrigatório, em favor de uma versão diluída de um serviço
militar opcional, fortemente repleto de descontos e incentivos a estudantes
para cursos gratuitos, informou a revista Der Spiegel.
A
frustração reprimida teria levado Pistorius a ameaçar renunciar ao cargo
durante uma reunião a portas fechadas no ministério no mês passado. No entanto,
ele pensou melhor e disse aos repórteres que ainda estava "ansioso por
este trabalho e vocês não vão se livrar de mim tão rapidamente".
À
medida que as tensões entre os dois políticos alemães aumentam, é preciso notar
que Boris Pistorius é atualmente o político mais popular da Alemanha, de acordo
com uma pesquisa citada pelo jornal Bild am Sonntag no final de 2023. Cerca de
42% das pessoas entrevistadas pelo instituto de pesquisa INSA queria que
Pistorius tivesse mais influência na política alemã. A classificação do próprio
chanceler caiu ainda mais, com Scholz recebendo um índice de aprovação de 26%.
Enquanto isso, a mídia alemã noticiou no início deste ano que o nível de
aprovação do Partido Social Democrata da Alemanha (SPD), no poder, do qual o
atual chanceler Olaf Scholz é membro, caiu para um nível recorde, com apenas
13% da população disposta a votar em seu favor.
·
'Dois pesos, duas
medidas': Lavrov explica por que os EUA ignoram o aumento do neonazismo na
Ucrânia
As
autoridades de Kiev são usadas pelos EUA como ferramentas na luta contra a
Rússia e, portanto, "tudo é perdoado a elas", destacou o ministro das
Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov. O ministrou lembrou que há 20
anos Moscou apresentou na ONU uma resolução sobre a luta contra a glorificação
do nazismo, à qual Washington votou contra.
"O
duplo padrão e a conivência com relação a Kiev, perdoando-lhes qualquer coisa e
tudo, incluindo essas ações abertas para introduzir a teoria e a prática
nazista, tornaram-se comuns apenas porque essas pessoas são convenientes para o
Ocidente e os Estados Unidos como uma ferramenta na luta contra a Rússia",
afirmou Serguei Lavrov em uma entrevista a um projeto russo em memória das
vítimas do nazismo.
O
chanceler citou como exemplo a falta de reação do Ocidente à política
discriminatória de Kiev contra seus cidadãos que falam russo e à proibição de
usar o idioma natal na vida pública do país. "No entanto, eles investigam
qualquer coisa apenas quando se trata de algo contra a Rússia",
acrescentou.
Lavrov
lembrou que em agosto de 2021 Vladimir Zelensky recomendou aos falantes de
russo da Ucrânia "mudar-se para a Rússia pelo bem de seus filhos e
netos". "Isso é racismo e nazismo", concluiu o chanceler.
O
ministro acrescentou que, há quase 20 anos, a Rússia apresentou uma resolução
na Assembleia Geral da ONU contra a glorificação do nazismo. Segundo Lavrov, a
resolução foi aprovada com poucas abstenções, em sua maioria europeias. Os EUA
votaram inicialmente contra, explicando que a Constituição exige
"liberdade de expressão", razão pela qual se oporiam à adoção desse
tipo de princípios nas atividades modernas da ONU, apontou.
O
ministro pontuou que, após o lançamento da operação militar especial contra o
nazismo na Ucrânia, os países europeus que se abstiveram na Assembleia Geral
sobre a resolução contra a glorificação do nazismo começaram a votar contra.
"Até
mesmo Alemanha, Japão e Itália votaram contra e continuam votando. Países que,
quando foram admitidos na ONU, prometeram que 'nunca mais'. O nazismo ressurge
depois de tudo", declarou.
O
presidente russo, Vladimir Putin, lembrou que entre da operação estão a
"desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
¨
União Europeia não tem
provas de que a China envia armas à Rússia, diz Borrell
O
chefe das Relações Exteriores da UE pareceu concordar com Pequim sobre ela não
estar fornecendo meios militares a Moscou, com a China garantindo exercer
controles de exportação rigorosos.
A
UE não tem provas de que a China esteja fornecendo armas à Rússia, disse o
chefe das Relações Exteriores da União Europeia durante a cúpula do Diálogo de
Shangri-La, em Cingapura.
"A
China prometeu não fornecer armas [à Rússia] e não temos nenhuma evidência de
que isso esteja acontecendo", disse Josep Borrell.
Borrell
também acrescentou que se reuniu com o ministro da Defesa chinês Dong Jun, e
reiterou o compromisso de Pequim de não fornecer ajuda militar a Moscou.
De
acordo com o alto responsável, não há uma linha divisória clara entre armas e
não armas porque "alguns produtos têm uma finalidade dupla". Ele
também apontou para o crescente volume de comércio entre Moscou e Pequim nos
últimos anos, referindo que Bruxelas está tentando garantir que tais
mercadorias não passem da UE para a Rússia.
Dong
Jun reiterou na sexta-feira (31) que a China segue honrando seus compromissos e
não fornece armas a nenhum dos lados do conflito ucraniano.
"A
China honra seus compromissos e não fornece armas a nenhuma das partes
envolvidas no conflito. A China também exerce controles de exportação rigorosos
de itens de uso duplo, conforme as leis e regras existentes", disse ele,
citado pelo porta-voz militar chinês Wu Qian.
·
Oficial militar alemão
diz que Kiev pode usar mísseis Patriot para abater aviões na Rússia
O
chefe do gabinete especial para a Ucrânia no Ministério da Defesa da Alemanha,
major-general Christian Freuding, declarou neste domingo (2) que não descartava
a possibilidade de Kiev usar sistemas de mísseis Patriot para atingir aviões
sobre o território russo.
Na
última sexta-feira (31), o porta-voz do governo federal alemão, Steffen
Hebestreit, disse que Berlim e o resto do Ocidente concordaram que Kiev poderia
usar armas ocidentais para repelir ataques na região da Carcóvia.
"É
bem possível que sistemas Patriot agora também sejam usados na região da
Carcóvia e sobre a Rússia. Eles podem ser aplicados dentro do direito
internacional. Temos grande confiança de que os ucranianos vão cumprir com
isso," disse Freuding à emissora alemã ARD.
Apesar
disso, Freuding enfatizou que o uso é de responsabilidade exclusiva dos
militares ucranianos. No fim da última semana, o Moscou declarou que as
tentativas de atacar a Rússia com armas ocidentais já estão sendo feitas, o que
sinaliza o forte envolvimento no conflito, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry
Peskov.
Um
porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou à Sputnik em um comunicado
que o presidente Joe Biden deu luz verde para ataques ucranianos usando armas
fornecidas pelos norte-americanos na Carcóvia, e autorizou o uso de mísseis de
longo alcance, incluindo ATACMS, dentro da Rússia.
Sobre
essa decisão de Biden, Peskov disse a repórteres que "não sabemos nada
sobre esta decisão em particular", no entanto, acrescentou que Moscou está
ciente que "em geral, já estão sendo feitas tentativas de atacar o
território russo com armas fabricadas nos EUA. Isso é suficiente para nós, e
isso demonstra mais do que eloquentemente o grau de envolvimento dos Estados
Unidos nesse conflito", acrescentou.
Peskov
sinalizou ontem (30) que, nas últimas semanas, países-membros da OTAN e seus
aliados "embarcaram em uma nova ronda de escalada" com a Rússia,
alertando que tal ação "terá inevitavelmente consequências" e
"será muito prejudicial para os interesses dos países".
O
presidente Vladimir Putin alertou novamente sobre o risco de guerra nuclear
depois que vários aliados suspenderam as restrições impostas ao uso de armas
doadas a Kiev.
·
Formação ruim de recrutas no Exército
Em
meio ao avanço russo, oficiais ucranianos se queixam da qualidade da formação
dos novos recrutas nos centros de treinamento das Forças Armadas da Ucrânia,
informou o jornal norte-americano 'The Washington Post'.
"Os
comandantes ucranianos há muito tempo reclamam da má formação dos novos
recrutas nos centros de treinamento [...]; Venham de onde vierem os novos
soldados, os comandantes de campo ucranianos dizem que, devido à formação
insuficiente, muitas vezes precisam dedicar semanas para ensiná-los habilidades
básicas, como tiro", aponta a nota.
Fonte:
Sputnik Brasil
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