terça-feira, 4 de junho de 2024

'OTAN flerta com a guerra e com a extinção', diz analista

Os Estados Unidos abriram a porta para que as suas armas fossem utilizadas em ataques ao interior do território russo, mais um passo no sentido de pensar que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está na verdade à procura de uma guerra muito mais perigosa.

A narrativa de guerra do Ocidente tem aumentado constantemente há algum tempo em torno do conflito ucraniano, mas agora são as decisões tomadas que mostram que a Europa está cada vez mais perto de um conflito de grande escala para o qual a OTAN pode não estar preparada.

"A OTAN está a flertar com a guerra e a extinção", alerta Stephen Bryen, antigo subsecretário do Pentágono e especialista em questões de segurança e defesa.

Segundo ele, os passos que a Aliança Atlântica tem dado em relação à crise apenas levaram a uma escalada do bloco contra a Rússia. Mais ainda agora que "a França está 'oficialmente' a enviar tropas para a Ucrânia" e que alguns países da OTAN exigem ataques em profundidade em solo russo.

"Assustar os russos para que recuem atacando o território russo ou enviando soldados franceses não funcionará, uma vez que os russos já compreenderam essa realidade e estão a avançar [...] na Ucrânia", observa Bryen.

O especialista afirma também que os líderes da OTAN temem o colapso da Ucrânia. Por isso, diz, recorrem a medidas como o envio de soldados do bloco, em número relativamente pequeno, mas "isso não é solução".

Sobre a solução do conflito entre Kiev e Moscou, Bryen afirma que a Aliança Atlântica não quer negociar com a Rússia por razões políticas, principalmente devido à posição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teme chegar às próximas eleições tendo perdido o Afeganistão e a Ucrânia, salienta.

"Qualquer acordo com os russos hoje significaria grandes concessões, não apenas em território, mas quanto ao futuro da Ucrânia", acrescenta.

"O resultado provável de tudo isto é que o conflito na Ucrânia continuará. A OTAN sofrerá ainda mais perdas, incluindo soldados. Os planos nos bastidores para usar o poder aéreo ou forças terrestres da OTAN são improváveis, dadas as terríveis consequências para a Europa", conclui.

¨      Oficiais da OTAN estão insatisfeitos com falta de estratégia sobre a Ucrânia, diz coronel dos EUA

Para Lawrence Wilkerson, um coronel aposentado do Exército dos EUA, devido à situação política interna, Joe Biden está impedido de tomar medidas recomendadas, como "um cessar-fogo e negociações construtivas".

Os oficiais mais competentes da OTAN estão insatisfeitos com o fato de o Ocidente não ter uma estratégia completa de ação na Ucrânia, disse um coronel aposentado do Exército dos EUA em uma entrevista no YouTube.

"Eles [na OTAN] têm um problema de liderança", de acordo com Lawrence Wilkerson, em declarações ao canal Judging Freedom.

"Percebi que […] há um sério descontentamento entre os oficiais da OTAN que valem alguma coisa. […] Eles dizem sinceramente que na verdade não sabem qual é sua estratégia", apontou.

Segundo ele, todas as ações ocidentais na Ucrânia têm como objetivo apenas trazer dinheiro para as elites e garantir a reeleição de Joe Biden como presidente dos EUA.

"A situação política interna impede Biden de fazer algo parecido com o que é geralmente recomendado – um cessar-fogo e negociações construtivas", observou o coronel.

Recentemente, políticos de Estados-membros da OTAN, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler dinamarquês Lars Rasmussen e o secretário-geral da aliança Jens Stoltenberg, têm pedido que os países produtores de armas ocidentais permitam que as Forças Armadas da Ucrânia usem essas armas para lançar ataques contra o interior do território russo.

Ao mesmo tempo, outros países da aliança se opuseram. De acordo com o vice-premiê e chanceler italiano Antonio Tajani, a Ucrânia deveria usar as armas recebidas do Ocidente somente em seu próprio território. Peter Szijjarto, ministro das Relações Exteriores da Hungria, classificou igualmente os planos da OTAN como uma "missão maluca".

Vladimir Putin, presidente da Rússia, deixou claro que os representantes dos países da OTAN devem saber "com o que estão brincando" quando falam sobre planos para permitir que Kiev atinja "alvos legítimos" dentro do território russo.

¨      Serviço de Segurança da Ucrânia pressiona igrejas para incitarem fiéis a se juntarem ao Exército

Kiev está tentando reforçar suas tropas recrutando membros das denominações cristãs, advertiu a resistência pró-russa em Kherson.

O Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU) obriga os sacerdotes e paróquias de várias denominações cristãs a incitar os fiéis a se juntarem ao Exército ucraniano, disseram à Sputnik representantes da resistência pró-russa em Kherson.

"Os oficiais do SSU que supervisionam as igrejas e outras organizações religiosas, após a publicação da nova lei sobre a mobilização, obrigaram os clérigos das denominações que tutelam a induzir os paroquianos a se juntarem às Forças Armadas da Ucrânia. As respectivas instruções foram recebidas na Igreja Evangélica Cristã Batista, na Igreja da Fé Evangélica, na Igreja Católica Grega Ucraniana e na Igreja Ortodoxa da Ucrânia", relatou a fonte.

De acordo com ele, os oficiais do SSU tentam induzir constantemente o clero ucraniano a cooperar e denunciar os fiéis. Isso é feito sob a ameaça de mobilização forçada do próprio clero, acrescentou a resistência.

A fonte ainda referiu que os comissários militares estão de plantão perto das igrejas ucranianas para deter homens em idade militar durante os serviços religiosos, incluindo casamentos e funerais.

A Ucrânia anunciou uma mobilização geral em 25 de fevereiro de 2022. Os homens de 18 a 60 anos foram proibidos de deixar o país, com as convocações militares podendo ser entregues não apenas na residência, mas em qualquer lugar. Ao mesmo tempo, os policiais e os militares fazem incursões para recrutar cidadãos, muitas vezes com violência.

Em 18 de maio de 2024 entrou em vigor a lei sobre mobilização intensificada, obrigando todas as pessoas sujeitas ao alistamento a se apresentarem a um escritório de alistamento militar ou a se registrarem on-line. Além disso, as pessoas sujeitas ao serviço militar devem ter sempre consigo sua carteira de identidade militar e apresentá-la na primeira solicitação de oficiais militares ou policiais.

¨      Zelensky vai à Ásia-Pacífico em busca de apoio para 'cúpula de paz', mas China permanece irredutível

Com relatórios indicando "paranoia" no gabinete de Zelensky em relação à "conferência de paz" para a Ucrânia que acontecerá na Suíça sem a presença de Joe Biden, o gabinete de Vladimir Zelensky busca apoio de países asiáticos após a negativa da China.

O líder ucraniano, Vladimir Zelensky, chegou a Cingapura, no sábado (1º), para uma visita surpresa. Desta vez, o seu pedido se dirigiu aos líderes da Ásia-Pacífico, reunidos para a sua principal cúpula de defesa.

O Diálogo de Shangri-La, realizado de 31 de maio a 2 de junho, é organizado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês). Com 45 países presentes, incluindo o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o ministro da Defesa Nacional da China, almirante Dong Jun, não é de admirar que o agora ilegítimo presidente da Ucrânia tenha ido direto para o evento.

Zelensky chegou a Cingapura enquanto as forças de Kiev lutam para evitar o avanço constante dos militares russos, especialmente perto de Carcóvia. Ao mesmo tempo, a tão elogiada "conferência de paz", organizada pela Suíça, não conseguiu atrair participantes extremamente importantes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping. A Rússia afirmou mais de uma vez que a Suíça já não é considerada um ator neutro para exercer o papel de mediador na crise europeia, e que, portanto, não compareceria no evento mesmo se tivesse sido convidada.

Rustem Umerov, ministro da Defesa ucraniano até o último dia de mandato de Zelensky, manteve conversações com Lloyd Austin neste domingo (2), à margem da conferência. O chefe do Departamento de Defesa dos EUA "reafirmou o compromisso dos EUA em manter o forte apoio" à Ucrânia durante a reunião, disse um funcionário do Pentágono citado pela Reuters.

Zelensky se vangloriou em sua conta no X (anteriormente Twitter) de ter se reunido com o presidente de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam, e o primeiro-ministro Lawrence Wong, o presidente eleito da Indonésia, Prabowo Subianto, o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e uma delegação do Congresso dos EUA. Ele disse que Ramos-Horta tinha concordado em participar da cúpula de paz.

A China, no entanto, permanece inflexível. Em um discurso aos delegados neste domingo (2), o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, disse que o seu país tem "promovido conversações de paz com uma atitude responsável".

"Nunca fornecemos armas a nenhuma das partes do conflito. Implementámos controles rigorosos sobre as exportações de produtos de dupla utilização e nunca fizemos nada para atiçar as chamas. Estamos firmemente do lado da paz e do diálogo", disse ele.

Anteriormente, a China explicou por que não participaria do evento.

"Há uma discrepância clara entre a agenda da conferência, as exigências da China e as expectativas gerais da comunidade internacional, tornando difícil para a China participar desta reunião", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, aos repórteres na sexta-feira (31).

As exigências da China por uma conferência de paz que seja justa e imparcial e não dirigida contra qualquer parte estão refletidas no consenso sobre uma solução política para a crise na Ucrânia recentemente divulgado em conjunto com o Brasil, e expressam preocupações gerais da comunidade internacional, especialmente dos países em desenvolvimento, disse o diplomata, acrescentando que tal conferência poderia ser reconhecida tanto por Moscou quanto por Kiev.

Moscou disse anteriormente que a cúpula de 15 a 16 de junho foi concebida como mais um esforço para "fazer avançar a impraticável 'fórmula de paz' de Zelensky que ignora os interesses russos". Acrescentou que a reunião será "absolutamente fútil" sem a participação da Rússia.

Além disso, a cúpula ocorre depois de os EUA, o Reino Unido e outros aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) terem levantado as restrições formais que limitavam a utilização de mísseis de longo alcance pela Ucrânia fornecidos pelo Ocidente para atacar alvos no interior da Rússia. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou as nações da OTAN que deveriam perceber "com o que estão brincando" ao permitir que a Ucrânia ataque o território russo.

¨      Orbán: coalizão 'transatlântica' pela paz pode ser criada após eleições nos EUA e União Europeia

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán disse neste sábado (1º) que uma coalizão transatlântica pela paz poderia ser formada após as eleições para o Parlamento europeu e o pleito presidencial nos Estados Unidos (EUA). Para o premiê a medida terá ainda mais chances "se um presidente a favor da paz for eleito" em Washington.

"As eleições estão a uma semana de distância, depois disso podemos criar uma coalizão europeia pela paz. No outono, os norte-americanos podem eleger um presidente pró-paz, e juntos com eles, podemos criar uma coalizão transatlântica pan-ocidental pela paz", disse Orbán aos participantes da Marcha pela Paz.

Os defensores da paz estavam em minoria no início deste ano, mas até o final do ano poderiam formar uma maioria no Ocidente, acrescentou Orbán.

Milhares de húngaros se reuniram em Budapeste em uma marcha pela paz para protestar contra a possível participação do país europeu no conflito da Ucrânia.

Já as eleições para o Parlamento europeu estão marcadas para ocorrer entre os dias 6 e 9 de junho.

Porém, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) continua uma escalada contra a Rússia: após a Assembleia Parlamentar da aliança declarar em maio que a Ucrânia tem o direito de atacar territórios russos com armas fornecidas pelo Ocidente, França, Alemanha, Holanda e outras nações europeias aprovaram essa medida.

A eleição presidencial dos EUA acontecerá em novembro, com as apostas aumentando na semana passada após o principal candidato republicano, Donald Trump, ser considerado culpado por um tribunal de Nova York em todas as 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais para encobrir um pagamento de suborno à atriz de filmes adultos Stormy Daniels.

Trump criticou o veredito como parte de uma caça às bruxas política contra ele, enquanto sua campanha relatou um valor recorde de US$ 53 milhões (R$ 278 milhões) em doações no intervalo de 24 horas após a condenação.

·        Conflito na Ucrânia

O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, declarou na última sexta-feira (31) que não há responsabilidade da aliança militar pelo início do conflito ucraniano. "Discordo respeitosamente do seu ponto de vista de que a expansão da OTAN causou a crise na Ucrânia", disse Austin durante os Diálogos Shangri-La, conferência intergovernamental de segurança, em Cingapura.

As Forças Armadas da Rússia prosseguem a operação militar especial na Ucrânia, anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin no dia 24 de fevereiro de 2022. Segundo Putin, entre os objetivos principais da operação lançada estão a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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