terça-feira, 30 de abril de 2024


 

Febre reumática: o que é a doença, sintomas e tratamento

O nome é familiar, mas a enfermidade - com seus sintomas, causas e consequências - talvez não seja tanto assim. A febre reumática é uma doença autoimune inflamatória, que se desenvolve como decorrência de uma infecção de garganta pela bactéria Streptococcus pyogenes não tratada corretamente. Ou seja, ela aparece apenas posteriormente ao quadro infeccioso, e depende de uma predisposição genética. É mais frequente a partir dos 3 anos de idade até a adolescência.

"Depois de duas ou três semanas, ocorrem algumas manifestações clínicas, como febre e dores articulares", explica o médico reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Essas dores, principal sintoma da febre reumática, são diferentes daquelas da artrite reumatoide, pois não surgem simultaneamente em diferentes partes do corpo. "Por exemplo, primeiro a dor aparece no tornozelo, depois vai para o joelho e, então, sobe para os membros superiores", diz o especialista. Pode haver ainda inchaço e calor nas regiões articulares.

Outra manifestação importante - e mais grave - é a cardite, que é a inflamação das camadas do coração, podendo levar a comprometimentos graves. "Pelo exame clínico, nós identificamos o sopro cardíaco. Podemos pedir ainda um ecodopplercardiograma [exame ultrassonográfico do órgão] para avaliar o tamanho da lesão", diz o reumatologista. Em alguns casos, ele aponta que pode ser necessária a cirurgia para troca de válvula cardíaca.

Mais um sintoma possível, e que está ligado à cardite, são as lesões de pele, "os chamados rashes cutâneos de coloração vermelha, que podem surgir e sumir rapidamente, principalmente no tronco", diz Loures. Nódulos também aparecem na literatura médica, mas são mais raros.

Em casos mais graves, lembra o especialista, pode acontecer a Coreia de Sydenham - nome dado a uma manifestação caracterizada por fraqueza nos membros, movimentos involuntários e maior irritabilidade da criança. "Mas não tem sido observada mais, pois o diagnóstico e o tratamento costumam acontecer precocemente hoje em dia", tranquiliza.

        Como é feito o diagnóstico?

Pelo exame clínico e laboratorial. Ao relato das dores nas articulações e da dor de garganta prévia, soma-se o sopro cardíaco (se identificado). Alterações no exame de sangue também podem indicar a presença de uma inflamação, mas não são, necessariamente, determinantes - é todo o conjunto avaliado pelo médico que vai direcionar o diagnóstico.

Entre as dosagens no sangue, destaca-se a da antiestreptolisina (ASLO), anticorpo que o nosso organismo produz durante ou depois de uma infecção de garganta. Um resultado alto, porém, não é indicativo sozinho de que a criança tem febre reumática.

        Tratamento da febre reumática

A doença é tratada com penicilina benzatina, popularmente conhecida no Brasil como Benzetacil, aplicada por injeção a cada 21 dias. A duração do tratamento depende da gravidade das lesões, como detalha Loures: "Para uma febre reumática sem cardite, o tratamento é até os 21 anos de idade ou por cinco anos desde o último surto. Quando há cardite prévia, com insuficiência mitral leve, vai até os 25 anos de idade ou 10 anos depois do último surto. Com lesões moderadas/graves, vai até os 40 anos ou por toda vida, dependendo dos sintomas. Quando há cirurgia, trata-se por toda a vida."

Esse tratamento chamado de profilático é essencial para evitar os surtos da doença, que podem tornar os comprometimentos cada vez mais graves, piorando as lesões do coração e levando a uma insuficiência cardíaca. Para pessoas com alergia à penicilina, outros antibióticos podem ser recomendados.

Já a artrite e a cardite têm um tratamento temporário com anti-inflamatórios e corticoides, respectivamente.

Por fim, vale ressaltar que não existe vacina contra a doença e que, por enquanto, não é possível saber quem tem predisposição a seu desenvolvimento.

 

        FEBRE MACULOSA. Por Maria Helena Varella Bruna

 

Febre maculosa brasileira é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim da espécie Amblyomma cajennense infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. Esse carrapato hematófago pode ser encontrado em animais de grande porte (bois cavalos etc.), cães, aves domésticas, roedores e, especialmente, na capivara, o maior de todos os reservatórios naturais.

* Transmissão da febre maculosa

Para haver transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas. Os mais jovens e de menor tamanho são vetores mais perigosos, porque são mais difíceis de serem vistos.

Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.

        Sintomas da febre maculosa

Quando a bactéria cai na circulação causa vasculite, isto é, lesa a camada interna dos vasos (endotélio). Os primeiros sintomas aparecem de dois a 14 dias depois da picada. Na imensa maioria dos casos, sete dias depois.

A doença começa abruptamente com um conjunto de sintomas semelhantes aos de outras infecções:

        Febre alta;

        Dor no corpo;

        Dor de cabeça;

        Inapetência;

        Desânimo.

Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas, as máculas, que crescem e tornam-se salientes, constituindo as maculopápulas.

Essas lesões podem apresentar o componente petequial (petéquia é uma pintinha hemorrágica parecida com uma picada de pulga) e, às vezes, ocorrem pequenos sangramentos abaixo da pele no local das maculopápulas petequiais.

A erupção cutânea é generalizada e manifesta-se também na palma das mãos e na planta dos pés, o que em geral não acontece nas outras doenças exantemáticas (sarampo, rubéola, dengue hemorrágica, por exemplo).

        Distribuição da febre maculosa no Brasil

No Brasil, há casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, mas não é impossível que ocorram em outros lugares.

        Vacina contra febre maculosa

Existe vacina contra a febre maculosa brasileira, mas ela não é indicada como rotina porque sua proteção é parcial, além de a doença ser muito pouco frequente e ter tratamento rápido, fácil e barato.

        Diagnóstico de febre maculosa

A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é um exame específico para o diagnóstico da febre maculosa brasileira. Até por volta do décimo dia da doença, podem não ser encontrados anticorpos pelos exames sorológicos. Dessa forma, é importante que uma segunda amostra seja coletada mais tarde (por indicação do Ministério da Saúde, entre 14 e 21 dias após a primeira coleta).

Entretatnto, não se deve esperar todo esse tempo pelos resultados, porque a taxa de letalidade da doença é elevada. É fundamental considerar os achados clínicos e os dados epidemiológicos da doença, que tem a peculiaridade de causar micro-surtos, e dar início ao tratamento rapidamente.

Os casos da doença são de notificação compulsória ao serviço de vigilância epidemiológica.

        Tratamento da febre maculosa

A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e clorafenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. Em geral, a partir de sete dias sem tratamento, as lesões causadas pela doença são irreversíveis e dificilmente se consegue evitar o óbito.

O ideal é manter a medicação por dez a 14 dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total.

Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito.

        Recomendações

Evite o contato com carrapatos. Se, por acaso, estiver numa área em que eles possam existir, tome as seguintes precauções:

        Examine seu corpo cuidadosamente a cada três horas pelo menos, porque o carrapato-estrela transmite a bactéria responsável pela doença só depois de pelo menos quatro horas grudado na pele;

        Use roupas claras porque facilitam enxergar melhor os carrapatos;

        Coloque a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto nas áreas que possam estar infestadas por carrapatos;

        Tenha cuidado ao retirar o carrapato que estiver grudado em sua pele;

        Não se esqueça de que os sintomas iniciais da febre maculosa são semelhantes aos de outras infecções e requerem assistência médica imediata. Esteja atento ao aparecimento dos sintomas comuns a vários tipos de infecção e procure um médico para diagnóstico diferencial.

 

        Febre tifoide: o que é, sintomas, transmissão e tratamento

 

A febre tifoide é uma doença infecciosa causada pela bactéria Salmonella typhi, resultando em sintomas como febre alta, falta de apetite, tosse seca, calafrios, aumento do baço e pintinhas vermelhas na pele, que podem demorar até 3 semanas para desaparecer.

A bactéria causadora da febre tifoide pode ser transmitida por meio do consumo de água e alimentos contaminados, de forma que essa doença está relacionada com baixos níveis socioeconômicos, principalmente com más condições de saneamento e de higiene pessoal.

É importante que o tratamento para febre tifoide seja feito pelo clínico geral ou infectologista assim que forem identificados os primeiros sintomas da doença, sendo indicado repouso, aumentar a ingestão de líquidos ou usar antibióticos, de forma a prevenir complicações da doença.

>>> Sintomas da febre tifoide

Os principais sintomas indicativos de febre tifoide são:

        Febre alta e calafrios;

        Dor de cabeça;

        Perda do apetite;

        Náuseas ou vômitos;

        Tosse seca;

        Prisão de ventre ou diarreia;

        Mal-estar geral;

        Aumento do baço e do fígado;

        Diminuição dos batimentos cardíacos;

        Pintinhas avermelhadas na pele, principalmente no peito e na região do abdômen.

Os sintomas iniciais da febre tifoide são leves, já que a bactéria pode demorar entre 1 a 3 semanas para se multiplicar e levar ao desenvolvimento de sintomas mais perceptíveis e mais graves.

É importante que a febre tifoide seja identificada e tratada logo em seguida, pois assim é possível prevenir o desenvolvimento de complicações que podem colocar a vida da pessoa em risco, como hemorragia abdominal, perfuração do intestino e infecção generalizada.

        Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da febre tifoide é feito pelo clínico geral ou infectologista a partir da avaliação dos sintomas apresentados pela pessoa, além de ser também ser considerado os hábitos de vida e de higiene da pessoa, e viagens recentes.

Além disso, são realizados exames de sangue, fezes e urina para identificar alterações nos exames sugestivas de infecção pela bactéria.

Outros exames que podem ser solicitados pelo médico são exames microbiológicos, como a coprocultura e a hemocultura, com o objetivo de identificar a presença da Salmonella typhi e, assim, ser possível confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento mais adequado.

        Como acontece a transmissão

A transmissão da bactéria responsável pela febre tifoide acontece principalmente através do consumo de água e alimentos contaminados pela urina ou fezes contendo a bactéria.

Os principais alimentos relacionados com a transmissão da febre tifoide são leite não pasteurizado, frutos do mar, hortaliças, legumes, verduras e frutas não lavadas.

Além disso, é possível haver transmissão da doença ao entrar em contato com as mãos ou secreções de uma pessoa portadora da doença.

        Como é feito o tratamento

O tratamento da febre tifoide deve ser orientado pelo clínico geral ou infectologista e tem como objetivo promover a eliminação da bactéria, aliviar os sintomas e prevenir complicações.

Os principais tratamentos que podem ser indicado pelo médico são:

        Antibióticos, como ciprofloxacino, amoxicilina, sulfametoxazol+trimetoprima, ceftriaxona, azitromicina, ou cloranfenicol;

        Analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e dipirona;

        Repouso;

        Alimentação leve e pobre em calorias e gordura;

        Aumentar a ingestão de líquidos, como água filtrada ou chá.

Além disso, não é recomendado o uso de laxantes para soltar o intestino e nem alimentos que prendem o intestino, em caso de diarreia.

De forma geral, os sintomas da febre tifoide melhoram após o 5º dia de tratamento com antibióticos, porém é importante que o tratamento seja continuado conforme a orientação do médico, uma vez que a bactéria pode permanecer no organismo por cerca de 4 meses sem causar sintoma.

Nos casos mais graves de febre tifoide, pode ser necessário que a pessoa fique no hospital para ser monitorado e receber soro e antibiótico diretamente na veia.

Além disso, nos casos de complicações, como pedra na vesícula, peritonite ou perfuração do intestino, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

<<< Prevenção da febre tifoide

Algumas medidas para prevenir a febre tifoide são:

        Lavar as mãos antes e depois de usar o banheiro, antes das refeições e de preparar alimentos;

        Ferver ou filtrar a água antes de bebê-la;

        Não consumir alimentos mal cozidos ou crus;

        Preferir alimentos cozidos;

        Evitar fazer refeições fora de casa;

        Evitar frequentar locais com más condições sanitárias e de higiene;

        Não deixar a criança aceitar comida de estranhos nem beber água dos bebedouros da escola;

        Avisar e não deixar a criança colocar objetos na boca porque podem estar contaminados;

        Separar uma garrafa com água mineral ou água fervida ou filtrada só para a criança.

Além disso, para prevenir o desenvolvimento da febre tifoide, pode ser também recomendada a vacina para febre tifoide, que é indicada principalmente para pessoas que moram ou que irão viajar para locais com alta prevalência dessa doença.

<<<< Possíveis complicações

As principais complicações da febre tifoide são:

        Sangramento ou perfuração intestinal;

        Problemas cardíacos, como miocardite ou endocardite;

        Aneurisma;

        Pneumonia;

        Pedra na vesícula ou nos rins;

        Pancreatite;

        Meningite;

        Peritonite.

Por isso, é importante iniciar o tratamento recomendado pelo médico assim que surgem sintomas da febre tifoide, de forma a evitar complicações que podem colocar a vida em risco.

 

Fonte: Bebê OnLine/UOL/Tua Saúde


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