Ricardo Nêggo Tom: Robinho, o seguidor de
Cristo, e a igreja evangélica como abrigo de criminosos
Há um bom tempo,
estávamos eu, um primo que hoje é bolsonarista e eu não faço questão de manter
contato, e um pastor evangélico que havia fixado sua empresa da fé naquele
bairro. Os dois já se conheciam e eu tinha ido visitar uma tia que morava na
localidade. Fui apresentado ao pastor por esse primo e a conversa começou a
fluir entre os dois. Eu me mantinha mais como ouvinte, afinal, não tinha
nenhuma intimidade com o sujeito e logo perceberia que não gostaria de ter.
Apontando para um terreno que havia acabado de comprar para ampliar o que ele
chamava de “ministério”, o tal pastor se regozijava em ser um ganhador de almas
para Jesus. Dentre essas almas, incluía-se a de um homem que, segundo o
empresário da fé, já havia matado mais de 30 pessoas. Confesso que não
acreditei nos números apresentados, mas em se tratando de milagres produzidos
pelas mãos de alguns estelionatários da fé, nada seria impossível.
Apesar do histórico
criminoso de sua mais nova ovelha, o pastor se orgulhava por ele ter sido
"transformado por Jesus" em uma nova criatura, após ter se convertido
em sua igreja. Embora, segundo palavras do próprio pastor, o tal sujeito
precisasse estar sob constante vigilância porque chegou a confessar que sentia
prazer quando matava pessoas. A minha vontade foi rebater o “ungido de Deus” e
perguntá-lo se a sua igreja era casa de detenção ou manicômio judiciário. Mas
optei por pedir licença e me retirar da presença de ambos. Durante um longo
período essa história não me saía da cabeça e eu ficava remoendo o fato de não
ter denunciado o assassino convertido e a cumplicidade do pastor salvador, uma
vez que, de acordo com os fatos narrados, o homem nunca tinha sido preso pelos
homicídios cometidos. O que, na opinião do pastor, significava que Jesus tinha
um propósito de restauração para a vida daquele assassino que havia deixado
dezenas de vidas sem nenhum propósito.
Ao acessar o perfil de
Robinho nas redes sociais, me deparo com uma frase que me fez evocar essa
história. Lá está escrito: “Seguidor de Cristo”, além de diversas postagens de
cunho religioso onde ele manifesta publicamente a sua fé em Jesus e a sua defesa
à família tradicional. Robinho foi uma grande decepção para este amante do
futebol que vos escreve. Devo confessar que jamais imaginaria que ele pudesse
se envolver em um crime de estupro, com requintes de deboche e sadismo,
conforme se revelou nas gravações feitas pela polícia italiana que o grampeou
durante um bom tempo e pode obter a sua confissão de participação no crime em
conversas com os seus cúmplices. Eu não estou aqui para julgar criminalmente o
Robinho, até porque, a justiça italiana já o fez e o condenou em três
instâncias, nem para questionar o seu amor à Cristo, mesmo sabendo que Jesus
não estaria ao seu lado naquela boate onde ele e seus amigos estupraram uma
mulher embriagada. Porém, sugiro uma reflexão sobre o deus que muitos ditos
cristãos adoram e dizem ser o único, verdadeiro e que está acima de tudo e de
todos.
É bem provável que o
deus de Robinho seja o mesmo de Silas Malafaia, Michelle Bolsonaro, Damares
Alves e caterva ilimitada. Não por coincidência, o ex-jogador é bolsonarista,
defensor da pauta de costumes e ferrenho detrator do feminismo, da esquerda, da
Rede Globo e de outros bichos papões que “ameaçam” o reinado do deus que eles
seguem. Um deus que nem deve ser tão poderoso assim, já que se dói tanto com a
indiferença das pessoas que não lhe prestam culto. Esse mesmo deus que abomina
comunistas, esquerdistas, feministas, homossexuais, fiéis de outras matrizes
religiosas, apreciadores de bebidas alcoólicas e “mundanos” em geral, é capaz
de perdoar assassinos e estupradores com todo amor e acolhimento, e ainda
transformá-los em grandes pregadores da sua palavra. Basta aceitá-lo como
senhor e salvador de sua vida, e a mágica acontece. Foi assim com o apóstolo
Paulo, com Guilherme de Pádua e agora com Robinho. Ah! Já ia me esquecendo de
que Daniel Alves também professa Jesus Cristo como senhor de sua vida e sua mãe
entregou o estupro que ele cometeu nas mãos da justiça divina. A julgar pela
jurisprudência do deus que eles seguem, as chances de absolvição são grandes.
Desde que o homem
criou um deus à imagem e semelhança de suas idiossincrasias, o mundo virou um
inferno. É deus de Moisés, é deus de Abraão, é deus de Constantino, é deus de
Lutero, é deus de Malafaia, é deus de Robinho e lá vai “Deus” descendo a
ladeira a cada personalização da sua existência. Só um Deus de muito amor para
não exterminar um a um dessa corja que vilipendia o seu nome e faz com que
muitos deixem de crer na sua existência. Esses “evangélicos” ainda se sentem no
direito de invocar a ira do seu deus contra aqueles que criticam os seus
comportamentos criminosos, a pretexto de não pertencerem eles a esse mundo de
trevas, e estarem acima do bem e do mal por serem membros de uma casta
religiosa. Ainda que façam mal contra o seu próximo, o inferno são os outros.
Sartre explica. São impiedosos ao desejarem um “castigo divino” para quem
contesta as suas afirmações e desnuda a hipocrisia contida dentro deles. São
céleres para jogar alguém no inferno apenas por não se verem refletidos no
espelho da alma do outro. Isso é ter amor dentro de si? Isso é ter Jesus como
guia de suas ações?
A igreja cristã sempre
foi um berço para o descanso de criminosos supostamente arrependidos e que se
transformam em perseguidores das liberdades individuais após terem sido
“restaurados” na fé. São fiéis seguidores do apóstolo Paulo que, após ter
matado dezenas de cristãos, conforme a própria Bíblia relata, aceitou Jesus e
saiu pelo mundo distribuindo conselhos, dando lição de moral em nome de Deus e
se auto proclamando perdoado pelos crimes que cometeu apenas por ter se
convertido à fé cristã. E quando a esquerda apresenta pastores e padres que
socializam as palavras do “apóstolo” em questão, ela não se difere dos
fundamentalistas. Isto porque todo aquele que tem a Bíblia como a palavra de
Deus e uma verdade absoluta e inquestionável, é fundamentalista e ignora a
realidade dos fatos ao seu redor. Uma realidade que não mostra a intervenção de
Deus diante das injustiças sociais, mas a tentativa de ingerência do deus de
cada um sobre as ações do Estado. Quando se diz que Deus está no controle de
tudo, atribuímos a ele todas as injustiças, preconceitos e maldades cometidas
pelos seres humanos contra os seus iguais, sob o livre arbítrio que lhes foi
dado. E isso deveria ser considerado pecado grave e sem perdão.
Ø
Em Israel, Tarcísio e Caiado cometem crime
de traição nacional. Por José Reinaldo de Carvalho
Os governadores de São
Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União
Brasil), estão visitando o estado sionista israelense, autor de um dos mais
hediondos genocídios de que se tem notícia na história, comparável apenas ao holocauso
promovido por Hitler contra populações judaicas durante a vigência do regime
nazista na Alemanha.
Os executivos
estaduais foram ao centro mundial do reacionarismo, do genocídio e do massacre,
onde se confraternizaram com os verdugos do povo palestino, brindaram apoio aos
crimes de guerra dos sionistas e recolheram versões de uma narrativa criminosa
para depois reproduzi-la aqui.
Emblematicamente
visitaram o local onde a 7 de outubro do ano passado ocorreram os
enfrentamentos entre combatentes do Hamas e soldados e milicianos sionistas. No
roteiro do giro de Tarcísio e Caiado os anfitriões incluíram uma visita ao
Museu do Holocausto, à indústria de aviação civil e militar e aos dirigentes e
operadores dos centros de espionagem das forças de segurança israelenses que
têm um imenso dossiê de crimes arquitetados e executados contra o povo
palestino ao longo de 76 anos.
Os dois governadores
direitistas se reuniram com os chefes de Estado e do governo sionistas - o
presidente Isaac Herzog e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - e apertaram
suas mãos tintas com o sangue palestino.
O ocupante do Palácio
dos Bandeirantes respondeu com cinismo quando indagado sobre os objetivos da
visita. Segundo ele, é sem ideologia e sem política e está relacionada apenas
ao aprofundamento da parceria entre os governos de Brasil e Israel. Uma rematada
mentira, se considerarmos que estamos vivendo o momento mais crítico dessas
relações desde que o primeiro-ministro de Israel ofendeu a honra do presidente
Lula e se incompatibilizou com o Estado nacional brasileiro. Enquanto Israel
não se retratar, não há aprofundamento possível das relações bilaterais.
Durante o encontro com
o presidente israelense, os governadores de Goiás e de São Paulo cometeram
crime de traição nacional, ao atacaram o presidente Lula pela justa condenação
que o líder brasileiro fez do genocídio. E sem que tenham autoridade para tanto,
pediram desculpas em nome do Brasil ao presidente e ao povo israelense.
Independentemente do enquadramento jurídico da declaração, refiro-me ao crime
político que ela expressa. Os dois governadores se associaram à espúria
campanha que o Estado pária de Israel está fazendo contra o Brasil e contribuem
para enxovalhar a honra e o prestígio da nação, atitude que é inadmissível a
uma autoridade constituída desde todos os pontos de vista, incluindo o
ético.
Tarcísio e Caiado
tomaram partido como cúmplices do genocídio. Em declarações à imprensa,
destacaram que mantiveram conversações com as autoridades israelenses sobre o
“rastro de destruição”, atribuindo-o às ações do Hamas. Contudo, desde 7 de
outubro do ano passado, o que a humanidade vê é o rastro de destruição e
assassinatos cometidos por Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, o que já
motivou eloquentes resoluções na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança da
ONU, que só não foram executadas em razão do veto dos Estados Unidos. O
genocídio suscitou também um processo contra Israel em tramitação na Corte
Penal Internacional.
No mesmo dia em que
Tarcísio e Caiado confraternizavam com os genocidas de Tel Aviv, o alto
comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, alertou o
mundo para a ameaça de Israel usar a fome como um método de guerra na Faixa de
Gaza, ao obstruir a entrada da assistência humanitária no território. O
diplomata denunciou que a fome é iminente no norte de Gaza devido às limitações
à ajuda humanitária. Uma catástrofe humanitária de fome generalizada pode
ocorrer a qualquer momento entre os meses de março e maio, de acordo com um
relatório da iniciativa Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar
(IPC) da ONU, publicado na última segunda-feira (18).
"O bloqueio de 16
anos de Israel a Gaza já teve um impacto severo sobre os direitos humanos da
população civil, deixando a economia local devastada e criando uma dependência
da ajuda. A extensão das restrições contínuas de Israel à entrada de ajuda em
Gaza, juntamente com a maneira como continua a conduzir hostilidades, pode
equivaler ao uso da fome como método de guerra, que é um crime de guerra",
disse Turk em um comunicado.
"A situação de
fome, inanição e fome extrema é resultado das extensas restrições de Israel à
entrada e distribuição de ajuda humanitária e bens comerciais, deslocação da
maioria da população, bem como a destruição de infraestruturas civis cruciais",
ressalta a nota. Simultaneamente, divulgou-se que 27 crianças morreram em um
hospital na Faixa de Gaza por desidratação causada por inanição.
A opinião pública
brasileira aguarda ansiosa o relato e a condenação que Tarcísio e Caiado farão
sobre tais ocorrências.
Enquanto isto não
ocorrer, ambos merecem o repúdio não só das populações paulista e goiana, mas
de todo o povo brasileiro.
Ø
Tarcísio apoia o genocídio em Gaza enquanto
sua PM mata paulistas sem parar. Por Aquiles Lins
Os governadores de São
Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Goiás, Ronaldo Caiado, estão com tempo livre e
poucas demandas para resolver em seus estados. Os dois aceitaram sem pestanejar
viajar juntos para Israel a convite do governo sionista de Netanyahu. Apoiadores
do genocídio contra o povo palestino, os governadores bolsonaristas
protagonizam papéis ridículos e cruéis, tendo em vista as mais de 30 mil
pessoas assassinadas por Israel, 70% delas mulheres e crianças, e a situação de
calamidade humanitária, com uma população de mais de 2 milhões de pessoas
sofrendo punição coletiva com bombas, fome, sede e doenças.
Durante evento na
quarta-feira (20), Tarcísio de Freitas disse nunca ter tido dúvidas de que está
do lado certo da história no que diz respeito à guerra de Israel contra o
Hamas. “Se Israel não tivesse aqui, a civilização ocidental iria acabar. A
harmonia mundial depende do Estado de Israel. Israel vai impedir o avanço do
terrorismo. Nós nunca tivemos dúvida de qual era o lado certo da história”,
disse o governador bolsonarista. A posição de Tarcísio, além de absolutamente
desrespeitosa com o Estado brasileiro é também um ataque frontal xenofóbico à
toda comunidade árabe que reside no estado de São Paulo. Segundo levantamento
da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal), cerca de 60 mil imigrantes e
refugiados palestinos, incluindo os descendentes, vivem atualmente no Brasil,
sendo a maioria em São Paulo.
A manifestação
“indubitável” de Tarcísio sobre o “lado certo” da história sobre a Palestina,
que na verdade é o lado do opressor sionista, tem identificações em sua gestão
em São Paulo. Em seu segundo ano de governo, as mortes cometidas pela Polícia
Militar subiram 94% no 1º bimestre de 2024. O total de assassinatos pela PM
paulista saltou de 69 para 134, comparado com o mesmo período de 2023. Menos de
uma semana após Tarcísio soprar o apito de cachorro e dizer que "não está
nem aí" com as denúncias de letalidade policial que foram feitas à ONU, a
operação na Baixada Santista chegou a 45 mortos em 36 dias: média de um corpo a
cada 19 horas.
Tarcísio, Caiado e
outros governadores bolsonaristas deveriam se envergonhar de usar o extermínio
de dezenas de milhares de pessoas, a destruição de hospitais, casas e cidades;
o deslocamento forçado de outras milhões de pessoas para fazer proselitismo político
da extrema direita no Brasil. A necropolítica precisa ser banida.
Fonte: Brasil 247
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