sábado, 2 de março de 2024


 

  • O que são as falsas memórias e como identificá-las

    As falsas memórias são lembranças distorcidas ou completamente fabricadas, mas que parecem reais na mente do indivíduo. Exemplos desse fenômeno podem variar entre acontecimentos mundanos ou mais sérios, como a distorção de uma testemunha em um acidente. 

    Na maioria das vezes, as falsas memórias não são intencionalmente prejudiciais, mas apenas reconstruções de lembranças que não se alinham com acontecimentos reais. As memórias, embora pareçam sólidas, são propensas a mudanças e falácias constantemente. 

    O fenômeno é diferente de erros da memória, uma vez que são “consolidados” pela pessoa que o vivenciou — as falsas memórias envolvem um nível de certeza e validação. Assim, elas não se caracterizam como o esquecimento ou confusão de um evento, mas a lembrança de algo que não ocorreu. 

    ·        Como o cérebro cria memórias?

    As memórias são armazenadas em neurônios chamados de células de engrama. Elas ocorrem após o recebimento de informações e são armazenadas e diferenciadas nas memórias de curto prazo e memórias de longo prazo. 

    O primeiro armazenamento das lembranças ocorre na memória de curto prazo e, se necessário, depois são armazenadas na memória de longo prazo durante o sono. Contudo, elementos dessas memórias podem ser perdidos durante o processo, o que potencializa a consolidação de falsas memórias. 

    Acredita-se que cerca de 56% das informações são esquecidas após uma hora, 66% depois de um dia e 75% depois de seis dias. Assim, o indivíduo consegue acessá-las por um processo chamado de “recuperação da memória”.

    ·        Por que criamos memórias falsas? 

    Diversos fatores podem influenciar a criação de falsas memórias, como a desinformação e a atribuição errônea da fonte original da informação. Por outro lado, existem causas mais recorrentes que traduzem em sua formação, são elas: 

    • Sugestões: as sugestões são feitas por pessoas que questionam a ocorrência de certos acontecimentos, sugerindo informações para ajudar na lembrança de fatos; 
    • Emoções: uma pesquisa de 2020 indica que emoções negativas são mais efetivas na criação de falsas memórias que as emoções positivas ou neutras; 
    • Percepção distorcida: o cérebro guarda informações de acordo com o que é recebido. Porém, uma percepção imprecisa dos fatos pode substituir acontecimentos reais. 

    >>> Quem cria as falsas memórias? 

    Por outro lado, alguns grupos de pessoas também podem ser mais suscetíveis a criação de falsas memórias. São eles: 

    • Testemunhas de acidentes ou outros acontecimentos traumáticos, como crimes; 
    • Pessoas traumatizadas — como já mencionado, emoções negativas podem ser mais eficazes na formação desse tipo de memória; 
    • Pessoas com TOC — o grupo é mais suscetível a ter déficit de memória ou pouca confiança nas próprias memórias;
    • Idosos — o envelhecimento causa algumas lacunas e limitações na memória. 

    >>> Como identificar falsas memórias?

    A convicção e certeza que são resultantes das falsas memórias as tornam difíceis de identificar. De acordo com um estudo de 2018, as únicas pessoas capazes de reconhecer essas memórias são especialistas em memórias, e não os próprios indivíduos que as vivenciam.

    Sem evidências concretas, é quase impossível diferenciar as falsas memórias de memórias verídicas. É possível, contudo, identificar possíveis estressores — como os mencionados anteriormente — para ganhar um entendimento maior sobre o que pode ter influenciado na criação dessas memórias.

     

    Ø  Fazer palavras cruzadas ajuda na memória?

     

    Você sabia que fazer palavras cruzadas ajuda na memória? A brincadeira cognitiva já foi levantada como benéfica para a saúde mental e neurológica em diversas hipóteses. Porém, alguns estudos já mostraram que seus resultados no cérebro ajudam a atrasar ou reduzir as chances de comprometimento cognitivo leve em pessoas mais velhas. 

    ·        Qual a origem da palavra cruzada?

    Essas brincadeiras que exercitam o cérebro já existem há muitos séculos, desde que a linguagem foi ganhando força em diferentes sociedades, os humanos brincam com as palavras. Entretanto, foi apenas em 1913 que as palavras cruzadas que conhecemos hoje foram introduzidas pela primeira vez.

    O responsável pela criação das palavras cruzadas conhecidas atualmente, aquelas em jornais e em revistinhas, foi Arthur Wynne, um jornalista de Liverpool que trabalhava em Nova York. Ele deu a ideia para o jornal que trabalhava — a brincadeira era baseada em um jogo de salão vitoriano chamado Magic Square (Quadrado Mágico).

    A premissa era a seguinte: os participantes deveriam preencher um quadrado com palavras que podem ser lidas tanto na vertical como na horizontal. A primeira publicação foi na sessão de entretenimento do jornal New York World, onde Wynne trabalhava como editor.

    As palavras cruzadas fizeram a demanda crescer, e em 1924 foi publicado pela primeira vez um livro focado apenas neste tipo de passatempo. Não demorou muito tempo para surgirem revistas especializadas surgirem, como a Fad, Crossword Puzzle e a Dell Crossword Puzzles.

    Já no Brasil, a primeira palavra cruzada foi publicada em 1925 pelo jornal carioca “A Noite”. A capa da edição fazia referência a novidade, apresentando-a como um passatempo moderno que estava fazendo muito sucesso entre os norte-americanos.

    ·        Quais os benefícios de fazer palavras cruzadas?

    Por décadas os cientistas têm se dedicado para entender a função de jogos cognitivos na melhora de condições como demência ou Alzheimer. As palavras cruzadas já foram apontadas como uma opção para esse tratamento, afinal, fomentam o aprendizado constante.

    Um estudo, publicado pela NEJM Evidence, com pesquisadores da Duke and Columbia University, fez a análise dessa possibilidade com voluntários de cerca de 71 anos. Eles foram treinados para fazer palavras cruzadas computadorizadas e outros jogos cognitivos.

    Ao todo foram 107 participantes com comprometimento cognitivo leve. Uma metade deles teve que fazer palavras cruzadas e a outra se dedicou a outros jogos cognitivos durante 12 semanas. Durante esse período eles eram acompanhados por neurologistas, que buscavam qualquer mudança em seu estado de saúde.

    No final do estudo foi possível observar que as palavras cruzadas foram mais eficientes em melhorar o funcionamento cognitivo dos pacientes. Além disso, a redução cerebral — comum em pacientes idosos com quadros de demência — também foi menor do que aqueles que participaram de outros jogos.

    Apesar de não ser uma cura para as condições, a prática de fazer palavras cruzadas ajuda na memória daqueles que têm risco de desenvolvê-las. Desta forma, consegue diminuir a gravidade dos quadros, dependendo da frequência em que são feitas. Estudiosos apontam que o efeito benéfico dessa brincadeira com palavras foi quase o mesmo que os medicamentos utilizados no tratamento de demência e Alzheimer.

    ·        Procure outros tratamentos e ajudas

    Mesmo que as palavras cruzadas sejam benéficas para o funcionamento cognitivo, elas não devem ser usadas como tratamento da condição. O acompanhamento médico é essencial para quadros neurológicos, e o hábito de fazer jogos cognitivos com palavras deve ser apenas um passatempo.

    É importante lembrar que depois de muito tempo fazendo palavras cruzadas, o cérebro pode se acostumar com a brincadeira e não ser mais estimulado. Por isso, é bom variar e encontrar jogos variados e criativos que também sirvam a mesma função.

    >>> Se você apresentar os seguintes sinais, procure ajuda médica:

            Esquecer palavras e ideias constantemente;

            Perguntar a mesma coisa várias vezes;

            Trocar as palavras enquanto conversa;

            Demorar demais para completar tarefas simples;

            Se perder enquanto anda por locais familiares;

            Ter mudanças de humor e personalidade inexplicáveis.

     

    Fonte: eCycle


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