segunda-feira, 4 de março de 2024

Juliette se pronuncia sobre postagens relacionadas ao escândalo Damares-Marajó

A cantora e influenciadora digital Juliette Freire se pronunciou nesta quinta-feira (29) a respeito da exposição das suas postagens relacionadas ao escândalo Damares-Marajó. Por meio da sua assessoria de imprensa, enviou uma nota à Revista Fórum para dar a sua posição sobre os fatos.

Na nota enviada à redação, a Bpmcom, agência que faz a assessoria de imprensa de Juliette, considera as suspeitas levantadas pela apuração "injustas, equivocadas e infundadas". Frisa que a influenciadora compartilhou o vídeo da cantora Aymée Rocha a fim de se solidarizar com a questão apresentada – os abusos no Marajó – e fomentar o “debate social”.

“A artista buscou compreender o que estava sendo feito por parte do governo, buscando esclarecimentos. Por meio das redes sociais, ela teve uma conversa com Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania e se colocou à disposição para apoiar qualquer tipo de causa humanitária no Brasil. Ela reconhece a importância da intervenção do governo e da sociedade civil sobre exploração sexual de menores, não só em Marajó, mas todo o nosso país”, diz um trecho da nota.

A assessoria também frisa que Juliette jamais publicou imagens das crianças ou compartilhou campanhas de doação para quaisquer instituições.

“Reafirmamos o nosso compromisso, e também dos artistas assessorados por nós, com a verdade e com a responsabilidade ao lidar com questões de grande relevância social”, conclui a nota.

·        O que dissemos sobre o escândalo Damares-Marajó

Desde o último dia 20 de fevereiro um vídeo da cantora Aymée Rocha tem viralizado na internet, tendo sido compartilhado por uma série de influenciadores digitais de grande alcance, entre eles Juliette. Na reportagens que estamos publicando sobre o caso, mostramos que a narrativa de que há uma epidemia de abuso infantil na região é impulsionada pela senadora Damares Alves e por endinheirados grupos evangélicos aliados dela que já faz tempo estão de olho no Arquipélago do Marajó.

Durante o governo Bolsonaro, esses grupos chegaram a fazer a vezes de “representantes da sociedade civil” no programa “Abrace o Marajó” e desfilaram em jatinhos da FAB em viagem ao arquipélago nas redes sociais. Após a chegada do governo Lula, o programa foi substituído pelo “Cidadania Marajó” e esses grupos foram excluídos. Agora, estariam tentando emplacar narrativas chocantes e sensacionalistas para financiar suas “missões de evangelização” na região.

Sobre Juliette, mostramos alguns dos seus posts nesse sentido e ponderamos que após um contato do ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, a influenciadora compreendeu a importância do cuidado com o que se compartilha. Também foram mostrados números da influenciadora, como o quanto ganha para fazer publicidade nas redes e o total de seguidores que possui, justamente para dar a dimensão do tamanho do seu alcance.

Também ponderamos que era possível que Juliette, assim como outros influenciadores, tenham realmente se comovido com a história, que é bastante perturbadora. E, nesse contexto, podem ter compartilhado a fake news por engano. Mas apesar disso, a forma como se deu a movimentação nas redes naquele momento, em torno do assunto, enseja suspeitas de uma ação coordenada entre as grandes agências.

•        Leia a nota de Juliette na íntegra

"Recentemente, surgiram alegações que Juliette teria compartilhado “fake news” relacionadas à questão da Ilha de Marajó (PA). Nós, da bpmcom, esclarecemos que tais acusações foram equivocadas, injustas e infundadas.

Juliette compartilhou o vídeo da cantora Aymée Rocha expressando solidariedade ao tema, dando luz ao assunto e promovendo o debate social. Além disso, nenhuma imagem ou vídeo de crianças foi compartilhada, tampouco mencionou qualquer instituição ou pessoa específica, limitando-se a relatar os fatos.

A artista buscou compreender o que estava sendo feito por parte do governo, buscando esclarecimentos. Por meio das redes sociais, ela teve uma conversa com Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania e se colocou à disposição para apoiar qualquer tipo de causa humanitária no Brasil. Ela reconhece a importância da intervenção do governo e da sociedade civil sobre exploração sexual de menores, não só em Marajó, mas todo o nosso país.

Reafirmamos o nosso compromisso, e também dos artistas assessorados por nós, com a verdade e com a responsabilidade ao lidar com questões de grande relevância social."

RELEMBRE O CASO:

•        Damares usa cantora gospel e fake news para abrir caminho de missões de evangelização no Marajó

“Enquanto isso, no Marajó, o João desapareceu esperando os ceifeiros da grande seara”, diz um trecho da música “Evangelho dos Fariseus”, da jovem cantora gospel Aymée Rocha, que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e outros bolsonaristas tentam emplacar como aquela que irá tocar na final do Dom Reality, um show de talentos da música evangélica organizado em parceria com a plataforma Deezer.

Um vídeo da cantora no programa viralizou nos últimos dias no YouTube e foi compartilhado, além de Damares, por celebridades como Rafa Kalimann, Juliette e Virgínia Fonseca. Como a letra trata da Ilha do Marajó, um enorme arquipélago na foz do Rio Amazonas, e denuncia suposto abuso sexual de crianças, as buscas no Google pelo local dispararam e uma antiga denúncia de Damares voltou à tona.

Ainda como ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Jair Bolsonaro (PL), Damares Alves disse em 8 de outubro de 2022, durante culto evangélico em Goiânia (GO), que teria tomado conhecimento das práticas de exploração sexual em Marajó. Seu discurso acusa a população local de ser conivente com as organizações criminosas e, entre os detalhes da narrativa de Damares, estaria um “fato” escabroso: o de que muitas dessas crianças abusadas teriam tido os dentes arrancados para facilitar o sexo oral nos criminosos abusadores.

Se trata de uma fake news do tamanho da Floresta Amazônia. E em setembro do ano passado o Ministério Público Federal pediu, mediante ação civil pública, que a bolsonarista indenize a população de Marajó pelas mentiras propagadas. O caso ainda tramita, mas a campanha para alavancar a música de Aymeé Rocha reacendeu as discussões em torno da suposta denúncia.

Com o debate em pé novamente, Damares publicou um vídeo nas redes sociais em que crianças aparecem dentro de um caminhão. Ela insinuou que as imagens foram gravadas no Marajó durante o translado de supostas vítimas de abuso. Mas, na realidade, o vídeo foi gravado bem longe dali. No Uzbequistão.

Missões evangélicas

Nas redes sociais, Aymée Rocha apareceu em postagem do pastor Lucas Hayashi, da Zion Church, em campanha para que a música “Evangelho dos Fariseus” toque na final do show de talentos do Deezer. E, a partir daí, surgem as suspeitas de que todo o esquema narrativo e midiático serve para abrir o caminho das missões evangélicas no Marajó.

Hayashi é justamente o pastor que, em setembro de 2023, após viagem ao Marajó, voltou alertando em alto e bom som que a ilha amazônica estava infestada de casos de abuso sexual de crianças.

De acordo com o seu próprio site, a igreja Zion Church de Hayashi tem como um dos principais objetivos o de reunir doações para financiar as chamadas “missões de evangelização”. E, convenhamos, uma denúncia de que a população inteira de um enorme arquipélago nos rincões do Brasil seria conivente com um esquema hediondo de abuso infantil pode ser um combustível e tanto para agregar tais doações.

A Zion Church é liderada por Junio e Teófilo Hayashi – irmão do pastor Lucas Hayashi. Nos últimos anos, a Zion Church se transformou numa verdadeira franquia gospel milionária. E o sucesso durante os anos de Bolsonaro foi coroado em 2022 com a Medalha da Ordem do Mérito Princesa Isabel, criada pelo ex-presidente inelegível como uma das maiores honrarias da República (e devidamente extinta pelo ministro Silvio Almeida em 2023).

Mas as relações não param por aí. A Zion Church é também organizadora do The Send, um evento que mistura o ideário de extrema direita com esse evangelismo típico dos EUA professado pela instituição. Foi num The Send que Bolsonaro teria “se convertido” a Jesus Cristo.

O The Send também tem relações com o grupo Jocum, que reúne missionários evangélicos que foram expulsos da região amazônica pelo Ministério Público Federal em 2016. A razão da expulsão: um documentário mentiroso e amplamente repercutido por Damares ao longo dos anos que denuncia uma suposta cultura de infanticídio entre os povos indígenas da região.

Por fim, o tal programa “Abrace o Marajó” divulgado por Damares tem fortes ligações com as missões da Zion Church. Em publicação no Facebook de março de 2022, a própria Damares Alves deixa isso bem claro: “Jovens voluntários da Zion Church de São Paulo mais uma vez estão na Ilha do Marajó cuidando do nosso povo”, escreveu.

•        Marajó contra-ataca

Nas redes sociais, o Observatório do Marajó, que monitora violações de direitos humanos no arquipélago, soltou uma nota em que acusa Damares e seus asseclas de recolocarem as denúncias no debate público a fim de facilitar a entrada das chamadas “missões de evangelização” na região.

A entidade começa sua nota dizendo o óbvio, que redes criminosas de exploração sexual de crianças e de tráfico internacional de pessoas, órgãos, animais, madeira, biotecnologia/pirataria e substâncias ilícitas operam no Marajó, na Amazônia e em todas as regiões do país. Diz ainda que essas sabem se disfarçar ocupando instituições, cargos públicos, redes sociais, igrejas, veículos de comunicação e outros espaços “onde possam manipular a atenção das pessoas enquanto continuam agindo e operando seus crimes”.

“A propaganda que associa o Marajó à exploração e o abuso sexual não é verdadeira: a população marajoara não normaliza violências contra crianças e adolescentes. Insiste nessa narrativa quem quer propagá-la e desonrar o povo marajoara”, diz a nota.

Para o Observatório do Marajó, a forma mais eficaz de garantir a proteção das crianças e adolescentes é fortalecendo as escolas e conselhos tutelares.

“Enquanto ministra, Damares Alves não destinou os recursos milionários que por diversas vezes prometeu para a região, para fortalecer as comunidades escolares. Ao invés disso, atentou contra a honra da população diversas vezes, espalhando mentiras, e abriu tais políticas públicas para grupos privados de São Paulo que defendem a privatização da educação pública (…) Redes criminosas de exploração sexual de crianças e adolescentes impulsionam mobilizações que chamam atenção para regiões com precariedades institucionais, como um apito para chamar criminosos para esses espaços”, diz a nota da entidade.

 

       Após 'tour de blonde' na Ucrânia, Arthur do Val, o MamaeFalei, anuncia "missão" no Marajó

 

O youtuber Arthur do Val, membro do grupo de extrema direita Movimento Brasil Livre (MBL), voltou a tentar lucrar, política e financeiramente, com o sofrimento humano. Nesta quarta-feira (28), "Mamaefalei", como é conhecido nas redes sociais, anunciou que tem uma nova "missão": vai ao arquipélago do Marajó, no Norte do país, em meio à campanha de fake news sobre exploração sexual infantil na região que vêm sendo capitaneada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e setores evangélicos.

Através de seu canal do YouTube, ele afirmou que vai ao arquipélago para "mostrar, sem o viés da imprensa, o que realmente está acontecendo".

"Estamos passando esse perrengue para mostrar para vocês a verdade nua e crua", afirma Arthur do Val, pedindo para que os internautas assinem, "com menos de 1 real por dia", o "Clube MBL", uma plataforma, segundo ele, em que as pessoas receberão uma "curadoria de notícias" e poderão participar de encontros do grupo de extrema direita.

Arthur do Val não deu maiores detalhes sobre o que exatamente vai fazer no Marajó, mas para muitos usuários das redes sociais trata-se de uma espécie de repetição daquilo que fez em março de 2022, quando viajou à Ucrânia para "cobrir" a guerra contra a Rússia e, em um áudio a amigos que foi vazado, afirmou, em tom repugnante, que as ucranianas refugiadas "são fáceis porque são pobres".

"Elas olham. Vou te dizer, elas são fáceis porque elas são pobres. Aqui, cara, minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Funciona demais. Depois eu conto a história. Nossa velho! Não peguei ninguém, mas colei em duas minas, que a gente não tinha tempo", disse ele à época.

No áudio, Arthur do Val ainda fez comparação entre as filas de refugiadas ucranianas, que só teriam "deusas", e as filas de baladas em São Paulo.

"Você tem que ir para as cidades normais, porque você pega as minas assim, não na balada, na praia. Você pega ela no mercado. Você pega ela na padaria. Que nem a recepcionista do hotel que deu em cima de mim aqui (...) E eu nem peguei ninguém aqui. Só a sensação de que eu poderia fazer, enfim, já sabem. Já estou comprando minha passagem pro Leste Europeu no ano que vem. Assim que eu chegar em São Paulo”, declarou ainda, sugerindo turismo sexual na região, que se chamaria "Tour de Blonde".

Meses depois, Arthur do Val teve seu mandato de deputado estadual cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) justamente por conta das falas sexistas sobre mulheres ucranianas.

•        O caso de Marajó

“Enquanto isso, no Marajó, o João desapareceu esperando os ceifeiros da grande seara”, diz um trecho da música “Evangelho dos Fariseus”, da jovem cantora gospel Aymée Rocha, que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e outros bolsonaristas tentam emplacar como aquela que irá tocar na final do Dom Reality, um show de talentos da música evangélica organizado em parceria com a plataforma Deezer.

Um vídeo da cantora no programa viralizou nos últimos dias no YouTube e foi compartilhado, além de Damares, por celebridades como Rafa Kalimann, Juliette e Virgínia Fonseca. Como a letra trata da Ilha do Marajó, um enorme arquipélago na foz do Rio Amazonas, e denuncia suposto abuso sexual de crianças, as buscas no Google pelo local dispararam e uma antiga denúncia de Damares voltou à tona.

Ainda como ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Jair Bolsonaro (PL), Damares Alves disse em 8 de outubro de 2022, durante culto evangélico em Goiânia (GO), que teria tomado conhecimento das práticas de exploração sexual em Marajó. Seu discurso acusa a população local de ser conivente com as organizações criminosas e, entre os detalhes da narrativa de Damares, estaria um “fato” escabroso: o de que muitas dessas crianças abusadas teriam tido os dentes arrancados para facilitar o sexo oral nos criminosos abusadores.

Se trata de uma fake news do tamanho da Floresta Amazônia. E em setembro do ano passado o Ministério Público Federal pediu, mediante ação civil pública, que a bolsonarista indenize a população de Marajó pelas mentiras propagadas. O caso ainda tramita, mas a campanha para alavancar a música de Aymeé Rocha reacendeu as discussões em torno da suposta denúncia.

Com o debate em pé novamente, Damares publicou um vídeo nas redes sociais em que crianças aparecem dentro de um caminhão. Ela insinuou que as imagens foram gravadas no Marajó durante o translado de supostas vítimas de abuso. Mas, na realidade, o vídeo foi gravado bem longe dali. No Uzbequistão.

A ideia de Damares com as fake news é abrir caminho de missões de evangelização no Marajó.

 

Fonte: Fórum

 

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