sábado, 2 de março de 2024

Jair de Souza: Cristianismo sem Jesus

Logo após o ato político bolsonarista na Av. Paulista, em São Paulo, no passado 25/02/2024, alguns pontos vão se tornando ainda mais cristalinos. Uma das primeiras constatações que pudemos fazer é que a extrema direita no Brasil está aglutinada no eixo ideológico abrangido pelo bolsonarismo, o nazifascismo e o sionismo.

Ainda que estejamos mencionando um amalgamado de três correntes políticas, é preciso ressaltar que sua linha mestra é traçada pelo sionismo. Em outras palavras, é o sionismo que baliza as forças de extrema direita no Brasil na atualidade, é o que lhes norteia, conduz e inspira. Mas, como entender um fenômeno de tais características se sabemos que os judeus não conformam nem sequer 1% da população brasileira?

A indagação que acaba de ser feita se justifica em função da incompreensão que ainda permeia em boa parte das pessoas com respeito à composição do sionismo. Muito embora haja gente que veja no sionismo uma corrente política essencialmente judaica, a ampla maioria de seus aderentes (no Brasil, e no mundo como um todo) não tem nenhum vínculo direto com o judaísmo, seja pelo lado étnico, nacional ou religioso. Além do mais, há muitos judeus que se opõem ao sionismo.

No citado ato promovido há poucos dias por essas forças políticas de extrema direita, foi a bandeira sionista do Estado de Israel o símbolo mais destacado de toda a manifestação, ainda que tenha sido quase que inexistente a concorrência ao mesmo de pessoas que pudessem ser catalogadas como parte da comunidade judaica.

Sim, quase não havia judeus por ali, mas havia uma maioria de muitos milhares de sionistas. É que nos estamos referindo aos chamados sionistas cristãos. Aliás, vale enfatizar, o mais destacado articulador e financiador desse megaevento é um conhecido empresário do negócio da fé, dono de uma empresa-igreja que se autodenomina formalmente como cristã. E empresas-igrejas semelhantes à dele são as principais supridoras de massa humana de apoio para os projetos políticos de interesse dos setores do grande capital que se beneficiam com as orientações impulsadas pelo sionismo cristão, ou seja, os grupos ligados ao grande capital financeiro e os do capital agroexportador.

Ao analisar as imagens disponíveis do acontecimento, é quase impossível não perceber que a bandeira sionista do Estado de Israel despontava como o símbolo aglutinador daquelas forças extremistas de direita. A função que no passado era tradicionalmente exercida pela suástica nazista apresenta-se agora com nova aparência, novos desenhos e novos contornos. Porém, os propósitos ao que serve parecem permanecer como eram os de outrora.

Outra interrogante que constantemente vem à tona ao abordar-se esta questão diz respeito ao papel que a figura de Jesus desempenharia no atual contexto, em que estão involucrados, além dessas empresas-igrejas que se autodefinem como cristãs evangélicas, certos grupos integrados à estrutura da Igreja Católica, como é o caso dos chamados “católicos carismáticos”.

Uma conclusão imediata que extraímos após uma rápida análise da composição das forças que constituem o sionismo cristão é que, para elas, Jesus perdeu toda sua relevância prática, e já não tem quase nada a ver com aquilo que elas propõem e defendem como meta a alcançar. Portanto, fica-nos a impressão de que os exemplos de vida de Jesus servem muito mais para atrapalhar os planos dos sionistas cristãos do que contribuir para sua realização.

Muito possivelmente em consequência das razões recém mencionadas, o legado de vida de Jesus vai sendo por eles abandonado, a cada dia de maneira mais evidente. É difícil negar que quase tudo o que os próceres do sionismo cristão colocam como sua pauta de ação prioritária se contrasta abertamente com os postulados que eram prioritários para o próprio Jesus. Para fazer esta dedução, basta dedicar alguma atenção aos relatos de sua vida nos Evangelhos.

Então, levando isto em conta, vamos poder compreender mais facilmente porque está ocorrendo o descarte de Jesus por parte dos sionistas cristãos. Os ensinamentos de vida por ele ministrados vão sendo abandonados. Para fugir de tamanha inocultável evidência, os sionistas cristãos vêm procurando se embasar tão somente nos textos do Velho Testamento, com um afastamento de tudo o que concerne diretamente a Jesus. Em outras palavras, o que se deseja é consagrar um cristianismo sem Jesus!

É devido a isto que, apesar de em vida, Jesus ter lutado pelos direitos dos mais humildes a uma vida digna e em igualdade, pelo fim da exploração dos trabalhadores pelos ricos e abastados, pelo respeito e pela tolerância entre os diferentes povos, pela construção de um mundo de justiça onde caibam todos os que queiram praticá-la, a despeito de tudo isto, os sionistas cristãos querem que o cristianismo sirva para objetivos diametralmente opostos. Para tanto, eles precisam se livrar de Jesus o mais rápido possível. E é isto o que estão fazendo.

Uma prova da posta em marcha deste plano, é constatar que líderes de empresas-igrejas formalmente cristãs estejam apoiando o covarde massacre das crianças e mulheres palestinas pelas forças armadas do sionista e colonialista Estado de Israel. Pudemos observar como esses mesmas pessoas não hesitavam em dar seu aval a um estado que já destruiu as moradias de mais de dois milhões de seres humanos, um Estado de Israel que mantém à beira da fome toda essa população e que, além disso, é capaz de fuzilar impiedosamente aos que se acercavam em busca de comida.

Jesus jamais compactuaria com um crime tão horrendo, um crime que só encontra paralelo no Holocausto da Alemanha hitlerista. Um crime que só é menos monstruoso do que o de fazer uso do nome de Jesus para tratar de justificá-lo, como os sionistas cristãos estão fazendo.

 

       Bolsonarismo é um projeto de teocracia evangélica. Por Alex Solnik

 

Fala-se muito e com razão que o bolsonarismo é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, mas isso não é tudo; ele também é uma ameaça ao Estado laico, o que ficou mais evidente na Avenida Paulista, no discurso de Michelle Bolsonaro, a mais ousada porta-voz da vertente religiosa do movimento, no qual Bolsonaro é o senhor as armas e ela, a senhora das almas.

“O Brasil é do Senhor” bradou ela, afrontando a todos nós que sabemos que o Brasil é dos brasileiros. “Eu creio em Deus todo poderoso capaz de curar nossa nação”, insistiu nessa ofensa a todos nós que construímos a nação e curamos nossas dores todos os dias.

Bastam essas duas frases para perceber que não se trata apenas de eleger Bolsonaro, o projeto é muito maior do que isso.

É um projeto de poder que começou em 1989, quando Fernando Collor de Mello pediu apoio a Edir Macedo na eleição presidencial, e em contrapartida abriu as portas da política para ele e sua Igreja Universal do Reino de Deus.

Na festa da posse, a certa altura Edir tirou os sapatos, ficou só de meias. “Temos que pisar com os pés o território que queremos conquistar”, explicou ao seu acompanhante, um ex-deputado federal.

Hoje, Edir é dono de um partido, o Republicanos, e seu líder é candidato a suceder Lira na presidência da Câmara.

O objetivo de demolir o Estado laico ficou patente no formato do ato infame, convocado por religiosos, mais precisamente pelo líder evangélico Silas Malafaia, e não por políticos.

Os políticos ficaram a reboque dos pastores. Políticos-pastores ou pastores-políticos? A simbiose é tal que não dá para saber onde termina um e começa outro.

O poder que eles almejam não é eleger um presidente da República por quatro ou oito anos, submetido aos parâmetros da Constituição Federal, dentro das regras que nos guiam desde a Proclamação da República e depois ir para casa.

O que eles querem é transformar o Estado Democrático de Direito numa ditadura religiosa, na primeira teocracia evangélica do mundo. 

Essa é a forma mais fácil de manter o poder.

Se a nação é do Senhor, o presidente é seu representante, e todos têm que obedecê-lo. Quem desobedece ou desafia o Senhor tem que ser castigado e quem o louva será premiado com a vida eterna.

Se a Nação é do Senhor, a Bíblia é a constituição do país.

Se a Nação é do Senhor não há porque haver eleições.

A primeira tentativa, com Bolsonaro à frente, fracassou. Mas tudo indica que eles não pretendem desistir.

Conceder isenção fiscal a igrejas só fortalece esse projeto de poder. 

Anistiar os golpistas de 8/1, também.

 

       Jeferson Miola: A banalidade do mal nazi-sionista

 

“A vida está se esvaindo em Gaza numa velocidade assustadora”, declarou o Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários da ONU Martin Griffiths após o ataque das forças israelenses que resultou no massacre de pelo menos 112 palestinos e deixou outros 760 feridos quando se aproximavam desesperadamente do comboio com ajuda alimentar.

Uma covardia vergonhosa e criminosa dos soldados israelenses, que dispararam contra a multidão famélica em busca desesperada por uma ração mínima para comer.

Em quase cinco meses de agressão brutal na Faixa de Gaza, o saldo da devastação humana e material é terrível. Israel fez do território palestino uma terra arrasada; a Guernica do século 21.

Cidades foram inteiramente destruídas. A força nazi-sionista não poupou nem mesmo igrejas, mesquitas, instalações da ONU, escolas e hospitais. É recorde o número de jornalistas, funcionários da ONU, médicos e socorristas assassinados em tão breve período.

Segundo estimativas conservadoras da ONU, Israel deixou mais de 70 mil feridos e já matou mais de 30 mil palestinos. A imensa maioria –25 mil, que equivalem a 1% da população de Gaza–, são mulheres e crianças. Uma hecatombe.

A cada 12 minutos, uma criança palestina é assassinada, e a cada duas horas e meia outra fica aleijada ou mutilada. Além das demais centenas que diariamente ficam órfãs – muitas delas sem nenhum parente vivo.

Esse show de horrores nazi-sionistas é transmitido em tempo real pela TV e internet para uma população mundial incrédula e totalmente impotente diante do patrocínio político e material dos EUA à limpeza étnica executada pelo regime criminoso de Apartheid.

A barbárie é naturalizada, integra a paisagem do cotidiano como uma fatalidade incontornável para um povo que é desumanizado e, por isso, abandonado pelo mundo inteiro, que assiste a vida se esvair em Gaza “numa velocidade assustadora”.

A cena do presidente dos EUA Joe Biden [26/2] saboreando um sorvete enquanto comentava sorridente esperar um cessar-fogo só na próxima segunda-feira, 4 de março, apenas uma semana adiante, é chocante, imoral e abjeta.

“Meu conselheiro de segurança nacional me disse que estamos perto. Minha esperança é que seja na próxima segunda-feira”, disse o líder da maior potência mundial e fiador do genocídio palestino com a naturalidade espantosa de quem agenda o tratamento de uma unha encravada.

Os EUA são indiferentes ao fato de que, em mais uma semana de demora para a cessação dos ataques genocidas, mais de 1.500 crianças palestinas morrerão, ficarão órfãs ou mutiladas e outras milhares de pessoas, a maioria mulheres, também serão assassinadas.

A atitude indecorosa de Biden significa a banalização do mal nazi-sionista que sujeita o povo palestino às mesmíssimas condições desumanas, cruéis e macabras a que Hitler sujeitou os judeus na Alemanha nazista.

 

Fonte: Brasil 247

 

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