domingo, 28 de janeiro de 2024

Remédios para disfunção erétil e dor no peito aumentam risco de morte precoce

Medicamentos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 são um tratamento comum para disfunção erétil em homens com doença cardiovascular.

Mas tomar este medicamento juntamente com nitratos, um medicamento comum para dores no peito, aumenta os riscos de resultados negativos para a saúde, como insuficiência cardíaca e morte precoce.

É o que aponta um novo estudo publicado na segunda-feira (15) no Journal of the American College of Cardiology.

“Nosso objetivo é ressaltar a necessidade de uma consideração cuidadosa centrada no paciente antes de prescrever remédios [como esse] para homens que recebem tratamento com nitrato”, disse o principal autor do estudo, Dr. Daniel Peter Andersson, professor associado do departamento de medicina do Instituto Karolinska em Estocolmo, em um comunicado à imprensa.

“Além disso, justifica nossos esforços para continuar a pesquisa sobre os efeitos ambíguos dos medicamentos para disfunção erétil em homens com doenças cardiovasculares.”

·        Um problema conhecido, mas crescente

O uso de inibidores de fosfodiesterase tipo 5 em pessoas com disfunção erétil e doenças cardiovasculares tem sido controverso, uma vez que o medicamento e os nitratos induzem hipotensão, ou pressão arterial baixa, ao atuarem nas células endoteliais de maneiras diferentes.

As células endoteliais revestem os vasos sanguíneos e regulam as trocas entre o sangue e os tecidos circundantes. Estudos anteriores sobre os benefícios ou malefícios do uso simultâneo foram mistos.

Mas, apesar das pesquisas existentes e das diretrizes clínicas desencorajarem o uso simultâneo dos medicamentos, “os médicos estão vendo um aumento nos pedidos de medicamentos para disfunção erétil por parte de homens com doenças cardiovasculares”, disse Andersson.

O estudo incluiu 61.487 homens do Registro Nacional Sueco de Pacientes com doença arterial coronariana estável e histórico de infarto do miocárdio (um ataque cardíaco) ou intervenção coronária percutânea entre 2005 e 2013.

A intervenção coronária percutânea, também conhecida como revascularização, é um procedimento não cirúrgico que trata bloqueios em uma artéria coronária abrindo seções bloqueadas ou estreitadas da artéria, restaurando o fluxo sanguíneo para o coração, de acordo com a Yale Medicine.

Os participantes também receberam duas prescrições de nitratos (nitroglicerina sublingual ou nitratos orais) no prazo de seis meses. Os autores analisaram os efeitos de também terem recebido pelo menos duas prescrições dos medicamentos para disfunção erétil sildenafil, vardenafil ou tadalafil.

Destes participantes, 55.777 homens foram tratados apenas com nitratos, enquanto 5.710 foram tratados com nitratos e inibidores de fosfodiesterase tipo 5.

O tempo médio de acompanhamento e a idade no grupo nitrato foi de 5,7 anos e cerca de 70 anos, respectivamente; para o grupo combinado foi de 3,4 anos e cerca de 61 anos.

O grupo combinado teve um risco ligeiramente maior de morte prematura por todas as causas. O risco de ter sido submetido a revascularização durante o período de acompanhamento foi duas vezes maior do que o grupo que recebeu apenas nitratos.

Dr. Howard C. Herrmann, professor de doenças cardiovasculares da Universidade da Pensilvânia, John W. Bryfogle, não ficou surpreso com as principais descobertas.

Os especialistas “sabem há décadas sobre o risco potencial de pressão arterial baixa com esta combinação de terapias (e) sobre a coexistência de disfunção erétil em muitos pacientes com doença arterial coronariana devido a ambas as doenças terem disfunção endotelial”, Herrmann, que não esteve envolvido no estudo, conforme disse por e-mail.

Mas ele ficou “mais surpreso com a alta frequência (9%) de pacientes que receberam prescrição de ambos os medicamentos”, acrescentou Herrmann, também chefe da seção de cardiologia intervencionista do Hospital da Universidade da Pensilvânia.

“Deve servir como um alerta adicional aos médicos sobre a co-prescrição desses medicamentos.”

·        O que os pacientes devem saber

O estudo tem pontos fracos, incluindo “não saber exatamente como os pacientes tomaram os dois medicamentos: o momento, com que frequência, quais instruções foram dadas a esse respeito, quais tipos de nitratos e inibidores de fosfodiesterase tipo 5 (com suas diferentes meias-vidas)”, disse Herrmann.

A meia-vida refere-se a quanto tempo leva para que a quantidade do ingrediente ativo de um medicamento em seu corpo seja reduzida pela metade, ou quanto tempo um medicamento permanece ativo.

“Além disso, este tipo de análise não pode provar a causalidade e pode ser que a necessidade de inibidores de fosfodiesterase tipo 5  seja um marcador para uma doença mais grave, em vez de que a medicação seja a causa de mais eventos”, acrescentou Herrmann.

Ter conclusões mais definitivas sobre os efeitos da combinação de medicamentos na saúde exigiria “um estudo randomizado em que os pacientes recebessem inibidores de fosfodiesterase tipo 5 e nitratos, ou nitratos aleatoriamente”, disse o Dr. Dimitrios Terentes-Printzios, cardiologista intervencionista do primeiro departamento de cardiologia das Universidades Nacional e Kapodistrian de Atenas, na Grécia, via e-mail. Terentes-Printzios não esteve envolvido no estudo.

Geralmente, esses medicamentos não devem ser usados ​​juntos, disse Herrmann.

Mas “os pacientes com disfunção erétil que desejam usar um inibidor de fosfodiesterase tipo 5 devem discutir com seu médico outras opções de tratamento para disfunção erétil, bem como a necessidade de nitratos (e alternativas) e ser instruídos sobre o momento de tomar ambos os medicamentos”, disse Herrmann.

“Por exemplo, um paciente que toma um inibidor de fosfodiesterase tipo 5, faz sexo e depois desenvolve angina não deve tomar medicação com nitrato para tratá-la, mas deve procurar atendimento médico.”

 

Ø  Agência dos EUA aprova primeiro gel para disfunção erétil; saiba como funciona

 

Um gel tópico inovador para o tratamento da disfunção erétil, chamado Eroxon, foi autorizado para comercialização sem receita nos Estados Unidos, segundo a farmacêutica Futura Medical, que desenvolveu o produto.

A empresa anunciou na segunda-feira (120 que a Food and Drug Administration (FDA), agência semelhante à Anvisa, dos EUA, concedeu autorização de comercialização para a venda sem receita do gel, que diz ser o primeiro tratamento tópico para disfunção erétil disponível sem a necessidade de receita médica.

A FDA confirmou na segunda-feira que o Eroxon recebeu uma classificação “de novo”, um aceno para o gel ser um novo tipo de produto. A decisão foi tomada na sexta-feira (9).

“A FDA estabeleceu um padrão muito alto na avaliação da eficácia e segurança dos Dispositivos Médicos De Novo. Estou muito satisfeito por termos alcançado esse padrão”, disse James Barder, diretor-executivo da Futura Medical, em um comunicado à imprensa na segunda-feira.

O Eroxon já está disponível na Bélgica e no Reino Unido.

No Reino Unido, um pacote de quatro Eroxon custa cerca de £ 24,99, disse um porta-voz da Futura Medical na segunda-feira. Isso equivale a cerca de R$ 153 no Brasil e US$ 31,22 nos EUA.

“Ainda não temos detalhes específicos de preços, pois o preço será determinado pelo parceiro que lançar o Eroxon nos EUA”, escreveu o porta-voz em um e-mail. O momento em que o Eroxon estará disponível nas prateleiras das lojas nos EUA também depende desse parceiro, mas alguns analistas financeiros preveem que o produto pode ser lançado em 2025.

Um folheto do produto informa que o gel vem em um tubo de dose única e deve ser aplicado na cabeça do pênis por 15 segundos antes do sexo. Os materiais de marketing do produto afirmam que ele pode ajudar os usuários a obter uma ereção em 10 minutos após a aplicação.

A ereção dura o tempo suficiente para um sexo bem-sucedido em cerca de 65% das pessoas e deve diminuir naturalmente, de acordo com o site da Eroxon.

Nos Estados Unidos, a disfunção erétil afeta cerca de 30 milhões de homens. O problema acontece quando alguém é incapaz de obter ou manter uma ereção firme o suficiente para uma atividade sexual satisfatória.

Muitos fatores podem causar ou contribuir para a disfunção erétil, incluindo doenças como diabetes tipo 2, medicamentos como antidepressivos, fatores psicológicos como ansiedade ou comportamentos como fumar, beber muito álcool, usar drogas ilegais ou excesso de peso.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: