quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Copom corta taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (2) reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.

O placar no Copom foi de cinco votos para derrubar a taxa para 13,25% e quatro votos a favor de 13,50%.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Fiscal, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula para o posto, concordaram em cortar a taxa em 0,5 ponto percentual (veja mais abaixo como votaram todos os diretores). O governo vinha criticando Campos Neto desde o início do ano pelas sucessivas decisões do Copom de não baixar a taxa.

Esse foi o primeiro corte da taxa básica de juros em três anos. A última queda havia acontecido em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia de Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano.

No comunicado divulgado após a reunião, o comitê argumentou que a melhora do cenário para a inflação possibilitou a redução da Selic.

"O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária".

Segundo o comunicado, o Copom chegou a avaliar a possibilidade de reduzir a Selic em um patamar menor, de 0,25 ponto percentual, mas que considerou "apropriado" reduzir em 0,50 ponto percentual em função da melhora do quadro inflacionário.

Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%

De acordo com o comitê, a decisão também pode ocasionar "suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".

No comunicado, o Copom disse ainda que, nas próximas reuniões, pode continuar fazendo na Selic "redução da mesma magnitude" desta quarta-feira. Ou seja, cortes de 0,5 ponto percentual.

"Em se confirmando o cenário esperado [de desinflação e ancoragem das expectativas em torno da meta de inflação], os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

A decisão do Copom se deu em meio às críticas persistentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de membros do governo federal ao atual patamar da Selic. A avaliação é que o índice tem inibido o crescimento da economia.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, argumenta que a manutenção da taxa foi importante para conter a inflação. Campos Neto, no entanto, tem autonomia — ou seja, não pode ser demitido por Lula.

Ø  Votos dos diretores

Segundo nota divulgada pelo Copom, cinco diretores votaram a favor do corte de 0,5 ponto percentual. Quatro se manifestaram por uma redução de 0,25.

Votaram pela redução de 0,5 ponto percentual:

  • presidente Roberto Campos Neto (indicado por Jair Bolsonaro)
  • Ailton de Aquino Santos (indicado por Lula)
  • Carolina de Assis Barros (indicada por Temer)
  • Gabriel Galípolo (indicado por Lula)
  • Otávio Ribeiro Damaso (indicado por Dilma Rousseff)

Votaram por cortar a Selic para 13,50%:

  • Diogo Abry Guillen (indicado por Jair Bolsonaro)
  • Fernanda Magalhães Rumenos Guardado (indicada por Jair Bolsonaro)
  • Maurício Costa de Moura (indicado por Michel Temer)
  • Renato Dias de Brito Gomes (indicado por Jair Bolsonaro)

>>> Reuniões do Copom

O Copom é formado pelo presidente do BC e por oito diretores da instituição.

Esta reunião foi a primeira com a nova formatação do comitê, após o Senado aprovar as indicações de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para a diretoria do Banco Central. Os dois haviam sido indicados por Lula.

O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da taxa Selic. Neste ano, o comitê ainda deverá se reunir outras três vezes:

  1. 19 e 20 de setembro
  2. 31 de outubro e 1º de novembro
  3. 12 e 13 de dezembro

>>> Taxa básica de juros

Taxa básica de juros da economia, a Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.

O índice influencia todas as taxas de juros do país, como os juros de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com a meta de inflação, o BC pode reduzir a Selic.

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%. Será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

·         Decisão consistente

A redução da taxa básica de juros do Banco Central é uma decisão muito consistente. É importante dizer que houve uma pressão política para que essa decisão ocorresse. Mas, se isso tivesse pesado de fato, essa taxa poderia ter sido reduzida antes.

O que aconteceu, portanto, foi uma decisão técnica. Há um cenário apontando para a desaceleração da economia mundial, até referendado pelas expectativas futuras do mercado de inflação para os próximos anos e está tudo convergindo para algo mais controlado, o que abre espaço para essa redução da taxa de juros. Todos esses fatores certamente pesaram na decisão do Copom.

Mas, para o governo certamente está tendo comemoração, ainda mais depois de todo esforço, incluindo a melhora do Brasil em agência de classificação de risco e a queda do dólar em relação ao real.

O BC também anunciou que possíveis reduções nas próximas reuniões devem seguir sendo de 0,5 ponto percentual, caso o ambiente desinflacionário continue no país – desejo do governo do Lula. Esse comunicado mostra como o banco está vendo os próximos meses.

Nesta quarta, o próprio ministro Fernando Haddad voltou a falar em redução de meio ponto percentual nas próximas reuniões.

A decisão do Copom se deu em meio às críticas persistentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de membros do governo federal ao atual patamar da Selic. A avaliação é que o índice tem inibido o crescimento da economia.

O Copom é formado pelo presidente do BC e por oito diretores da instituição.

Esta reunião foi a primeira com a nova formatação do comitê, após o Senado aprovar as indicações de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para a diretoria do Banco Central. Os dois haviam sido indicados por Lula.

 

Ø  Presidente do BC votou por corte maior e divergiu de aliados

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu voto de minerva a favor do corte maior na taxa básica de juros de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 13,25% ao ano. Como presidente do BC, ele é o último a votar e atuou quando o placar estava 4 a 4.

Campos Neto divergiu dos seus indicados em 2021: Diogo Guillen, Fernanda Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram por uma queda menor, de 0,25 ponto porcentual. Os três, somados a Maurício Moura, deram os quatro votos favoráveis, adotando cautela maior sobre o corte de juros.

A decisão de Campos Neto também contribui para evitar que a taxa caia 0,75 ponto percentual na próxima reunião, segundo avaliação de integrantes do mercado. Isso porque ele já conseguiu construir uma unanimidade para uma queda de 0,5 ponto percentual na próxima reunião. Isso teria sido possível, segundo essa leitura, cedendo os 0,5 ponto na reunião de hoje.

Com isso, o placar ficou super dividido: 5 a 4.

Com essa estratégia de convergir em torno de corte 0,5 ponto para a próxima reunião, Campos Neto consegue ditar o ritmo no corte na queda dos juros, evitando que se faça cortes acima deste valor.

Chamou a atenção, inclusive, o fato dele ter votado na contramão de Guillen, um dos diretores mais próximos do presidente.

"Não me lembro de ter um placar tão dividido. Isso já é reflexo de o BC ter mandatos dos seus diretores, com independência, e eles com perfis diferentes", afirmou um economista chefe de um banco.

Com a decisão, o presidente do BC diminui a pressão política que vinha sofrendo nos últimos meses. A cobrança por uma queda na taxa veio não só do Executivo, mas do Senado, casa que tem a competência para votar sua exoneração do cargo.

Campos Neto também evitou que fosse colocado em lado oposto ao dos dois indicados do governo: Aílton Aquino e Gabriel Galípolo, próximo a Fernando Haddad e que defendia uma queda de 0,5 ponto percentual.

 

Ø  Veja repercussão do corte na taxa básica de juros

 

Ministros e políticos comentaram nesta quarta-feira (2) a primeira redução da taxa básica de juros — a Selic — em três anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu cortar a Selic em 0,5 ponto percentual, saindo dos atuais 13,75% para 13,50% ao ano.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a taxa deverá "cair ainda mais nos próximos meses" e disse que a decisão é resultado de esforços do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a redução como uma sinalização de que o governo está na "direção certa". Parlamentares da base de Lula comemoraram o corte.

Aliados ao governo e alguns políticos de oposição vinham pressionando o presidente do comitê e do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela redução da taxa.

A última queda havia acontecido em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia de Covid-19, quando a taxa Selic caiu de 2,5% para 2% ao ano.

>>>> Veja o que disseram os políticos

  • Ministro Fernando Haddad (Fazenda):

"O corte de 0,50% na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos."

  • Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio:

"O Banco Central decidiu cortar em 0,5 ponto a taxa de juros básica, conhecida como taxa Selic, sobre a qual toda a economia se baseia. Em três anos, é a primeira vez que o BC reduz essa taxa. O governo do presidente Lula gerou todas as condições para que esse movimento acontecesse: os índices de inflação caíram todos, as perspectivas melhoraram e estamos avançando com reformas importantes em torno de um país mais justo e próspero. Com isso, as taxas de juros devem cair ainda mais nos próximos meses."

  • Ministra Simone Tebet (Planejamento):

"Com o corte de 0,5% dos juros, acompanhado do indicativo de mais reduções adiante, o BC fica em sintonia com o cenário atual, de queda da inflação e de melhoria fiscal como estruturais. Os avanços institucionais do país nos últimos 7 meses, incluindo a aprovação da reforma tributária pela Câmara, tem gerado as condições para os cortes nos juros."

  • Ministro Rui Costa (Casa Civil):

"A redução de 0,50% na taxa Selic é importante e indica que o Brasil está no rumo certo. Seguimos trabalhando por um crescimento econômico sólido e que promova melhorias ainda mais concretas na vida dos brasileiros."

  • Ministro Márcio França (Portos e Aeroportos):

"COMEÇOU A QUEDA DOS JUROS!!! O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou agora queda de 0,50% na taxa básica de juros, que foi para 13,25% É o primeiro corte em três anos! Mais um avanço do governo do presidente Lula."

  • Ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário):

"Dados positivos da economia e pressão do povo brasileiro fazem o COPOM baixar 0,5 dos juros."

  • Ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais):

"O JUROS CAIU! Durante todo o primeiro semestre, o governo Lula, o Congresso Nacional e a sociedade criaram todas as condições para que hoje o COPOM concretizasse essa redução da SELIC em 0,5%. Mais um importante passo para a economia brasileira."

  • João Amoêdo, ex-candidato a presidente:

"O Banco Central acerta ao cortar em 0,5% a taxa Selic e sinalizar novas reduções nas próximas reuniões, caso o cenário siga favorável."

  • Senadora Tereza Cristina (PP-MS):

"O voto de minerva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, garantiu que o Copom determinasse a queda dos juros em 0,50 ponto percentual. A decisão foi apertada: 5x4, com quatro diretores votando por corte menor, de 0,25 p.p. Campos Neto deu uma lição de independência, mostrando que não se envolve deste ou daquele lado político. A ironia é que a decisão que o governo tanto queria foi garantida exatamente por quem é mais atacado pelos petistas. Aliás, antes da decisão que baixou a taxa para 13,25%, Lula colocou irresponsavelmente sob suspeita a conduta de Campos Neto. 'Não sei a quem que ele está servindo. Aos interesses do Brasil, não é'. Quanta injustiça!"

  • Deputado Orlando Silva (PCdoB-SP):

"ATENÇÃO! O Copom acaba de reduzir a taxa Selic para 13,25%, queda de 0,5%. É pouco, é muito pouco, frente os juros extorsivos praticados no Brasil. Mas é uma sinalização importante, particularmente se acenar com um ciclo prolongado de queda. O povo não aguenta mais esperar!"

  • Deputado Baleia Rossi (MDB-SP):

"A queda da Selic hoje é também resultado de votações importantes que fizemos na Câmara, como a PEC 45 da Reforma Tributária que gera expectativas positivas por conta do seu potencial para gerar emprego, renda e um ambiente de negócios mais transparente e simples."

  • Deputado André Janones (Avante-MG):

"OS JUROS COMEÇAM CAIR: O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta quarta-feira (2) a nova taxa básica de juros da economia: 13,25%. O corte de 0,50% representa a primeira queda da Selic em três anos."

  • Deputado Pedro Paulo (PSD-RJ):

"BC reduz a Taxa Selic de 13,75% para 13,25% e inicia ciclo de queda. Detalhe: votação no COPOM apertada entre os 9 conselheiros (5x4). Campos Neto (Presidente) e Galípolo (ex-Sec de Haddad e indicado de Lula) votam juntos na decisão vitoriosa de redução menos conservadora de 0,5%."

  • Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo:

"A decisão do BC de reduzir 0,5% na taxa Selic indica que poderemos experimentar um bom período de quedas dos juros. Para isso, é preciso continuar no caminho do equilíbrio na gestão e responsabilidade dos gastos públicos. Essa receita produzirá oportunidades para os brasileiros."

 

Fonte: g1

 

 

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