Professores baiano
cobram pagamento de precatórios com juros e correções
Professores
da rede estadual da Bahia farão uma visita técnica a Secretaria de Relações
Institucionais (Serin), nesta terça-feira (11), para discutir o pagamento dos
precatórios. A categoria está em campanha para que a segunda e a terceira
parcelas sejam pagas pelo Estado aos docentes com os encargos devidos. A
primeira parcela, de 2022, excluiu os juros e correção monetária, e está sendo questionada
na justiça.
Segundo
a presidente da Associação Classista da Educação e Esporte (ACEB) Marinalva
Nunes, o objetivo do encontro é apresentar aos representantes do governo os
pontos levantados pela categoria.
“A
superintendência informou que, até o dia 11, terá uma resposta sobre o nosso
pedido de reunião, mas, independentemente disso, estaremos na Serin na
terça-feira. Não é uma manifestação, será uma visita de discussão técnica sobre
o assunto e de tratativas para que eles possam compreender a justeza de nossa
reivindicação”, afirmou.
Toda
terça-feira, os professores participam da comissão de educação da Assembleia
Legislativa da Bahia (Alba), mas os debates estão suspensos por conta do
recesso parlamentar. A presidente contou que a categoria tem trabalhado com os
deputados na tentativa de intermediação junto ao Palácio de Ondina.
“As
parcelas de 2023 e de 2024 precisam assegurar juros para correção do valor
integral, como foi em outros estados. Nós encaminhamos [ao governo] as leis que
regulamentaram essa questão no Ceará, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Sergipe e
no Amazonas. Todos pagaram os juros e correções. Não tem motivo para a gente
ser diferente. Queremos apenas a garantia dos nossos direitos”, afirma
Marinalva.
Na
Bahia, o pagamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) será de R$ 8,7 bilhões, em
três parcelas, os professores tem direito a 60% desse montante e o valor será
divido por 87 mil contemplados, entre docentes que ainda estão na ativa,
aposentados e herdeiros.
A
professora de língua portuguesa Iracema Sant’Anna, 59 anos, trabalhou por 26
anos no Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes, no Canela, e contou que ficou
decepcionada com a decisão do estado de não pagar os juros e mora referentes
aos precatórios. Ela disse que a medida reduziu os valores a receber quase pela
metade.
“A
emenda que garantiu esse pagamento foi aplicada em 2021 referente a uma dívida
da União com o Estado, entre 1997 e 2006. Como é que depois de todos esses anos
vamos receber sem juros? Os governantes dizem que essa é uma categoria que
precisa ser valorizada, mas isso não acontece na prática. A lei dá a gente o
direito de receber com juros e mora, então, por que tirar isso de nós?”,
questionou.
Em
2020, ela aposentou e, em 2022, participou das manifestações nas galerias da
Assembleia Legislativa sobre a discussão do pagamento dos precatórios. “Tudo
para a educação parece ser mais difícil. Outras categorias não precisam passar
por isso”, disse.
·
Direito
Os
precatórios estão sendo pagos a professores, coordenadores pedagógicos,
diretores, vice-diretores e secretários escolares que ocuparam cargo público ou
que estavam em emprego público, em efetivo exercício na educação básica da rede
pública de ensino, no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2006.
Estão
sendo contemplados também aqueles que ocupavam cargos comissionados do quadro
do Magistério e professores contratados pelo Regime Especial de Direito
Administrativo (Reda), que atuavam na educação básica no mesmo período.
A
lei 14.485/2022 que regulamentou o pagamento da primeira parcela foi aprovada
em setembro e determina no artigo 2º que “a destinação dos recursos
provenientes das demais parcelas devidas pela União ao Estado, a título de
complementação do Fundef, serão objeto de Lei específica futura”. A categoria
aguarda que o novo projeto de lei que será enviado para votação da Alba
assegure o pagamento dos encargos.
·
Disputa judicial
A
primeira parcela referente a 2022 está sendo questionada pelos professores no
Tribunal de Justiça da Bahia, porque não incluiu os juros e a correção
monetária sobre o valor devido. O coordenador geral do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, contou que o
processo está em andamento.
“A
Bahia foi o único governo que não pagou os precatórios com juros e correção
monetária, por isso, nós a APLB Sindicato acionamos a justiça. O processo seria
julgado no dia 19 de junho no Tribunal de Justiça, mas houve um pedido de
vistas. No total, 50 cidades da Bahia pagaram com juros e correção monetária,
temos a lista, mas a Bahia insiste em não fazer esse pagamento”, diz.
Apesar
disso, o coordenador do sindicato está otimista e acredita que haverá um acordo
para o pagamento dos encargos nas próximas parcelas. A categoria teve duas
reuniões com representantes do governo para discutir o assunto e haverá um novo
encontro na próxima semana.
As
Secretarias da Administração (Saeb), da Educação (SEC) e de Relações
Institucionais (Serin) foram procuradas, mas ainda não se manifestaram.
Fonte:
Correio
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