sábado, 8 de julho de 2023

Justiça da Argentina investiga candidato de extrema direita por ‘venda de candidaturas’

A Tribunal de Justiça de Buenos Aires, de primeira instância, autorizou o Ministério Público a iniciar uma investigação contra o pré-candidato presidencial de extrema direita Javier Milei por supostas irregularidades cometidas dentro do partido A Liberdade Avança (LLA, por sua sigla em espanhol), fundado e presidido por ele.

O caso foi revelado por ex-aliados de Milei, que o acusam de cobrar uma taxa de até US$ 50 mil aos interessados em ser candidatos a cargos legislativos pela sua legenda. O responsável pela investigação, segundo a imprensa local, será o procurador federal Ramiro González.

Um dos denunciantes é o empresário têxtil Juan Carlos Blumberg, que renunciou recentemente à sua militância no LLA.

Em entrevista transmitida nesta terça-feira (04/07) por um canal de televisão local, Blumberg afirmou que uma assessora de Milei havia cobrado uma taxa de US$ 50 mil para que ele formasse parte da lista de candidatos do LLA à assembleia legislativa da Provincia de Buenos Aires (região metropolitana da cidade de Buenos Aires, mas que não inclui a capital, que possui status de distrito federal).

Inicialmente, o político de extrema direita (que também é deputado, eleito pelo Distrito Federal de Buenos Aires) admitiu o esquema e ainda justificou seus métodos, dizendo que seu partido financia suas próprias campanhas com esse dinheiro, pois supostamente rechaça recursos do fundo eleitoral (distribuídos entre as principais forças políticas do país), por coerência com suas convicções ideológicas. Essa versão é falsa, segundo o diário Página/12, que mostrou documentos e declarações comprovando que o LLA também utiliza recursos do fundo eleitoral.  

Em publicação nas redes sociais, Milei disse que “querem falar de financiamento? Como os demais se financiam? De onde tiram seu dinheiro? Quanto gastam? Não seria bom que vocês jornalistas averiguassem isso? Ou preferem seguir questionando o único que faz as coisas de forma diferente e que usa seu próprio dinheiro? Nós naturalizamos o desvio do dinheiro que pagamos em impostos para as campanhas eleitorais, e questionamos os que se financiam com seu próprio esforço. Os ladrões perseguindo os honestos. Uma Argentina diferente é impossível com os mesmos de sempre”.

Porém, outro ex-aliado acusou o extremista e a situação mudou de figura. A segunda denúncia partiu do influencer Matías Cerdá, que seria candidato a prefeito da cidade de Vicente López, também na Província de Buenos Aires, mas que desistiu da campanha por considerar que a venda de candidaturas por parte de Milei não impunha nenhum tipo de regulação – o que é irônico, já que o discurso do partido é ultraliberal, defendendo parâmetros extremos de liberdade.

 “Percebi que o partido começou a incorporar gente pesada nas listas legislativas, me refiro a gente com ficha policial, com histórico de delitos penais, cujos nomes manchariam a chapa a afetariam os demais candidatos”, reclamou Cerdá.

Foi então que a narrativa de Milei mudou, passando a negar que os valores cobrados eram os referidos nas denúncias e adotando a estratégia de acusar seus acusadores: segundo a nova versão, o conflito teria começado a partir de uma suposta exigência de Blumberg, que queria ser candidato a governador da Província de Buenos Aires. “Como nós dissemos que não, ele perdeu a cabeça e passou a espalhar mentiras”, alegou.

Contudo, as críticas à organização liderada pelo deputado ultraliberal não são uma novidade, nem se resumem apenas à venda de candidaturas eleitorais.

Em fevereiro deste ano, Mila Zurbriggen, ex-líder do coletivo Geração Libertária (que funciona uma espécie de “juventude” do LLA) anunciou seu desligamento devido à cobrança de taxas para os que queriam passar ao partido, e também descreveu um “método claramente sexista” para determinar as lideranças dentro da legenda de extrema direita. “Tudo lá dentro era por dinheiro ou por sexo”, acusou a ex-militante.

Na mesma época, o advogado Carlos Maslatón, também dissidente do LLA, já havia criticado seu antigo líder, pelo mesmo motivo.

O jornal argentino Página/12 resgatou o caso de Maslatón em reportagem recente, na qual o advogado, que também defende um discurso ultraliberal, comentou esta nova polêmica envolvendo Milei.

“O problema não é vender as candidaturas, eu não tenho nenhum problema com isso. O problema é que ele e a irmã (Karina Milei) criaram um modelo de franquia política, com o qual vendem os espaços nas listas eleitorais, e esse dinheiro não vai para o caixa do partido, nem para as campanhas, e sim para os bolsos deles”, frisou Maslatón.

A investigação do Ministério Público a todas essas possíveis irregularidades envolvendo o partido de Milei transcorrerá paralelamente à sua pré-candidatura presidencial.

Em 13 de agosto acontecerão as eleições prévias obrigatórias da Argentina, que deverão oficializar o extremista como candidato presidencial do LLA, iniciando sua campanha para o primeiro turno, programado para o dia 22 de outubro.

 

Ø  Brasil e Colômbia projetam obra conjunta para ampliar conectividade na Amazônia

 

Após diversas reuniões entre os ministros das comunicações de Brasil e Colômbia, foi anunciado nesta quarta-feira (05/07) um projeto no qual ambos os países trabalharão em conjunto em obras que visam aumentar a conectividade por meio de fibra ótica na região da Amazônia.

O acordo binacional foi discutido pelo ministro brasileiro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), e o titular da Ministério das Tecnologias da Informação e das Comunicações da Colômbia, Mauricio Lizcano.

O acordo binacional prevê para dezembro de 2023 o início das obras que interligarão as cidades de Tabatinga, no estado do Amazonas, e Leticia, na Amazônia colombiana, por meio de cabos de fibra ótica.

Também serão realizados, a partir do acordo, uma série de outros projetos de infra-estrutura que transformarão a região da tríplice fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru (onde se encontra a cidade de Yavarí) em principal ponto de conectividade da Amazônia.

Segundo o ministro colombiano, “conhecer a experiência do Brasil e contar com seu apoio ao projeto nos permitirá implantar a fibra ótica naquela área de muito difícil acesso, o que dará condições para aumentar a cobertura e, assim, facilitar a conectividade nos lares colombianos”.

Por sua parte, o brasileiro Juscelino Filho disse que “as iniciativas para aumentar a conectividade na região da Amazônia estão entre as prioridades do presidente Lula”.

Entretanto, o projeto ainda precisa da assinatura dos mandatários de ambos os países para se tornar oficial. Se espera que esse trâmite seja realizado neste sábado (08/07), quando o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o colombiano Gustavo Petro se reunirão justamente nessa região, na cidade de Leticia.

Vale destacar, no entanto, que o acordo será um tema secundário na viagem de Lula à região amazônica. O evento principal em Leticia será o Caminho à Cúpula da Amazônia, que contará com os dois presidentes e com os ministros do Meio Ambiente de todos os países amazônicos: além de Brasil e Colômbia, também estarão presentes os ministros de Bolívia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

O encontro será uma espécie de prévia da Cúpula da Amazônia, programada para o próximo mês de agosto, em Belém do Pará, e cujo principal objetivo é a retomada das atividades da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

·         Governo colombiano e ELN iniciam operações para cessar ofensivas militares

governo da Colômbia suspendeu a partir desta quinta-feira (06/07) as operações ofensivas contra o Exército de Libertação Nacional (ELN), como decisão pelo decreto assinado pelo presidente Gustavo Petro.

O Comando Central do ELN, por sua vez, emitiu um comunicado no qual anuncia uma ordenança semelhante aos seus membros, de forma a cessar "todas as atividades militares ofensivas" e de inteligência “contra as Forças Militares e Policiais”. 

A ordem de cessação das operações está em conformidade com o mais recente acordo assinado em Havana, Cuba, durante o terceiro ciclo das mesas de negociação entre o governo colombiano e o ELN.

A suspensão de operações ofensivas entre os dois lados começa quase um mês antes de um cessar-fogo bilateral que vigorará de 3 de agosto a 29 de janeiro de 2024.

O cessar-fogo entre as partes foi acertado no início de junho passado em Havana, como parte dos acordos com Cuba retomados em novembro de 2022.

 

Ø  Estados Unidos declaram apoio à intervenção estrangeira no Haiti

 

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, reuniu-se nesta quarta-feira (05/07) com o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, em Porto da Espanha, no país de Trinidad e Tobago, a quem manifestou o seu apoio a uma intervenção estrangeira no país caribenho.

"Reuni-me com o primeiro-ministro haitiano para discutir a urgência de se chegar a um acordo político inclusivo, bem como o pedido do Haiti de apoio internacional para conter a violência das gangues", afirmou Blinken por meio das redes sociais. 

O representante norte-americano também afirmou que os Estados Unidos "compartilham o compromisso de ajudar o povo haitiano a moldar seu futuro para restaurar a ordem democrática do país por meio de eleições livres e justas”. 

Nesse sentido, Blinken confirmou que Washington constitui "o maior doador internacional para a Polícia Nacional do Haiti" e agora apela "o apoio do governo [haitiano] para uma força multinacional que nos ajude a restaurar segurança".

As declarações de Blinken vêm logo após o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ter pedido a formação de "uma forte força internacional para ajudar a Polícia Nacional do Haiti".

“Estou profundamente preocupado com a extrema vulnerabilidade de indivíduos e comunidades a essas gangues predatórias e, em particular, com o impacto desproporcional da violência sobre mulheres e meninas”, disse Guterres.

·         Consequências da Minustah

Em 2004, a ONU organizou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Segundo a análise da doutora em ciências jurídicas e políticas, Charlotth Back, quando lançada internacionalmente, a Minustah foi apresentada como um novo modelo de “missão de paz”. 

Idealizada para evitar novos conflitos e criar condições em prol de uma atmosfera de paz sustentável, tal ambiente estaria baseado na atuação de uma multiplicidade de atores internacionais que contribuiriam para a reconstrução das estruturas governamentais, dos setores econômicos, dos corpos de segurança e do acesso às necessidades básicas da população. 

Este processo, que, a médio e longo prazo, garantiria o desenvolvimento do Haiti, incluía não apenas a reconstrução física, mas também o fornecimento de apoio na restauração de seus pilares políticos e jurídicos.

No entanto, apesar do otimismo deste novo “modelo”, o Haiti ainda é um dos países mais pobre das Américas, segundo a classificação do IDH (índice de desenvolvimento humano). O país caribenho não conseguiu restabelecer-se após o terremoto de 2010, conta com milhares de relatos de violência por parte dos “capacetes azuis” - oficiais da Minustah - e hoje tem altas taxas de mortalidade por cólera, uma epidemia inexistente historicamente no Haiti, e que surgiu em decorrência da chegada de um contingente militar infectado pela bactéria. 

 

Fonte: Pagina/12//TeleSUR

 

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