Indústria bélica
dos EUA mexe pauzinhos da grande mídia sobre a Ucrânia, revela jornalista
O
complexo militar-industrial dos EUA está dando forma ao debate sobre a Ucrânia
através dos think tank aliados que têm sido amplamente citados pela grande
imprensa norte-americana desde o início do conflito, disse à Sputnik Bryce
Greene, membro da organização Fairness and Accuracy in Reporting.
O
Instituto Quincy de Governança Responsável, baseado em Washington, descobriu em
recente estudo que dos 15 think tanks mais mencionados pela grande imprensa,
apenas um - Human Rights Watch - não recebe financiamento da indústria bélica
dos EUA. A análise do instituto demonstrou em particular que a mídia dos
Estados Unidos era sete vezes mais propensa a citar think tanks com vínculos
com contratantes de defesa do que aqueles sem tais afiliações.
"Não
há realmente uma voz alternativa na mídia quando se trata dessas questões de
guerra e paz", disse Greene à Sputnik. "E isso só mostra o quanto a
mídia depende dessas vozes para moldar as opiniões, para moldar as visões de
seu público. E é especialmente perigoso quando você considera que a maioria
desses think tanks nem sequer diz quanto eles recebem dessas corporações. Um
achado deste estudo foi que esses think tanks […] não são obrigados a informar
exatamente de onde recebem o dinheiro", explicou ele.
Mesmo
que os veículos de imprensa dos EUA sejam aparentemente independentes, eles
ainda promovem a linha do governo, confiando e citando acriticamente as fontes
cujos cheques de pagamento vêm do complexo militar-industrial dos EUA, de
acordo com Greene. Além do mais, a mídia dos EUA nunca dá sugestão de que essas
opiniões vêm de especialistas financiados pela Lockheed Martin, ou Boeing ou
outro contratante de defesa que esteja se beneficiando do conflito na Ucrânia,
acrescenta o jornalista.
"A
maioria das pessoas sabe que uma instituição funciona em nome das pessoas que a
financiam. E os think tanks estão trabalhando em nome do complexo
militar-industrial e, portanto, a mídia está destacando o ponto de vista do
complexo militar-industrial para apresentá-lo como análise externa
independente", explica Greene.
Como
resultado, o argumento sobre a necessidade de negociações de paz e redução da
assistência militar dos EUA à Ucrânia foi efetivamente suprimido, observa o
interlocutor da Sputnik. Ao mesmo tempo, pouca atenção é dada aos danos
causados pelos esforços dos EUA para prolongar o conflito. Além disso, ninguém
questiona os riscos de uma possível entrega de bombas de fragmentação para os
militares ucranianos ou munições de urânio empobrecido que já foram entregues a
Kiev e aprovadas pelos EUA, ressalta o jornalista.
Por
fim, ele alertou que essas armas podem essencialmente envenenar e danificar
irrevogavelmente grandes áreas da Ucrânia e da Rússia, causando muitas mortes
entre civis.
·
Ucrânia é livro
aberto com CIA, mas quer manter comunicações 'nos bastidores', diz Zelensky
Kiev
não mantém "nenhum segredo" da Agência Central de Inteligência (CIA,
na sigla em inglês) dos EUA, revelou o presidente ucraniano Vladimir Zelensky.
Ele
deu os comentários em uma entrevista exclusiva à emissora CNN, exibida na
segunda-feira (3), expressando "surpresa" que seu recente encontro
com o chefe da CIA, William Burns, caiu nos holofotes da mídia.
"Minha
comunicação com o chefe da CIA deve estar sempre nos bastidores. Discutimos
coisas importantes – o que a Ucrânia precisa e como a Ucrânia está preparada
para agir", afirmou Zelensky.
Kiev
está em estreita cooperação com a agência de espionagem norte-americana,
reconheceu Zelensky, acrescentando que o país praticamente não tem segredos da
CIA. As agências de espionagem ucranianas mantêm contatos com a CIA, disse ele
sem especificar as agências em questão.
"Não
temos segredos da CIA porque temos boas relações e os nossos serviços secretos
falam uns com os outros", observou Zelensky em entrevista. "A
situação é bastante honesta. Temos boas relações com o chefe da CIA, e mantemos
conversas. Eu falo com ele sobre todas as coisas importantes."
Recentemente
informou-se que Burns fez uma visita a Kiev. Além de se encontrar com o próprio
Zelensky, o diretor da agência também teria realizado conversas com oficiais de
inteligência ucranianos não especificados.
Ø
'Ofensiva
lenta': especialista compara ataques da Ucrânia aos da Alemanha contra União
Soviética
As
esperanças de uma contraofensiva rápida e bem-sucedida das forças ucranianas
foram em vão, disse o cientista político alemão Herfried Munkler ao portal
T-Online.
Segundo
ele, a contraofensiva de Kiev está progredindo na melhor das hipóteses
lentamente e o equipamento militar ocidental fornecido à Ucrânia não conseguiu
alcançar eficácia suficiente.
De
acordo com o cientista político, a Alemanha ainda tem uma imagem distorcida da
situação na Ucrânia. A ajuda alemã começou com o fornecimento de cinco mil
capacetes alemães à Ucrânia.
"Isto
criou a impressão equivocada de que um suprimento militarmente muito mais
efetivo dos principais tanques de batalha levaria quase automaticamente ao
colapso do front russo. Essa ideia era e continua sendo absurda", observou
Munkler.
Ao
mesmo tempo, o especialista ressaltou que a Alemanha esperava um desenrolar dos
acontecimentos muito mais rápido e bem-sucedido para o regime de Kiev,
semelhante à ofensiva das tropas de Hitler quando atacou a URSS.
"A
expectativa de que os ucranianos com sua ofensiva fossem capazes de conseguir
rapidamente chegar ao mar de Azov e, desta forma, romper a frente russa, era e
continua sendo utópica. Tais esperanças lembram a fase inicial da invasão alemã
da União Soviética em 1941. Na verdade, na situação atual, uma comparação com a
Primeira Guerra Mundial é muito mais apropriada", concluiu Munkler.
Segundo
ele, não está à vista um fim rápido para o conflito na Ucrânia e, por isso, a
decepção está se espalhando entre muitos observadores neste país.
Kiev
enviou brigadas treinadas por especialistas da OTAN e armadas com equipamentos
ocidentais. No entanto, como disse o presidente russo, Vladimir Putin, em 27 de
junho, a Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início da
chamada contraofensiva, dos quais 41 tanques e 102 veículos blindados só na
linha de Orekhovo e na linha de Zaporozhie na última semana.
Ø
Violação
do acordo nuclear do Irã mostra que EUA e Europa 'nunca foram sinceros', diz
estudioso
O
Irã concordou em limitar sua busca por tecnologias nucleares em troca da
suspensão das severas sanções econômicas impostas anteriormente ao país sob o
Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
A
França, a Alemanha e o Reino Unido podem pretender violar suas obrigações sob
os auspícios do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) de
2015 com o Irã ao não removerem as restrições impostas anteriormente a
pesquisa, desenvolvimento e produção de mísseis balísticos.
As
restrições foram definidas para expirar em outubro em conformidade com o
acordo, informou uma agência de mídia na semana passada, citando fontes diplomáticas.
O
observador político irano-americano e membro da delegação iraniana para o
acordo nuclear de 2015, dr. Seyed Mohammad Marandi, disse à Sputnik que nem os
Estados Unidos nem a Europa implementaram os termos do acordo nuclear.
Enquanto
o Irã "cumpriu todas as suas obrigações muito rapidamente", com a
Rússia e a China também "interessadas em implementar o acordo", os
EUA e os países europeus estavam menos ansiosos para seguir seu exemplo,
observou Marandi.
"Os
americanos e os europeus nunca foram sinceros sobre obrigações e sobre acordos
e acordos. E o JCPOA é um desses exemplos. Se considerarmos os relatórios
corretos, isso não é inesperado. Isso é simplesmente uma confirmação de
políticas anteriores", disse ele.
De
acordo com Marandi, essa abordagem efetivamente encoraja o Irã e outros países
a procurar outros parceiros além dos países ocidentais e ajuda a fomentar a
desconfiança em relação ao Ocidente.
Ele
observou que, quando se trata de sanções anti-iranianas, as potências
ocidentais já "sancionaram tudo o que é significativo", chegando
mesmo a "sancionar efetivamente o Irã de importar medicamentos".
"Eles
fingem que remédios, por exemplo, não fazem parte do regime de sanções, mas
bloquearam o único banco da Europa, na Alemanha, que podia fazer transações de
remédios", explicou Marandi. "Eles o impediram de fazer isso nos
últimos meses. Portanto, a intenção deles é matar o maior número possível de
iranianos, criar miséria para o maior número possível de pessoas."
Ao
mesmo tempo, observou o acadêmico, as potências ocidentais essencialmente
perderam "sua influência sobre o Irã" porque, com todas as sanções
que já impuseram ao país, elas simplesmente não têm mais nada para ameaçar
Teerã.
"Se
eles continuarem implementando essa política, os iranianos escolherão parceiros
permanentes no Sul Global, na Ásia, e o Ocidente perderá permanentemente
mercados no Irã, especialmente em um momento em que o Ocidente está em rápido
declínio e os rivais no mercado do Sul Global, como China, Rússia, Brasil, Irã,
Índia, entre outros, estão em ascensão", acrescentou. "É cada vez
mais difícil para os países ocidentais implementar sanções em países como o
Irã."
Marandi
também enfatizou a importância de o Irã se tornar membro da Organização para
Cooperação de Xangai (OCX), pois essa mudança oferece a Teerã uma oportunidade
de "criar maior cooperação" e "construir relações" com
outras nações "sem que o Ocidente interrompa ou tente interromper essas
relações".
"Essas
organizações ajudam os países independentes a cooperar uns com os outros e,
portanto, diminuindo a capacidade dos países ocidentais de causar danos às
nações do Sul Global", disse Marandi.
O
JCPOA foi assinado em 2015 entre o Irã e o P5+1 — cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, França, Reino Unido e Estados
Unidos) — mais a União Europeia (UE).
Como
parte do acordo, o Irã concordou em limitar sua busca por tecnologias nucleares
em troca da suspensão das severas sanções econômicas impostas anteriormente ao
país.
Em
2018, no entanto, o então presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se
unilateralmente do acordo negociado durante a presidência de seu antecessor,
Barack Obama, com Trump classificando o JCPOA como um "horrível acordo
unilateral que nunca deveria ter sido feito".
Ø
ONG:
Shell segue comercializando gás russo apesar de promessa de abandonar o país
Apesar
de afirmar há mais de um ano que deixaria a Rússia, a empresa de petróleo e gás
ainda recebe gás russo de dois portos do país, indica uma análise.
A
empresa britânica de petróleo e gás Shell continua comercializando gás russo,
apesar de ter anunciado no ano passado que se retiraria do mercado de energia
da Rússia, revela uma análise de domingo (2) da ONG Global Witness.
A
Shell publicou em março de 2022 uma declaração de que deixaria de comprar
petróleo russo e venderia seus postos de abastecimento e outros negócios no
país. No entanto, a Global Witness afirma que a empresa continua recebendo
carregamentos de gás natural liquefeito (GNL) de dois portos russos, Yamal e
Sakhalin, no Extremo Oriente do país.
De
acordo com os dados da organização, de março a dezembro de 2022, a Shell
desempenhou um papel "crucial" no comércio de GNL da Rússia,
comprando e vendendo 12% de todas as exportações.
No
total, de acordo com estimativas da empresa de análise Bernstein, a empresa
britânica gerou US$ 5,4 bilhões (R$ 25,94 bilhões) em receita em 2022. A ONG
também detalhou que 8% do GNL comercializado pela Shell veio da Rússia, com os
lucros do ano passado chegando assim a cerca de US$ 430 milhões (R$ 2,07
bilhões).
A
União Europeia proibiu a importação de quase todo o petróleo e produtos
petrolíferos russos em dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, respectivamente.
Ao mesmo tempo, o bloco recusou banir a importação de gás russo.
Ø
'Ucrânia
tem grande apetite': especialista explica por que Israel se opõe à entrega de
armas a Kiev
Israel
prossegue uma política correta, limitando-se apenas aos fornecimentos
humanitários à Ucrânia e abstendo-se de transferências de armas, uma vez que é
necessário manter o equilíbrio nas relações com a Rússia, declarou à Sputnik o
professor Efraim Inbar, presidente do Instituto de Estratégia e Segurança de
Jerusalém.
"Considero
que esta é uma boa política. A Rússia é nosso vizinho e pode causar danos [a
Israel]. Preferimos não sofrer com as [potenciais] ações russas. A Ucrânia tem
um grande apetite. Não temos armas suficientes para compartilhar. O próprio
Israel está conduzindo uma guerra", disse o especialista, comentando as
razões da recusa de Israel em prestar assistência militar à Ucrânia.
Nesta
segunda-feira (3), o embaixador da Ucrânia em Israel Yevgeny Korniychuk, deve
comparecer no Ministério das Relações Exteriores israelense para uma conversa
explicativa. O embaixador foi convocado à chancelaria depois que a missão
diplomática ucraniana criticou duramente a política do governo israelense sobre
a questão ucraniana.
Na
semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em
entrevista ao Jerusalem Post que algumas das armas que os países ocidentais têm
fornecido à Ucrânia já estão nas fronteiras de Israel e Tel Aviv teme que, em
caso de quaisquer fornecimentos de sistemas de armas à Ucrânia, estas acabem
nas mãos dos inimigos do Estado judeu, tais como o Irã.
Fonte:
Sputnik Brasil
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