quinta-feira, 6 de julho de 2023

Guerra na Ucrânia: os mortais campos minados que limitam avanço de tropas

Um soldado ucraniano se arrasta pela grama com uma perna machucada.

Segundos depois, um flash laranja brilhante e uma nuvem de fumaça branca marcam o local, a poucos metros de distância, onde outra mina terrestre detona.

Um segundo soldado gravemente ferido sobe em um veículo blindado agitando os braços e deixando uma espessa mancha de sangue.

Tudo isso foi gravado ao vivo na semana passada por um drone do exército ucraniano sobrevoando a linha de frente ao sul da cidade de Bakhmut, em Donbas. Visto de cima, o campo minado de crateras parecia uma série irregular de círculos marrons escuros.

"As minas são assustadoras. Elas me assustam mais do que qualquer outra coisa", disse Artyom, um soldado de 36 anos da 108ª Brigada de Defesa Territorial da Ucrânia.

Dois dias antes, dois de seus colegas haviam pisado em "pétalas" — pequenas minas verdes recentemente espalhadas por foguetes russos.

"Nossos homens eram experientes, mas é difícil olhar para todos os lados. Cada um deles teve uma perna amputada. Temos feridos por minas terrestres depois de cada combate", diz Artyom, um dos soldados encarregados de cavar trincheiras durante o conflito.

Artyom explica que as forças russas colocaram novas minas, por meio do lançamento de foguetes, em locais que já haviam sido libertados pelas forças ucranianas.

·         Minas para retardar avanço de tropas

A tão esperada contraofensiva da Ucrânia ainda não alcançou a velocidade e o ímpeto esperados por alguns, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky, que admitiu que o contra-ataque está sendo "mais lento do que o desejado".

Vários soldados com quem conversamos em diferentes seções da linha de frente atribuem isso, em parte, aos campos minados russos.

"Claro, isso retarda o movimento das tropas", diz Dill, o comandante de um esquadrão de nove homens.

Ele acabou de completar uma missão de retirada de minas na frente leste da pequena e arruinada vila de Predtechyne, nos arredores de Bakhmut. Ele coloca várias minas russas desativadas no chão sob uma árvore depois de garantir que os drones russos não as detectarão.

"O inimigo não tem piedade de seus próprios soldados. Eles são usados ​​como bucha de canhão. Mas estamos tentando avançar com o mínimo de baixas", declarou o tenente Serhii Tyshenko da 3ª Brigada de Assalto de um bunker próximo.

·         'Odeio este trabalho'

Cerca de três horas de viagem para o sul, vários soldados ucranianos estão agachados ao lado de uma rodovia esburacada.

Eles desarmam cuidadosamente uma poderosa mina antipessoal Claymore escondida perto de um poste de energia.

"Odeio este trabalho", confessa Artyom, um ex-mecânico de automóveis, momentos depois de desarmar a mina. Há um assobio, depois um estrondo, quando um projétil de artilharia russa atinge os campos próximos.

Ao longo de uma colina, a infantaria ucraniana avança lentamente para o sul, passando pela recém-capturada cidade de Rivnopil.

A raiva de Artyom não é apenas sobre os perigos dos campos minados, mas sobre o que significa colocar minas e armadilhas em vez de lutar contra o inimigo "homem a homem".

Mais tarde, em sua base temporária em uma cabana a vários quilômetros de distância, os soldados expressam frustração com a falta de equipamentos de remoção de minas e soldados para remover minas — quatro dos quais ficaram feridos nas últimas semanas.

Mas então Artyom nos mostra uma grande antena e pega um laptop para começar a reproduzir gravações recentes de supostas interceptações de rádio por soldados russos.

As mensagens cheias de palavrões pareciam indicar um grau de caos e baixa moral.

"Nosso drone kamikaze atingiu nosso próprio veículo. Temos um morto e um ferido."

"Os soldados estão fugindo. Alguns estão roubando carros. Cinquenta pessoas fugiram."

A interceptação de rádio sugere que soldados russos estavam abandonando suas posições após um bombardeio da artilharia ucraniana.

"Isso acontece de vez em quando. Em grupos de 10 ou 20 pessoas eles desaparecem e vão embora sem permissão. Os russos sabem que podemos escutar suas comunicações, mas às vezes eles se esquecem", diz Artyom.

·         Otimismo sobre o avanço

Ele se diz "realista" sobre a contraofensiva ucraniana. Ele alega que muitas pessoas "na mídia e na sociedade estão com pressa" e esperam um progresso rápido.

Dois caças ucranianos voam baixo com um rugido ensurdecedor, seguidos por uma sucessão de colisões na frente, mais ao sul. Logo depois ouvimos artilharia e o que soa como um sistema de foguete HIMARS de longo alcance atingindo posições russas.

A contraofensiva da Ucrânia pode ser lenta e relativamente silenciosa nesta fase.

Mas um militar, falando na condição de não ser identificado, sugere que essa abordagem paciente logo será recompensada, já que ataques de longo alcance destruíram a capacidade da Rússia de rearmar suas unidades de linha de frente e baixou o moral entre as tropas de Putin, abrindo espaço para avanços estratégicos das forças ucranianas.

"Você vai ver isso em breve", diz ele.

Quanto aos vastos campos minados que ainda aguardam o contra-ataque ucraniano, Dill, o comandante do esquadrão perto de Bakhmut, está calmo e confiante.

"Estamos aprendendo a improvisar e inventar formas de abrir caminhos rápidos e seguros pelos campos minados. Mas estamos lutando contra um inimigo muito feroz", reconhece.

 

Ø  General dos EUA explica por que a continuação dos ataques da Ucrânia será sangrenta para Kiev

 

A continuação dos ataques das Forças Armadas da Ucrânia será "sangrenta" para Kiev, disse Mark Miller, general de alto escalão dos EUA, citado pelo jornal alemão Handelsblatt.

"A contraofensiva durará pelo menos dez semanas e será sangrenta", sugere o oficial norte-americano. Segundo ele, as minas plantadas pelo Exército russo em frente às posições fortificadas não permitem que as forças ucranianas avancem, sendo para esse fim necessário equipamento especial.

A situação é complicada pela superioridade no ar da Força Aeroespacial da Rússia, com a qual as forças ucranianas não serão capazes de competir sem rearmar seus aviões.

Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin relatou sobre o fracasso da contraofensiva ucraniana. Ele observou que todas as tentativas de Kiev de romper as fortificações russas não tiveram êxito em nenhuma das direções.

Segundo o chefe de Estado, isso é conseguido graças à coragem e ao heroísmo dos soldados russos, à organização e à gestão adequadas das tropas e à alta eficácia das armas russas.

Kiev enviou brigadas treinadas por especialistas da OTAN e armadas com equipamentos ocidentais. No entanto, como disse o presidente russo, Vladimir Putin, em 27 de junho, a Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início da chamada contraofensiva, dos quais 41 tanques e 102 veículos blindados só na linha de Orekhovo e na linha de Zaporozhie na última semana.

 

Ø  Kiev teme perder apoio do Ocidente após médico ucraniano falar em castrar prisioneiros russos

 

As desculpas públicas do chefe do projeto ucraniano Hospital Móvel, Gennady Druzenko, por pedir a castração de prisioneiros de guerra russos são causadas pelo medo do presidente ucraniano Vladimir Zelensky de perder o apoio ocidental, escreve o jornal American Thinker.

"Houve desculpas subsequentes por essas declarações [de Druzenko]. No entanto, elas não parecem ter surgido do nada além do medo do presidente Zelensky de que essa adoração nazista flagrante levaria as nações ocidentais a retirar seu apoio à sua guerra", escreveu o observador do jornal, Al Bienenfeld.

Mais tarde, Gennady Druzenko escreveu nas redes sociais que havia feito essa declaração "por causa das emoções" e que o hospital não machucaria ninguém.

As Forças Armadas da Rússia prosseguem a operação militar especial na Ucrânia, anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022. Segundo o chefe de Estado da Rússia, entre os objetivos principais da operação lançada estão a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.

Após mais de um ano de confrontos, o Exército russo, junto com as forças das repúblicas de Donetsk e Lugansk, libertou completamente a República Popular de Lugansk e uma parte da república de Donetsk, bem como toda a região de Kherson, áreas de Zaporozhie junto do mar de Azov e uma parte da região de Carcóvia. Em 5 de outubro, em resultado de referendos nas regiões, as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e regiões de Kherson e Zaporozhie integraram oficialmente à Federação da Rússia.

No dia 20 de maio, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou que as forças russas assumiram o controle total sobre a cidade de Artyomovsk, ou Bakhmut, na denominação ucraniana, um importante centro de transporte para o abastecimento das tropas ucranianas em Donbass. Durante muitos meses a cidade foi alvo de combates ferozes.

 

Ø  Assistência secreta à Ucrânia é supervisionada não pelo Pentágono, mas pela CIA, relata mídia

 

A ajuda secreta à Ucrânia é supervisionada pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), não pelos militares americanos, de acordo com a revista Newsweek.

"Assim, muito do que Washington faz para ajudar a Ucrânia é mantido em segredo e muito do que geralmente é da competência dos militares dos EUA é realizado pela CIA", observa-se na revista.

De acordo com informação da Newsweek, tudo o que for feito deve obedecer às restrições impostas pelo presidente Joe Biden.

Além disso, a inteligência dos EUA confirma que agentes da CIA estão trabalhando na Ucrânia, refere a revista americana, citando um oficial de inteligência de alto escalão.

"A CIA está no terreno dentro da Ucrânia? Sim, mas também não é nefasto."

A revista observa não ter conseguido estabelecer a quantidade exata de oficiais da CIA operando na Ucrânia, mas as fontes da publicação sugeriram que não há mais de 100 pessoas trabalhando no país simultaneamente.

O diretor da CIA, William Burns, viajou para Kiev várias vezes após o início da operação militar russa. Anteriormente (1º), o The Washington Post informou que Burns e o presidente ucraniano Vladimir Zelensky tiveram uma reunião secreta, durante a qual discutiram os planos de Kiev para recuperar o controle dos territórios perdidos.

 

Ø  Chanceler português: 'Sem garantias de segurança, a admissão da Ucrânia na UE é difícil de alcançar'

 

A União Europeia (UE) desempenha um papel importante na questão das garantias de segurança para a Ucrânia, sem as quais será difícil admitir o país na união, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, em uma entrevista ao Die Presse, nesta quarta-feira (5).

Segundo ele, a questão das garantias de segurança está sendo discutida ativamente na OTAN, mas a UE também desempenha um papel importante, embora não tenha as mesmas capacidades da aliança.

"Isto deve-se ao facto de esta questão estar relacionada com o alargamento da União Europeia. Sem garantias de segurança, a admissão da Ucrânia é difícil de alcançar", disse o político.

Sobre a pergunta do jornalista se ele apoia a ideia do ingresso da Ucrânia na OTAN, Cravinho especificou que considera isso impossível enquanto o conflito continuar.

"O artigo 5º [ do tratado da OTAN ] é a garantia de segurança mais forte que existe. Enquanto houver hostilidades, no entanto, não é possível acolher a Ucrânia. Na cúpula de 2008, não havia maioria a favor da adesão, e Portugal também era contra", disse ele.

Ele acrescentou ainda que, se Kiev falhar, a arquitetura de segurança europeia se tornará vulnerável.

Por sua vez, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky disse que Kiev espera receber um convite claro para aderir à OTAN na reunião de julho em Vilnius, na Lituânia.

Anteriormente, a primeira-ministra estoniana, Kaja Kallas, prometeu durante uma coletiva de imprensa conjunta com Jens Stoltenberg uma "surpresa" para a Ucrânia na cúpula em Vilnius quanto à questão de sua entrada na OTAN.

No final de maio, o chanceler russo Sergei Lavrov advertiu durante o discurso no XI Encontro Internacional de altos representantes encarregados de questões de segurança que os países da OTAN estão envolvidos no conflito ucraniano e essa linha irresponsável aumenta a ameaça de um confronto militar direto entre potências nucleares.

 

Ø  Aliados ocidentais de Kiev estão nervosos devido à lentidão da contraofensiva da Ucrânia, diz mídia

 

O Ocidente está ficando nervoso porque a contraofensiva ucraniana é medida em metros, e não em quilômetros, e isso pode abalar o apoio dos aliados a Kiev em caso de um conflito prolongado, informa canal de notícias CNN.

"Os aliados de Kiev estão bem cientes de que a Ucrânia não pode derrotar a Rússia sem a sua ajuda. Mas o ritmo mais lento do que o esperado da contraofensiva significa que seu apoio pode se tornar cada vez mais insustentável se o conflito se arrastar", observa-se no artigo do canal.

De acordo com a informação da CNN, alguns líderes de países ocidentais que, tendo como pano de fundo o conflito na Ucrânia, estão lutando com alta inflação e crescimento mais lento logo terão que justificar a enorme quantidade de recursos investidos na Ucrânia, quando seus próprios eleitores "estão lutando para sobreviver".

"Isso pode se tornar difícil se não houver muito sucesso no campo de batalha para mostrar", enfatiza o artigo.

A ofensiva ucraniana nas linhas de operações a sul de Donetsk, de Zaporozhie e de Artyomovsk (Bakhmut, na denominação ucraniana) começou em 4 de junho.

Como disse o presidente russo, Vladimir Putin, em 27 de junho, Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início da chamada contraofensiva, enquanto 41 tanques e 102 veículos blindados só na linha de Orekhovo e na linha de Zaporozhie na última semana.

·         Contraofensiva ucraniana não está indo como 'o esperado', diz premiê da Romênia

O primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, disse na terça-feira (4) que a Europa sabe que é impossível acabar com o conflito na Ucrânia com a contraofensiva, como os últimos eventos têm ilustrado.

"Infelizmente, o conflito será longo. Acho que esperávamos que esse conflito terminasse com a contraofensiva. No entanto, infelizmente, sabemos que não é possível. Dados abertos não nos dão confiança nisso", disse Ciolacu em uma coletiva de imprensa com o chanceler alemão Olaf Scholz em Berlim.

A Ucrânia lançou a sua largamente anunciada contraofensiva no início de junho, após vários adiamentos. De acordo com o Ministério da Defesa russo, as tropas ucranianas continuam tentando, mas não estão conseguindo avançar em nenhum dos três setores: sul de Donetsk, Artyomovsk (Bakhmut em ucraniano) e Zaporozhie, sendo este último o foco principal.

O ministro da Defesa da Rússia, relatou na segunda-feira (3) que as forças russas destruíram em junho 920 veículos blindados ucranianos, incluindo 16 tanques Leopard nas regiões de Donbass e Zaporozhie.

 

Fonte: BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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