Diversidade e
inclusão: conceito, diferenças e como prover nas empresas
Cerca
de 90% das empresas demonstram algum nível de preocupação com questões relacionadas
à diversidade e inclusão corporativa. Isso foi o que revelou a pesquisa
“Diversidade Aprendiz”, realizada pela OIT (Organização Internacional do
Trabalho).
De
acordo com o estudo, mais de 86% das empresas afirmaram que gostariam de ser
reconhecidas por valorizar a diversidade.
No
entanto, quando avaliado as ações colocadas em prática, o índice foi menor,
indicando que cerca de 40% dessas empresas ainda não implementam programas
relativos à inclusão e diversidade em sua cultura organizacional.
O
mercado atual pode impulsionar uma reflexão sobre o tema, mas é necessário
compreender os caminhos para promover a inclusão e ter uma equipe diversa para
alcançar o reconhecimento por essas ações.
Entenda
a diferença entre os conceitos de inclusão e diversidade, e como eles podem
caminhar juntos na cultura organizacional da empresa.
• Qual é a diferença entre diversidade e
inclusão?
Diversidade
e inclusão podem caminhar juntas, mas os conceitos apresentam definições
diferentes entre si.
No
cenário empresarial, tornar o ambiente mais inclusivo é uma maneira de
estimular uma equipe diversa, com pluralidade de ideias, personalidades e
vivências.
Para
saber como os dois conceitos se relacionam na prática, é importante conhecer a
definição de cada um.
• Diversidade
Relacionada
a pluralidade, a diversidade é um conceito que fala sobre as características
que diferenciam uma pessoa da outra, sejam elas físicas, culturais ou
comportamentais.
Uma
equipe que conta com homens, mulheres e Pessoas com Deficiência (PCDs), por
exemplo, de diferentes etnias, religiões e crenças é uma equipe plural e
diversa.
Essas
características podem levar a um ambiente com opiniões, ideias e vivências
distintas. Para que todas essas diferenças sejam acolhidas de forma respeitosa,
a inclusão torna-se um componente importante.
O
direito à igualdade de oportunidades e à liberdade de opinião, expressão e
religião, independente de qualquer característica, estão garantidos pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Segundo
o documento, todos tem acesso aos direitos e liberdades declarados, “sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição”.
• Inclusão
A
inclusão pode ser definida como a capacidade de reconhecer as diferenças,
entendê-las e respeitá-las para que seja possível criar um ambiente igualitário
e respeitoso.
Uma
empresa com equipe diversa, mas que não promove ações de acessibilidade,
integração ou acolhimento de grupos minoritários, por exemplo, precisa ajustar
alguns processos para ter um ambiente inclusivo.
Inclusão,
portanto, também consiste em proporcionar oportunidades para que a diversidade
esteja presente e as diferenças sejam acolhidas com equidade – conceito que
preza pela adaptação para tornar uma situação justa e mais igualitária para
diferentes pessoas.
• Exemplos de diversidade e inclusão
A
diversidade pode se apresentar de diferentes maneiras, desde uma divergência de
opiniões e crenças culturais até distinções físicas e de personalidade.
Neste
contexto, alguns tipos de diversidade incluem:
• etnia;
• idade;
• gênero;
• religião;
• orientação sexual;
• condições físicas e mentais.
Para
que essas diferenças sejam acolhidas no ambiente corporativo, as empresas devem
promover uma cultura inclusiva.
Algumas
formas de promover a inclusão são:
• dinâmicas organizacionais em grupo para
acolher e incentivar o respeito às diferenças;
• desenvolvimento de um ambiente
respeitoso, com comunicação inclusiva, abertura para a diversidade de opiniões
e ações de acolhimento;
• promoção da equidade a partir de ações
como a criação de espaços acessíveis, com rampas de acesso, elevadores e
documentos em braile, por exemplo.
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Qual é a importância da diversidade e inclusão nas empresas?
Um
estudo publicado pela Harvard Business Review apontou a relação entre o
crescimento das empresas com a implementação de uma cultura diversa e
inclusiva.
Segundo
os dados, colaboradores de organizações que incentivam a diversidade têm 45%
mais chances de relatar um crescimento na participação de mercado da companhia
em um ano e 70% mais chances de declarar a conquista de um novo mercado.
A
pesquisa também descobriu que ter pelo menos um profissional com
características em comum com o consumidor final aumentam o entendimento do time
sobre as preferências e necessidades desse usuário.
De
acordo com as análises, um time com um profissional que compartilha a mesma
etnia de um cliente final tem 152% mais chances de entender o consumidor do que
outras equipes.
Além
dessa identificação, uma equipe plural também tende a contar com diferentes
pontos de vista na solução de problemas, tomada de decisões e criação de novos
produtos ou serviços, o que pode enriquecer os processos e incentivar a
inovação.
No
entanto, os benefícios da implementação de uma cultura diversa e inclusiva nas
companhias também podem ultrapassar o universo dos negócios.
Em
2018, a ONU (Organização das Nações Unidas) desenvolveu um documento com
padrões de conduta para empresas, com orientações direcionadas para a inclusão
de pessoas LGBTQIAPN+.
No
documento, o alto comissário de direitos humanos Zeid Ra’ad Al Hussein apontou
a importância do papel exercido pelas organizações na garantia dos direitos
humanos e no progresso global rumo à igualdade.
Segundo
ele, para alcançar um avanço global na igualdade para o grupo LGBTQIAPN+, “o
setor privado não apenas terá de cumprir com suas responsabilidades de direitos
humanos, mas também de tornar-se um agente ativo de mudança”.
Esse
raciocínio também pode se estender a outros grupos minoritários, como pessoas
com deficiência, mulheres e negros, por exemplo.
Neste
contexto, as ações de inclusão nas empresas podem contribuir para o combate ao
racismo, ao capacitismo e outras formas de preconceito ou exclusão social.
• Como promover a diversidade e inclusão
nas empresas?
Apesar
dos benefícios apontados pelo estudo da Harvard Business Review, a pesquisa
também identificou que 78% dos entrevistados trabalham em empresas que precisam
de diversidade nas lideranças.
De
acordo com o estudo, as consequências dessa falta de diversidade podem levar a
perda de oportunidades de negócio no mercado.
Neste
contexto, entender como promover uma gestão inclusiva e fortalecer uma equipe
com colaboradores de perfil diversificado pode ser um passo para garantir
vantagem competitiva no mercado.
• Implementar políticas internas
inclusivas
Para
que exista um ambiente acolhedor, diverso e respeitoso, a inclusão deve fazer
parte dos valores da empresa.
Implementar
políticas internas voltadas para essa área é uma maneira de fortalecer esses
valores na prática, com planejamento e ações efetivas para que a diversidade se
torne uma realidade no ambiente corporativo.
De
acordo com pesquisa da Blend Edu, compartilhada pela fundadora e CEO da empresa
Thalita Gelenske em entrevista à CNN no Plural, houve um crescimento no número
de organizações com um departamento específico para essas ações em 2022.
Segundo
os dados, o índice de companhias que afirmam ter uma área dedicada à gestão da
inclusão e da diversidade passou de 64% em 2020 para 71% em 2022.
• Promover a integração
Promover
práticas de integração é uma maneira de estimular a troca de experiências,
incentivar o respeito às diferenças e valorizar a diversidade, bem como
fortalecer a inclusão.
É
possível fazer isso por meio de dinâmicas integrativas, confraternizações e
projetos conjuntos ou atividades em grupo, por exemplo.
A
partir dessas iniciativas, a empresa pode promover o acolhimento e a
valorização dos colaboradores de forma igualitária. Essas ações também podem
contribuir para o fortalecimento da cultura organizacional.
• Desenvolver uma cultura organizacional
respeitosa e inclusiva
A
cultura organizacional é a base para que exista um ambiente respeitoso,
inclusivo e harmonioso nas organizações.
Em
entrevista à CNN Rádio, no CNN Plural, o head de diversidade e inclusão da B3
Alexandre Kiyohara falou sobre esse processo. Para ele, “diversidade e cultura
da empresa devem andar juntas” para que seja possível alcançar a inclusão.
Kiyohara
também apontou a importância do papel das lideranças para promover essa cultura
dentro da companhia. “A gente se inspira pela liderança, que, se for
comprometida com a pauta, faz evoluir muito a inclusão.”, argumentou.
• Realizar treinamentos com os
colaboradores
Outro
fator que pode contribuir para promover uma cultura mais inclusiva é a
conscientização. Em sua entrevista, Kiyohara afirmou que “é preciso estar em
constante letramento” para fortalecer um espaço diverso.
No
dia a dia da empresa, isso pode ser realizado por meio de palestras,
treinamentos, workshops e reuniões de integração e acolhimento, por exemplo.
Abrir
espaço de fala para que os colaboradores apresentem suas pautas, compartilhem
ideias e experiências também pode ser uma forma de viabilizar essa
conscientização.
• Trabalhar a comunicação interna
Alinhado
proporcionar um espaço de fala para todos, também é importante que a empresa
trabalhe a comunicação interna com base no respeito e na inclusão.
Conscientizar
sobre o uso da linguagem neutra, criar um ambiente receptivo a diferentes
opiniões e incentivar a comunicação não violenta podem ser alguns passos nesse
processo.
Há espaço para avançarmos na inclusão das
pessoas com deficiência, diz especialista
A
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência foi instituída há 8 anos.
O
conjunto de dispositivos na legislação assegura e promove o exercício dos
direitos e liberdades fundamentais para PCDs.
À
CNN Rádio, no CNN Plural, o presidente da Comissão Especial de Direitos das
Pessoas com Deficiência da OAB-SP Mizael Conrado avalia que a lei permitiu
avanços.
Ele
explicou que, nas últimas duas décadas, houve um fenômeno que contribuiu para
isso.
“Existe
uma mudança dos valores da sociedade, com ambiente favorável que, aliado às
normas, tem feito com que a sociedade, e o estado, reconheçam esses direitos”,
disse.
Como
exemplos, ele cita questões sobre os surdos e autistas, “que antes tinham pouco
espaço nas políticas públicas e agora avançamos muito.”
Mizael
Conrado, no entanto, fez a ressalva de que “há um longo caminho a ser
percorrido rumo à inclusão de fato das pessoas com deficiência na sociedade.”
Ele
avalia que há muitos direitos e que, inclusive, a legislação já foi apontada
como a melhor das Américas para PCDs.
Na
questão da tecnologia assistiva, Mizael vê o Brasil “à frente de países
importantes do mundo”, com, por exemplo, acessibilidade pra todas as
deficiências em caixas eletrônicos.
Ao
mesmo tempo, porém, ele vê condições que deixam a desejar, como a
empregabilidade.
Fonte:
CNN Brasil
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