sexta-feira, 7 de julho de 2023

Diversidade e inclusão: conceito, diferenças e como prover nas empresas

Cerca de 90% das empresas demonstram algum nível de preocupação com questões relacionadas à diversidade e inclusão corporativa. Isso foi o que revelou a pesquisa “Diversidade Aprendiz”, realizada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho).

De acordo com o estudo, mais de 86% das empresas afirmaram que gostariam de ser reconhecidas por valorizar a diversidade.

No entanto, quando avaliado as ações colocadas em prática, o índice foi menor, indicando que cerca de 40% dessas empresas ainda não implementam programas relativos à inclusão e diversidade em sua cultura organizacional.

O mercado atual pode impulsionar uma reflexão sobre o tema, mas é necessário compreender os caminhos para promover a inclusão e ter uma equipe diversa para alcançar o reconhecimento por essas ações.

Entenda a diferença entre os conceitos de inclusão e diversidade, e como eles podem caminhar juntos na cultura organizacional da empresa.

•        Qual é a diferença entre diversidade e inclusão?

Diversidade e inclusão podem caminhar juntas, mas os conceitos apresentam definições diferentes entre si.

No cenário empresarial, tornar o ambiente mais inclusivo é uma maneira de estimular uma equipe diversa, com pluralidade de ideias, personalidades e vivências.

Para saber como os dois conceitos se relacionam na prática, é importante conhecer a definição de cada um.

•        Diversidade

Relacionada a pluralidade, a diversidade é um conceito que fala sobre as características que diferenciam uma pessoa da outra, sejam elas físicas, culturais ou comportamentais.

Uma equipe que conta com homens, mulheres e Pessoas com Deficiência (PCDs), por exemplo, de diferentes etnias, religiões e crenças é uma equipe plural e diversa.

Essas características podem levar a um ambiente com opiniões, ideias e vivências distintas. Para que todas essas diferenças sejam acolhidas de forma respeitosa, a inclusão torna-se um componente importante.

O direito à igualdade de oportunidades e à liberdade de opinião, expressão e religião, independente de qualquer característica, estão garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Segundo o documento, todos tem acesso aos direitos e liberdades declarados, “sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”.

•        Inclusão

A inclusão pode ser definida como a capacidade de reconhecer as diferenças, entendê-las e respeitá-las para que seja possível criar um ambiente igualitário e respeitoso.

Uma empresa com equipe diversa, mas que não promove ações de acessibilidade, integração ou acolhimento de grupos minoritários, por exemplo, precisa ajustar alguns processos para ter um ambiente inclusivo.

Inclusão, portanto, também consiste em proporcionar oportunidades para que a diversidade esteja presente e as diferenças sejam acolhidas com equidade – conceito que preza pela adaptação para tornar uma situação justa e mais igualitária para diferentes pessoas.

•        Exemplos de diversidade e inclusão

A diversidade pode se apresentar de diferentes maneiras, desde uma divergência de opiniões e crenças culturais até distinções físicas e de personalidade.

Neste contexto, alguns tipos de diversidade incluem:

•        etnia;

•        idade;

•        gênero;

•        religião;

•        orientação sexual;

•        condições físicas e mentais.

Para que essas diferenças sejam acolhidas no ambiente corporativo, as empresas devem promover uma cultura inclusiva.

Algumas formas de promover a inclusão são:

•        dinâmicas organizacionais em grupo para acolher e incentivar o respeito às diferenças;

•        desenvolvimento de um ambiente respeitoso, com comunicação inclusiva, abertura para a diversidade de opiniões e ações de acolhimento;

•        promoção da equidade a partir de ações como a criação de espaços acessíveis, com rampas de acesso, elevadores e documentos em braile, por exemplo.

>>>> Qual é a importância da diversidade e inclusão nas empresas?

Um estudo publicado pela Harvard Business Review apontou a relação entre o crescimento das empresas com a implementação de uma cultura diversa e inclusiva.

Segundo os dados, colaboradores de organizações que incentivam a diversidade têm 45% mais chances de relatar um crescimento na participação de mercado da companhia em um ano e 70% mais chances de declarar a conquista de um novo mercado.

A pesquisa também descobriu que ter pelo menos um profissional com características em comum com o consumidor final aumentam o entendimento do time sobre as preferências e necessidades desse usuário.

De acordo com as análises, um time com um profissional que compartilha a mesma etnia de um cliente final tem 152% mais chances de entender o consumidor do que outras equipes.

Além dessa identificação, uma equipe plural também tende a contar com diferentes pontos de vista na solução de problemas, tomada de decisões e criação de novos produtos ou serviços, o que pode enriquecer os processos e incentivar a inovação.

No entanto, os benefícios da implementação de uma cultura diversa e inclusiva nas companhias também podem ultrapassar o universo dos negócios.

Em 2018, a ONU (Organização das Nações Unidas) desenvolveu um documento com padrões de conduta para empresas, com orientações direcionadas para a inclusão de pessoas LGBTQIAPN+.

No documento, o alto comissário de direitos humanos Zeid Ra’ad Al Hussein apontou a importância do papel exercido pelas organizações na garantia dos direitos humanos e no progresso global rumo à igualdade.

Segundo ele, para alcançar um avanço global na igualdade para o grupo LGBTQIAPN+, “o setor privado não apenas terá de cumprir com suas responsabilidades de direitos humanos, mas também de tornar-se um agente ativo de mudança”.

Esse raciocínio também pode se estender a outros grupos minoritários, como pessoas com deficiência, mulheres e negros, por exemplo.

Neste contexto, as ações de inclusão nas empresas podem contribuir para o combate ao racismo, ao capacitismo e outras formas de preconceito ou exclusão social.

•        Como promover a diversidade e inclusão nas empresas?

Apesar dos benefícios apontados pelo estudo da Harvard Business Review, a pesquisa também identificou que 78% dos entrevistados trabalham em empresas que precisam de diversidade nas lideranças.

De acordo com o estudo, as consequências dessa falta de diversidade podem levar a perda de oportunidades de negócio no mercado.

Neste contexto, entender como promover uma gestão inclusiva e fortalecer uma equipe com colaboradores de perfil diversificado pode ser um passo para garantir vantagem competitiva no mercado.

•        Implementar políticas internas inclusivas

Para que exista um ambiente acolhedor, diverso e respeitoso, a inclusão deve fazer parte dos valores da empresa.

Implementar políticas internas voltadas para essa área é uma maneira de fortalecer esses valores na prática, com planejamento e ações efetivas para que a diversidade se torne uma realidade no ambiente corporativo.

De acordo com pesquisa da Blend Edu, compartilhada pela fundadora e CEO da empresa Thalita Gelenske em entrevista à CNN no Plural, houve um crescimento no número de organizações com um departamento específico para essas ações em 2022.

Segundo os dados, o índice de companhias que afirmam ter uma área dedicada à gestão da inclusão e da diversidade passou de 64% em 2020 para 71% em 2022.

•        Promover a integração

Promover práticas de integração é uma maneira de estimular a troca de experiências, incentivar o respeito às diferenças e valorizar a diversidade, bem como fortalecer a inclusão.

É possível fazer isso por meio de dinâmicas integrativas, confraternizações e projetos conjuntos ou atividades em grupo, por exemplo.

A partir dessas iniciativas, a empresa pode promover o acolhimento e a valorização dos colaboradores de forma igualitária. Essas ações também podem contribuir para o fortalecimento da cultura organizacional.

•        Desenvolver uma cultura organizacional respeitosa e inclusiva

A cultura organizacional é a base para que exista um ambiente respeitoso, inclusivo e harmonioso nas organizações.

Em entrevista à CNN Rádio, no CNN Plural, o head de diversidade e inclusão da B3 Alexandre Kiyohara falou sobre esse processo. Para ele, “diversidade e cultura da empresa devem andar juntas” para que seja possível alcançar a inclusão.

Kiyohara também apontou a importância do papel das lideranças para promover essa cultura dentro da companhia. “A gente se inspira pela liderança, que, se for comprometida com a pauta, faz evoluir muito a inclusão.”, argumentou.

•        Realizar treinamentos com os colaboradores

Outro fator que pode contribuir para promover uma cultura mais inclusiva é a conscientização. Em sua entrevista, Kiyohara afirmou que “é preciso estar em constante letramento” para fortalecer um espaço diverso.

No dia a dia da empresa, isso pode ser realizado por meio de palestras, treinamentos, workshops e reuniões de integração e acolhimento, por exemplo.

Abrir espaço de fala para que os colaboradores apresentem suas pautas, compartilhem ideias e experiências também pode ser uma forma de viabilizar essa conscientização.

•        Trabalhar a comunicação interna

Alinhado proporcionar um espaço de fala para todos, também é importante que a empresa trabalhe a comunicação interna com base no respeito e na inclusão.

Conscientizar sobre o uso da linguagem neutra, criar um ambiente receptivo a diferentes opiniões e incentivar a comunicação não violenta podem ser alguns passos nesse processo.

 

       Há espaço para avançarmos na inclusão das pessoas com deficiência, diz especialista

 

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência foi instituída há 8 anos.

O conjunto de dispositivos na legislação assegura e promove o exercício dos direitos e liberdades fundamentais para PCDs.

À CNN Rádio, no CNN Plural, o presidente da Comissão Especial de Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-SP Mizael Conrado avalia que a lei permitiu avanços.

Ele explicou que, nas últimas duas décadas, houve um fenômeno que contribuiu para isso.

“Existe uma mudança dos valores da sociedade, com ambiente favorável que, aliado às normas, tem feito com que a sociedade, e o estado, reconheçam esses direitos”, disse.

Como exemplos, ele cita questões sobre os surdos e autistas, “que antes tinham pouco espaço nas políticas públicas e agora avançamos muito.”

Mizael Conrado, no entanto, fez a ressalva de que “há um longo caminho a ser percorrido rumo à inclusão de fato das pessoas com deficiência na sociedade.”

Ele avalia que há muitos direitos e que, inclusive, a legislação já foi apontada como a melhor das Américas para PCDs.

Na questão da tecnologia assistiva, Mizael vê o Brasil “à frente de países importantes do mundo”, com, por exemplo, acessibilidade pra todas as deficiências em caixas eletrônicos.

Ao mesmo tempo, porém, ele vê condições que deixam a desejar, como a empregabilidade.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: